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Discurso de Posse - Academia de Letras da Bahia

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menino via que eles não tinham morrido, que não iam morrer porque<br />

continuariam a ser lidos por outros leitores <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le, e que, por isto, eram<br />

imortais. E percebeu que a imortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> obra faz a imortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Mas<br />

ain<strong>da</strong> não era esta a propala<strong>da</strong> imortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia. A imortali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

acadêmica — não o menino, mas o escritor adulto, em relação com a vi<strong>da</strong><br />

literária, veio a enten<strong>de</strong>r mais tar<strong>de</strong> —, resulta <strong>da</strong> perpetuação <strong>da</strong> memória do<br />

acadêmico pelos confra<strong>de</strong>s que a ele sobrevivem, e pelos confra<strong>de</strong>s que o<br />

suce<strong>de</strong>m. É como uma corrente que se perpetua nos novos elos que vão sendo<br />

acrescidos e que têm por obrigação protocolar e ética reverenciar os que o<br />

antece<strong>de</strong>ram.<br />

Senhores Acadêmicos:<br />

A Ca<strong>de</strong>ira nº 12, para a qual me <strong>de</strong>stinastes nesta Casa, tem como<br />

patrono, bem o sabeis, uma figura do Império: o santamarense Miguel Calmon<br />

du Pin e Almei<strong>da</strong>, Viscon<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois Marquês <strong>de</strong> Abrantes. A feliz coincidência!<br />

De Santo Amaro <strong>da</strong> Purificação, em cujos canaviais, em cujas terras <strong>de</strong><br />

massapê, em cujo leito barrento do rio estão finca<strong>da</strong>s as mais fun<strong>da</strong>s raízes <strong>da</strong><br />

minha família paterna, é que me vem o patrono, um dos mais nobres filhos <strong>da</strong><br />

“Leal e Benemérita” do Recôncavo baiano, como se com isto a própria Ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Santo Amaro me viesse, e com ela me viessem os meus que já se foram,<br />

para sentarem comigo à Ca<strong>de</strong>ira nº 12, para comigo sentarem em vossa<br />

companhia! Deixai-me citar, por ser patrono <strong>de</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, alguns <strong>de</strong><br />

seus livros: Cartas Políticas <strong>de</strong> Américus, Memória Sobre os Meios <strong>de</strong> Promover<br />

a Colonização, Ensaio Sobre o Fabrico do Açúcar, e A Missão Especial, em dois<br />

volumes, on<strong>de</strong>, no dizer <strong>de</strong> Pedro Calmon, seu biógrafo, “<strong>de</strong>screvia a Prússia, o<br />

milagre alemão, o aparelhamento <strong>de</strong> um império, cuja gran<strong>de</strong>za antevia”. Bem<br />

recebidos e bem conceituados à sua época, não se po<strong>de</strong>ria entretanto creditar a<br />

estes escritos o prestígio do seu nome. O Marquês <strong>de</strong> Abrantes foi uma <strong>da</strong>s<br />

mais ilustres e expressivas personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> política e <strong>da</strong> economia do<br />

primeiro e do segundo reinados. Deputado, ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> por três vezes,<br />

ministro dos Estrangeiros, senador e conselheiro do Estado, marcou <strong>de</strong> forma<br />

in<strong>de</strong>lével, competente e elegante, a sua presença no cenário <strong>da</strong>quele Brasil <strong>de</strong><br />

dois admirados monarcas.<br />

Compreensível, portanto, que, ao ser convocado para a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

Aca<strong>de</strong>mia, o segundo Miguel Calmon du Pin e Almei<strong>da</strong> lembrasse do parente<br />

famoso e homônimo para patrono <strong>da</strong> sua ca<strong>de</strong>ira. Aliás, há semelhanças <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre estes ilustres membros <strong>da</strong> família Calmon, o patrono e o<br />

fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Ca<strong>de</strong>ira nº 12. Baiano <strong>de</strong> Salvador, o fun<strong>da</strong>dor Miguel Calmon foi<br />

engenheiro, professor <strong>da</strong> Escola Politécnica <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, secretário <strong>da</strong> Agricultura,<br />

Viação e Obras Públicas neste Estado, <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral por três man<strong>da</strong>tos não<br />

consecutivos, ministro <strong>da</strong> Indústria, Viação e Obras Públicas do presi<strong>de</strong>nte<br />

Afonso Pena, ministro <strong>da</strong> Agricultura, Indústria e Comércio do presi<strong>de</strong>nte Artur<br />

Bernar<strong>de</strong>s, e, finalmente, senador pela <strong>Bahia</strong>. Entre os seus trabalhos

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