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Genis Frederico Schmaltz Neto gfschmaltz@gmail.com Comer da ...

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Percebe-se que Raito, além do fruto vermelho em suas mãos, também tem a foice <strong>com</strong>o<br />

de cor doura<strong>da</strong>; ligado à noção de divino, ao Sol (seja <strong>da</strong> Justiça ou não); a morte é vista <strong>com</strong>o<br />

entra<strong>da</strong> para o sagrado – e suas roupas não estão abertas. Veja <strong>com</strong>o a desfuncionalização dos<br />

símbolos sob o olhar oriental se dá no ocidente. As roupas cobrem todo seu corpo, a maçã está<br />

nas mãos de Raito, e a espa<strong>da</strong> em posição semi-horizontal. A morte aqui talvez não possa<br />

pertencer a um “simples” humano. Percebamos as resistências ocidentais a partir desse fato. O<br />

shinigami – o portador <strong>da</strong> morte, senão a própria morte – está em posição horizontal, olho fixo<br />

para baixo, cabeça para baixo. O lugar de destaque é <strong>da</strong>do a Raito, que tem o olhar fixo e<br />

vertical, outrora expresso no folder original de divulgação do anime. Não há garras ao fundo,<br />

mas temos a imagem <strong>da</strong> caveira, mais uma representação ocidental <strong>com</strong>um à imagem <strong>da</strong> morte.<br />

A questão do Medo<br />

Na concepção japonesa a morte não é vista <strong>com</strong>o algo oposto à vi<strong>da</strong>, mas <strong>com</strong>o parte de<br />

um processo em que vi<strong>da</strong> e morte são <strong>com</strong>plementares, tais <strong>com</strong>o as duas faces de uma mesma<br />

folha de papel. Não podemos experimentar plenamente a vi<strong>da</strong> se não nos prepararmos para<br />

experimentar também a morte. Essa crença está liga<strong>da</strong> diretamente a questões religiosas, uma<br />

vez que, culturalmente, o Xintoísmo represente 51,3% <strong>da</strong> população, o Budismo 38,3%, o<br />

Cristianismo 1,2% e outras crenças 9,2%. Muitos japoneses consideram-se tanto xintoístas<br />

quanto budistas, explicando o fato de as duas religiões têm soma<strong>da</strong>s aproxima<strong>da</strong>mente 194<br />

milhões de membros (<strong>da</strong>dos de 1996), ou seja, mais do que a população total do Japão, de<br />

cerca de 127 milhões de pessoas (Prado, 2010).<br />

No Budismo o homem não é julgado por nenhum deus, mas por si mesmo, por meio de seus<br />

pensamentos, palavras e atos, forjando seu destino (que poderá ser bom ou mau), constituindo a<br />

chama<strong>da</strong> Lei do Karma ou <strong>da</strong>s Retribuições: não há nenhum juiz oculto por detrás <strong>da</strong> Lei. A ideia<br />

de ressurreição é totalmente estranha ao Budismo, embora existam nos textos budistas várias<br />

doutrinas sobre a vi<strong>da</strong> póstuma; alguns do Sudeste Asiático e do Tibet tendem a aceitá-las<br />

literalmente. No budismo Japonês, porém, a tendência dominante é vê-las <strong>com</strong>o vestígios de<br />

uma mentali<strong>da</strong>de mitológica in<strong>com</strong>patível <strong>com</strong> o pensamento moderno alicerçado na ciência.<br />

Assim a cultura nipônica encara a morte <strong>com</strong>o parte de um processo cíclico, ao contrário do<br />

homem ocidental, que a teme desespera<strong>da</strong>mente, laçado muitas vezes por dogmas religiosos e<br />

na<strong>da</strong> mais demonstra a não ser medo de que ela se aproxime. Segundo o Centro de Psicologia

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