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aspectos da linguagem em Grande sertão - FALE - UFMG

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Belo Horizonte, p. 1-356.<br />

Disponível <strong>em</strong>: http://www.letras.ufmg.br/poslit<br />

de palavras (por derivação); e atualização de transformações fonéticas. Quanto<br />

à inovação sintática, o autor identifica: o uso de recursos reduplicativos<br />

expletivos, considerando como tal também o <strong>em</strong>prego de dois ou mais<br />

adjetivos para o mesmo termo; os pleonasmos (assim considerados o <strong>em</strong>prego<br />

de termos cognatos, de vocábulos com identi<strong>da</strong>de de sentido, as repetições,<br />

a pluralização “desnecessária” e os superlativos enfáticos); e os desvios na<br />

ord<strong>em</strong> sintática com finali<strong>da</strong>de de ênfase (Proença, s.d.: 71-7).<br />

O autor enumera ain<strong>da</strong> alguns procedimentos estilísticos que<br />

considera particularmente característicos de <strong>Grande</strong> <strong>sertão</strong>, especialmente o<br />

que chama de jogos sonoros, como o uso de aliterações, coliterações (repetição<br />

alterna<strong>da</strong> de fon<strong>em</strong>as surdos e sonoros correlatos, como f/v, t/d), criação de<br />

rimas <strong>em</strong> consonância (palma/palmeira, por ex<strong>em</strong>plo), rimas toantes, ritmo e<br />

onomatopéias, tudo isso no texto <strong>em</strong> prosa. Esses recursos são vistos pelo<br />

crítico como ex<strong>em</strong>plificações do pendor lúdico desse texto, além de ter<strong>em</strong> a<br />

finali<strong>da</strong>de de chamar a atenção do leitor para o romance pelo uso de uma<br />

espécie de “ultra-expressivi<strong>da</strong>de” insistente:<br />

Para manter <strong>em</strong> permanente vigília a atenção de qu<strong>em</strong> lê, todos esses<br />

vocábulos de som e forma inusita<strong>da</strong> funcionam como guizos... (Proença,<br />

s.d.: 85).<br />

Finalmente, Cavalcanti Proença procura definir alguns processos<br />

de criação vocabular dentro <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s derivações, <strong>em</strong> certos momentos<br />

apontando recorrências que poderiam delinear um sentido comum para<br />

procedimentos s<strong>em</strong>elhantes. É assim, por ex<strong>em</strong>plo, que ele considera algumas<br />

prefixações como intensificadoras de sentido (como <strong>em</strong> relimpar e trestriste),<br />

s<strong>em</strong>, no entanto, encontrar significação clara para outras (como deerrado e<br />

envinha), vistas como não dota<strong>da</strong>s de “intenção [s<strong>em</strong>ântica] precisa” (Proença,<br />

s.d.: 82-9).<br />

Percebe-se, assim, que a ênfase constitui, de modo generalizante,<br />

a principal hipótese explicativa de Cavalcanti Proença para os procedimentos<br />

estilísticos inovadores de <strong>Grande</strong> <strong>sertão</strong>: vere<strong>da</strong>s, hipótese esta liga<strong>da</strong>, para o<br />

ensaísta, a outra característica mais ou menos unânime <strong>da</strong> obra de Rosa, a<br />

suposta “orali<strong>da</strong>de” de sua <strong>linguag<strong>em</strong></strong>:<br />

Da<strong>da</strong> a busca <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de, a <strong>linguag<strong>em</strong></strong> de Guimarães Rosa não pode<br />

deixar de ser examina<strong>da</strong> sob esse aspecto. Convém, no entanto, esclarecer<br />

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