A verdadeira devoção ao Sagrado Coração de Jesus Counseling, o ...

Junho/2009
Entrevista
Counseling, o importante aperfeiçoamento no serviço da escuta!
Entrevistamos neste mês de junho, Pe. Adalto Chitolina, Diretor do Curso de Ajuda e Aconselhamento (Counseling), agora com uma turma
em Dourados. Ele é psicólogo, formado pela Universidade Gregoriana de Roma, Jornalista, além de Bacharel em Teologia e Filosofia.
ELO: Pe. Adalto, o Sr. dirige um Curso de
Aconselhamento (Counseling), agora também com uma
turma em Dourados. Fale-nos deste Curso:
Pe. Adalto: O curso de Counseling – Aconselhamento
objetiva preparar pessoas para o importante serviço de escuta,
hoje tão necessário em nossos dias. Da nossa percepção, são
poucos os ambientes onde as pessoas estejam dispostas a
escutar. O ritmo frenético da vida moderna quase nos impede de
termos um olhar atento para as pessoas que estão conosco ou
que nos procuram para conversar. Assim, as Igrejas têm sido
um espaço privilegiado para este ministério. Porém, os
sacerdotes, os pastores e as pessoas que, tradicionalmente
sempre fizeram este serviço, hoje estão tomadas por tantas
responsabilidades e ocupações que já não conseguem mais
dedicar tempo para este trabalho. Considere-se também que o
número de pessoas que se concentram nas áreas urbanas é
sempre maior.
Desta realidade, surgiu então a idéia de oferecermos alguma
preparação para as pessoas que queiram dedicar-se a este
ministério da escuta. E então montamos este curso, que está em
andamento em vários centros do país, inclusive aqui em
Dourados.
Quando montamos o curso, a nossa preocupação imediata
e primeira era mesmo oferecer uma ferramenta útil e prática para
agentes de pastoral nas diferentes áreas de atuação, bem como
para profissionais que estão em contato direto com pessoas. E
foi assim que começamos. Depois, à medida que o curso foi
caminhando, nos demos conta de que um “efeito colateral” estava
acontecendo: as pessoas que participavam do curso mudavam
visivelmente suas atitudes e seus posicionamentos perante a
vida, a sociedade, a família, etc. E isso nos chamou a atenção,
pois era um objetivo que não vislumbrávamos, mas que foi
acontecendo por si só. É daqui que surgem depoimentos variados,
em todos os núcleos onde o curso acontece, com expressões
mais ou menos parecidas com estas: “o curso mudou a minha
vida...”; “minha vida se divide em antes e
depois do curso”; “já não sou mais a mesma
pessoa, pois o curso me ajudou a enxergar
a vida com outros olhos”; “meus
relacionamentos tanto familiares, como
também os relacionamentos profissionais,
hoje são bem mais equilibrados e
satisfatórios”; “na minha família sou outra
pessoa”. E assim por diante.
Por isso acreditamos ainda mais na
nossa intuição inicial. O curso tem se
mostrado bastante eficiente na técnica, mas
também eficaz nos resultados.
ELO: Porque Counseling?
Pe. Adalto:Conseling é uma palavra
de origem inglesa que significa
aconselhamento (originalmene, em inglês,
se escreve conselling, mas, nós adotamos
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o procedimento italiano, de simplificar, usando conseling com
um “l” apenas). Praticamente em todos os países se optou por
manter o termo inglês ao invés de traduzi-lo para o seu
significado, que seria aconselhamento.
Na verdade, a palavra aconselhamento, para nós, tem
várias conotações. Uma delas é também a de dar conselhos...
No fundo, o que nós queremos é preparar pessoas que não
se preocupem com dar conselhos, mas pessoas que estejam
habilitadas a fazer o serviço de escuta, o que implica também
em às vezes, dar uma posição pessoal sobre o assunto que
está sendo abordado.
A palavra Counseling, torna-se, portanto, menos
comprometedora enquanto não obriga o aluno a ter a função
de dar conselhos, de aconselhar os outros, como soaria, se
mantivéssemos o termo na língua vernácula.
ELO: Como se trabalha em Counseling psicologia,
filosofia e teologia juntas?
Pe. Adalto: É preciso lembrar que Conseling não é uma
linha de pensamento, é antes, uma prática, um modo de
proceder, uma técnica. A questão da psicologia, da filosofia e
da teologia estão numa outra dimensão. Mas, dentro da
psicologia, entende-se que deve acontecer a prática da escuta
também; aliás, hoje, em alguns cursos de psicologia, nas
universidades, já consta a cadeira do Conseling, enquanto
uma das técnicas que os alunos aprendem, nesta missão de
ajudar as pessoas nas suas dificuldades pessoais.
Já a filosofia e a teologia, que estão noutra direção, entram
no nosso curso, como uma base teórica que ajuda os alunos
a entenderem melhor alguns conceitos a respeito do ser
humano. Tanto uma como a outra, nos ajudam neste “tecer
um estofo” da antropologia que dá suporte ao nosso trabalho
com o Conseling. Isto é, nossos alunos precisam entender
que não se trata apenas de sentar ao lado de uma pessoa e
aplicar algumas técnicas que aprendem conosco, mas, mais
do que isso, trata-se de entender as
pessoas que nos procuram dentro de um
contexto próprio, a partir de uma
antropologia filosófico-teológica cristã. É
neste sentido que apresentamos alguns
conceitos teóricos aos alunos, ajudandoos
nesta visão mais ampla do ser
humano.
ELO: Quem pode participar deste
Curso? Por quê?
Pe. Adalto: Podem participar todas
as pessoas que estiverem interessadas
nestes processos de ajuda aos outros e
que queiram aprender a lidar melhor com
seus próprios relacionamentos
interpessoais. Também são convidadas
as pessoas que tenham desejo de um
auto-conhecimento maior e de uma maior
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compreensão de si neste grande projeto que se chama vida
humana. Portanto, o curso é aberto a todos aqueles que querem
crescer, se enriquecer e buscar uma melhor qualidade de vida
pessoal, familiar, profissional e relacional.
Outro aspecto a ressaltar, neste sentido é que, as pessoas
que já contam com um curso de graduação (um curso superior),
receberão, ao final, o título de pós-graduação, ou especialização
em Counseling – Aconselhamento (tendo cumprido as exigências
legais, naturalmente), de acordo com as normativas do MEC; e
as pessoas que não tem um curso superior (uma graduação),
podem participar também, sem medo de ter algum prejuízo na
compreensão dos conteúdos, apenas que, no final, receberão
uma titulação diferente. Ou seja, não terão o título de pós-graduação,
mas receberão um diploma de extensão, fornecido pelo IATES
(Inst. de Aconselhamento e Terapia do Sentido de Ser), gestor do
curso.
ELO: Pe. Adalto, de que modo esta pós-graduação pode
ajudar as Pastorais nas Paróquias e Comunidades?
Pe. Adalto: Na nossa opinião, este curso de pós-graduação
em counseling pode ser um instrumento muito importante e útil
para as atuais comunidades cristãs. Na verdade, da nossa
experiência humana, o que mais nos dificulta nossos trabalhos
pastorais normalmente são as questões que envolvem
relacionamentos interpessoais. Nós os denominamos sob vários
títulos e formas: fofocas, invejas, ciúmes, desejo de poder,
dominação, autoritarismo, e por aí afora... Ora, em última análise,
não se trata de uma dificuldade relacional? Não nos parece que
tudo isso passa pelo viés da escuta e da fala sincera e aberta
diante das dificuldades que vão surgindo? Mas para fazer isso é
preciso ter coragem e conhecer-se um pouco melhor. Imagine se
todos os agentes de pastoral, líderes de comunidades, etc.,
tivessem um pouco mais de conhecimento de si e destas
implicâncias relacionais! Não teríamos melhores condições de
atuação? Não poderíamos desenvolver um melhor trabalho pelo
Reino de Deus, com mais isenção e com menos entraves
humanos? Ora, isto é possível! Mas precisamos querer e nos
mover.
E assim, em todos os âmbitos. Também no aspecto familiar,
se os pais souberem ouvir melhor, terão um melhor relacionamento
entre si e com os seus; no campo profissional, da mesma forma.
Claro que todos achamos que já sabemos o suficiente neste campo.
É próprio do ser humano, diante de certos desafios se julgar já
pronto. Por isso que nos custa tanto dar um passo rumo ao novo
e ao desconhecido. Todo desafio nos deixa inseguros num primeiro
momento, mas depois nos mostra quanto crescemos se o
aceitarmos.
Esta é a proposta do nosso curso. Quem já o fez sabe disso
e quem está fazendo já experimenta algumas realidades novas.
Fato está que há muitas pessoas que precisam ser ouvidas.
Fazer isso com qualidade e com alguma técnica pode fazer toda
a diferença na vida delas. Afinal, aliviar a dor de alguém num
momento de dificuldade pode não parecer muito, mas será, sem
dúvida, um marco na vida do outro.
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