20.04.2013 Views

O Livro de Walachai - TV Escola

O Livro de Walachai - TV Escola

O Livro de Walachai - TV Escola

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Walachai</strong> entra no mapa<br />

por Lorenzo Aldé<br />

Quando se mudou com os pais para Novo Hamburgo, aos 9 anos, Rejane<br />

Zilles mal falava português. Era chamada pelos colegas <strong>de</strong> “alemoa batata” e<br />

odiou a nova vida. Tudo o que queria era voltar para <strong>Walachai</strong>. Sua terra natal<br />

ficava a menos <strong>de</strong> 40 quilômetros <strong>de</strong> distância. Mas era, literalmente, outro<br />

mundo. E ainda é.<br />

<strong>Walachai</strong> (pronuncia-se “valarrai”) significa, em alemão, “lugar distante <strong>de</strong><br />

tudo”. Não ganhou este nome à toa. Localizada em um pequeno vale entre serras,<br />

a comunida<strong>de</strong> surgiu em 1829, época em que as primeiras levas <strong>de</strong> imigrantes<br />

alemães chegavam ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Seu fundador foi Mathias Mombach,<br />

que a<strong>de</strong>rira à guarda pessoal <strong>de</strong> Napoleão <strong>de</strong>pois que o imperador francês invadiu<br />

a Alemanha, e viu-se pobre e sem emprego, em um país arrasado, quando<br />

terminou aquele período <strong>de</strong> guerras. Como tantos outros, aceitou a oferta <strong>de</strong> terra<br />

gratuita no distante Brasil. Ao chegar, foi o único que ousou transpor o morro <strong>de</strong><br />

Dois Irmãos, atrás do qual se ofereciam lotes maiores, apesar <strong>de</strong> quase<br />

inacessíveis. Por duas décadas morou sozinho por lá, com sua numerosa famílias<br />

e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cachorros (para protegê-los dos ataques <strong>de</strong> indígenas, ou bugres).<br />

Aos poucos chegaram outros imigrantes, mas o isolamento fez <strong>de</strong> <strong>Walachai</strong><br />

um lugar parado no tempo. Sem nem sinal da presença do estado, aquele<br />

povoado tratou <strong>de</strong> se organizar por conta própria. Construiu igrejas e escolas,<br />

produzia os próprios alimentos (principalmente batata) e tornou-se autossuficiente<br />

graças aos mestres artesãos: moleiros, sapateiros, costureiras e ferreiros. Na falta<br />

<strong>de</strong> quem os ensinasse a língua nativa, continuaram falando apenas alemão. Assim<br />

atravessaram o século XX e entraram no XXI.<br />

Superado o trauma e adaptada há tempos ao Brasil “brasileiro”, Rejane<br />

Zilles, já trabalhando como atriz no Rio <strong>de</strong> Janeiro, constatou que o caso <strong>de</strong><br />

<strong>Walachai</strong> merecia ser conhecido. Quando <strong>de</strong>cidiu fazer um filme sobre o tema e<br />

começou a pesquisar, <strong>de</strong>parou com uma revelação ainda mais fascinante: já<br />

existia um livro sobre a história do lugar. Um livro <strong>de</strong> quase 400 páginas escritas à<br />

mão e ilustrado com fotos <strong>de</strong> época.<br />

A <strong>TV</strong> <strong>Escola</strong> leva até a sua sala <strong>de</strong> aula os melhores documentários e séries <strong>de</strong> conteúdo educativo.<br />

Acompanhe nossa programação no Canal 123 da Embratel, no Canal 112 da SKY, no Canal 694 da<br />

Telefônica <strong>TV</strong> Digital ou gratuitamente sintonizando sua antena parabólica: analógica - Hor /Freq. 3770 e<br />

digital banda C Vert /Freq. 3965<br />

Na internet acesse http://tvescola.mec.gov.br e assista ao vivo, 24 horas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!