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Cartas entre amigos

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que suaviza, embala e encanta?”<br />

O eco, então, me disse:<br />

– “Canta!”<br />

Cantei. – “Mas, como, num verso,<br />

resumir todo o universo<br />

que em mim vibra, esplende e clama?”<br />

então, o eco me disse:<br />

– “Ama!”<br />

Amei. – “Como achar agora<br />

a alma simples que eu pus fora<br />

pelo prazer de buscá-la?”<br />

O eco, então, me disse:<br />

– “Cala!”<br />

Calei-me. E ele, então, calou-se.<br />

Nunca a vida foi tão doce...<br />

Tudo é mais lindo a meu lado:<br />

Mais lindo, porque calado.<br />

Lutar, cantar, amar e calar... assim queria o poeta. Lutar<br />

para que os desvarios mundanos não roubem nossa sensibilidade.<br />

Cantar a canção da dor e a canção do amor. Cantar pelos<br />

que, empedernidos, já não conhecem os acordes. Cantar por<br />

aqueles que impedem a canção alheia. Cantar o silêncio dos<br />

que não têm voz ou vez. Amar como ação necessária de encontros<br />

e paisagens. Contemplamos o mundo para conhecê-lo e<br />

transformá-lo. E calar? Mas como calar diante das feridas abertas<br />

da injustiça e da destruição do nosso irmão? Calar para,<br />

como Maria, a mãe da esperança, escutar a boa-nova, a missão<br />

e então agir.<br />

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