angélica ricci camargo - ANPUH-SP - XXI Encontro Estadual de ...
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o primeiro governo <strong>de</strong> Getúlio Vargas: “Em assuntos <strong>de</strong> teatro, Getúlio Vargas só confiava<br />
em mim” (I<strong>de</strong>m: 285).<br />
Outras histórias do teatro também são retratadas, nas quais Procópio não aparece<br />
apenas como testemunha, mas como ativo participante. Tal foi o caso da proibição da<br />
entrada <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 18 anos nos teatros <strong>de</strong> revista pelo juiz Melo Matos, quando se<br />
mostrou solidário com seus colegas, escrevendo um artigo repudiando o fato. Dessa mesma<br />
maneira agiu quando o Teatro da Experiência, proposta radical <strong>de</strong> Flávio <strong>de</strong> Carvalho, foi<br />
fechado pela polícia em 1933 – o que reforça a relevância do seu papel no meio teatral e<br />
sua participação nos principais eventos da época.<br />
Na segunda parte, escrita sem o auxílio <strong>de</strong> seus recortes, como nos referimos<br />
anteriormente, encontramos fragmentos dispersos <strong>de</strong> sua memória, incluindo lembranças <strong>de</strong><br />
figuras importantes da cultura brasileira, como Catulo da Paixão Cearense, Martins Fontes<br />
e Cândido Portinari.<br />
Mas, apesar <strong>de</strong> intitulada De 1936 em diante, há poucos relatos sobre suas<br />
ativida<strong>de</strong>s teatrais posteriores a década <strong>de</strong> 1930. Assim, fora das imposições dos<br />
documentos <strong>de</strong> seu arquivo, vemos Procópio retomando, <strong>de</strong> forma mais livre, gran<strong>de</strong> parte<br />
dos assuntos tratados na primeira parte, ou seja, a primeira fase <strong>de</strong> seu trabalho. Foi esse o<br />
melhor momento <strong>de</strong> sua vida profissional e era esse Procópio, o <strong>de</strong> Deus lhe pague, amigo<br />
do presi<strong>de</strong>nte Vargas, figura <strong>de</strong> relevo nas associações <strong>de</strong> classe, que provavelmente ele<br />
queria conservar na memória do público.<br />
Percebemos, <strong>de</strong>sse modo, que o que restou, o <strong>de</strong> 1936 em diante, foi quase todo<br />
omitido. Quase todo, porque Procópio não apagou <strong>de</strong> sua autobiografia as críticas recebidas<br />
a partir dos anos 1940, que con<strong>de</strong>naram toda sua obra em prol do teatro brasileiro. Essa<br />
lembrança vem à tona ainda na apresentação do livro:<br />
Fui eu, em 50 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ininterrupta, o único que manteve a altura <strong>de</strong> seus<br />
verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>sígnios a arte cênica objetiva entre nós, em que pese todas as<br />
opiniões em contrário para negar-me ou <strong>de</strong>struir-me (I<strong>de</strong>m: 23).<br />
Cumpre-nos, então, indagar por que elas mereceram tanto espaço, acreditando que a<br />
resposta a essa questão po<strong>de</strong> fornecer uma chave importante para a leitura da obra.<br />
Sobre a ativida<strong>de</strong> da crítica Procópio escreveu:<br />
Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />
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