O interior da habitação popular: uma análise do arranjo do ... - IPOG
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O <strong>interior</strong> <strong>da</strong> <strong>habitação</strong> <strong>popular</strong>: <strong>uma</strong> <strong>análise</strong> <strong>do</strong> <strong>arranjo</strong> <strong>do</strong> mobiliário pela ótica <strong>da</strong> Ergonomia janeiro/2013<br />
Esse distanciamento se deve também ao padrão <strong>do</strong>s móveis utiliza<strong>do</strong>s pela classe “D” que<br />
muitas vezes não corresponde ao mobiliário utiliza<strong>do</strong> como ferramenta de organização<br />
espacial por arquitetos e projetistas. Os sofás <strong>da</strong> “vi<strong>da</strong> real” em geral são muito largos, os<br />
armários para quarto possuem no mínimo 1,80 m de comprimento e as camas de solteiro ou<br />
beliche são mais largos que o usual (90cm).<br />
Por isso, falar em Ergonomia no contexto <strong>do</strong>méstico sem considerar o mobiliário <strong>da</strong> casa<br />
<strong>popular</strong> é um equívoco, pois ele é, sem dúvi<strong>da</strong>, a medi<strong>da</strong> de referência <strong>do</strong> <strong>interior</strong> <strong>da</strong> casa <strong>da</strong><br />
família brasileira. Num contexto em que é necessário trabalhar sempre com o mínimo, faz-se<br />
necessário o <strong>do</strong>mínio sobre o que tem si<strong>do</strong> comercializa<strong>do</strong> e consumi<strong>do</strong> por esta parcela <strong>da</strong><br />
população para que se obtenha resulta<strong>do</strong>s satisfatórios.<br />
E para não deixar escapar, aproveitan<strong>do</strong> que é o assunto <strong>do</strong> momento, o programa <strong>do</strong> governo<br />
federal Minha Casa, Minha Vi<strong>da</strong> traz especificações mínimas de projeto para <strong>habitação</strong> de<br />
interesse social, dentre elas o mobiliário que a casa deve conter. O problema é que o<br />
referencial de área é sempre muito enxuto, ou seja, a área mínima exigi<strong>da</strong> pela Caixa<br />
Econômica Federal ain<strong>da</strong> é muito pequena para comportar to<strong>do</strong> o mobiliário exigi<strong>do</strong> (36m²<br />
para <strong>do</strong>is <strong>do</strong>rmitórios – sem contar a área de serviço), isso sem falar nas áreas de circulação,<br />
áreas de uso <strong>do</strong>s equipamentos e móveis, acionamento de portas e janelas e tu<strong>do</strong> o mais que<br />
foi levanta<strong>do</strong> aqui como parte fun<strong>da</strong>mental <strong>do</strong> funcionamento integral <strong>da</strong> casa.<br />
As tipologias estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s neste trabalho possuem, como já informa<strong>do</strong>, área útil de 40,72 m², e<br />
ain<strong>da</strong> assim apresentam problemas ergonômicos e de <strong>arranjo</strong> espacial. Quanto mais problemas<br />
não apresentarão os projetos que seguirem o mínimo exigi<strong>do</strong> pelo governo federal? Será<br />
possível enquadrar os parâmetros de mobiliamento mínimo, alia<strong>do</strong>s ao conforto e à segurança,<br />
em áreas tão diminutas?<br />
6. Considerações finais<br />
Espera-se com este trabalho ter contribuí<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> que de forma singela, aos estu<strong>do</strong>s na área<br />
<strong>da</strong> <strong>habitação</strong>, fornecen<strong>do</strong> ferramentas que permitam aos arquitetos avaliarem os espaços e<br />
analisá-los criticamente a fim de obterem um bom resulta<strong>do</strong>, que é traduzi<strong>do</strong> em quali<strong>da</strong>de<br />
projetual e satisfação <strong>do</strong> mora<strong>do</strong>r.<br />
Além <strong>do</strong>s conhecimentos técnicos, a <strong>análise</strong> crítica quanto à produção habitacional também se<br />
faz necessária. É imperativo rever o modelo produzi<strong>do</strong> hoje no Brasil, que está mais<br />
comprometi<strong>do</strong> com o lucro <strong>da</strong>s construtoras <strong>do</strong> que com a quali<strong>da</strong>de habitacional <strong>da</strong>s classes<br />
menos privilegia<strong>da</strong>s. É preciso sempre trazer ao centro <strong>da</strong>s discussões o <strong>interior</strong> <strong>da</strong> casa<br />
<strong>popular</strong>, não só quantitativamente, mas também qualitativamente, observan<strong>do</strong> o programa de<br />
necessi<strong>da</strong>des que de fato satisfaz a família e atende de maneira adequa<strong>da</strong> os padrões de<br />
habitabili<strong>da</strong>de. Esta pesquisa está longe de ser conclusiva, pretenden<strong>do</strong>-se apenas ser o<br />
pontapé inicial para estu<strong>do</strong>s mais profun<strong>do</strong>s e relevantes na área em questão.