Uma experiência do front: - Programa de Pós-Graduação em ...
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<strong>do</strong>minantes pelo controle da res publica, representou para a sofrida população rural uma<br />
intensificação da exploração econômica.” 41<br />
Pelos estu<strong>do</strong>s contextuais até aqui aponta<strong>do</strong>s, na Bahia o ambiente mostrava-se<br />
convidativo a uma série <strong>de</strong> protestos. Fosse no interior ou <strong>em</strong> Salva<strong>do</strong>r, a população que<br />
estava sujeita aos man<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sman<strong>do</strong>s das oligarquias e das autorida<strong>de</strong>s na capital,<br />
organizaram formas <strong>de</strong> resistência das mais variadas. Mais um <strong>de</strong>talhe no âmbito<br />
político-social nos traz a historia<strong>do</strong>ra Consuelo Novais Sampaio,<br />
“..., enquanto a República prenunciava prosperida<strong>de</strong> econômica e renovação política<br />
para o Centro-Sul <strong>do</strong> país, para o Nor<strong>de</strong>ste, e para a Bahia <strong>em</strong> particular, ela significava,<br />
aos olhos das elites, agravamento <strong>do</strong> marasmo econômico, perda <strong>de</strong> prestígio político e<br />
ameaça <strong>de</strong> conturbação política e social.<br />
..., a massa da população, na base da pirâmi<strong>de</strong>, vivia <strong>em</strong> miseráveis condições <strong>de</strong> vida.<br />
A maioria esmaga<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>sse estrato inferior encontrava-se na zona rural, trabalhan<strong>do</strong><br />
sob condições s<strong>em</strong>i-servis, ou numa situação mista <strong>de</strong> assalaria<strong>do</strong> e pequeno agricultor.<br />
As formas prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> escravidão fora substituídas pela subordinação econômica e<br />
submissão pessoal, agravada pelo aprimoramento das relações paternalísticas sob novo<br />
regime republicano. As migrações rurais, constantes <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong>, contribuíram<br />
para agravar o probl<strong>em</strong>a da mão-<strong>de</strong>-obra no campo e para engrossar a população<br />
marginalizada das cida<strong>de</strong>s, principalmente na Capital. (...), a maioria esmaga<strong>do</strong>ra da<br />
camada inferior da socieda<strong>de</strong> era constituída <strong>de</strong> analfabetos e, segun<strong>do</strong> as regras elitistas<br />
<strong>do</strong> jogo político, estava impedida <strong>de</strong> manifestar-se politicamente, através <strong>do</strong> voto.” 42<br />
Das análises aqui apresentadas, <strong>de</strong>stacam-se mais alguns el<strong>em</strong>entos retilíneos:<br />
crise econômica, conturbadas relações sociais, consecutivas migrações causadas pelas<br />
secas e, consequent<strong>em</strong>ente, fome crônica <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> famílias sertanejas. Esse<br />
contexto po<strong>de</strong> nos servir <strong>de</strong> explicação para o vertiginoso crescimento <strong>do</strong> vilarejo<br />
instituí<strong>do</strong> no interior da Bahia.<br />
1.2. Algumas Canu<strong>do</strong>s<br />
A cida<strong>de</strong>la <strong>de</strong> Antonio Vicente projetava-se como a antítese <strong>do</strong>s fragmentos<br />
acima alinhava<strong>do</strong>s. Escolas, equilíbrio na distribuição da produção 43 , economia<br />
41 VILLA, Marco Antonio. (1995). Op. cit. p. 127.<br />
42 SAMPAIO, Consuelo Novais. Parti<strong>do</strong>s Políticos da Bahia na Primeira República – uma política da<br />
acomodação. Bahia: EDUFBA, 1999. p. 32 e 40.<br />
43 MACEDO, Nertan. M<strong>em</strong>orial <strong>de</strong> Vilanova – o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> último sobrevivente da Guerra <strong>de</strong><br />
Canu<strong>do</strong>s. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1964. Nas palavras <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente Honório Vilanova à<br />
Nertan Mace<strong>do</strong>: Gran<strong>de</strong> era a Canu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> meu t<strong>em</strong>po. Qu<strong>em</strong> tinha roça tratava da roça, na beira <strong>do</strong> rio.<br />
Qu<strong>em</strong> tinha ga<strong>do</strong> tratava <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. Qu<strong>em</strong> tinha mulher e filhos tratava da mulher e <strong>do</strong>s filhos. Qu<strong>em</strong><br />
gosta <strong>de</strong> reza ia rezar. De tu<strong>do</strong> se tratava porque a nenhum pertencia e era <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, pequenos e gran<strong>de</strong>s,<br />
na regra ensinada pelo Peregrino. p. 67. Ver também BOMBINHO, Manoel Pedro das Dores. (2002)<br />
Op. cit. p. 199. Era rico o sertão <strong>de</strong> Canu<strong>do</strong>s / Roças e mandioca <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> / Muita carne frita e até<br />
feijão / Havia ali é isso uma verda<strong>de</strong>. verso nº. 262.<br />
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