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Leia toda a entrevista na edição impressa disponível para ... - Lux - Iol

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Carlos Cruz diz que houve quatro Carlos Silvinos ao longo do<br />

processo, numa alusão às suas mudanças de comportamento<br />

e de discurso. Mas tem uma certeza: “O que diz que não me<br />

conhece, o que me inocenta, é o que está a falar verdade”<br />

Carlos Silvino diz que quer pedir<br />

desculpa a todos os que acusou<br />

diz, dando mostras de querer<br />

pedir-lhes desculpa. De resto,<br />

o mesmo sentimento revela<br />

em relação aos outros arguidos.<br />

Diz que viu Carlos Cruz uma<br />

vez num encontro que se pode<br />

considerar casual, que nunca<br />

tinha visto o embaixador Jorge<br />

Ritto, que só conheceu Hugo<br />

Marçal quando este foi seu<br />

advogado e que “nunca <strong>na</strong> vida”<br />

tinha visto Gertrudes Nunes.<br />

Só conhecia Manuel Abrantes<br />

e Ferreira Diniz porque eram, respetivamente,<br />

diretor e médico<br />

da Casa Pia. Alguns dos arguidos<br />

entretanto conde<strong>na</strong>dos já<br />

reagiram à <strong>entrevista</strong> de “Bibi”.<br />

Ferreira Diniz espera a reabertura<br />

do processo, enquanto os advogados<br />

de Carlos Cruz e Manuel<br />

Abrantes – Ricardo Sá Fer<strong>na</strong>ndes<br />

e Paulo Sá e Cunha, respetivamente<br />

– querem que a <strong>entrevista</strong><br />

seja incluída no recurso<br />

<strong>para</strong> o Tribu<strong>na</strong>l da Relação. Já o<br />

advogado das vítimas tem opinião<br />

diferente, como seria de esperar.<br />

Miguel Matias afirmou<br />

ao jor<strong>na</strong>l i que as vítimas estão<br />

“indig<strong>na</strong>das e revoltadas” com<br />

as palavras de Carlos Silvino. Por<br />

outro lado, acredita que a <strong>entrevista</strong><br />

visou “descredibilizar ainda<br />

mais o processo”. Quanto às consequências<br />

que dela poderão<br />

resultar, o advogado não tem dúvidas:<br />

“Não tem qualquer relevância<br />

processual.” Essa é também a<br />

opinião de outros especialistas,<br />

como o juiz desembargador<br />

Eurico Reis, <strong>para</strong> quem as declarações<br />

“são irrelevantes” e “insufi<br />

cientes” <strong>para</strong> reabrir o processo.<br />

Contudo, <strong>para</strong> os arguidos,<br />

digamos que a esperança se<br />

reacendeu. “O Carlos Silvino<br />

que diz que não me conhece,<br />

o que me inocenta, é o que<br />

está a falar verdade”, diz Carlos<br />

Cruz, em declarações ao Público.<br />

Contudo, as mais recentes afi rmações<br />

do ex-motorista ainda<br />

não chegam <strong>para</strong> sossegar<br />

o antigo apresentador: “Dão é<br />

alguma esperança de que ao<br />

longo da vida, mesmo <strong>na</strong>s pessoas<br />

mais básicas, a consciência<br />

desperta.” Carlos Cruz acrescenta<br />

que virá o tempo de “desmontar<br />

a total ausência de investigação”<br />

e fala dos rapazes que o acusaram:<br />

“Gostaria que os rapazes que hoje<br />

são homens e estão sob a pressão<br />

de terem recebido 50 mil euros de<br />

indemnização, com o andar do<br />

tempo percebam que, ao mentir,<br />

destruíram a minha família.”<br />

Mas a família continua presente.<br />

Contactada pela <strong>Lux</strong>, a mulher,<br />

Raquel Cruz, mostrou-se mais<br />

cautelosa nos comentários:<br />

“Ainda estamos a digerir... Naturalmente,<br />

estamos mais aliviados.”<br />

Já Marta Cruz, a fi lha mais velha, foi<br />

mais expansiva: “É pe<strong>na</strong> que tenha<br />

demorado tantos anos <strong>para</strong> dizer<br />

isto, mas mais vale tarde do<br />

que nunca. Sempre disse que<br />

o meu pai é inocente. Espero<br />

que agora venha tudo ao de cima<br />

e que se faça justiça fi <strong>na</strong>lmente.”<br />

E desabafou: “Não se pode afi rmar<br />

coisas e acusar pessoas levia<strong>na</strong>mente.<br />

Estas mentiras afetaram<br />

várias vidas.” Quanto ao<br />

futuro e ao que daqui possa<br />

resultar, Marta é clara: “Espero<br />

que isto resulte <strong>na</strong> total ilibação<br />

do meu pai e que o seu bom nome<br />

fi que limpo.” Do Brasil, Marluce,<br />

ex-mulher de Carlos Cruz, disse<br />

à <strong>Lux</strong> que se emocionou: “Fiquei<br />

muito feliz, chorei e agradeci<br />

a Deus por ele [Carlos Silvino]<br />

ter vindo dizer a verdade. Temos<br />

menos peso em cima dos ombros.<br />

Já falei com o Carlos e<br />

sinto que está mais animado e<br />

com mais força. Acredito e espero<br />

que isto tenha um efeito prático.<br />

Se não tiver, está tudo doido!”<br />

Seis anos após o início do julgamento,<br />

este é um processo<br />

que nunca foi consensual<br />

junto da opinião pública e que<br />

dividiu – e divide – especialistas.<br />

Foi pretexto <strong>para</strong> pôr em<br />

causa, mais uma vez, a Justiça<br />

e o funcio<strong>na</strong>mento dos tribu<strong>na</strong>is,<br />

e a <strong>entrevista</strong> de Carlos Silvino<br />

só vem adensar o “nevoeiro”<br />

que sempre pairou sobre o caso.<br />

De tal maneira que <strong>para</strong> o comum<br />

dos portugueses, já não se<br />

consegue distinguir a verdade da<br />

mentira, tal é a confusão. Quanto<br />

às entidades ofi ciais, em nota<br />

ofi cial enviada à Agência Lusa,<br />

a Procuradoria-Geral da República<br />

garante que vai a<strong>na</strong>lisar a<br />

<strong>entrevista</strong> e diz que o procurador-<br />

-geral da República, Pinto Monteiro,<br />

vai reunir-se com o procurador<br />

do processo, João<br />

Aibéo. ■<br />

texto José Guinot (jguinot@lux.iol.pt)<br />

fotos Arquivo <strong>Lux</strong> e D.R.

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