O interior da habitação popular: uma análise do arranjo do ... - IPOG
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O <strong>interior</strong> <strong>da</strong> <strong>habitação</strong> <strong>popular</strong>: <strong>uma</strong> <strong>análise</strong> <strong>do</strong> <strong>arranjo</strong> <strong>do</strong> mobiliário pela ótica <strong>da</strong> Ergonomia janeiro/2013<br />
Desta forma, este trabalho contribui não apenas para arquitetos que trabalham diretamente<br />
com <strong>habitação</strong> <strong>popular</strong>, mas também para aqueles que buscam se apropriar de maneira<br />
satisfatoriamente <strong>do</strong> espaço construí<strong>do</strong>, respeitan<strong>do</strong> as necessi<strong>da</strong>des básicas e o conforto <strong>do</strong><br />
ser h<strong>uma</strong>no, sem desperdício de área ou espaços ociosos, lançan<strong>do</strong> mão de um item<br />
importante: o mobiliário e sua relação com a casa.<br />
2. Habitação e mobiliário: a importância dessa parceria<br />
A busca pela racionalização <strong>da</strong> <strong>habitação</strong> no início <strong>do</strong> século XX fun<strong>da</strong>mentou-se<br />
principalmente nos conceitos elabora<strong>do</strong>s por Le Corbusier, um <strong>do</strong>s ícones <strong>do</strong> Movimento<br />
Moderno. Suas ideias tiveram boa repercussão especialmente pelo advento <strong>do</strong> pós-guerra na<br />
Europa, onde era necessário encontrar soluções para a crise <strong>do</strong> déficit habitacional. Segun<strong>do</strong><br />
Szücs et al (2007), “pela primeira vez começou a se pensar na importância <strong>da</strong> funcionali<strong>da</strong>de<br />
e na preocupação com a valorização <strong>do</strong>s equipamentos e mobiliário internos <strong>da</strong> casa,<br />
associan<strong>do</strong> funcionali<strong>da</strong>de e conforto”.<br />
A busca incessante por redução de custos na produção habitacional brasileira, muitas vezes<br />
condiciona<strong>do</strong> ao maior lucro <strong>da</strong>s construtoras ou ao ínfimo repasse ao setor habitacional <strong>do</strong>s<br />
municípios vem resultan<strong>do</strong> em casas ca<strong>da</strong> vez menores, reduzin<strong>do</strong> assim o aspecto qualitativo<br />
<strong>da</strong> moradia. Observa-se a diminuição <strong>da</strong>s áreas internas, transforman<strong>do</strong> os ambientes em<br />
espaços ca<strong>da</strong> vez mais exíguos.<br />
Szücs et al (2007) ressalta a necessi<strong>da</strong>de de se estabelecer o mínimo no momento <strong>da</strong>s<br />
decisões de projeto para <strong>habitação</strong> de interesse social. Tanto o sub como o superdimensionamento<br />
podem acarretar inconvenientes, poden<strong>do</strong> no primeiro caso ocorrer um<br />
comprometimento de uso em outros ambientes <strong>da</strong> casa, e no segun<strong>do</strong> caso gerar espaços<br />
ociosos, “sem condições de uso específico. Espaço desperdiça<strong>do</strong> é investimento mal feito e<br />
esforço perdi<strong>do</strong>” (SZÜCS et al, 2007).<br />
Por isso, podemos afirmar que o dimensionamento <strong>do</strong> ambiente passa, por assim dizer, pelo<br />
mobiliário, já que é a relação deste com o ambiente construí<strong>do</strong> que regula o bom uso <strong>do</strong><br />
espaço. Não por coincidência, na publicação que relaciona as especificações mínimas <strong>do</strong><br />
recente programa <strong>do</strong> Governo Federal Minha Casa, Minha Vi<strong>da</strong>, existe um anexo com os<br />
móveis que devem conter ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s cômo<strong>do</strong>s projeta<strong>do</strong>s, além de <strong>uma</strong> nota sobre o<br />
tamanho <strong>do</strong>s cômo<strong>do</strong>s, que chama a atenção logo no início <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento:<br />
Estas especificações não estabelecem área mínima de cômo<strong>do</strong>s, deixan<strong>do</strong> aos<br />
projetistas a competência de formatar os ambientes <strong>da</strong> <strong>habitação</strong> segun<strong>do</strong> o<br />
mobiliário previsto (grifo <strong>do</strong> autor), evitan<strong>do</strong> conflitos com legislações estaduais<br />
ou municipais que versam sobre dimensões mínimas <strong>do</strong>s ambientes.<br />
Nota-se aí a importância <strong>do</strong> móvel enquanto peça fun<strong>da</strong>mental para a determinação <strong>da</strong>s áreas<br />
mínimas nas residências de baixo custo. No entanto, a área destina<strong>da</strong> ao mobiliário em ca<strong>da</strong><br />
cômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> casa deve contemplar não apenas o espaço que lhe é pertinente, mas também o