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Traduzindo clássicos: Gefunden, de Goethe – o trabalho do Barão ...

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Erthal, Mateus Duque - <strong>Traduzin<strong>do</strong></strong> <strong>clássicos</strong>: <strong>Gefun<strong>de</strong>n</strong>, <strong>de</strong> <strong>Goethe</strong> <strong>–</strong><br />

o <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong> <strong>Barão</strong> <strong>de</strong> Paranapiacaba e sugestão <strong>de</strong> nova tradução<br />

É esse processo global <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s existentes no poema <strong>de</strong><br />

partida, a sua significância, que cabe ao tradutor trabalhar no ato<br />

tradutório <strong>de</strong> maneira a obter na língua-cultura <strong>de</strong> chegada, não o<br />

mesmo fun<strong>do</strong> revesti<strong>do</strong> da mesma forma <strong>–</strong> o que, por <strong>de</strong>finição, é<br />

impossível <strong>–</strong>, mas uma interação semelhante <strong>de</strong> significantes capaz <strong>de</strong><br />

gerar semelhantemente a significância <strong>do</strong> poema-tradução. (LARANJEIRA<br />

1990: 69)<br />

Para ROMANO-SUED (1995), os termos <strong>do</strong> binário forma-conteú<strong>do</strong> têm si<strong>do</strong><br />

tradicionalmente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como separa<strong>do</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, quan<strong>do</strong> se<br />

trata <strong>de</strong> tradução. A forma, no plano da expressão, foi muitas vezes tomada<br />

como "aspecto acessório e ornamental", privilegian<strong>do</strong>-se assim, no ato<br />

tradutório, o conteú<strong>do</strong>, e negligencian<strong>do</strong>-se uma série <strong>de</strong> elementos<br />

importantes à constituição da significância <strong>do</strong> poema, tais como rima,<br />

métrica, distribuição em estrofes, assonâncias, aliterações e traços <strong>de</strong><br />

fonomorfossintaxe (ROMANO-SUED 1995: 19, minha tradução).<br />

De acor<strong>do</strong> com MONTEIRO (2010), os tradutores alemães, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época<br />

<strong>do</strong> Romantismo, tomaram logo claramente o parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> traduzir que<br />

aproximasse a língua alvo da língua original. Para o próprio <strong>Goethe</strong>, a<br />

tradução i<strong>de</strong>al é a que se i<strong>de</strong>ntifica com a i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> original, a "ponto <strong>de</strong><br />

significar não em vez <strong>de</strong>le, mas no lugar <strong>de</strong>le" (apud MONTEIRO, 2010). Além<br />

disso, “uma tradução que tenda a i<strong>de</strong>ntificar-se com o original", em que se<br />

atenha à transposição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, "acaba por aproximar-se da versão<br />

entrelinhar e facilita muito a compreensão <strong>do</strong> texto" (id., ibid.), per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se,<br />

assim, a essência e, até, finalida<strong>de</strong>. Humboldt reforça que a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

tradutor <strong>de</strong>veria ser dirigida ao "verda<strong>de</strong>iro caráter <strong>do</strong> original":<br />

Destrói-se toda tradução e toda sua utilida<strong>de</strong> para a língua e a nação,<br />

quan<strong>do</strong>, por um temor que beira a aversão pelo insólito, se chega ao<br />

ponto <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r evitar também o próprio estranho; da mesma<br />

forma com que por certo é frequente se ouvir dizer que o tradutor<br />

<strong>de</strong>veria escrever como o autor original teria escrito na língua <strong>do</strong><br />

tradutor (…). (HUMBOLDT 2010: 111)<br />

TradTerm 18/2011.1, pp. 68-88 <strong>–</strong> www.usp.br/tradterm<br />

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