Genis Frederico Schmaltz Neto gfschmaltz@gmail.com Comer da ...
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O que perdura por to<strong>da</strong> a narrativa são as perguntas retóricas direciona<strong>da</strong>s ao seu<br />
telespectador, apontando em ca<strong>da</strong> diálogo o paradoxo bem/mal e os enfins <strong>da</strong> morte, a<br />
desmistificação ou indiferença quanto às crenças em geral. E se qualquer pessoa pudesse<br />
encontrar um desses cadernos? A quem cabe o direito de julgar uma morte necessária? Mas se<br />
envolver <strong>com</strong> a morte não significaria entregar-se à própria morte? Afinal <strong>com</strong>o eu deveria agir<br />
ante a morte?<br />
A morte, para Durand (2002), tem um papel determinante na constituição do imaginário e<br />
na criação humana. A consciência do Tempo e <strong>da</strong> Morte e as experiências negativas que dela<br />
decorrem provocam a angústia original. Para este autor, o desejo fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> imaginação<br />
humana será sempre reduzir essa angústia existencial por meio do seu princípio constitutivo, que<br />
é representar, simbolizar as faces do Tempo e <strong>da</strong> Morte a fim de controlá-las e às situações que<br />
elas representam. Mas, em virtude <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong>de desse controle, ou seja, de distinguir e<br />
encarar o desconhecido e os perigos que ele pode representar, a imaginação cria imagens<br />
nefastas <strong>da</strong> angústia.<br />
Para enfrentar a angústia, o homem desenvolve três atitudes imaginativas básicas que,<br />
para Durand correspondem às três estruturas do imaginário: a heroica na qual a imaginação<br />
<strong>com</strong>bate os monstros hiperbolizados por meio de símbolos antitéticos: as trevas são <strong>com</strong>bati<strong>da</strong>s<br />
pela luz e a que<strong>da</strong> pela ascensão, acionando imagens de luta, suscitando ações e temas de luta<br />
do herói contra o monstro, do bem contra o mal; a mística na qual a imaginação, anima<strong>da</strong> por um<br />
caráter participativo e sob o signo <strong>da</strong> conversão e do eufemismo, inverte os valores simbólicos<br />
do tempo e assim o destino não é mais <strong>com</strong>batido, mas assimilado; e a sintética na qual a<br />
imaginação procura domar o destino, reunindo no tempo dois universos míticos antagonistas - o<br />
heroico e o místico - sem que eles percam a sua individuali<strong>da</strong>de e potenciali<strong>da</strong>de (Teixeira,<br />
2010). Veremos, então, à luz desse referencial, <strong>com</strong>o o nosso personagem reage à morte.<br />
Para se apreender e analisar o imaginário de Death Note, tomam-se <strong>com</strong>o corpus dois<br />
de seus folders de veiculação e ilustração, bem <strong>com</strong>o um folder elaborado por seus<br />
telespectadores, visando-se assim verificar <strong>com</strong>o os efeitos de sentido são apreendidos e<br />
reinterpretados por aqueles que os veem. Isso será possível por uma análise minuciosa dos<br />
elementos que <strong>com</strong>põem suas ilustrações, <strong>com</strong>o os movimentos posturais, os arquétipos, as<br />
cores e os símbolos. Pensando dessa maneira, adentramos o caminho indicado por Bardin<br />
(2004), ao re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>r uma primeira leitura chama<strong>da</strong> de leitura flutuante, em que ao se ter o<br />
primeiro contacto <strong>com</strong> o corpus surgem as primeiras impressões. Vejamos os folders: