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Na última fase do período seco (duas a três semanas anteriores<br />
ao parto) é observado aumento no volume de fluidos<br />
e de imunoglobulinas, e diminuição da concentração<br />
de lactoferina e leucócitos. Assim, cresce a susceptibilidade<br />
a novas IMI (figura 1), especialmente aquelas ocasionadas<br />
por patógenos ambientais (HURLEY, 1989).<br />
As IMI, que passam pelo período seco e chegam à nova<br />
lactação, resultam em quartos afuncionais ou no decréscimo<br />
da produção de leite, e contribui para aumento da<br />
taxa de IMI (NICKERSON, 1989) posto que as infecções<br />
afetam o desenvolvimento mamário que ocorre neste período<br />
(HURLEY, 1989).<br />
2- Terapia de Vaca Seca<br />
O período seco é necessário em bovinos leiteiros para<br />
otimização da produção leiteira na lactação seguinte. No<br />
entanto, as novas IMI aumentam drasticamente após a<br />
secagem, e permanecem elevadas durante as primeiras<br />
três semanas pós-secagem. Durante as duas primeiras semanas<br />
pós-secagem, a taxa de novas infecções pode chegar<br />
a 40 % do total (NATZKE, 1982), podendo o período<br />
seco representar até 60% das IMI (BRADLEY e GREEN,<br />
2004). Apenas a prevenção de 1% pagaria por todo programa<br />
de tratamento em sistemas de alta produção (NICK-<br />
ERSON, 2001).<br />
ROESCH et al. (2006) reportam uma taxa de descarte de<br />
animais de 30% na terapia de vaca seca, em todos os animais.<br />
Em fazendas orgânicas que não utilizaram antimicrobianos,<br />
o descarte foi de 50 a 60 %. Uma glândula<br />
“curada” no período seco produz 90 % da sua capacidade<br />
na próxima lactação. Em contraste, novas IMI contraídas<br />
durante o período seco causam perdas entre 30 a 40 % da<br />
produção de leite na lactação seguinte (NICKERSON,<br />
2001).<br />
Fatores podem predispor as IMI durante o período seco,<br />
como o estresse da secagem, o aumento da contagem bacteriana<br />
pela não desinfecção do teto. A interrupção da retirada<br />
do leite ocasiona aumento da pressão intramamária<br />
e dilatação do canal do teto pelo acúmulo de leite, favorece<br />
a penetração de bactérias (DINGWELL et al., 2003). Os neutrófilos<br />
apresentam menor capacidade fagocítica e microbicida,<br />
já que estão envolvidos em indiscriminada fagocitose<br />
de debris celulares, micelas de caseínas e glóbulos<br />
de gordura (PAAPE et al., 2003). Similarmente, os receptores<br />
Fc dos neutrófilos estão regulados negativamente ou<br />
bloqueados pelo aumento da concentração de IgG1 durante<br />
o início do período seco (BURTON e ERSKINE, 2003).<br />
A terapia de vaca seca reduz a incidência da mastite no<br />
rebanho pela cura de infecções pré-existentes, já que concentrações<br />
maiores de antimicrobianos podem ser utilizadas,<br />
evitando o descarte do leite. A maioria dos produtos<br />
usados no período seco contém antimicrobianos de baixo<br />
22 V&Z EM MINAS<br />
espectro em base de liberação lenta, mantendo níveis terapêuticos<br />
na glândula mamária por 14 a 28 dias. Estas características<br />
contribuem para maior taxa de cura neste<br />
período que durante a lactação para certos patógenos, permitindo<br />
a regeneração do tecido, redução da incidência de<br />
mastite ao parto e redução dos resíduos antimicrobianos<br />
no leite (ANDERSON e COTE, 1996).<br />
A terapia de vaca seca é eficaz no controle de Streptococcus<br />
agalactiae (90 a 95 %), satisfatória contra Staphylococcus<br />
aureus (20 a 68 %) (ROBERT et al., 2006) e estreptococos<br />
ambientais (40 a 50 %). Ela é pouco eficiente contra<br />
coliformes (0 a 10 %) (ROBERT et al., 2006). Não há<br />
consenso sobre a eficácia da terapia de vaca seca sobre as<br />
IMI por estafilococos coagulase-negativos, contudo, a taxa<br />
de cura espontânea durante o período seco pode chegar<br />
a 50 % (CUMMINS e McCASKEY, 1987).<br />
Neste contexto, a análise quantitativa da incidência de<br />
IMI durante o período seco, com e sem tratamento com<br />
antimicrobianos em vacas leiteiras, demonstrou risco relativo<br />
de 1,54 a 1,94 maior para desenvolver novas infecções<br />
intramamárias (ROBERT et al., 2006) e de 1,51 a 2,10 de<br />
cura de IMI pré-existentes (HALASA et al., 2009b) em<br />
quartos não tratados, quando comparados com os quartos<br />
tratados. Este efeito foi, principalmente, observado nas<br />
infecções por estreptococos e estafilococos coagulase positivos<br />
(S. aureus). No entanto, efeitos benéficos nas IMI por<br />
coliformes não puderam ser preditos (HALASA et al.,<br />
2009a). Ao discriminar o risco relativo para cura de IMI<br />
pré-existentes para estreptococos e estafilococos, HA-<br />
LASA et al. (2009b) não encontraram diferença significativa<br />
entre estes patógenos, sendo o risco relativo de 1,83<br />
(1,48 a 2,35) para estreptococos, e 1,65 (1,38 a 1,96) para<br />
estafilococos.<br />
A terapia de vaca seca pode ocasionar o desenvolvimento<br />
de cepas bacterianas resistentes aos antimicrobianos<br />
(DINGWELL et al., 2003), e tornar a glândula mais susceptível<br />
aos outros patógenos menos comuns (NICKERSON<br />
e OWENS, 1993). Além disso, não protege contra infecções<br />
próximas ao parto, resíduos no leite podem ser encontrados<br />
dependendo da duração do período seco, e não<br />
é eficaz contra todos os tipos de agentes envolvidos nas<br />
infecções da glândula mamária.<br />
3- Terapia Combinada ou Múltipla<br />
Assim como no período lactante, a terapia sistêmica pode<br />
ser administrada junto ou não à intramamária. Por exemplo,<br />
a aplicação de Norfloxacina Nicotina subcutânea apresentou<br />
menores taxas de novas infecções e maiores taxas<br />
de cura no período seco para S. aureus comparando com<br />
animais que receberam Cefapirina Benzatina por via intramamária<br />
(SOBACK et al., 1990). Em outro estudo a aplicação<br />
intramuscular de Oxitetraciclina e intramamária de