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Tempos <strong>de</strong> guerra 17<br />
não sei. Melhor é fingir que nada foi real. Escondê-lo das palavras. Talvez<br />
tenhamos menos vergonha <strong>de</strong> dizer que somos humanos e aceitemos a<br />
idéia <strong>de</strong> que nos tornamos animais.<br />
Tudo acontece em uma quarta-feira, 1º <strong>de</strong> setembro. O enorme relógio<br />
da pare<strong>de</strong> da escola primária marca 9h40. É uma manhã típica <strong>de</strong><br />
fim <strong>de</strong> verão. Há sol e alegria lá fora. Dentro da escola, alunos, professores<br />
e pais <strong>de</strong> família se preparam para dar início ao programa <strong>de</strong> comemoração<br />
<strong>de</strong>nominado “Jornada do Saber”.<br />
Subitamente, disparos e vozes <strong>de</strong> comando são ouvidos. Palavrões,<br />
ameaças, socos e pontapés são distribuídos a torto e a direito. Em fração<br />
<strong>de</strong> segundos, 32 homens e mulheres armados até os <strong>de</strong>ntes, com os rostos<br />
encapuzados e com os olhos injetados, <strong>de</strong>stilando ódio, dominam a<br />
escola. Poucos minutos <strong>de</strong>pois, têm em seu po<strong>de</strong>r 1.300 reféns. 1<br />
Os invasores colocam os reféns no pátio da escola e distribuem uma<br />
enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explosivos à sua volta, para se proteger em caso <strong>de</strong><br />
serem atacados <strong>de</strong> surpresa. As milícias especiais <strong>de</strong> segurança do exército<br />
cercam a escola. Ficam em prontidão para entrar ao menor <strong>de</strong>scuido<br />
dos terroristas.<br />
Assim começam três dias <strong>de</strong> horror. Os reféns jamais esquecerão<br />
esse episódio e o mundo inteiro o lembrará como <strong>de</strong> uma ferida aberta<br />
que <strong>de</strong>mora a cicatrizar, por muito tempo. É uma guerra. Jesus já havia<br />
dito: “Ouvireis falar <strong>de</strong> guerras e rumores <strong>de</strong> guerras” (Mateus 24:6). Esse<br />
seria um dos sinais que anunciariam Seu retorno à Terra.<br />
A princípio, os invasores não fazem nenhuma exigência. Simplesmente<br />
se recusam a <strong>de</strong>ixar os alunos comer e beber. Ameaçam matar 20 <strong>de</strong>les cada<br />
vez que um membro seja ferido pelas forças <strong>de</strong> segurança. Há amargura e<br />
rancor nas palavras do chefe do comando invasor. Anuncia aos jornalistas<br />
que não dará nem água nem comida às crianças. Alguns alunos contariam,<br />
<strong>de</strong>pois, que os terroristas os obrigaram a beber sua própria urina.<br />
Sexta-feira, 3 <strong>de</strong> setembro. Está quente. Faz um calor infernal. As<br />
crianças estão sufocadas <strong>de</strong>ntro do pátio. Ninguém sequer imagina a tragédia<br />
que está por vir. Faltam apenas 93 dias para que outra tragédia <strong>de</strong>