27.04.2013 Views

69 - Núcleo de Pesquisa Impérios e Lugares do Brasil

69 - Núcleo de Pesquisa Impérios e Lugares do Brasil

69 - Núcleo de Pesquisa Impérios e Lugares do Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

da linguagem, indicadas nas contribuições da história <strong>do</strong>s conceitos alemã e na histórias <strong>do</strong>s<br />

discursos anglófona, vem possibilitan<strong>do</strong> uma melhor percepção <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates e tensões em<br />

curso no processo <strong>de</strong> inserção nessa mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> política, que culminaria no “monopólio da<br />

produção jurídica” (BOBBIO, 1991, p.21) pelo Esta<strong>do</strong> nascente no século XIX, indican<strong>do</strong> um<br />

<strong>do</strong>s aspectos <strong>de</strong>sse sistema político mo<strong>de</strong>rno, caracteriza<strong>do</strong> pelo individualismo e o<br />

contratualismo.<br />

As possibilida<strong>de</strong>s abertas por essas novas perspectivas tem torna<strong>do</strong> assim possível<br />

uma revisão da historiografia sobre as revoltas e inconfidências <strong>do</strong> final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> colonial<br />

brasileiro. Um olhar mais <strong>de</strong>ti<strong>do</strong> sobre essa literatura revela um campo <strong>de</strong> abordagem ainda<br />

insuficiente, concentra<strong>do</strong> na maioria das vezes em uma história social que busca as condições<br />

sócio-econômicas das revoltas ou em uma incursão pelos textos animada pelo afã <strong>de</strong><br />

encontrar às raízes <strong>de</strong> uma precoce e promissora consciência nacional (ALEXANDRE, 1993,<br />

p.77-90). Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas escolhas, tipos <strong>do</strong>cumentais como as <strong>de</strong>fesas <strong>do</strong>s revoltosos<br />

foram muitas vezes relegadas a um segun<strong>do</strong> plano, ou não aproveita<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o seu<br />

potencial. Aproveitan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>ssa voga renova<strong>do</strong>ra, toma-se por objeto privilegia<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse<br />

trabalho os discursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa elabora<strong>do</strong>s pelo advoga<strong>do</strong> baiano Antonio Luís <strong>de</strong> Brito<br />

Aragão e Vasconcelos em favor <strong>do</strong>s réus da Insurreição Pernambucana <strong>de</strong> 1817, buscan<strong>do</strong><br />

lançar algumas luzes sobre a compreensão <strong>do</strong> complexo mun<strong>do</strong> das culturas políticas e<br />

jurídicas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> letra<strong>do</strong> luso-brasileiro da segunda década <strong>do</strong> Oitocentos.<br />

Tratemos primeiro <strong>do</strong> contexto. Decorria o mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1819. Decreta<strong>do</strong> o<br />

encerramento da <strong>de</strong>vassa 2 e estabelecida a classificação <strong>do</strong>s réus a julgar, os autos passavam<br />

às mãos da <strong>de</strong>fesa, seguin<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> processo conti<strong>do</strong> nas Or<strong>de</strong>nações <strong>do</strong> Reino. Coube<br />

ao advoga<strong>do</strong> baiano Antonio Luis <strong>de</strong> Brito Aragão e Vasconcelos 3 a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s<br />

presos nos cárceres da Bahia. Na justificação <strong>do</strong>s patriotas pernambucanos, Aragão e<br />

Vasconcelos redigiu uma <strong>de</strong>fesa coletiva e inúmeras <strong>de</strong>fesas individuais <strong>do</strong>s réus, nas quais<br />

pautou a sua argumentação em <strong>do</strong>is caminhos: um primeiro, jurídico, através <strong>de</strong> uma<br />

insuficiente exploração <strong>do</strong>s autos e <strong>de</strong> uma interpretação das Or<strong>de</strong>nações e das cartas e<br />

<strong>de</strong>cretos régios que regulavam a <strong>de</strong>vassa, em que buscou <strong>de</strong>squalificar os procedimentos da<br />

Alçada responsável e afirmar a inocência das ações <strong>do</strong>s réus; um segun<strong>do</strong>, político, em que<br />

manobran<strong>do</strong> representações políticas relativas à monarquia portuguesa e referências mo<strong>de</strong>rnas<br />

sobre as formas <strong>de</strong> governo, o po<strong>de</strong>r e o direito, tentou <strong>de</strong>monstrar a lealda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

pernambucanos e o equívoco <strong>do</strong>s acontecimentos <strong>de</strong> 1817.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!