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que sejam, folgando alegremente, como se folga entre ^ guerra nos campos de batalha; ou gladiando-se impla- amigos e parentes; emfim todas aquellas bellezas naturaes, e estes quadros de ventura domestica, fallando ao coração palavras de ineffavel doçura, de poesia e de felicidade, adoçam os costumes, e apertam e fortalecem os laços que ligam os indivíduos á familia, e á terra onde nasceram. Este é o lado sentimental do amor da patria. O outro lado é o heroico, esse nobilíssimo impulso, que move os homens a fazerem todo o genero de sacrifícios pela liberdade do seu paiz, ou pela honra do seu nome, ou pela gloria da sua bandeira. É durante a virilidade das nações, no meio da singeleza dos costumes, que o amor da patria brilha com maior viveza, com mais ardor, inflammando todos os peitos, e produzindo os mais admiraveis prodígios do | esforço humano. Os annaes de Portugal estão cheios de commemorações gloriosas de actos de heroísmo, praticados na libertação d'esta boa terra do poder dos mouros; na lucta da independencia contra D. João i de Castella; nas conquistas das praças africanas : e nos descobrimentos e fundação do império portuguez no oriente sob os sceptros de D. João 11 e D. Manuel i. Dos descobrimentos e dos novos dominios de Portugal nasceram a navegação do alto mar, e o commercio marítimo, que fizeram de Lisboa o emporio dos generos e mercadorias do Oriente, locupletando de riquezas a capital e todo o reino. As riquezas originaram o luxo. Produziu este a corrupção dos costumes, com o seu obrigado corollario de egoismo e indifferentismo, ao embate dos quaes foi arrefecendo pouco a pouco o amor da patria, até ao ponto de causar a decadencia rapida da monarchia do filho e neto de D. Manuel, o Venturoso; e que fizeram da maior parte dos nossos fidalgos, pouco antes invictos campeões do poderio de Portugal, e agora vendido ao ouro e ás promessas de D. Felippe n, os poderosos elementos da usurpação de Castella. E esta a historia, com a simples mudança de nomes, de logares e de épocas, de todos os impérios sepultados nos abysmos do passado. Apesar dos 6o annos da oppressão castelhana reviveu nos portuguezes o amor da patria aos brados da sua independencia, que alcançou ao som dos hymnos da victoria. Como que adormecido mais tarde por differentes causas maléficas, resurgiu duas vezes n'este século, a primeira vez a prol da independencia do reino, contra as invasões estrangeiras; a segunda em defensa da liberdade e do throno constitucional da sr. a D. Maria n. De ambas as vezes os esforços dedicados, e mil gentilezas de valor e coragem coroaram de louros as respectivas causas. Ao triumpho final das instituições liberaes, succedeu a divisão dos vencedores em partidos adversos, e rancorosos. 31 cavelmente no parlamento, e na imprensa, entremeiando com os raciocínios, ou substituindo os argumentos pelos doestos, pelas calumnias, pelos epithetos mais injuriosos, sem poupar classes, nem pessoas desde a mais baixa condição até á mais elevada; n'esta desordem constante, em que tudo e todos tem sido a seu turno vilipendiados, escarnecidos e desauthorisados, com descrédito das próprias instituições, ergueu-se de novo o indifferentismo, e por natural consequência o egoismo sobre os interesses públicos. Estes dous agentes maléficos amorteceram em quasi todos os portuguezes, pela terceira vez, o amor da patria, e em tão longo período se conservou assim, que não nos deixava a esperança de o vermos renascer. Mas eis que resurge d improviso, altivo e fremente d indignação, cavalheiroso e vingador da affronta, que uma nação poderosa e alliada acaba de arremeçar contra os seus brios, e do premeditado ataque aos seus direitos. Revive em nossos peitos, ainda ha pouco regelados pelo indifferentismo e pelo egoismo, o sacro amor da patria. Revive em todas as terras da monarchia aos brados unisonos da indignação, arrancados pela affronta immerecida. Revive ao som das vozes enthusiasticas dos milhares de offerentes de donativos para a defensa do nosso solo. D esta vez foi a violação da integridade da monarchia pelo governo inglez, do qual fomos alliados antigos, leaes e profiquos, o poderoso motor, que operou o milagre de resuscitar nos portuguezes o santo amor da patria. Permitta Deus que elle se arraigue e conserve sempre bem vivo e efficaz para honra e gloria da nação, e para que lhe seja alavanca, que a exalce, engrandeça, e torne respeitada. Ignacio de 'Vilhena 'Barbosa. HA entre El-Rei e o Povo Por força um accordo eterno; Forma El-Rei governo novo, Logo o Povo é do governo... Por aquelie accordo eterno Que ha entre El-Rei e o Povo! Graças a esta harmonia, Que é realmente um mysterio Havendo tantas facções, O governo, o ministério Ganha sempre as eleições Por enorme maioria! Graças a esta harmonia, Que é realmente um mysterio ! João de Deus. A Academia portugueza sentiu-se mal ferida pela aggressão britannica, e comprehendeu agora—só agora! No tumultuar das paixões indómitas, ora rebentando —que lhe cumpre intervir com toda a energia nos descem revoltas nas praças publicas ; ora rompendo em ^ tinos da patria. Ainda bem!