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ILara
30 AllDance Infok
Lopes Lecy Ferreira
Fale um pouco sobre a sua infância e de como você ingressou
na dança.
O gosto pela dança surgiu no meio familiar, minha mãe era cantora lírica
e apaixonada por música e dança. Por isso, não estranhou quando um
dia, aos três anos de idade, lhe respondi, ao ser indagada sobre o que
gostaria de ganhar do Papai Noel, “um sapatinho de balé”. Então, no
Natal, ganhei uma sapatilha minúscula, já de ponta. Foi minha primeira
sapatilha. Naquela época, morávamos em Belo Horizonte, onde nasci.
Um ano depois, fomos viver em São Paulo e meus pais me matricularam
na escola do casal Maria e Paulo Zemerov. Eles, que eram do Ballet Kirov,
tinham vindo para o Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial, em
busca de uma nova vida. Formei-me pelo célebre casal e, mais tarde,
reuni, ao repertório russo já estudado, a metodologia da Royal Academy
of Dance, de Londres. A maior parte da minha formação foi feita com o
casal Zemerov. Comecei aos quatro anos e permaneci com eles até os
18. Minha mãe, minha maior incentivadora, me levava de bonde para as
aulas, o que na época era demorado e sacrificante. Durante as aulas,
a disciplina era rígida, principalmente ao lado do Sr. Paulo. Maria era
mais afetuosa, mas não menos exigente. Fui solista do grupo da Escola
e, aos quinze anos, comecei a ser assistente de algumas aulas. Mas o
que mais aprendi com eles, na realidade, foi o amor à dança.
Fale sobre sua carreira e quais as principais influências.
Aos 15 anos, recebi um convite para dançar na Rússia, no Stanislavsky
Ballet, mas o amor ao meu país e o apego a minha família me fez
declinar o convite. Me desenvolvi artisticamente e tive meus melhores
momentos no Ballet Evolução, dirigido por Verônica Coutinho, onde tive
como professor Yelle Bittencourt e, posteriormente, no Ballet de Câmara
da Cidade de São Paulo, dirigido por mim e pelo saudoso Maestro
Ricardo Ordonez, meu partner e professor. Após o término das Companhias,
tive oportunidade de continuar dançando até meus 50 anos.