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angélica ricci camargo - ANPUH-SP - XXI Encontro Estadual de ...

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Introdução<br />

À procura do protagonismo na história do teatro brasileiro:<br />

uma leitura da autobiografia <strong>de</strong> Procópio Ferreira<br />

ANGÉLICA RICCI CAMARGO ∗<br />

O interesse crescente pelas histórias <strong>de</strong> vida no campo das ciências humanas vem se<br />

refletindo na produção <strong>de</strong> estudos sobre trajetórias individuais e na valorização <strong>de</strong> relatos<br />

orais, biografias e autobiografias como fontes para o conhecimento histórico. Fontes que<br />

constituem matéria importante para a escrita da história do teatro brasileiro do século XX,<br />

como atestam inúmeros trabalhos, e que requerem, como quaisquer outras, um tratamento<br />

específico para sua utilização.<br />

A proposta <strong>de</strong>sta apresentação consiste em analisar a autobiografia do ator Procópio<br />

Ferreira (1898-1979), buscando articulá-la com os <strong>de</strong>bates e transformações ocorridos no<br />

meio teatral a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XX. Nossa hipótese é a <strong>de</strong> que a narrativa<br />

autobiográfica prevista para ser publicada em 1979, mas somente vinda a público no ano<br />

2000, foi a forma encontrada por Procópio para preservar a imagem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ator do<br />

teatro brasileiro, na época um pouco esquecida.<br />

Para isso, trabalharemos com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> autobiografia proposta por Philippe<br />

Lejeune que a concebe como um relato retrospectivo que uma pessoa faz <strong>de</strong> sua própria<br />

existência, quando focaliza sua vida individual e, em especial, a história <strong>de</strong> sua<br />

personalida<strong>de</strong> (LEJEUNE, 2008: 14). Outro elemento importante para refletirmos sobre o<br />

assunto é a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que sujeito que escreve sobre si o faz reconhecendo que seu <strong>de</strong>stino se<br />

situa acima da comunida<strong>de</strong> a que ele pertence, e mais, que sua vida compreen<strong>de</strong> uma<br />

aventura para ser inventada. Além disso, a questão <strong>de</strong> sua sobrevivência na memória dos<br />

outros, ponto que se torna premente quando o indivíduo encontra-se em ida<strong>de</strong> avançada,<br />

também contribui como fator que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado em qualquer análise<br />

(CALLIGARIS, 1998: 46).<br />

Ao fazer um balanço <strong>de</strong> sua vida, Procópio rememorou diversos acontecimentos <strong>de</strong><br />

sua carreira e da história do teatro brasileiro. Mas, o que nos interessa aqui não é sua<br />

∗ Mestre em História Social pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ) e técnica em assuntos<br />

culturais do Arquivo Nacional/RJ. E-mail: angelica<strong>ricci</strong>@gmail.com.<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

Formatado: Centralizado


fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aos fatos ocorridos a partir <strong>de</strong> um confronto com outras fontes, e sim, assinalar<br />

os recortes efetuados, as recorrentes valorizações <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong> e as omissões <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s períodos <strong>de</strong> sua trajetória, questões que nos levam a refletir sobre o momento <strong>de</strong><br />

sua escrita e sobre as estratégias utilizadas na construção da memória que queria preservar.<br />

Consi<strong>de</strong>rando, portanto, o presente como o tempo próprio da lembrança, “o tempo do qual<br />

a lembrança se apo<strong>de</strong>ra, tornando-o próprio” (SARLO, 2007: 9-10), buscaremos<br />

compreen<strong>de</strong>r a lógica que norteou o ator no processo <strong>de</strong> seleção dos fatos narrados em sua<br />

autobiografia.<br />

O ator<br />

João Álvaro <strong>de</strong> Jesus Quental Ferreira, conhecido como Procópio Ferreira, foi um<br />

dos artistas mais populares do teatro brasileiro do século XX. Nasceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em<br />

8 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1898, e morreu nesta mesma cida<strong>de</strong> no dia 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1979. Cursou a<br />

Escola Dramática Municipal, então dirigida por Coelho Neto, e trabalhou, a partir <strong>de</strong> 1917,<br />

em diversas companhias teatrais, entre as quais a Companhia Dramática Nacional, ao lado<br />

<strong>de</strong> Itália Fausta, e a companhia criada pelos dramaturgos Oduvaldo Vianna e Viriato Corrêa<br />

e pelo empresário Nicolino Viggiani no Teatro Trianon.<br />

Seu êxito como ator e sua vocação para a comédia ganharam <strong>de</strong>staque com o<br />

personagem Zé Fogueteiro da peça Juriti, <strong>de</strong> Viriato Corrêa, levada aos palcos em 1919.<br />

Três anos <strong>de</strong>pois, Procópio já atingia o primeiro posto <strong>de</strong> artista nacional, segundo o crítico<br />

teatral do Jornal do Brasil Mário Nunes (NUNES, 1956b: 40).<br />

Em 1924 montou, em São Paulo, sua própria companhia, contando com atores<br />

vindos do teatro <strong>de</strong> revista como Palmerim Silva, Margarida Max e Ítala Ferreira. Seu<br />

maior sucesso veio em 1932, com a montagem <strong>de</strong> Deus lhe pague, <strong>de</strong> Joracy Camargo,<br />

peça para a qual escreveu o prefácio e com a qual realizou, em várias temporadas ao longo<br />

da carreira, mais <strong>de</strong> três mil apresentações.<br />

A principal característica da sua atuação era a imposição <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong><br />

cômica, marca <strong>de</strong> todo o teatro <strong>de</strong> comédia brasileiro das primeiras décadas do século XX,<br />

que também consagrou nomes como Leopoldo Fróes e Jayme Costa, tornando-os as<br />

gran<strong>de</strong>s estrelas da época.<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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Os próprios dramaturgos rendiam-se ao prestígio <strong>de</strong>sses ídolos, criando peças cujos<br />

papéis principais se encaixavam no tipo interpretativo <strong>de</strong> cada ator, processo que Sábato<br />

Magaldi chamou <strong>de</strong> “dramaturgia para atores” (MAGALDI, 2001: 191). No caso específico<br />

<strong>de</strong> Procópio, sua popularida<strong>de</strong> ainda po<strong>de</strong> ser avaliada através da publicação, em 1933, <strong>de</strong><br />

Um para 40 milhões: Procópio através da psico-análise, biografia escrita por Gastão<br />

Pereira da Silva a partir <strong>de</strong> conceitos psicanalíticos.<br />

Mas o gran<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> público <strong>de</strong>sses atores cômicos nem sempre se refletia na<br />

crítica teatral que, concebendo os gêneros em termos <strong>de</strong> uma hierarquia, classificava como<br />

inferior todo o teatro “para rir”, que era a forma popular e abrangia a comédia (baixa, <strong>de</strong><br />

costumes, vau<strong>de</strong>ville e outras variantes), incluindo suas variações no teatro musicado<br />

(revista, burleta e opereta). 1<br />

Essa visão crítica passou a se materializar nos palcos especialmente na década <strong>de</strong><br />

1940 com a atuação <strong>de</strong> conjuntos amadores, como Os Comediantes e o Teatro do Estudante<br />

do Brasil, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e o Grupo <strong>de</strong> Teatro Experimental e o Grupo Universitário <strong>de</strong><br />

Teatro, em São Paulo. Grupos que são consi<strong>de</strong>rados pela historiografia como os elementos<br />

responsáveis pela renovação da cena brasileira, pois trouxeram uma concepção diferente <strong>de</strong><br />

organização <strong>de</strong> elencos, rompendo com a hierarquia das especializações até então norteada<br />

pela ação dos atores-comediantes. Além disso, contribuíram por consolidar a importância<br />

da figura do diretor no comando dos espetáculos, papel que até então era atribuído às<br />

gran<strong>de</strong>s estrelas (BRANDÃO, 2002: 212).<br />

A partir <strong>de</strong> 1948 essa nova concepção <strong>de</strong> teatro alcançou o terreno profissional, com<br />

a formação do Teatro Popular <strong>de</strong> Arte e, principalmente, do Teatro Brasileiro <strong>de</strong> Comédia,<br />

o TBC, que se apoiou em dois pilares: textos consagrados e encenadores estrangeiros. Dos<br />

quadros do TBC formaram-se várias outras companhias com mol<strong>de</strong>s semelhantes, como a<br />

Companhia Tônia-Celi-Autran, o Teatro Cacilda Becker e o Teatro dos Sete (PRADO,<br />

2008: 43).<br />

A década <strong>de</strong> 1950 consolidou esse processo <strong>de</strong> abertura às novas experiências e<br />

presenciou a criação do Teatro <strong>de</strong> Arena, em São Paulo, que contribuiu para a valorização<br />

<strong>de</strong> peças nacionais. Um pouco <strong>de</strong>pois, tomou corpo, também na capital paulista, o Teatro<br />

1 Cabe ressalvar que a crítica teatral do século XX não produziu um discurso homogêneo, mas foi pontuada<br />

por diversas tensões que não cabem aqui retratar. Sobre o assunto ver BERNSTEIN, 2005.<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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Oficina, apresentando ousadas propostas estéticas, que alcançariam seu auge em 1967 com<br />

a representação <strong>de</strong> O rei da vela <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.<br />

Durante o regime militar, o teatro se tornou um importante espaço <strong>de</strong> resistência<br />

<strong>de</strong>mocrática e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da radicalização política, e também <strong>de</strong> experimentos no âmbito da<br />

teatralida<strong>de</strong> a partir da investigação <strong>de</strong> novas formas e estilos (GUINSBURG; PATRIOTA,<br />

2011: 513-514).<br />

Em meio a essas transformações na cena brasileira, Procópio continuou sua<br />

ativida<strong>de</strong> como ator e empresário, mantendo, basicamente, as mesmas características do<br />

teatro que o consagrou nas décadas <strong>de</strong> 1920 e 1930, somadas a algumas poucas tentativas<br />

<strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> seu repertório, com a encenação <strong>de</strong> alguns clássicos do teatro brasileiro e<br />

estrangeiro. Porém, da década <strong>de</strong> 1950 em diante, com a chegada em massa <strong>de</strong> atores<br />

formados pelo amadorismo ou pelas escolas dramáticas, Procópio teve que procurar novos<br />

palcos para recuperar o sucesso “que começava a lhe escapar pelas mãos” (PRADO,<br />

1993:47). Iniciou-se, assim, um longo período <strong>de</strong> excursões por todo o país, com o retorno<br />

esporádico ao Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo.<br />

A <strong>de</strong>speito das dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas para fazer teatro, Procópio permaneceu<br />

como artista bastante reconhecido, recebendo prêmios e homenagens em programas <strong>de</strong><br />

televisão, como Essa é sua vida, exibido pela TV Tupi em 1969, e mesmo <strong>de</strong> órgãos<br />

oficiais, como atesta a exposição montada pelo Serviço Nacional <strong>de</strong> Teatro em razão dos<br />

cinquenta anos <strong>de</strong> sua carreira, em 1967.<br />

Fora <strong>de</strong> cena, Procópio se envolveu com as associações <strong>de</strong> classe formadas no início<br />

do século XX, como a Casa dos Artistas, que chegou a presidir em 1925, a Socieda<strong>de</strong><br />

Brasileira <strong>de</strong> Autores Teatrais (SBAT) e o Sindicato dos Artistas <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> São Paulo,<br />

que presidiu em 1936.<br />

Procópio também escreveu quatro livros sobre teatro: Arte <strong>de</strong> fazer graça (1925), O<br />

ator Vasques: o homem e a obra (1939), Como se faz rir (1967), e História e efeméri<strong>de</strong>s do<br />

teatro brasileiro (póstumo), além <strong>de</strong> peças que encenou na sua própria companhia, como<br />

Briga em família, Banho <strong>de</strong> civilização e Convidado <strong>de</strong> Honra.<br />

A autobiografia<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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A autobiografia intitulada Procópio Ferreira apresenta Procópio: um <strong>de</strong>poimento<br />

para a história do teatro no Brasil foi publicada pela Editora Rocco no ano <strong>de</strong> 2000, em<br />

comemoração ao centenário <strong>de</strong> seu autor, ocorrido dois anos antes. A primeira i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

edição data do ano da morte <strong>de</strong> Procópio, 1979, e seria realizada pela Casa dos Artistas,<br />

como assinala a nota prévia presente no livro.<br />

Não se sabe quando Procópio começou a juntar suas memórias e escrever sua<br />

autobiografia, mas não há dúvida acerca da sua intenção <strong>de</strong> publicá-la como indica sua<br />

apresentação. A justificativa utilizada foi a <strong>de</strong> levar ao público não apenas o conhecimento<br />

<strong>de</strong> sua vida, mas o <strong>de</strong> toda a história do teatro brasileiro que ele vivenciou:<br />

Este livro não conta somente histórias sobre mim. É uma fonte inesgotável <strong>de</strong><br />

fatores indispensáveis à urdidura <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro trabalho histórico. É a força<br />

animadora que <strong>de</strong>ve mover todos os porquês quando se fizer em <strong>de</strong>finitivo a<br />

minha biografia, ou o estudo <strong>de</strong> toda uma época do teatro nacional. Nem se diga,<br />

ainda que à primeira vista pareça, que a minha contribuição é unilateral, porque<br />

os motivos aqui encerrados referem-se a um ciclo teatral do qual eu sou símbolo<br />

(...) (FERREIRA, 2000: 23).<br />

Neste trecho fica nítido o gran<strong>de</strong> valor que ele atribuía a sua própria trajetória,<br />

concebendo-a, no entanto, como parte do movimento geral do teatro brasileiro. Outro ponto<br />

que <strong>de</strong>stacamos e que reforça essa importância é a alusão a possível biografia <strong>de</strong>finitiva que<br />

alguém, um dia, escreveria. Assim, consi<strong>de</strong>rando sua autobiografia como “mais um livro<br />

sobre teatro”, explica que ela se distinguia <strong>de</strong> outros por não ter o objetivo <strong>de</strong> contar<br />

anedotas ou episódios curiosos 2 . Além disso, foi “escrita com i<strong>de</strong>ias dos outros”, já que a<br />

matéria-prima utilizada foi recolhida em sua coleção <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> recortes <strong>de</strong> jornais <strong>de</strong><br />

diferentes épocas (I<strong>de</strong>m: 21).<br />

Sua preocupação em contar a história do teatro brasileiro não era nova. Em Arte <strong>de</strong><br />

fazer graça, <strong>de</strong> 1925, Procópio, ao discutir sobre o “novo” tipo <strong>de</strong> ator surgido nos palcos<br />

brasileiros, retomou a trajetória <strong>de</strong> duas figuras importantes, mas um pouco esquecidas, que<br />

fizeram sucesso entre o final do século XIX e o início do XX: Brandão “o popularíssimo”<br />

(1845-1921) e Machado Careca (1850-1920). Em 1939, foi a vez <strong>de</strong> escrever a história do<br />

ator Francisco Correia Vasques (1839-1892). Em História e Efeméri<strong>de</strong>s do Teatro<br />

Brasileiro, abordou o teatro <strong>de</strong> Anchieta a Leopoldo Fróes.<br />

2 Prática que foi comum entre os artistas, como po<strong>de</strong> exemplificar os trabalhos do ator, autor, ensaiador e<br />

diretor Olavo <strong>de</strong> Barros.<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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A obra é resumida da seguinte forma:<br />

Neste livro há episódios dramáticos, trechos <strong>de</strong> hilariante comicida<strong>de</strong>,<br />

acontecimentos da mais amarga ironia, contradições <strong>de</strong> fina <strong>de</strong>sorientação<br />

psicológica, paralelos que simbolizam o mais apavorante contraste <strong>de</strong> caracteres,<br />

cenas <strong>de</strong> alta e baixa comédia que a própria vida escreveu, exaltações indiscretas<br />

da personalida<strong>de</strong>... ou, em poucas palavras, para me utilizar <strong>de</strong> um termo da<br />

psicanálise: traições do inconsciente (I<strong>de</strong>m: 22).<br />

Consciente das possíveis contradições e da presença constante <strong>de</strong> elogios a sua<br />

personalida<strong>de</strong>, Procópio empreen<strong>de</strong>u a reconstituição da história do teatro brasileiro do<br />

século XX tendo a si próprio como protagonista.<br />

A obra é dividida em duas partes: Do meu primeiro dia a 1936 e De 1936 em<br />

diante, e também é composta por apêndices organizados pelo ator, que reúnem homenagens<br />

e comentários recebidos ao longo da vida.<br />

A primeira parte do livro foi elaborada, segundo ele, com o auxílio dos<br />

mencionados recortes <strong>de</strong> jornais pertencentes ao seu arquivo. Destes foram extraídos<br />

extensos trechos, alguns <strong>de</strong>les reproduzidos integralmente, alcançando razoável número <strong>de</strong><br />

páginas. A segunda parte foi escrita tendo como base somente a sua memória, o que explica<br />

“a ausência <strong>de</strong> método e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m cronológica” (I<strong>de</strong>m: 238). Nesta última, há também um<br />

espaço <strong>de</strong>dicado às frases cunhadas pelo ator, chamadas <strong>de</strong> “pipocas”, que sintetizam sua<br />

opinião e assemelham-se a provérbios populares que tratam <strong>de</strong> assuntos diversos como<br />

política, mulheres e teatro.<br />

Nos apêndices foram incluídos comentários enaltecedores <strong>de</strong> algumas figuras do<br />

meio teatral, como Álvaro Moreyra, Joracy Camargo, Henrique Pongetti e Viriato Corrêa.<br />

Por último, seguem listas das peças representadas, dos filmes e novelas que contaram com<br />

sua participação, dos autores que lançou, dos livros em que aparece seu nome, dos títulos<br />

honoríficos recebidos e das obras editadas.<br />

O tom cômico que o marcou profissionalmente, também marca sua autobiografia, o<br />

que dá ao leitor a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre indivíduo e personagem(ns). I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que<br />

é sugerida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início com a Advertência:<br />

Aos intelectuais,<br />

Aos falsos intelectuais,<br />

Aos esnobes das letras,<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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Aos críticos e<br />

Aos falsos críticos,<br />

este livro não é <strong>de</strong> escritor.<br />

É o simples relato que um ator faz <strong>de</strong><br />

sua vida, por imposição da curiosida<strong>de</strong><br />

popular. Não possui virtu<strong>de</strong>s estilísticas<br />

e, talvez, esteja mesmo escrito em língua<br />

bunda.<br />

Nota: Como nem todos estão em dia com a significação dos vocábulos, previno que a “bunda” a<br />

que me refiro não é “aquela”, é a linguagem <strong>de</strong>spida dos primores <strong>de</strong> uma forma caprichada.<br />

(I<strong>de</strong>m: 9)<br />

Assim, é a vida profissional praticamente o único foco <strong>de</strong> sua autobiografia. Dos<br />

cinquenta capítulos que compõe as duas partes, apenas três tratam <strong>de</strong> aspectos propriamente<br />

pessoais, dois <strong>de</strong>les <strong>de</strong>dicados a suas aventuras amorosas, e um sobre sua filha, Bibi –<br />

notadamente a única que seguiu a carreira do pai.<br />

Dessa forma, po<strong>de</strong>mos notar que a obra <strong>de</strong> Procópio se enquadra na categoria <strong>de</strong><br />

relato retrospectivo que tem um sentido <strong>de</strong> balanço do vivido e <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como ator. É do homem <strong>de</strong> teatro que ela trata. E todas as incursões às esferas<br />

mais íntimas <strong>de</strong> sua vida estão relacionadas a este, que como figura pública, muitas vezes<br />

teve que ce<strong>de</strong>r à curiosida<strong>de</strong> dos seus seguidores.<br />

Na primeira parte, Procópio narra cronologicamente sua história <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

seguir a carreira <strong>de</strong> ator, recusando o caminho <strong>de</strong>terminado pelo pai – o curso <strong>de</strong> Direito –,<br />

e todas as consequências advindas do ato. Seus primeiros passos são contados: as<br />

companhias, os papéis, as intrigas e o triunfo. Tudo é <strong>de</strong>scrito com minúcia, o que inclui os<br />

supostos diálogos travados pelo ator com seus colegas, diretores <strong>de</strong> companhias e outras<br />

figuras.<br />

Parte integrante <strong>de</strong> sua trajetória, as críticas recebidas no início da carreira também<br />

merecem espaço no livro, algumas <strong>de</strong>las até aparecem na íntegra, fator que confere à<br />

narrativa certa impressão <strong>de</strong> isenção ou imparcialida<strong>de</strong>. Mas essa impressão logo se apaga<br />

diante da gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elogios transcritos que, somados aos próprios louvores<br />

sobre sua capacida<strong>de</strong> artística, dão o tom do relato.<br />

Como implicações <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional são também contados episódios que<br />

o mostram em ocasiões históricas, como o foram as chamadas Revolução <strong>de</strong> 1930 e<br />

Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 1932, e até sua intimida<strong>de</strong> com o po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>sfrutada durante<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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o primeiro governo <strong>de</strong> Getúlio Vargas: “Em assuntos <strong>de</strong> teatro, Getúlio Vargas só confiava<br />

em mim” (I<strong>de</strong>m: 285).<br />

Outras histórias do teatro também são retratadas, nas quais Procópio não aparece<br />

apenas como testemunha, mas como ativo participante. Tal foi o caso da proibição da<br />

entrada <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 18 anos nos teatros <strong>de</strong> revista pelo juiz Melo Matos, quando se<br />

mostrou solidário com seus colegas, escrevendo um artigo repudiando o fato. Dessa mesma<br />

maneira agiu quando o Teatro da Experiência, proposta radical <strong>de</strong> Flávio <strong>de</strong> Carvalho, foi<br />

fechado pela polícia em 1933 – o que reforça a relevância do seu papel no meio teatral e<br />

sua participação nos principais eventos da época.<br />

Na segunda parte, escrita sem o auxílio <strong>de</strong> seus recortes, como nos referimos<br />

anteriormente, encontramos fragmentos dispersos <strong>de</strong> sua memória, incluindo lembranças <strong>de</strong><br />

figuras importantes da cultura brasileira, como Catulo da Paixão Cearense, Martins Fontes<br />

e Cândido Portinari.<br />

Mas, apesar <strong>de</strong> intitulada De 1936 em diante, há poucos relatos sobre suas<br />

ativida<strong>de</strong>s teatrais posteriores a década <strong>de</strong> 1930. Assim, fora das imposições dos<br />

documentos <strong>de</strong> seu arquivo, vemos Procópio retomando, <strong>de</strong> forma mais livre, gran<strong>de</strong> parte<br />

dos assuntos tratados na primeira parte, ou seja, a primeira fase <strong>de</strong> seu trabalho. Foi esse o<br />

melhor momento <strong>de</strong> sua vida profissional e era esse Procópio, o <strong>de</strong> Deus lhe pague, amigo<br />

do presi<strong>de</strong>nte Vargas, figura <strong>de</strong> relevo nas associações <strong>de</strong> classe, que provavelmente ele<br />

queria conservar na memória do público.<br />

Percebemos, <strong>de</strong>sse modo, que o que restou, o <strong>de</strong> 1936 em diante, foi quase todo<br />

omitido. Quase todo, porque Procópio não apagou <strong>de</strong> sua autobiografia as críticas recebidas<br />

a partir dos anos 1940, que con<strong>de</strong>naram toda sua obra em prol do teatro brasileiro. Essa<br />

lembrança vem à tona ainda na apresentação do livro:<br />

Fui eu, em 50 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ininterrupta, o único que manteve a altura <strong>de</strong> seus<br />

verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>sígnios a arte cênica objetiva entre nós, em que pese todas as<br />

opiniões em contrário para negar-me ou <strong>de</strong>struir-me (I<strong>de</strong>m: 23).<br />

Cumpre-nos, então, indagar por que elas mereceram tanto espaço, acreditando que a<br />

resposta a essa questão po<strong>de</strong> fornecer uma chave importante para a leitura da obra.<br />

Sobre a ativida<strong>de</strong> da crítica Procópio escreveu:<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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A crítica não nasceu para con<strong>de</strong>nar, mas para aferir do êxito da obra em relação<br />

ao público a que se <strong>de</strong>stina. Fazer da crítica um tribunal permanente <strong>de</strong> acusação,<br />

quando a obra não vai ao encontro do gosto dos bem dotados da cultura ou dos<br />

esnobes das letras, é <strong>de</strong>sconhecer a missão popular do teatro e a força invencível<br />

das multidões (I<strong>de</strong>m: 267).<br />

Alguns <strong>de</strong>sses críticos foram nomeados e seus escritos encontram-se presentes no<br />

capítulo “Opiniões da nova geração”. Um <strong>de</strong>les, <strong>de</strong> Maria Inês, datado <strong>de</strong> 1956, dizia que<br />

ele não acrescentou nada ao teatro brasileiro a não ser seu nome. Outro o situava como:<br />

... uma fase que passou. Que tinha que passar. A mentalida<strong>de</strong> que ainda impera<br />

entre muitos dos nossos atores <strong>de</strong> se servir do teatro como trampolim para<br />

exibições medíocres, vaida<strong>de</strong>s pequenas e lucros fabulosos. O horror ao diretor.<br />

A repulsa ao trabalho <strong>de</strong> equipe. O mambembe. A improvisação. É o teatro <strong>de</strong><br />

ontem, que interessa como reminiscência e estudo. Como pesquisa para o que não<br />

se <strong>de</strong>ve fazer (João Augusto Apud i<strong>de</strong>m: 298).<br />

Essas críticas não ficaram sem resposta. E a <strong>de</strong>fesa do seu trabalho teve um<br />

argumento quase indiscutível: ele era estrela porque o público assim o fizera. Dessa<br />

maneira, ao citá-las em sua autobiografia, Procópio conseguiu mais uma justificativa para<br />

enfatizar a grandiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua carreira.<br />

A associação <strong>de</strong> êxito à conquista das plateias e à consequente lucrativida<strong>de</strong> da<br />

ativida<strong>de</strong> teatral, que distinguiu pelo menos a fase inicial <strong>de</strong> seu trabalho, transparece em<br />

vários comentários. Um <strong>de</strong>les diz respeito aos dramaturgos “mo<strong>de</strong>rnos”:<br />

brasileiro:<br />

Tennessee Williams, Arthur Miller, Eugene O´Neill e Jean Cocteau não são<br />

autores <strong>de</strong> êxito. Êxito, para mim, é presença <strong>de</strong> público. E, ao que conste,<br />

nenhum <strong>de</strong>les <strong>de</strong>u lucro até hoje às empresas brasileiras (I<strong>de</strong>m: 297).<br />

Afirmação semelhante ele fez em relação ao processo <strong>de</strong> renovação do teatro<br />

Não acho que Os Comediantes tenham contribuído para essa evolução. Eles<br />

realizaram gran<strong>de</strong>s coisas. Mas não alcançaram jamais um êxito como o <strong>de</strong> Alda<br />

Garrido e o <strong>de</strong> Rodolfo Mayer (I<strong>de</strong>m: 296).<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o sucesso legitimava o teatro cômico não era nova, e po<strong>de</strong> ser<br />

encontrada em O ator Vasques: o homem e a obra, livro em que procurou reabilitar do<br />

ostracismo a figura <strong>de</strong> Francisco Vasques, escrevendo uma história do teatro brasileiro que<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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0<br />

atribuía à comédia o papel prepon<strong>de</strong>rante, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outros gêneros, <strong>de</strong>vido a sua<br />

maior popularida<strong>de</strong> (LOPES, 2006: 282).<br />

O ataque à crítica que <strong>de</strong>squalificava seu trabalho também não era inédito. Em<br />

Como se faz rir, <strong>de</strong> 1967, Procópio sintetizou o espírito das novas gerações na figura <strong>de</strong><br />

Manequinho Chupa-Ovo:<br />

Manequinho Chupa-Ovo é hoje a maior figura do Teatro Brasileiro. Manequinho<br />

é onisciente e onipotente. Manequinho está em tudo: na crítica, no texto, no<br />

palco. (...) Foi ele quem <strong>de</strong>scobriu Shakespeare e Molière e <strong>de</strong>u a mão a<br />

Piran<strong>de</strong>llo. (...) Manequinho criou cenários originais, fechando e abrindo portas<br />

que não existem. Levou para o palco o palavrão como novida<strong>de</strong> e criou uma<br />

iluminação sui generis. On<strong>de</strong> bate o sol não há luz. On<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve haver sombra o sol<br />

aparece. Criações! Inovações! (FERREIRA apud PRADO, 1993: 86).<br />

De forma diferente, em outros momentos <strong>de</strong> sua autobiografia, e também <strong>de</strong> sua<br />

carreira, Procópio tentou recuperar um pretenso papel <strong>de</strong> precursor da renovação do teatro<br />

no Brasil, como po<strong>de</strong>mos observar neste comentário realizado em 1972, no qual ele busca<br />

uma outra legitimida<strong>de</strong>, baseada nos preceitos dominantes <strong>de</strong>fendidos pela crítica:<br />

Há dias li num anúncio <strong>de</strong> teatro que o ator X tinha sido o renovador da cena<br />

nacional. Isto, além <strong>de</strong> mentira, é ridículo. Essa renovação foi tentada em 1930,<br />

com as peças Nossa vida é uma fita e Segredo <strong>de</strong> Próspero, cenários <strong>de</strong> Di<br />

Cavalcanti e Lula Cardoso Ayres. Os jornais registraram o fato, e o público<br />

aplaudiu com gran<strong>de</strong> entusiasmo. A seguir, surgiu Joracy Camargo com O bobo<br />

do rei, Deus lhe pague, Maria Cachucha e Anastácio (FERREIRA, 2000: 273).<br />

Percebemos, portanto, que a construção da memória que queria perpetuar foi<br />

permeada por lances contraditórios: ele foi o empresário e ator <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sucesso nas<br />

primeiras décadas do século XX que criticava todas as tentativas intelectualizadas <strong>de</strong><br />

transformação que se distanciavam do público, mas foi também o ator que primeiramente<br />

trouxe temas e aspectos renovadores para o teatro no Brasil, que encenou Molière e aquele<br />

que julgava o dramaturgo brasileiro mais inovador da época, Joracy Camargo.<br />

De um lado ou <strong>de</strong> outro, ele aparecia ocupando um papel importante, um<br />

protagonismo, muito distinto daquele que, na realida<strong>de</strong>, a partir da década <strong>de</strong> 1950, teve<br />

que <strong>de</strong>sempenhar, excursionando por centenas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s brasileiras com cenários<br />

precários e reduzindo maciçamente o elenco <strong>de</strong> sua companhia com intuito <strong>de</strong> ganhar<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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dinheiro e recuperar o sucesso que os gran<strong>de</strong>s centros não mais lhes davam (PRADO, 1993:<br />

47-49; BARCELLOS, 1999: 44).<br />

Assim, a partir <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> fatos, que privilegiaram a primeira<br />

fase <strong>de</strong> seu trabalho, pontuado por constantes elogios, Procópio construiu um novo sentido<br />

para a sua trajetória, tentando respon<strong>de</strong>r aos críticos e retornar ao posto que havia perdido<br />

para a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Procurando, acima <strong>de</strong> tudo, preservar para o futuro um lugar no<br />

panteão das gran<strong>de</strong>s estrelas do teatro brasileiro, condição que aquele presente em gran<strong>de</strong><br />

parte lhe negava.<br />

Bibliografia<br />

AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta <strong>de</strong> Moraes (orgs.). Usos e abusos da História<br />

Oral. 8. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora FGV, 2006.<br />

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LEJEUNE, Phillippe. O pacto autobiográfico: <strong>de</strong> Rousseau à internet. Trad. Jovita Maria<br />

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Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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In: _______________. Peças, pessoas e personagens: o teatro brasileiro <strong>de</strong> Procópio<br />

Ferreira a Cacilda Becker. São Paulo: Companhia das Letras, p. 41-91, 1993.<br />

SARLO, Beatriz. Tempo passado: Cultura da memória e guinada subjetiva. Trad. Rosa<br />

Freire d’Aguiar. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Companhia das Letras, 2007.<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

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