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Obra Completa

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32 cAC^A THEdMA<br />

Esta attitude é para mim uma necessidade;—para ^<br />

outros.. . um pretexto fácil, á sombra da honra, para<br />

abandonar a escola!<br />

De sorte que a affronta determinou a expansão do<br />

brio académico, e este brio que devia serenar a ancia<br />

de tantas almas e desafogar corações desalentados em<br />

tantos peitos portuguezes, — porque adormecia tanto,<br />

que mais parecia extincto que represado, — mereceu,<br />

ao contrario, a acre censura dos que á edade alliam a<br />

sciencia de pensar com acerto.<br />

A Academia saberá cumprir os seus deveres na escola,<br />

como estudiosa, e os seus deveres na patria, como<br />

portugueza;—porque ella bem sabe que nunca se pretendeu<br />

com tanto impudor a realisação d'esta monstruosidade<br />

estranha: — fazer cúmplice dos proprios<br />

crimes. .. a dignidade alheia!<br />

Saiba-se, porém, que, para crear-se encargos, ella<br />

não precisava que a convulsionasse a injuria cuspida<br />

por uma nação, cuja ruina será a catastrophe mais<br />

horrenda de quantas enlutam a historia dos povos. E<br />

será — porque é esse o destino das que ostentam grandezas,<br />

semeiando odios, e, com razão mais forte, das<br />

que os encontram, de morte e por egual, nos fracos<br />

que humilham, como nos fortes a que se curvam.<br />

Não precisava a Academia d'esta injuria, dizia eu,<br />

para crear-se novos encargos. De ha muito que ella<br />

ouve nas escolas a voz do mestre elevar-se da explicação<br />

rasteira da vida humana, cada vez menos entenebrecida<br />

pelo mysterio, á grandiosa revelação da Vida<br />

das Sociedades! De ha muito que lhes conhece physiologia<br />

normal, que estuda os seus desvios, e investiga<br />

a causa das suas podridões. Não precisava do idtimatiim<br />

para diagnosticar estas ultimas na própria terra.<br />

E crime contestar-Ihe o direito de continuar a sua<br />

cruzada heróica, como é crime contestar-nos o dever<br />

de abençoar o seu grande patriotismo.<br />

Que a Academia se mostre severa com dignidade e<br />

reclamante com justiça; que saiba usar da sua força<br />

que nos domina, porque é enorme, — sem abusar da<br />

sua fraqueza, que respeitamos, porque é sagrada — e<br />

ter-me-ha sempre ao seu lado.<br />

A ideia grandiosa da regeneração da patria não é<br />

uma utopia; e o poeta, que, apaixonado e ébrio de<br />

pátrio amor, ousou exclamar ante o Chire magestoso:<br />

Tu serásportugue\!—esse poeta não delirou!<br />

Não delirou, emquanto a sciencia affirmar a superioridade<br />

adoptativa duma raça sobre todas — qual a<br />

da portugueza sobre todas da Europa em terras de<br />

Africa.<br />

Não delirou, emquanto ligar Moçambique á Angola,<br />

emquanto se estender de Benguella á Contra-costa o<br />

prestigio secular dum povo heroico.<br />

Não delirou, emquanto os filhos d'além-mar (pudesse<br />

eu levar aos confins da terra este protesto á vilania<br />

do usurpador!) se julgarem honrados, de um dia,<br />

em defesa da patria e da liberdade, lhes servir de sudário<br />

fúnebre a mesma bandeira que tenha de amortalhar<br />

os filhos de Portugal.<br />

Carlos Tavares. f<br />

AS CÔRES DA BANDEIRA<br />

QUADRO DRAMATICO-M ARITIMO (EXCERPTO)<br />

O Commandante, em voz solemne<br />

1V1 ARINHEIROS, ouvi! Nas vossas veias corre<br />

A gloria de um passado immenso, que não morre !<br />

Vossos nobres avós das entranhas do Oceano<br />

Trouxeram novo alento ao labutar humano!<br />

E, mercê do seu génio, em nosso estreito berço<br />

Germinou e cresceu a vida do universo !<br />

Este povo, um leal punhado de europeus,<br />

Foi assim, foi assim, como um rival de Deus!<br />

Inclinando do Eterno a vasta cornucopia,<br />

Entornámos na Terra as índias, a Ethiopia,<br />

A Africa inteira, a Australia; e n'uma lucta homérica,<br />

Roubámos a Colombo a metade da America.<br />

E dos seios do mar as nossas rudes quilhas<br />

Fizeram rebentar uma seara de ilhas.<br />

Mal refeita do assombro, a Terra despertada<br />

Viu que cabia inteira em nossa mão delgada.<br />

Alçaram-se na sombra os soffregos instinctos,<br />

Ouviram-se na Europa uivar chacaes famintos;<br />

Rosnou pela carniça a fera multidão<br />

De uma ilha boreal, de ferro e de carvão.<br />

Fizeram-nos piedade esses piratas brancos,<br />

E a patria augusta deu-lhe o sangue dos seus flancos.<br />

Esse odioso mastim, que se chama a Inglaterra,<br />

Desde então para cá, os dentes vis afferra<br />

Na carne palpitante, e rasga, e fere, e corta<br />

Os seios maternaes da patria semi-morta.<br />

E emquanto ella se esvai sob um docel azul,<br />

Entre as névoas engorda e enrubece John Buli.<br />

O bandido feroz, envolto em mil luxurias,<br />

Vive do nosso sangue, e cospe-nos injurias.<br />

Vistes como o villão, n'uns éstos de affouteza,<br />

Insultou a immortal bandeira portugueza!<br />

Pois bem ! n'este momento, ouvi-me, companheiros,<br />

Vencedores do Oceano, audazes marinheiros !<br />

Não se trata de arcar co'a fúria das borrascas,<br />

Vencer do mar violento as rugidoras vascas,<br />

Prender o furacão, domar os escarcéus,<br />

Luctar altivo contra a cólera de Deus !<br />

Se é mais mesquinha a lucta, é mais grandioso o premio!<br />

Vedes alem o vil insultador: pois teme-o<br />

Acaso o nosso peito, um peito que mal prende<br />

Um nobre coração que dos heroes descende?<br />

Vozes, na marinhagem<br />

Não ! nunca !<br />

O Commandante<br />

Pois se o vil julgou que impunemente<br />

Nos podia insultar sem pejo, frente a frente,<br />

Enganou-se !... que alli temos vingança prompta,<br />

E o sangue portuguez sabe lavar a affronta.<br />

Eil-o que já referve em nossas veias túmidas,<br />

Eil-o que faz subir ás nossas bocas húmidas<br />

Da salsugem do mar, um brado colossal:<br />

Que viva Portugal!<br />

Todos<br />

Que viva Portugal!<br />

Henrique Lopes de &Mendonça.<br />

Bucarest, mai, 1890.<br />

AUCUNE menace n'effraye celui qui défend un príncipe:<br />

une idée tient tête à un coup de cânon.<br />

Jules J. 'Rosca,<br />

publiciste,<br />

Lauréat de 1'Académie Roumaine, etc.

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