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Boletim Marista Social Edição Especial 42

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Página 3 V o l u m e 3 , e d i ç ã o 4 2<br />

Ir. Rafael Ferreira<br />

Entrevista - Comunicação da Gerência <strong>Social</strong> conversa com o Ir. Rafael Ferreira<br />

―Nós <strong>Marista</strong>s<br />

estamos do lado<br />

daqueles<br />

que a sociedade<br />

não quer.<br />

Ir. Rafael<br />

Ferreira<br />

CGS - Como o senhor avalia a experiência da Casa<br />

Marisa de Semiliberdade na ressocialização de adolescentes?<br />

IRF= De início, ressaltando a importância da experiência<br />

em si, pois entendo que por si só a Casa <strong>Marista</strong><br />

de Semiliberdade é duplamente um sinal profético<br />

em nossa sociedade: primeiro por ser uma centelha<br />

de esperança para as famílias que têm filhos atendidos<br />

por lá. Segundo, porque sua existência, sinaliza<br />

que atuamos na contramão da história, que estamos<br />

ao lado daqueles que ninguém mais quer, que acreditamos<br />

nos jovens e que estamos dispostos a gastar a<br />

vida para que eles tenham mais vida. Ressalto, ainda,<br />

a qualidade da proposta pedagógica que é desenvolvida<br />

na casa. O currículo é denso e diversificado,<br />

envolvendo temáticas que tocam a vida dos adolescentes<br />

a partir de diversos ângulos. Assim,<br />

higiene e organização pessoais, estudo, lazer,<br />

cultivo de bons hábitos na relação com as demais<br />

pessoas e com as coisas da casa, bem como<br />

o incentivo à responsabilidade em relação ao próprio<br />

processo de cumprimento da medida socioeducativa,<br />

são importantes meios para a ressocialização dos internos.<br />

CGS- Quais os maiores desafios enfrentados nos dias<br />

de hoje para que o adolescente, em cumprimento<br />

de Medida Socioeducativa (MS), retome sua cidadania<br />

e recomece sua vida?<br />

IRF= São várias, infelizmente. Mas limito-me a citar<br />

duas que julgo decisivas: a descrença da sociedade<br />

em relação ao adolescente em cumprimento de MS; a<br />

descrença do próprio adolescente em sua recuperação<br />

e conseqüente reintegração à sociedade que feriu<br />

(ou pela qual foi ferido). Ambas têm conseqüências<br />

muito concretas na vida do adolescente e sinalizam<br />

que ele é "duplamente não amado": nem pela<br />

sociedade, nem por ele próprio.<br />

Se me permite, sugiro duas dinâmicas que podem contribuir<br />

decisivamente no processo de ressocialização:<br />

trabalhar a auto-estima dos adolescentes e oferecerlhes<br />

bons exemplos nos quais possam inspirarem-se enquanto<br />

dão passos, que normalmente são lentos, em seu<br />

processo de ressocialização.<br />

Qual sua orientação para que a família participe do<br />

processo de ressocialização social de seus filhos na<br />

sociedade?<br />

IRF= A moderna reflexão pedagógica chama a atenção<br />

para a importância da participação familiar na educação<br />

dos filhos. Assim sendo, a escola não é mais a principal<br />

responsável pela educação de crianças, adolescentes<br />

e jovens. É muito mais uma parceira, ainda que a<br />

principal, da família. O mesmo se pode dizer do processo<br />

de ressocialização vivido na Casa de Semiliberdade<br />

<strong>Marista</strong>. Sem a participação dos pais e/ou responsáveis<br />

a tarefa de ressocializar torna-se mais difícil, lenta e<br />

infrutífera. Como nem sempre a família tem consciência<br />

do quanto sua participação efetiva importa na recuperação<br />

do jovem, cabe aos educadores a tarefa de chamá<br />

-la, envolvê-la, responsabilizá-la. Neste processo, todas<br />

as dinâmicas importam: reuniões, partilha em grupo e a<br />

informação clara e precisa sobre o processo de cada<br />

adolescente. Encontrei todos estes elementos na proposta<br />

pedagógica da Casa de Semiliberdade <strong>Marista</strong>.<br />

Quais as principais responsabilidades que um adolescente<br />

em cumprimento de MS precisa ter para resgatar<br />

seu espaço na sociedade?<br />

IRF= Penso que por mais difícil que seja lidar com tal<br />

dinâmica, é imprescindível trabalhar com a idéia da<br />

responsabilização. Dito de outra forma há que se acompanhar<br />

o adolescente de modo que ele atinja um nível<br />

de consciência sempre maior sobre si, sobre o ato infracional<br />

que o levou a estar na instituição e sobre o que a<br />

sociedade exige dele para reintegrá-lo em suas relações<br />

e estruturas. Claro, não falo aqui da simples culpabilização,<br />

que pode apenas resultar em revolta ou levar o<br />

adolescente a um cárcere ainda mais degradante, a prisão<br />

psicológica. Importa muito que os educadores<br />

"enxarquem" este processo de amor, pois o amor permitirá<br />

que se atinja a medida certa na hora correção. Depois,<br />

mas não menos importante, diria que valores como<br />

responsabilidade no uso das coisas, organização pessoal,<br />

capacidade de relacionamento humano, disposição<br />

para o trabalho e o estudo, dentre outros, são responsabilidades<br />

que o adolescente precisa adquirir enquanto<br />

se prepara para reintegrar-se à sociedade.<br />

www.marista.edu.br/social

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