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Quem me conhece sabe que a veemência das minhas<br />
denúncias, críticas e sugestões têm rosto e assinatura.<br />
Nada do que faço, escrevo ou digo fica sem o meu<br />
nome, por isso quando sei que alguém para se dirigir aos<br />
transportadores se esconde no cobarde anonimato ou<br />
na simulação de nomes e alcunhas, dá-me vontade de<br />
o procurar para o confrontar e saber quais os objectivos<br />
da sua postura.<br />
Depois de há uns meses ter trocado impressões com um<br />
cobarde (ou uma cobarde) que se escondia por detrás da<br />
identidade SOPRANO, e se permitiu tentar ofender-me<br />
sobre a questão do lay-off imposto aos trabalhadores da<br />
Antram, agora uma mão amiga fez chegar até mim uma<br />
suposta carta, que terá circulado com o rasteiro recurso ao<br />
anonimato, cujos destinatários do texto são também dirigentes<br />
da mesma associação.<br />
O azedo do que escrevi ao tal ou tais cobardes que<br />
sopram, por razões óbvias não tem espaço de divulgação<br />
nestas páginas, mas agora que a Revista CAMIÃO irá ter<br />
o seu espaço próprio na internet poderemos vir a dedicar<br />
espaço a expressões e argumentos mais pesados. Deixei<br />
claro que desde o primeiro instante fui o primeiro a denunciar<br />
em vários espaços e por diversas formas quem<br />
se serviu da Antram (enquanto a teta deu) para fazer<br />
ajustes de contas com seres humanos, que na qualidade<br />
de profissionais da associação, desde há muito vinham<br />
denunciado a ostentação e o esbanjamento de receitas.<br />
Quem me conhece sabe que quando quis dizer aos antigos<br />
presidentes da Antram, Ricardo Félix e Osvaldo Costa, o<br />
que tinha para lhes dizer não mandei recados por ninguém<br />
e disse-lhes olhos nos olhos, escrevi e entreguei-lhes em<br />
mão o que tinha para os criticar e denunciar. Não mandei<br />
nem mando recados por ninguém.<br />
Sabem também as pessoas com domínio cerebral que<br />
ainda recentemente assinei diversos trabalhos jornalísticos<br />
a denunciar e a criticar a forma como Silvino Lopes e<br />
António Lóios, como dirigentes da Antp, mancharam tudo<br />
o que de bom tinham feito ao não defenderem condignamente<br />
os reais interesses dos transportadores que neles<br />
confiaram, para que reivindicassem junto do poder político<br />
uma mudança para o sector. Fui duro com Lóios, tal como<br />
não fui meigo com Silvino, porque como jornalista assumo<br />
como dever profissional denunciar tudo o que de forma<br />
rasteira é feito em nome dos transportadores, mas que no<br />
essencial serve apenas para alguns intérpretes fazerem<br />
fretes ao poder político, que a troco de uns amendoins<br />
e umas moedas lançadas para a algibeira compram o<br />
silêncio reivindicativo de quem tem o dever de isenção<br />
e seriedade.<br />
Relativamente a uma pretensa carta em que são elogiados<br />
os antigos presidentes da Antram Osvaldo Costa e Ricardo<br />
Félix e são criticados os actuais dirigentes da associação,<br />
quem conhece a minha postura sabe que tal documento<br />
não cola na minha forma de ser. É um cobarde papel<br />
conspurcado por quem não tem a coragem de assumir o<br />
OPINIÃO<br />
Os cobardes não têm rosto<br />
REFLEXÕES<br />
Sempre assinei o que penso, digo e escrevo<br />
confronto com aqueles que acusa de estarem a desgraçar o<br />
património e a identidade da Antram.<br />
Se por um lado muitos se recordam como critiquei tal como<br />
enalteci (em diversas ocasiões) o empenho dos actuais dirigentes<br />
da Antram para que se concretize a mudança e seja<br />
controlada a hemorragia que o esbanjamento de fundos<br />
provoca, por outro lado também se recordarão da forma<br />
como denunciei as remunerações chorudas pagas a funcionários<br />
de áreas específicas, que em termos de produtividade<br />
e saber deixavam muito a desejar. Não preciso nem<br />
nunca precisei de oratórias anónimas.<br />
Como não mando recados por ninguém as minhas opiniões<br />
nunca o foram nem serão anónimas. Por isso indigno-me<br />
quando algum cobarde a troco do anonimato tenta passar<br />
um recado e para que ele tenha credibilidade e leitores,<br />
logo tenta pulverizar com uma cobarde neblina a ideia<br />
de que o texto foi escrito por alguém sério e honesto.<br />
Não ataco a verdade com mentiras nem com anonimatos,<br />
por isso mesmo nunca observarão um artigo assinado por<br />
mim, e pior ainda um texto anónimo, a elogiar Osvaldo<br />
Costa e Ricardo Félix.<br />
Já agora para os mais distraídos faço questão de deixa<br />
mais uma vez vincado que reconheço que Osvaldo Costa<br />
foi, enquanto o foi, um distinto presidente da Antram. Deu<br />
credibilidade à associação, o que levou o poder político a<br />
escancarar-lhe as portas. Osvaldo Costa enquanto dirigente<br />
foi um senhor, até ao dia em que contrariou o dever de<br />
isenção e negociou com o governo de António Guterres<br />
(Jorge Coelho era então o ministro da tutela) uma compensação<br />
sobre um brutal aumento do gasóleo com descontos<br />
no valor das portagens usadas durante uma janela horária<br />
desajustada), que caiu que nem ginjas na frota da sua<br />
empresa que maioritariamente beneficiou da negociação.<br />
Sendo verdade que nem todos os camiões e transportadores<br />
usam auto estradas, também é verdade que a fórmula subscrita<br />
para minimizar um aumento dos combustíveis que<br />
afecta a todos, encaixava que nem uma luva na actividade<br />
de transportador da grande distribuição onde opera a principal<br />
empresa de Osvaldo. É verdade que Osvaldo Costa<br />
não esteve só nas negociações, nem foi ele que inventou a<br />
asneira e erro engocial, mas convenhamos que negociar<br />
compensações que apenas alcançaram uma pequena parte<br />
dos associados da Antram, sendo a empresa do presidente<br />
uma das que mais beneficiou, tal só podia ter merecido<br />
a minha crítica. Por esta e por outras razões, nunca ninguém<br />
contará comigo para elogiar Osvaldo Costa como<br />
alguém que deixou saudades pela sua seriedade e isenção.<br />
Osvaldo Costa não só falhou nas referidas negociações,<br />
como também não cumpriu comigo a sua palavra de honra<br />
de que depois de eleito, nas eleições mais participadas de<br />
sempre, levaria Ricardo Félix à barra do tribunal.<br />
Quanto a Ricardo Félix só alguém muito distraído ou que<br />
pensa que o “disco rígido” não guarda o passado é que<br />
pode brincar com o argumento de que eu escreveria algo a<br />
elevá-lo ao patamar de um grande dirigente. Não escondo<br />
que bebi muito na oratória de Félix, mas não me apanham<br />
a elogiar o homem e muito menos o dirigente. Ricardo Félix<br />
é daquelas pessoas que dá gosto ouvir a verter teoria, por<br />
vezes recessa e até fora de validade (bolorenta), mas sofre<br />
do erro insuperável de ter o seu discurso e pensamento um<br />
palmo à frente do cérebro e dois à frente da realidade. Mas<br />
dá gosto ouvi-lo falar de transportes como se da quinta<br />
sinfonia se tratasse. Para mim Ricardo Félix é um músico em<br />
transportes, que bem poderia ter escrito a letra de canção<br />
intitulada “Só eu sei!”. Por outro lado Ricardo Félix foi um<br />
presidente que deixou muitas coisas por esclarecer sobre<br />
a sua passagem na vida associativa. Ricardo Félix teve a<br />
coragem e ousadia de revolucionar a forma de ser e de<br />
estar da associação, mas o resultado final foi desastroso.<br />
Sobre Félix e Osvaldo por hoje ficamos por aqui.<br />
Importará também lembrar que quanto a hipotéticas críticas<br />
aos actuais dirigentes da Antram, eu só faço as que<br />
sempre fiz. Desde a primeira hora denunciei o despesismo,<br />
a ostentação e o esbanjamento que levaram a Antram a<br />
viver muito acima das suas possibilidades. Mas também<br />
deixei claro que reconheço que os actuais dirigentes têm<br />
demonstrado coragem para fazer rupturas com o passado,<br />
o que, como é compreensível, se por um lado merece o<br />
aplauso de uns também está sujeita à crítica de quem se vê<br />
vítima da reestruturação, depois de se ter dedicado de<br />
corpo e alma à associação. Ao mesmo tempo que critiquei<br />
a coragem dos actuais dirigentes por se empenharem em<br />
mudar o rumo do abismo, também critiquei a forma como,<br />
em alguns casos, foi permitida uma verdadeira caça às<br />
bruxas. Os actuais dirigentes da Antram têm estado bem<br />
na reestruturação das contas, mas não os poupo pela<br />
forma como permitiram que dedicados trabalhadores<br />
foram tratados.<br />
A terminar e para deixar evidente que da minha parte não<br />
há oratória de elogio de circunstância a dirigentes associativos,<br />
reafirmo o que sempre disse sobre Lóios e Silvino.<br />
Silvino e Lóios, se vistos no prisma e no enquadramento<br />
das agências de rating, para mim são lixo. Não os qualifico<br />
como homens (dado que tenho por eles respeito e admiração<br />
pelos passos que deram para defender os interesses<br />
dos transportadores em Junho de 2008), mas enquanto<br />
dirigentes associativos deixaram colapsar a realidade, por<br />
interesses que não eram aqueles para os quais estavam<br />
mandatados. Quando os transportadores associados da<br />
Antp, representados por Lóios e Silvino, tinham tudo para<br />
levar a bom porto as suas reivindicações eclipsaram-se.<br />
Quero deixar bem claro que só naquilo que é extraordinário<br />
nos homens e dirigentes é que os aplaudo. Os<br />
dirigentes associativos, tal como os decisores políticos, ocupam<br />
cargos – para os quais se disponibilizaram – que<br />
devem desempenhar com rigor, qualidade e isenção. Isso é<br />
um dever natural da função, logo não esperem aplausos e<br />
mimos. Mas se meterem o pé fora do penico e calcarem<br />
terrenos lamacentos não esperem outra coisa que não seja<br />
a crítica contundente e vigorosa. Mas isso tem a minha<br />
assinatura.<br />
Não me incluam na conspurcada lista dos que abanam a<br />
cabeça e silenciam a verdade. Como alguns sabem, reduzi<br />
significativamente a minha actividade como jornalista em<br />
Portugal, optando por deslocalizar a transmissão do meu<br />
saber efectivo em transportes e segurança rodoviária para<br />
centros de decisão onde tenho liberdade de enfrentar os<br />
esquemas, por considerar que devo trabalhar com quem<br />
respeita e reconhece o meu trabalho e aceita as minhas<br />
críticas contundentes e nelas acolhe sugestões para contornar<br />
obstáculos e enfrentar adversidades bem reais. Em<br />
Portugal sinto-me mal, porque ao mesmo tempo que se<br />
elogiam os medíocres quem pensa é considerado um<br />
incómodo.<br />
Em Portugal há cada vez mais o elogio da personalidade<br />
dos incompetentes, mas como isso me mete nojo decidi<br />
mudar de rumo.<br />
Luís Abrunhosa Branco<br />
V