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2 17 a 23 de Fevereiro de 2006 O Milénio/Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! ANA JÚLIA SANCA WINTERFEST Mas também é verdade que para além deste cerco maravilhoso ou seja desta área turística, existe uma outra realidade. A verdadeira realidade de um povo que, pela sua condição restrita, vive na mais pura miséria. É esse contraste que me deixa a alma estalada, pela impotência de não poder fazer nada. É degradante e é simplesmente triste ver a outra faceta da realidade desta gente que ressalta à vista dos mais sensíveis. O hotel organiza excursões para diversas partes do país e à capital dando assim oportunidade aos turistas de visitarem os lugares, fazerem compras e passearem Eu própria fui a Santo Domingo e fui testemunha dessa pobreza. Como em quase todos os casos existe contraste tão marcante, um paralelo entre os que vão de férias e os que lá vivem que dá para perceber que existe uma grande diferença. Uma tristeza que corta como faca progressivamente, deixando esta marca que comigo também vai. E a vida no seu balançar, tem altos e baixos e as diferenças, quer queiramos quer não, existem e vão existir Ana Malhoa, Frank Alvarez e José Malhoa "DO <strong>PARA</strong>ÍSO... À TERRA II"! sempre. Este cliché de que o sol quando nasce é para todos, é pura utopia e toca a cada um, ser realista. Ao fim e ao cabo a Natureza é pródiga e dá-nos o prazer essencial para continuarmos a respirar e ultrapassar as tristezas. Aqui em Boca Chica o tempo é simplesmente delicioso e o ambiente extraordinário. Pessoas de todas as raças e etnias confraternizam numa babilónia despreocupante,desinibida e sem qualquer preconceito. Noto também que os orga- A canção da família com Tony Melo nizadores estão sempre atentos e com o maior cuidado e consideração em relação aos participantes desfazendo-se em amabilidades e fazendo tudo para que nada falte a ninguém. Mesmo à distância, fizeram com que cada um mandasse mensagem através da rádio e da televisão directamente, e todos os que quiseram, brindaram aos seus amigos e familiares com suas mensagens. Todavia falta exibir alguém muito especial neste grupo. Ouvia-se sempre falar, que era uma artista que já tinha sido convidada anteriormente e que a pedido dos participantes foi uma vez mais requisitada Todas as noites como é costume, crescia a folia no palco e na audiência com muita algazarra e emoção. E como o leque de artistas era grande, mesmo os que apareceram de improviso e porque era uma festa familiar, sem preconceitos e sem nenhuma intenção exibicionista, houve quem subisse ao palco para cantar fados, diga-se de passagem, que foi bem logrado o intento. Houve mostras de concertina, animação com palhaços e uma exibição de dança africana ao som do conga em que a bailarina equilibrava uma garrafa de rum sobre a cabeça com muito ritmo e concentração. Todos foram acarinhados com muitos aplausos e muitos assobios a festa continua e ninguém pára. Chega a vez de actuar então a tão esperada artista, quando o Frank Alvarez anuncia sob o palco, a nossa querida menina, a foforinha, Sara Pacheco, gritava o apresentador com tamanha energia e a multidão ovaciona-a de uma forma ensurdecedora.Realmente ela canta e encanta qualquer público. Faço uma retrospectiva e vejo a Sara Pacheco, ainda uma criancinha quando começou a cantar e hoje uma jovenzinha que arrecadou com o tempo e no percurso da sua carreira artística, tantos êxitos tornando-a uma das mais célebres artistas da Comunidade Portuguesa do Canadá e no exterior, pela sua simplicidade e simpatia. Uma ternura de menina. A Sara canta e comove a plateia. Sensibiliza a todos, quando entre lágrimas, e numa voz tremida diz que se sente muito orgulhosa de ser Portuguesa. Ela é espontânea, doce e natural. A sua voz meiga, contagia e ela própria inspira qualquer pessoa com a sua forma de ser. Bonito e emocionante também foi vê-la cantar em dueto com sua mãe Milú, uma figura de mulher com muita presença no palco e que muito bem canta. E agora a título de informação, quero deixar aqui expresso, que Sara Pacheco tem vindo a conquistar pouco a pouco não só o público português, mas tembém de outras nacionalidades. A Sara vai ter a sua primeira apresentação oficial da Broadway & Beyond no dia 8 de Abril deste ano no Hammerson Hall em Mississauga pelas 8:00 pm, acompanhada pela orquestra Mississauga. Um espectáculo a não perder. E também para não perder o fio à meada e a título de experiência, gostaria de pedir às pessoas que se animem a aventurar nestas viagens da Winterfest, porque são deveras gratificantes. Façam como eu. Ver para crer. Só para terminar queria apenas descrever o último dia da estadia no Hotel Hamaca e as despedidas do grupo. Na véspera, a noite esteve repleta de surpresas. Todos os artistas de uma só vez fizeram a algazarra final com cânticos, danças, fanfarras, estalar de balões que caíam paulatinamente sobre as cabeças dos turistas, gritos de alegria, assobios e um sem fim de divertimen- Frank Alvarez, apresentando a fadista fernanda Almeida, acompanhada por Hernâni Raposo e Valdemar Mejdoubi to que se prolongaram até quase ao amanhecer. Os que partiam apenas tiveram tempo para preparar suas malas, tomar o último pequeno almoço, dizer adeus àquele lugar paradisíaco e aos que ainda ficam por mais uma semana. É certo que tudo o que é bom dura pouco, mas eu estou satisfeita e completa com tudo o que vi, ouvi e passei. A fazer balanço total desta viagem, posso até dizer que não houve nada em desabono ou tristezas, excepto o dia em que o Sporting derrotou o Benfica. Aí, alguns adeptos ficaram meio amuados e com a cara amarrada à espera que o Porto Catarina e Lexi da Sunquest, Valdemar, Fernanda, Frank e Cristina empatasse de seguida com o Rio Ave. De resto acho que por fim e desportivamente, todos ultrapassaram esta mágoa. A viagem de regresso foi boa e só me resta agradecer à Fernanda Almeida da Happy Travellers e o Frank Alvarez do CIRV-Radio por esta oportunidade que me concederam para fazer parte deste grupo. Os meus agradecimentos extensivos ao resto do pessoal com quem tive o prazer de privar durante uma semana inesquecível e até para o ano se Deus quiser.
O Milénio/Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! Eis o regresso de Lura, ao Lula. Tal como Marisa trouxe algo de novo ao Fado, apresentando-se como incontestável herdeira de Amália Rodrigues, eis que Lura faz o mesmo com a música da famosa Cesária Évora. Lura surge como uma extraordinária intérprete da música de rua, de cidade, com toda a sua sensualidade, paixão e raízes africanas. Com base nos ritmos penetrantes de África, esta jovem cabo-verdiana tem qualidade musical para grandes plateias. Lura e a sua banda regressam a Toronto, onde vão actuar pela segunda vez, depois de terem empolgado a assistência que esgotou a sala durante o último Festival da Small World, em Setembro. A música de Cabo Verde, um arquipélago que fica situado a 300 milhas de Dakar, Senegal, é a música da emigração. Lura encaixa-se muito bem nessa tradição. Trata-se de uma jovem nascida e criada em Lisboa, parte da comunidade caboverdiana ali residente, que se destaca no mundo musical ao entusiasmar as audiências americanas e europeias. Lura mistura as conhecidas Mornas, com o estilo até agora desconhecido da Funana... num todo de batuque, estilos comparados aos da geração criada por Tcheka e Pantera. Música das mulheres africanas do interior de Cabo Verde, agora injectada com os sons do Jazz e as influências do Brasil. Di Korpo Ku Alma e Escondida, fizeram com que Lura despertasse a atenção do mundo da música. Lura, é Dinamite, com uma voz melodiosa que vai desde o murmurar até ao grito feroz e com um espectáculo que vai desde o cómico, até ao sexualmente provocativo e que acaba por ser uma explosão. "Quando Lura for descoberta, vai encher estádios." Palavras publicadas no The LURA… NO LULA! Independent, em Londres. A primeira cidade colonial em África foi fundada em Cabo Verde, em 1462. A sua música reflecte uma mistura da música Portuguesa e da África Ocidental, e como viajar entre as dez ilhas de Cabo Verde era muito caro, as populações de cada ilha possuem a sua própria personalidade e dialectos. Cesária Évora, da Ilha de São Vicente, é conhecida pelas Mornas e Coladeras de ritmo acelerado, enquanto a Lura faz parte de uma nova geração de músicos, redescobrindo as tradições ocultas da sua terra natal ancestral. A sua música é inspirada nos estilos de Santiago, a ilha mais africana de todas as ilhas cabo-verdianas, e a terra da qual o seu pai é natural... onde residem os estilos Batuku e Funana. As tradições musicais africanas ainda estão a ser descobertas, uma vez que Cabo Verde só é independente desde 1975. Até então, a Igreja e o governo colonial proibia certas formas musicais. A Funana, com o acompanhamento do acordeão, que é uma das grandes atracções de Lura, era considerado demasiado erótico. Originalemnet, cerca de um dúzia de mulheres dançavam ao ritmo do batuku com "tchabetas" penduradas nos joelhos, enquanto uma cantora improvisava poemas críticos de acontecimentos comunitários. Uma dança muito sensual, o "torno", acompanhava a canção. "As mulheres cabo-verdianas passavam muito tempo juntas, trabalhavam juntas e falavam muito, mas só uma cantava, altura em que nasceu o Batuku. "Agora - diz Lura - apresentamos o Batuku, comigo a cantar... Eu sou uma pequena representação do Batuku de Cabo Verde." LURA... AT LULA! Just as Mariza has breathed new life into Fado, as a contemporary heir to Amalia Rodrigues, so LURA does to music made famous by Cesaria Evora. Lura brings a street wise, urban sensuality infused with the passionate root of mother Africa to her music. Riding on the tide Cape Verde's rediscovery of its African roots, she has the star quality to bring the music to a wider audience. Lura and her band return to Toronto on her second North American tour, after delighting a capacity audience at the Small World Festival in September. The music of Cape Verde, an archipelago 300 miles west of Dakar, Senegal, is a music of emigration. Lura fits the tradtion well - a young singer born and raised in Lisbon's emigre community, she has created a major buzz on the global music scene, presenting oncehidden Cape Verdean styles to enthusiastic American and European audiences. Lura mixes the familiar morna style with until now unheard rhythms of Funana and batuque; styles brought to the fore by a talented new generation of composers such Tcheka and Pantera. It is the music of women from the remote African interior of Cape Verde, now infused with jazz and Brazilian influences. With last year's much anticipated album, DI KORPU KU ALMA (Of Body and Soul) on Escondida Music, Lura gave notice that she was a musical force worthy of note. "Lura was dynamite: with a voice that modulated from a dreamy whisper to a ferocious shout, and with an act that was first comic, then sexually provocative, then rabblerousing. When her international career gets going, this girl will fill stadiums." 17 a 23 de Fevereiro de 2006 3 The Independent on Lura's London debut The first European colonial town in Africa was founded in Cape Verde in 1462. Its music reflects the rich mix of Portuguese and West African roots and, since traveling between Cape Verde's ten islands is expensive, the populations on each island are distinct with their own personality and dialect. Cesaria Evora, from the island of Sao Vicente, is known for the European-inflected mornas and the faster-paced coladeras while Lura is part of a new generation of musicians rediscovering the hidden traditions of her ancestral homeland; Her music is inspired by the styles of Santiago; the most African of the islands, and the island from which her father came; styles such as batuku and funana. The African musical traditions of Cape Verde are still emerging now because the nation only gained independence in 1975, and prior to that the Church and the colonial government prohibited certain forms. The accordion-driven funana, which Lura performs, was considered too erotic. Originally a dozen or more women would beat the batuku rhythm on folded stacks of clothes (called tchabeta) held by their knees, while a lead singer improvised poetry lampooning or critiquing community happenings. A very sensual dance called torno accompanied the song form. "The women in Cape Verde spend a lot of time together, working and talking and that is how batuku started, from the women of Santiago," Lura says. "Now I and others are making a kind of batuku, but singing alone, not in a group. I am a little representation of batuku from Cape Verde."
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