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Genis Frederico Schmaltz Neto gfschmaltz@gmail.com Comer da ...

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culminador <strong>da</strong> morte. No mesmo Éden a serpente instiga o homem a <strong>com</strong>er do fruto e apesar de<br />

não abocanhá-lo, toca-o, mostra-o, tentando-o a experimentar dos efeitos <strong>da</strong> desobediência<br />

divina. Da mesma forma <strong>com</strong>o a serpente se faz mensageira <strong>da</strong> morte <strong>da</strong> inocência, Ryuk<br />

também o é. Mas a serpente não <strong>com</strong>e do fruto. Ryuk ao engolir a morte, apodera-se de seu<br />

âmago em um processo de redobramento, buscando-se aproximar <strong>da</strong> sua essência para afetar<br />

Raito. E isso basta. Raito não <strong>com</strong>e do fruto, mas ao ver o shinigami abocanhando-o, sente-se<br />

movido a realizar os julgamentos, a executar as mortes.<br />

Apoderar-se <strong>da</strong> maçã implica em saber, transgredir a Luz e descer na escuridão. A<br />

escuridão torna-se um convite ao conhecimento, e na maçã encontramos esse chamado;<br />

algumas tradições celtas afirmam a maçã ser fruto que revela. Alquimicamente refere-se ao<br />

simbolismo do enxofre – isomórfico à própria cor vermelha – que segundo Chevalier (p.572),<br />

eminentemente refere-se ao mistério vital escondido no final <strong>da</strong>s trevas; o vermelho reunido diz<br />

respeito à vi<strong>da</strong> e o vermelho que se espalha diz respeito à morte (o foco sempre está na<br />

trituração <strong>da</strong> maçã na boca <strong>com</strong>posta por dentes tenebrosos do shinigami).<br />

O shinigami configura-se, então, <strong>com</strong>o portador do conhecimento desejado; projeta-se<br />

<strong>com</strong>o a serpente adâmica que, apesar de não ser a morte, conhece-a e sabe dos meios para se<br />

achegar a ela. Age valendo-se do instrumento de tentação e instiga Raito a dela se alimentar. E<br />

uma vez que se tenha descido a escuridão para conhecer (a princípio, a escuridão do quarto),<br />

acaba aprisionado; explicitamente temos uma corrente que amarra Raito e L à maçã.<br />

A corrente é símbolo de elos e relações entre o céu e terra; temos a ligação entre o<br />

humano (representado pelos dois rapazes), e o sobrenatural (explícito pela garra e pela maçã).<br />

Alguém poderia nos lembrar de que em certo ápice <strong>da</strong> história Raito se acorrenta (literalmente) a<br />

L para provar-lhe que não é o Kira; assim os dois passam a investigar juntos e arquitetar<br />

estratégias na incansável busca por aquele que faz os julgamentos. Segundo Chevalier (p. 292),<br />

em alguns textos irlandeses encontram-se referências a guerreiros que <strong>com</strong>batem acorrentados<br />

uns aos outros – temos mais uma vez a imagem do elo. Mas este elo dá duas voltas em torno <strong>da</strong><br />

mão de L, e se encerra na mão direita de Raito, sem, no entanto, fechar-se. Raito se acorrenta a<br />

essência <strong>da</strong> morte quando <strong>com</strong>eça a fazer uso do caderno, e a morte acorrenta-o.<br />

Entre os gregos, o lado direito era o lado que ergue a lança; Durand (1964, p. 9) nos<br />

lembra que a ideia de justiça “figura-se por um personagem absolvendo ou punindo”, valendo-se<br />

de “diferentes objetos”. Temos a mão de Raito materializa<strong>da</strong> <strong>com</strong>o espa<strong>da</strong> - é usando sua mão

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