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Abril - Sesc

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Foto: Elizângela Barbosa<br />

sescb r A s I L<br />

J O R N A L I N T E R N O M E N S A L D O S E R V I Ç O S O C I A L D O C O M É R C I O<br />

A B R I L 2 0 0 9 - A N O 6 - N º 6 8 - D I S T R I B U I Ç Ã O N A C I O N A L - I S S N 1 9 8 3 - 7 6 2 3<br />

NO MeIO<br />

DO cAMINHO<br />

HAVIA UM<br />

LIVrO<br />

O SESC coloca livros<br />

no caminho de<br />

milhares de brasileiros<br />

págs. 4 e 5<br />

acontece<br />

Sai resultado do<br />

Prêmio SESC de Literatura 2008<br />

nossa gente<br />

No mês do livro, conheça os escritores sesquianos<br />

Em vez de estantes, o ar livre e os livros dependurados nos varais (SESC Roraima)<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009 1


PONTO De VIsTA<br />

eXPeDIeNTe<br />

2<br />

Homens e<br />

livros Foto:<br />

A<br />

matéria de capa desta<br />

edição (páginas 4 e<br />

5) conta um pouco da<br />

profunda relação histórica<br />

do SESC com o<br />

livro e das paixões despertadas pela literatura<br />

em largos segmentos de nossa<br />

clientela. A frase clássica de Monteiro<br />

Lobato – “Um país se faz com homens<br />

e livros” – estimula uma oportuna reflexão<br />

sobre a notícia publicada aqui ao<br />

lado, que relata a cerimônia de abertura<br />

do ano letivo da Escola SESC de Ensino Médio, com direito à palestra<br />

do senador “educacionista” Cristovam Buarque.<br />

Uma escola com a qual sempre sonhamos para nossos filhos, que<br />

irão fazer o Brasil de amanhã.<br />

Sabemos todos que por trás de toda grande criação ou de todo<br />

grande desafio há sempre um idealista. Mas nem sempre os idealistas<br />

convertem seus sonhos em realidade, e nem sempre são convincentes e<br />

propositivos. Não é, contudo, o caso de quem protagonizou essa Escola.<br />

O semeador da boa ideia a fez germinar na terra e a tornou<br />

boa e fértil.<br />

Dia após dia, em todos nós, diretores, gerentes, professores, técnicos<br />

e administrativos do SESC, fortalece a certeza do acerto e a importância<br />

de sua decisão; que foi marcada não somente pelas suas fortes<br />

convicções, mas também pela sua obstinada e paciente atenção a todos<br />

nós, promovendo uma centena de encontros e debates em torno<br />

da Escola, para que, tudo absolutamente tudo, fosse objeto de reflexões<br />

críticas, presumindo que só assim um projeto dessa magnitude<br />

tomaria assento e berço forte.<br />

O semeador da boa ideia tem nome e sobrenome – Antonio Oliveira<br />

Santos. Um “fazedor“ do Brasil de hoje e, através da sua obsessão pela<br />

educação, construtor dos “fazedores” do Brasil de amanhã.<br />

Antonio Oliveira Santos<br />

Presidente do<br />

Conselho Nacional<br />

Maron Emile Abi-Abib<br />

Diretor Geral<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009<br />

Maron Emile Abi-Abib<br />

Diretor-Geral do Departamento Nacional<br />

Coordenação editorial<br />

SESC-DN/Assessoria de Divulgação e Promoção<br />

(Christiane Caetano, Marcella Marins, Denise Oliveira)<br />

Consultoria Editorial: Elysio Pires<br />

Jornal SESC Brasil é editado e produzido pela AG Rio<br />

Fotos - Banco de Imagem SESC Nacional<br />

Jornalista responsável - Arlete Gadelha (MTb 13.875/RJ)<br />

Colaboraram para esta edição:<br />

Francisco Reis da Silva Leite (AC), Janayna Ávila e Danielle Cândido (AL),<br />

AcONTece<br />

Guarim de Lorena<br />

n Abertura do segundo ano letivo da<br />

escola sesc de ensino Médio (DN)<br />

O senador ganhou quadro pintado por aluna da Escola<br />

“Sou um apaixonado por esta escola. Se tivéssemos<br />

um número maior de escolas como esta tanto<br />

o Brasil como o mundo seriam outros.”<br />

Foi assim que o senador Cristovam Buarque iniciou,<br />

no dia 16 de março, a palestra de abertura do<br />

segundo ano letivo da Escola SESC de Ensino Médio.<br />

Ao lado dos 337 alunos e seus professores,<br />

estiveram presentes na solenidade o Presidente<br />

do Conselho Nacional do SESC, Antonio Oliveira<br />

Santos; o Diretor-Geral do Departamento Nacional,<br />

Maron Emile Abi-Abib; e a Diretora da Escola,<br />

Claudia Fadel; além de convidados da área de<br />

educação.<br />

Dirigindo-se ao Presidente, o senador lembrou:<br />

“O homem é o único animal que sabe da sua morte<br />

e a teme. Mas ele pode se imortalizar através dos filhos<br />

ou, melhor ainda, deixar uma obra significativa<br />

em seu tempo de vida. Nesse sentido, sr. Antonio, o<br />

senhor é imortal, ao tornar realidade esta Escola.”<br />

Em sua mensagem Antonio Oliveira Santos fez<br />

questão de agradecer aos alunos do segundo e primeiro<br />

anos: “Obrigado por terem voltado e obrigado<br />

por terem vindo. Esta escola foi feita para vocês<br />

e é de vocês.”<br />

Os alunos participaram ativamente da solenidade,<br />

realizada no teatro da Escola SESC de Ensino<br />

Médio. Eles abriram a cerimônia cantando o Hino<br />

Nacional, produziram um vídeo, que mostrou a<br />

chegada dos novos colegas e suas primeiras impressões<br />

sobre a Escola e também foram responsáveis<br />

pelo encerramento com a canção Paratodos,<br />

de Chico Buarque.<br />

Viviani C. de Freitas (AM), Juliana Coutinho (AP), Ivson Vivas (BA),<br />

Eugênia Cabral (CE), RS Comunicação (ES), Sandra Stefan (GO),<br />

Viviane Franco (MA), Miriam Braga (MG), Sueli Batista (MT),<br />

Virgínia Carromeu (MS), Lourdinha Bezerra (PA), Alex Marcio (PB),<br />

Ana C. Coelho (PI), Daniella Monteiro (PE), Karen Bortolini (PR), Keila<br />

Alves (RO), Catiúcia Ruas (RS), Roberta Sandreschi e<br />

Débora Murta Braga (SC), Aparecida Onias (SE) e Renato Pietro (TO).<br />

Impressão: Gráfica Minister<br />

Tiragem: 18 mil exemplares<br />

Esta publicação segue as novas regras de ortografia da Língua Portuguesa


n Viva o Teatro, Viva o picadeiro! (Pe/ce/bA/PA/rJ/DF)<br />

O Dia Mundial do Teatro e do<br />

Circo, comemorado em 27 de março,<br />

foi celebrado com eventos em<br />

vários Regionais durante todo o<br />

mês. Em Pernambuco, as unidades<br />

de Santo Amaro, Piedade, Santa Rita<br />

e Casa Amarela promoveram uma<br />

programação variada que incluiu espetáculos<br />

teatrais, sessões de filmes<br />

e vídeos, exposição fotográfica, oficina<br />

de dramaturgia e palestras. No<br />

Ceará, a Semana SESC de Artes Cênicas<br />

apresentou, de 24 a 31, desde<br />

teatro de bonecos a festival de esquetes.<br />

Na Bahia, o Regional realizou, em parceria<br />

com a Cooperativa Baiana de Teatro,<br />

oficinas de improvisação e de acrobacias<br />

no projeto Viva Teatro, Viva o Circo. No Pará,<br />

10 dos principais grupos de dança e teatro<br />

de Belém se apresentaram pelo EnCena<br />

SESC em unidades do estado. O SESC/DF<br />

n Novos espaços (TO/DF/Pr/sc)<br />

Palmas, Brasília, Curitiba e Florianópolis<br />

ganharam novos espaços. O Teatro<br />

SESC Palmas, com capacidade para 260<br />

pessoas, recebe em abril espetáculo de<br />

dança do Grupo Casulo e tem na agenda<br />

apresentações dos projetos Palco Giratório,<br />

Sonora Brasil e SESC Amazônia das<br />

Artes. O Distrito Federal ganhou em 11<br />

de março a unidade SESC Presidente Dutra,<br />

no Setor Comercial Sul. O edifício que<br />

já abrigou por 25 anos a CNC passou por<br />

ampla reforma.<br />

SESC Presidente Dutra é a nova unidade no DF<br />

Foto: Nilson Santana (PR)<br />

Foto: Eraldo Peres (DF)<br />

promoveu de 24 a 28 de março mais uma<br />

edição do SESC Festclown, que reuniu grupos<br />

nacionais como o Circo Teatro Artetude<br />

(DF), Pé de Vento (PR) e Intrépida Trupe (RJ); e<br />

as companhias internacionais Guarde Hunter<br />

(Suiça) e Chichê Capon (França), entre<br />

outras. Em Campos (RJ), a arte circense foi<br />

vista em filmes, peças e acrobacias.<br />

As instalações atuais contam com biblioteca,<br />

teatro, clínica odontológica, além<br />

de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e<br />

Educação Complementar.<br />

Artista restaura teto do Paço da Liberdade<br />

Em Curitiba, a parceria com a Prefeitura<br />

viabilizou a restauração e abertura da Unidade<br />

Paço da Liberdade SESC Paraná, em 29<br />

de março. Tombado pelo Patrimônio Histórico,<br />

o prédio que antes abrigava o Museu<br />

Paranaense passa a oferecer workshops,<br />

cursos e outras oficinas, com curadoria e<br />

seleção de programações realizadas pelo<br />

SESC, com apoio da Fundação Cultural da<br />

Prefeitura. Tijucas, na região metropolitana<br />

de Florianópolis, ganhou em 17 de março<br />

um novo Centro Educacional SESC LER, que<br />

atenderá cerca de 270 alunos.<br />

Foto: Márcio Lima (BA)<br />

cUrTAs<br />

n Vencedores do Prêmio sesc<br />

de Literatura 2008 (DN)<br />

O baiano Márcio Ribeiro Leite, com<br />

o romance O momento mágico, e Sergio<br />

Leo, do Distrito Federal, com sua<br />

coletânea de contos Mentiras do Rio,<br />

são os vencedores do Prêmio SESC de<br />

Literatura 2008. O lançamento dos livros,<br />

editados pela Record, está previsto<br />

para acontecer no final de junho, na<br />

Academia Brasileira de Letras (ABL), no<br />

Rio de Janeiro.<br />

n circuito histórico (MG)<br />

Seis roteiros elaborados pelo programa<br />

Viver BH, do DR/MG, deixam<br />

os projetos de arquitetura e paisagismo<br />

de Belo Horizonte mais perto da<br />

população e dos turistas em 2009. O<br />

conjunto arquitetônico de Pampulha,<br />

o Museu de História Natural da PUC, a<br />

Gruta da Lapinha, o Parque Municipal<br />

e a Praça da Liberdade são alguns dos<br />

itinerários do circuito. Mais informações<br />

em www.sescmg.com.br.<br />

n cinema engajado (sP)<br />

O Documentário Engajado foi o<br />

tema da 9ª Conferência Internacional<br />

do Documentário, realizada de 1 a 3 de<br />

abril, no SESC Avenida Paulista. A conferência<br />

fez parte da programação do<br />

É Tudo Verdade – Festival Internacional<br />

de Documentários, que exibiu filmes<br />

no CineSESC, SESC Paulista, entre outras<br />

salas.<br />

n Peça encena a Paixão<br />

de cristo (Pe)<br />

O espetáculo Horizonte da Paixão,<br />

promovido pelo SESC Arcoverde,<br />

aconteceu ao ar livre, nos dias 9, 10 e<br />

11 de abril.<br />

errata<br />

A matéria “SESC leva Educação a<br />

todo país”, da edição de março, informou<br />

erradamente o número de alunos<br />

das escolas em Aracruz, Vila Velha<br />

e Linhares do DR/ES. Em 2008, essas escolas<br />

tinham 950 alunos, sendo 409 na<br />

Educação Infantil e 541 no Ensino Fundamental.<br />

Em 2009, com seis Escolas, o<br />

DR/ES tem 1.543 alunos.<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009 3


MATÉrIA De cAPA<br />

No sesc todo dia é di<br />

Instituição forma leitores e chega a transformar alguns em escritores<br />

Mais lembrado como o<br />

mês da Páscoa e dos<br />

ovos de chocolate, abril<br />

também celebra uma<br />

das mais prazerosas atividades:<br />

a leitura.<br />

Dois dias são dedicados ao livro: 18 de<br />

abril - Dia Nacional do Livro Infantil, instituído<br />

por lei federal de 2002 com base na<br />

data de nascimento do escritor Monteiro<br />

Lobato; e 23 de abril - Dia Mundial do Livro<br />

instituído pela Organização das Nações<br />

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura<br />

(Unesco), em 1995.<br />

No SESC, o livro tem lugar de destaque<br />

desde sua criação. Mesmo antes da instalação<br />

da primeira biblioteca fixa, pelo Departamento<br />

Regional do Ceará, em 1954,<br />

as publicações chegavam às comunidades<br />

por meio das bibliotecas circulantes: caixas<br />

com vários livros que eram deslocadas<br />

para lojas, sindicatos, associações e escolas,<br />

em um sistema de rodízio.<br />

Hoje, a instituição registra a maior rede<br />

de bibliotecas privadas do país: 262. Além<br />

disso, as 27 unidades móveis do BiblioSESC<br />

levam a comunidades e cidades do interior<br />

um acervo de 3 mil livros, que são emprestados<br />

gratuitamente.<br />

Essas são apenas algumas das formas<br />

que o SESC trabalha a área de literatura.<br />

4<br />

Dois dedos de café e prosa<br />

Vários Regionais inau guraram suas atividades<br />

com Feiras de Livros, geralmente<br />

montadas ao ar livre. Primeiro elas eram<br />

dedicadas às crianças, depois passaram a<br />

atender toda a população.<br />

Projetos como o Leitura na Praça, realizado<br />

em São João da Baliza (RR), que<br />

há cinco anos, todo sábado, leva para a<br />

comunidade local a oportunidade de ter<br />

contato com os livros, são comuns em<br />

Regionais de norte a sul do país, que promovem<br />

a formação de leitores através da<br />

realização de inúmeros projetos literários.<br />

No Mato Grosso, por exemplo, o Poesia,<br />

Versos e Cordas encena obras de escritores<br />

nacionais e internacionais há sete anos. Em<br />

2009, foram escolhidos textos de José Sara-<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009<br />

mago, Gregório de Matos, Goethe e Carlos<br />

Drummond de Andrade para serem apresentados<br />

nas Bibliotecas do SESC do estado.<br />

No Rio Grande do Sul, os Encontros<br />

Literários oferecem durante todo o ano<br />

oficinas de criação de literatura infantil e<br />

juvenil, de contos, de haicais – poesias de<br />

origem japonesa –, de crônica, poesia e romance,<br />

em várias unidades do DR/RS.<br />

Livros por todos os caminhos<br />

Para os 508 mil leitores que fazem empréstimos<br />

na Rede SESC de Bibliotecas é<br />

possível viajar, nas folhas de um livro, a terras<br />

quase sempre muito distantes.<br />

O auxiliar de farmácia Roberto Nascimento<br />

aproveita o percurso de ônibus para<br />

o trabalho, no bairro Rio Vermelho, em Salvador,<br />

para conhecer o misterioso mundo<br />

do Oriente Médio, a bordo do Caçador de<br />

pipas, de Khaled Hosseini. Segundo ele, “é<br />

melhor uma verdade que dói, do que uma<br />

mentira que consola”, citação retirada do<br />

romance, que lhe ensina a história e modo<br />

de pensar dos afegãos.<br />

Embora geograficamente distante de<br />

Roberto, a mineira Gislene Fernando também<br />

aproveita as idas e vindas em transportes<br />

coletivos para colocar a leitura em dia.<br />

A paixão pelos livros começou ao ver as<br />

cinco irmãs se enfiarem embaixo da cama<br />

para ler fotonovelas proibidas pela mãe. Ela<br />

achava divertido aquele jogo de escondeesconde.<br />

Hoje, casada com um servidor do<br />

SESC que trabalha na biblioteca volante da<br />

região, teve reacesa a paixão pela literatura<br />

e “consome” por mês duas obras de autores<br />

nacionais e internacionais. Gislene acredita<br />

que ler abre os horizontes e as mentes, a<br />

ponto de fazer com que o leitor se transforme<br />

no personagem principal da história.<br />

“Por melhor que uma cena seja descrita,<br />

você é o único que pode enxergá-la.<br />

Você pode descobrir lugares, se imaginar<br />

na pele da personagem e, muitas vezes, ser<br />

a autora, criando um final diferente para o<br />

romance”, afirma ela, que mal acabou de<br />

ler Fomos longe demais, de Suzanne Brockmann,<br />

engrenou a leitura de A montanha<br />

e o rio, de Da Chen.<br />

BiblioSESC na Cidade de Deus, na Zona Oeste<br />

do Rio de Janeiro<br />

No Rio de Janeiro, a manicure Geane<br />

Marques, moradora do Terreirão, comunidade<br />

no Recreio dos Bandeirantes, voltou<br />

a ler depois de encontrar o BiblioSESC<br />

parado ao lado da Escola Municipal Carlos<br />

Delgado de Carvalho, onde os filhos<br />

estudavam.<br />

Geane conta que prefere histórias reais,<br />

como a que narra os preconceitos vividos<br />

pela princesa Sultana, da Arábia Saudita<br />

(Princesa: a história real da vida das mulheres<br />

árabes, de Jean Sasson).<br />

“De um ano e meio pra cá, aproveitei a<br />

presença regular do caminhão para matar<br />

a fome das letras”, afirma a manicure, que<br />

de 15 em 15 dias pega livros no BiblioSESC<br />

para ela e para os três filhos.<br />

O paulista Elias Beltram de Oliveira<br />

descobriu há 10 anos que o caminho para<br />

o restaurante também levava à biblioteca,<br />

ambos localizados no SESC Carmo (SP), que<br />

fica na mesma quadra da gráfica onde ele<br />

Esaú e Jacó foi o último romance lido por Elias<br />

trabalha. O gráfico segue a mesma rotina<br />

diariamente: depois do almoço, aproveita o<br />

tempo que sobra para devorar os clássicos<br />

de Machado de Assis.<br />

Foto: Divulgação<br />

Foto: Divulgação


a do livro<br />

Foto: Sabrina Barbosa<br />

Foto: Gilvan Costa<br />

Na região Centro-Oeste, o mato-grossense<br />

Wagner Ferreira Leite conta que frequentou<br />

a Biblioteca SESC Cuiabá de 1965<br />

até a inauguração da unidade do Arsenal,<br />

em 2002, quando todo acervo foi transferido<br />

de uma unidade para outra. Ele afirma<br />

que lê os jornais diários locais para<br />

se manter atualizado e que a leitura abre<br />

seus olhos para novos horizontes. A frase<br />

que mais marcou Wagner é de Euclides da<br />

Cunha, que em Os sertões declara: “O sertanejo<br />

é antes de tudo um forte.”<br />

Para Wagner, “A leitura tira a venda da ignorância”<br />

No Norte do país, a estudante de psicologia<br />

Arieche K. Lima, que pega livros<br />

na Biblioteca Afonso Rodrigues, no SESC<br />

Centro (RR), revela que aproveita as férias<br />

para finalizar leituras deixadas de lado com<br />

os afazeres do dia a dia. Com o passar do<br />

tempo, ela que só lia gibis, começou a ler de<br />

Balzac a Érico Veríssimo.<br />

“Hoje leio de tudo, mas prefiro gêneros<br />

como ficção e aventuras, com histórias<br />

temperadas com uma pitada de comédia e<br />

romance”, destaca Arieche.<br />

Arieche aproveitou as férias para ler Amanhecer,<br />

de Stephenie Meyer<br />

De leitores<br />

a escritores<br />

No âmbito da literatura, a<br />

formação de leitores críticos<br />

e o incentivo à produção literária<br />

são objetivos dos projetos<br />

realizados pelo SESC.<br />

O Prêmio SESC de Literatura,<br />

por exemplo, ajuda a<br />

revelar novos talentos desde<br />

2003.<br />

André de Leones, vencedor<br />

do concurso em 2005, com o<br />

romance Hoje está um dia morto,<br />

conta que enquanto planeja<br />

uma viagem para Israel, lê<br />

De amor e trevas.<br />

“A autobiografia do escritor<br />

israelense Amós Oz além<br />

de falar do processo de guerra<br />

e paz no território judeu, faz<br />

parte da obra de um dos me-<br />

André teve seu segundo livro<br />

Paz na Terra editado pela<br />

Record<br />

lhores escritores vivos”, justifica a escolha.<br />

André diz que a publicação do primeiro livro por uma<br />

grande editora o permitiu sair à caça de eventuais leitores<br />

pelo país afora.<br />

“Cada qual com uma leitura diferente do que escrevo.<br />

Nesse sentido, a premiação também me deu de presente o<br />

meu país, o qual eu pouco conhecia.”<br />

O paranaense<br />

Marcos Cremasco,<br />

vencedor do<br />

mesmo prêmio<br />

em 2003, com o<br />

romance Santo<br />

Reis da Luz Divina,<br />

é outro leitor<br />

voraz. Atualmente<br />

lê O meu desti-<br />

O escritor Marco Cremasco continua<br />

um leitor voraz<br />

no é ser onça, de<br />

Alberto Mussa e<br />

O livro de areia, de Jorge Luis Borges. Segundo ele, o primeiro<br />

resgata a origem dos tupinambás e a outra obra<br />

reúne contos publicados por Borges.<br />

Foto: Divulgação<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009 5


LeITOr<br />

As servidoras Rosecler Passos, Técnico de Atividade da unidade<br />

de Guarapuava (PR), Ângela Koerich, Telefonista do<br />

SESC Florianópolis (SC), e Luciane Roeder, Coordenadora<br />

de Educação em Saúde e Cursos do SESC Portão, em Curitiba<br />

(PR), foram convidadas pelo Jornal SESC Brasil para<br />

falar da viagem que fizeram ao Hotel Porto Cercado, no Pantanal, destino<br />

de abril dessa seção. Elas descreveram os passeios e curiosidades<br />

que viram na viagem e dão dicas aos próximos sorteados.<br />

Para Rosecler, o som dos pássaros e a observação de jacarés e de<br />

outros animais vão ficar gravados na sua memória para sempre. No<br />

passeio realizado à Casa do Pantaneiro, construída com barro pelas<br />

mãos de Dito Verde, nascido e criado às margens do rio Cuiabá, ela<br />

recorda das músicas tocadas na viola de cocho (instrumento típico<br />

da região Centro-Oeste brasileira feita por tronco inteiriço) do pantaneiro.<br />

Segundo a paranaense, o passeio para ver o alvorecer foi o<br />

ponto alto da viagem.<br />

“Saímos de barco às 4h30 da manhã, ainda estava escuro e havia<br />

somente o barulho do motor do barco. Quando o sol começa a surgir e<br />

as aves começam a revoada... Ah, é lindo demais! A paisagem se transforma<br />

a cada instante”, descreve Rosecler, que lembra também da visita<br />

ao Borboletário, quando pôde conhecer os segredos das borboletas.<br />

Conhecer o magnífico patrimônio ecológico intocado, segundo<br />

Luciane, foi uma experiência inesquecível. “Visualizar a imensidão<br />

verde, assistir ao amanhecer e entardecer do mirante do hotel, ver e<br />

ouvir de perto, durante os passeios, sons de tuiuiús e outros animais<br />

6<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009<br />

PreMIADO<br />

Rosecler e sobrinha observam<br />

o alvorecer<br />

Luciane posa no pórtico do Hotel<br />

Porto Cercado<br />

Ângela durante a visita ao<br />

Borboletário<br />

A Casa do Pantaneiro é parada<br />

obrigatória<br />

A partir dessa edição, a seção Leitor Premiado traz<br />

uma novidade. Os leitores que já foram sorteados vão<br />

descrever as aventuras vividas e ter suas fotografias<br />

publicadas aqui.<br />

retratos do Pantanal<br />

As impressões de três viajantes sobre o santuário ecológico<br />

foi encantador”, lembra a curitibana.<br />

Ela destaca a beleza das espécies no Borboletário, a cavalgada, a<br />

focagem noturna e a hospitalidade como os pontos altos da estadia.<br />

“Na cavalgada, fomos levados de bonde da pousada até o Parque<br />

SESC Baía das Pedras, onde passeamos de cavalo pelas trilhas,<br />

avistamos os tuiuiús e pudemos chegar perto dos jacarés, no lago<br />

do parque. Estar em um local planejado para a educação e conscientização<br />

ambiental me fizeram refletir sobre o papel de cada um<br />

de nós na preservação da natureza”, descreve Luciane.<br />

Ângela da Rocha viajou acompanhada por seu marido. Foi a primeira<br />

vez que eles fizeram uma viagem de avião.<br />

“O primeiro voo foi incrível, o que fez da viagem maravilhosa desde<br />

o início. Foram três dias em um paraíso”, declara Ângela. Para ela, a experiência<br />

foi tão rica, que ficou difícil apontar um único momento bom.<br />

“O hotel é lindo, a culinária saborosa. Comemos pacu, pintado e<br />

um arroz com pequi – fruta típica - maravilhosos. Além disso, conhecemos<br />

o formigueiro, onde observamos, através de um vidro, todo o<br />

processo de trabalho das formigas. Fizemos também um passeio de<br />

barco, quando avistamos jacarés, antas, macacos, araras e o tuiuiú,<br />

ave símbolo do Pantanal!”, finaliza ela.<br />

Nota da Redação: A pedido dos leitores, o Jornal SESC Brasil estendeu<br />

o prazo de sorteio do Leitor Premiado, que agora acontece no<br />

último dia útil do mês. Por este motivo, o nome do servidor sorteado<br />

na enquete de março, será divulgado na edição de maio.


NOssA GeNTe<br />

A sabedoria popular diz que é preciso escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Um contista, duas poetisas e um<br />

dramaturgo, que têm como principal atividade o trabalho no SESC, revelam aqui porque escrevem.<br />

Inspiração no cotidiano<br />

Luiz Ohlson, Analista de Sistemas<br />

da Gerência de Tecnologia e Informática<br />

do SESC Rio Grande do Sul, parafraseia<br />

a escritora Cora Coralina para<br />

explicar porque começou a escrever<br />

aos 56 anos.<br />

“Não morre aquele que deixou na<br />

terra a melodia de seu cântico na música<br />

de seus versos.”<br />

Ele começou a frequentar, em 2005,<br />

as oficinas literárias de Charles Kiefer,<br />

organizador da coletânea de contos<br />

publicada pela Editora Nova Prova por<br />

três anos consecutivos.<br />

“Nessa época, participei das feiras<br />

de livros em Porto Alegre e Passo Fundo,<br />

e do lançamento de Inventário das<br />

delicadezas, na Livraria da Vila, em Vila<br />

Madalena (SP).”<br />

Luís conta que as suas histórias surgem<br />

a partir da observação do dia a dia:<br />

“Acho que a história está incrustrada<br />

no cotidiano, assim como a estátua<br />

já reside na pedra. Cabe ao escultor/<br />

escritor retirar os excessos. O que resta,<br />

se bem manejado o cinzel (ou a linguagem,<br />

no caso do escritor) é a obra<br />

que, insisto, já estava lá.”<br />

Poesia independente<br />

Veia poética familiar<br />

Rosane Carneiro, Redatora<br />

e Assistente Editorial da<br />

Assessoria de Divulgação e<br />

Promoção do DN, conta que<br />

a escrita é um ato natural<br />

para ela, que descende de<br />

escritores.<br />

“Para mim, fotograficamente<br />

falando, escrever é<br />

uma forma de revelação<br />

em palavras dos meus instantâneos<br />

de alumbramentos”,<br />

afirma a poetisa que<br />

no segundo semestre lança<br />

Corpo estranho, pela Editora da Palavra.<br />

“O gosto de perceber a poesia despertar<br />

as pessoas da letargia em que vivem imersas<br />

e o de captar as interferências das palavras,<br />

quando elas, vivas, mexem com as percepções<br />

O cordel como influência<br />

O jornalista Alvaro F. de Oliveira, Coordenador<br />

de Cultura do SESC Centro Campina<br />

Grande (PB), é autor de várias peças e livros,<br />

alguns premiados. No concurso Novos Autores<br />

Paraibanos, organizado pela Universidade<br />

Federal da Paraíba (UFPB), em 1998, ele obteve<br />

a primeira colocação com o conto infantil O<br />

Menino de olhos grandes e a Estrela azul. Entre<br />

as peças de sua autoria destaca-se o espetáculo<br />

Última Estação, que fez temporada em Portugal,<br />

em 1994, e a peça Saga de um Visionário,<br />

premiada no II Festival Nordestino de Teatro,<br />

em Guaramiranga (CE), em 1996.<br />

Para Alvaro, escrever é mergulhar na<br />

imensidão dos conflitos humanos, é poder<br />

falar da sua própria dor e dos outros. Ele<br />

resgata em seus textos memórias de histórias<br />

ouvidas na meninice.<br />

A veia poética de Edeir Bahia é hereditária. Na casa dela todo mundo<br />

escreve: ela, a filha e os dois irmãos foram influenciados pela mãe. Edeir,<br />

Diretora de Orientação Social do DR/BA, graduada em filosofia e psicologia,<br />

iniciou sua trajetória poética aos 23 anos, sem pretensão de seguir<br />

carreira. A coletânea Tempo presente, publicação independente de 2002,<br />

reúne as poesias da fase da juventude. Edeir já começou a escrever seu<br />

novo livro, ainda sem editora e com previsão de lançamento para o final<br />

de 2009, onde vai apresentar poesias de todas as fases da sua vida.<br />

e histórias de vida, é um presente”,<br />

diz a escritora.<br />

Algumas obras de Rosane<br />

repercutiram no meio<br />

literário. É o caso de Prova,<br />

editado pela Ibis Libris, em<br />

2004, que ganhou resenha<br />

no jornal curitibano Rascunho,<br />

e pode ser encontrado<br />

ainda nas estantes da<br />

editora e em feiras como<br />

a Primavera dos Livros, no<br />

Rio de Janeiro, ou na Feira<br />

Internacional Literária de<br />

Parati (Flip). Este ano, o Núcleo de Estudos de<br />

Literatura Latino-Americana da Universidade<br />

da Flórida (EUA) publica ensaio sobre poema<br />

da escritora, publicado na revista Poesia Sempre,<br />

da Biblioteca Nacional.<br />

“Meu pai gostava de cordel e contava histórias<br />

encantadoras, como O Pavão Misterioso, Filho<br />

de Ninguém e A Princesa do Reino Encantado,<br />

que moram no meu imaginário”, explica.<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009 7


eNTreVIsTA<br />

sesc e editora record apostam<br />

em novos talentos literários<br />

A<br />

jornalista Luciana Villas-<br />

Boas, diretora editorial<br />

da Record, fala dos<br />

frutos da parceria no<br />

Prêmio SESC de Literatura<br />

e do atual momento do mercado<br />

editorial brasileiro. Ela aposta no<br />

trabalho capilarizado realizado pelo<br />

Serviço Social do Comércio para a<br />

abertura do universo literário a grande<br />

número de pessoas.<br />

Jornal SESC Brasil: Em 2003 o SESC e a<br />

Editora Record iniciaram a parceria na realização<br />

do Prêmio SESC de Literatura, que<br />

revela novos talentos da literatura nacional.<br />

De lá para cá, o que mudou no mercado<br />

editorial para estreantes?<br />

Luciana Villas-Boas: Mudanças na dinâmica<br />

do mercado editorial brasileiro e<br />

a crise financeira global dificultam ainda<br />

mais a revelação dos novos talentos da<br />

literatura brasileira, principalmente quando<br />

se fala de ficção. O novo autor é sempre<br />

uma aposta no escuro, que se faz em<br />

geral mirando a longo prazo. Com o acirramento<br />

da competição pelo novo bestseller,<br />

que venderá centenas de milhares<br />

de exemplares no ano do seu lançamento,<br />

as editoras diminuíram em seus catálogos<br />

o espaço dos livros de venda média, ainda<br />

que de longa permanência, e hesitam até<br />

em apresentá-los aos livreiros.<br />

J.S.B.: A proposta do SESC para o prêmio<br />

é identificar, lançar e inserir novos<br />

escritores no mercado, custeando a participação<br />

deles em cafés literários, feiras e<br />

mostras. Como a editora apoia a entidade<br />

nesse trabalho de divulgação do escritor<br />

e sua obra?<br />

L.V.B.: A Editora Record dá ao original<br />

premiado pelo SESC todas as condições<br />

que são conferidas a qualquer outro livro<br />

contratado por nós. Garantimos uma distribuição<br />

capilarizada por toda a rede de<br />

livrarias do território nacional. Fazemos<br />

8<br />

SESC BRASIL n ABRIL 2009<br />

um intenso trabalho de divulgação na imprensa.<br />

Inscrevemos os livros em vários outros<br />

prêmios, conferidos a obras já publicadas,<br />

como o Portugal Telecom, o Jabuti, o<br />

Prêmio Estado de São Paulo, o Casa de Las<br />

Américas. Neles, algumas vezes, nossos autores<br />

SESC/Record foram finalistas.<br />

J.S.B.: Quais foram os frutos da parceria<br />

para a Record? Algum talento descoberto<br />

no Prêmio SESC de Literatura rendeu novas<br />

obras publicadas pela editora?<br />

L.V.B.: Marco Aurélio Cremasco, Lúcia<br />

Bettencourt e André de Leones já tiveram<br />

novos títulos publicados por nós.<br />

A classificação dos livros dos autores<br />

revelados pelo Serviço Social do Comércio<br />

nos principais prêmios literários para<br />

obras publicadas, a criação de novas obras<br />

de excelente qualidade e seus consequentes<br />

lançamentos, e os bons números de<br />

vendas representam uma parceria riquíssima<br />

com o SESC e muito importante para<br />

a Editora Record.<br />

O SESC faz<br />

um trabalho<br />

realmente de base,<br />

capilarizado, que<br />

vai muito além<br />

de promover<br />

feiras, mostras e<br />

concursos.<br />

J.S.B.: Como você vê o papel do SESC<br />

na formação de novos leitores e escritores?<br />

L.V.B.: É o trabalho mais importante<br />

que vem sendo feito em todo o Brasil no<br />

sentido de abrir o universo da literatura<br />

para um grande número de pessoas, de<br />

formar escritores, leitores e cidadãos. Um<br />

trabalho realmente de base, capilarizado,<br />

que vai muito além de promover feiras,<br />

mostras e concursos.<br />

Foto: Divulgação

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