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Traduzindo clássicos: Gefunden, de Goethe – o trabalho do Barão ...

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Erthal, Mateus Duque - <strong>Traduzin<strong>do</strong></strong> <strong>clássicos</strong>: <strong>Gefun<strong>de</strong>n</strong>, <strong>de</strong> <strong>Goethe</strong> <strong>–</strong><br />

o <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong> <strong>Barão</strong> <strong>de</strong> Paranapiacaba e sugestão <strong>de</strong> nova tradução<br />

formal (métrica irregular, ausência <strong>de</strong> rimas), mas o conteú<strong>do</strong> é<br />

razoavelmente preserva<strong>do</strong>. O vocabulário, além disso, é simples, direto e até<br />

prosaico, aproximan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> <strong>Gefun<strong>de</strong>n</strong>.<br />

Há disponível, também, uma outra tradução para o Português, <strong>de</strong><br />

autoria <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s da Silveira (também disponível no Anexo I). Nela, sim, há<br />

preocupação com questões formais <strong>–</strong> os versos são regulares, a métrica<br />

clássica, to<strong>do</strong>s com quatro sílabas poéticas, acento constante, as rimas<br />

acompanham o padrão <strong>do</strong> poema original (versos 2 e 4 <strong>de</strong> cada estrofe), por<br />

exemplo <strong>–</strong> e um certo rebuscamento lexical, o que mais uma vez ten<strong>de</strong>ria a<br />

afastar o leitor <strong>do</strong> sentimento <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> e "generalida<strong>de</strong>", o <strong>do</strong> singelo,<br />

que se tem ao ler <strong>Gefun<strong>de</strong>n</strong>.<br />

Mas como aliar, finalmente, em uma nova tradução ao português as<br />

questões formais, a escolha lexical simples e o sentimento generalizante <strong>de</strong><br />

uma poesia como <strong>Gefun<strong>de</strong>n</strong>? Como trazer simplicida<strong>de</strong> e "universalida<strong>de</strong>" a um<br />

poema que trata <strong>de</strong> complexas questões metafísicas, da vida e da morte, <strong>do</strong><br />

amor e <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, da questão <strong>de</strong> contexto e pertinência? A resposta a ser<br />

usada como nortea<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>ste movimento retrospectivo à "essência" <strong>do</strong> poema<br />

po<strong>de</strong>ria estar na associação, feita muitas vezes inclusive por <strong>Goethe</strong> e seus<br />

contemporâneos, entre esta simplicida<strong>de</strong> e a infância.<br />

Certa vez, <strong>Goethe</strong> comentou sobre esta:<br />

As pessoas imaginam que precisamos <strong>de</strong> chegar a velhos para ficarmos<br />

sábios, mas, na verda<strong>de</strong>, à medida que os anos avançam, é difícil<br />

mantermo-nos tão sábios como éramos. De fato, o homem torna-se um<br />

ser distinto em diferentes etapas da vida. Mas ele não po<strong>de</strong> dizer que<br />

se tornou melhor, e, em alguns aspectos, é igualmente provável que<br />

ele esteja certo aos vinte ou aos sessenta. Vemos o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>do</strong> a partir da planície, <strong>de</strong> outro a partir <strong>do</strong> topo <strong>de</strong> uma escarpa, e<br />

<strong>de</strong> outro ainda <strong>do</strong>s flancos <strong>de</strong> uma cordilheira. De alguns <strong>de</strong>sses pontos<br />

po<strong>de</strong>mos ver uma porção maior <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que <strong>de</strong> outros, mas isso é<br />

tu<strong>do</strong>. Não se po<strong>de</strong> dizer que vemos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>sses pontos que <strong>do</strong>s restantes. (GOETHE 1950)<br />

TradTerm 18/2011.1, pp. 68-88 <strong>–</strong> www.usp.br/tradterm<br />

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