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Síndrome do coração de atleta.pdf - Unorp

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SÍNDROME DO CORAÇÃO DE ATLETA<br />

Angel J. da Silva, Gabriel N. Marciano , Rafael C. Hugatt, Ronal<strong>do</strong> Leandro Suguaya<br />

O <strong>coração</strong> e os vasos sanguíneos, assim como os músculos esqueléticos, são teci<strong>do</strong>s<br />

excitáveis que vivem sob constante adaptação conforme o trabalho que realizam. A<br />

hipertrofia cardíaca aos esforços físicos intensos e regulares é algo muito bem<br />

<strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1884 quan<strong>do</strong> um médico inglês, Dr. Bergmann, constatou que o<br />

<strong>coração</strong> <strong>de</strong> animais selvagens era muito maior <strong>do</strong> que o <strong>de</strong> animais <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s da<br />

mesma espécie. A hipertrofia cardíaca não acontece isoladamente, com a prática regular<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física intensa, uma série <strong>de</strong> adaptações ocorrem concomitantemente sobre o<br />

sistema cardiovascular. Adaptações que no caso <strong>do</strong>s <strong>atleta</strong>s são extremamente<br />

acentuadas e caracterizam a chamada “síndrome <strong>do</strong> <strong>coração</strong> <strong>de</strong> <strong>atleta</strong>”.<br />

A primeira <strong>de</strong>scrição médica <strong>do</strong> “<strong>coração</strong> <strong>de</strong> <strong>atleta</strong>” foi feita por Henschen, logo após a<br />

primeira olimpíada da era mo<strong>de</strong>rna, ainda em 1896, ao examinar corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> esqui<br />

“cross-country” na neve. A síndrome (conjunto <strong>de</strong> sinais e sintomas) <strong>do</strong> <strong>coração</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>atleta</strong> é caracterizada por várias alterações fisiológicas e anatômicas, <strong>de</strong> caráter benígno<br />

e reversível, que correspon<strong>de</strong>m a adaptações crônicas causadas pelo gran<strong>de</strong> aumento <strong>do</strong><br />

trabalho cardiovascular durante as sessões <strong>de</strong> treinamento físico.<br />

O treinamento físico pre<strong>do</strong>minantemente aeróbio, quan<strong>do</strong> intenso e prolonga<strong>do</strong>, gera<br />

adaptações cardiovasculares tanto estruturais como funcionais. Este remo<strong>de</strong>lamento<br />

cardiovascular, conheci<strong>do</strong> como “síndrome <strong>do</strong> <strong>coração</strong> <strong>de</strong> <strong>atleta</strong>” representa alterações<br />

benignas que incluem aumento <strong>do</strong> volume das câmaras cardíacas ventriculares,<br />

espessamento da pare<strong>de</strong> ventricular, modificações no eletrocardiograma e melhores<br />

respostas arteriais às diversas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fluxo sanguíneo.<br />

Há aumento da força <strong>de</strong> contração, com maior reserva cardíaca e maior aproveitamento<br />

<strong>do</strong> oxigênio mesmo em níveis máximos <strong>de</strong> trabalho. O chama<strong>do</strong> “duplo produto”<br />

(freqüência cardíaca x pressão sistólica), que indica o quanto está sen<strong>do</strong> exigi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>coração</strong> para <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> esforço, diminui nos esforços sub-máximos. Dessa forma,<br />

para a mesma carga sub-máxima <strong>de</strong> esforço, o <strong>coração</strong> <strong>de</strong> um <strong>atleta</strong> terá menores<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oxigênio quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> a pessoas se<strong>de</strong>ntárias ou menos treinadas.<br />

Entre as várias adaptações <strong>do</strong> sistema cardiovasculares com o treinamento físico<br />

vigoroso estão: menor frequência cardíaca em repouso e em exercícios sub-máximos,<br />

redução mais rápida da freqüência cardíaca após o exercício, maior débito cardíaco<br />

máximo (quantida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> sangue ejetada pelos ventrículos por minuto), aumento<br />

da capacida<strong>de</strong> cardíaca para consumir oxigênio assim como o consumo máximo <strong>de</strong><br />

oxigênio (VO2 máx), retorno venoso facilita<strong>do</strong> em exercício, maior diminuição da<br />

resistência periférica total (resistência <strong>do</strong>s vasos sanguíneos), redistribuição mais<br />

eficiente <strong>do</strong> fluxo sanguíneo, aumento das câmaras cardíacas e <strong>do</strong> espessamento <strong>de</strong> suas<br />

pare<strong>de</strong>s (hipertrofia cardíaca).<br />

Esportes <strong>de</strong> força como levantamento <strong>de</strong> pesos e luta levam à um tipo <strong>de</strong> hipertrofia<br />

cardíaca mais voltada ao espessamento das pare<strong>de</strong>s, chamada hipertrofia concêntrica <strong>do</strong><br />

<strong>coração</strong>. Esportes aeróbios como a maratona ou ciclismo <strong>de</strong> longa distância levam a<br />

outro tipo <strong>de</strong> hipertrofia cardíaca com ênfase no aumento das câmaras ventriculares, é a<br />

chamada hipertrofia excêntrica <strong>do</strong> <strong>coração</strong>. São todas adaptações benignas e, portanto,<br />

reversíveis com a interrupção <strong>do</strong> esforço. Uma avaliação feita em rema<strong>do</strong>res durante um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> treinamento intenso mostrou um gran<strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lamento cardiovascular tanto<br />

em relação ao aumento das câmaras quanto ao da espessura das pare<strong>de</strong>s cardíacas. A<br />

reavaliação após poucas semanas <strong>de</strong> interrupção <strong>do</strong>s treinos mostrou significativa<br />

redução <strong>de</strong>ssas medidas.


Po<strong>de</strong>-se concluir que a síndrome <strong>do</strong> <strong>coração</strong> <strong>de</strong> <strong>atleta</strong> é um conjunto <strong>de</strong> adaptações<br />

anatômicas e fisiológicas normais que ocorre em pessoas que realizam exercícios físicos<br />

intensos e <strong>de</strong> forma regular. Essas adaptações são normais nos <strong>atleta</strong>s e possibilitam sua<br />

alta performance nos esportes.

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