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Dezembro de 2011 - Paróquia Nossa Senhora das Mercês

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Epifania quer dizer “manifestação”. É a manifestação<br />

<strong>de</strong> Deus ao mundo. O nosso Deus é um<br />

Deus que se manifesta. Des<strong>de</strong> a criação do mundo<br />

até hoje, em todos os momentos, vivemos uma permanente<br />

e insistente manifestação <strong>de</strong> Deus. Na<br />

sua imensa bonda<strong>de</strong>, Deus insiste em se fazer presente<br />

ao nosso lado. Na medida em que alguém,<br />

com esforço e com luta, se <strong>de</strong>ixa tomar e penetrar<br />

por Deus, nesta mesma medida é premiado com a<br />

transparência divina <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as coisas.<br />

Os místicos nos dão a maior prova disso. São<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis mergulhou <strong>de</strong> tal maneira no<br />

mistério <strong>de</strong> Deus que, <strong>de</strong> repente, tudo se transfigurou<br />

para ele. Tudo falava <strong>de</strong> Deus: o verme da<br />

estrada, o fogo, o cor<strong>de</strong>iro do campo, os passarinhos<br />

<strong>das</strong> árvores.<br />

Deus enche tudo: Ele é imanência, transparência<br />

e transcendência como diz São Paulo (Ef 4,6):<br />

“Só há um Deus e Pai <strong>de</strong> tudo, que está acima <strong>de</strong><br />

tudo (transcendência), por tudo (transparência) e<br />

em tudo (imanência)”.<br />

Com Tailhard <strong>de</strong> Chardin, que viveu semelhante visão<br />

sacramental, po<strong>de</strong>mos dizer: “O gran<strong>de</strong> mistério<br />

do cristianismo, não é exatamente a aparição, mas a<br />

transparência <strong>de</strong> Deus no universo. Oh, sim, Senhor,<br />

não somente o raio que aflora, mas o raio que penetra.<br />

Não vossa Epifania, Jesus, mas vossa diafania”.<br />

Tudo ao nosso redor nos fala eloquentemente<br />

<strong>de</strong> Deus. Pena que nós ainda não nos <strong>de</strong>ixamos<br />

penetrar por essa forte presença <strong>de</strong> Deus e então,<br />

infelizmente, permanecemos, em muito, ainda surdos<br />

e cegos a essas manifestações.<br />

Além <strong>de</strong>ssa diuturna Epifania ou Teofania, sempre<br />

houve e continua havendo momentos históricos<br />

<strong>de</strong> particular manifestação do nosso Deus. A festa<br />

Epifania<br />

que chamamos <strong>de</strong> Epifania celebrada no dia 6 <strong>de</strong><br />

janeiro ou no domingo <strong>de</strong>pois do dia primeiro <strong>de</strong><br />

janeiro é um <strong>de</strong>sses históricos momentos <strong>de</strong> especial<br />

manifestação.<br />

Historicamente, a festa da Epifania surge no<br />

Oriente para celebrar o nascimento <strong>de</strong> Jesus, numa<br />

tentativa <strong>de</strong> cristianizar a festa do solstício, quando<br />

se cultuava o Sol vitorioso. Aliás, o mesmo fenômeno<br />

ocorre quase que contemporaneamente em<br />

Roma, com festa do Natal sendo introduzida pelos<br />

Cristãos no solstício <strong>de</strong> inverno, quando os romanos<br />

celebravam o “Natalis Invicti”, festa do renascimento<br />

do sol, a gran<strong>de</strong> divinda<strong>de</strong> romana.<br />

Os Cristãos <strong>de</strong> Roma, em peregrinação à terra<br />

santa, levam a festa do Natal e trazem para Roma a<br />

festa da Epifania. A partir <strong>de</strong> então, tanto no Oriente<br />

como no Oci<strong>de</strong>nte passam a celebrar o Natal no<br />

dia 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro e a Epifania no dia 6 <strong>de</strong> janeiro.<br />

Inicialmente, as duas festas tem o mesmo objetivo:<br />

celebrar a manifestação <strong>de</strong> Deus. Claro que<br />

a gran<strong>de</strong> manifestação <strong>de</strong> Deus foi o nascimento<br />

<strong>de</strong> Jesus. Se no Natal celebramos o nascimento <strong>de</strong><br />

Jesus, na Epifania, celebramos a manifestação <strong>de</strong><br />

Jesus, o Filho <strong>de</strong> Deus, a todos povos, representados<br />

pelos Magos.<br />

Ao celebrarmos a Epifania, como também qualquer<br />

outra festa cristã, <strong>de</strong>vemos distinguir dois<br />

planos: um plano histórico e um atual. O que significou<br />

no contexto do Evangelho e o que significa<br />

hoje para nós.<br />

Na narração do fato bíblico, o autor sagrado fala<br />

dos Reis Magos, que representando os povos pagãos,<br />

ou seja, todos os não ju<strong>de</strong>us, vêm a Belém<br />

e a eles Cristo se manifesta. Isso nos lembra um<br />

importante fato: a abertura dos horizontes da sal-<br />

vação a todos os povos. São Paulo chama isso <strong>de</strong><br />

“Mistério escondido nos séculos e revelado nos últimos<br />

tempos”. Portanto, também os Gentios são<br />

chamados em Cristo à mesma herança, a participar<br />

da mesma promessa por meio do Evangelho.<br />

Para nós que vivemos esta realida<strong>de</strong> há séculos,<br />

o fato não nos impressiona. Pensemos na surpresa<br />

dos antepassados (não ju<strong>de</strong>us) que eram excluídos<br />

da salvação, impuros, <strong>de</strong>stinados à perdição.<br />

Num plano <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>, o que significa para nós,<br />

hoje, a festa da Epifania? Basicamente é: Cristo hoje<br />

presente no mundo. Para encontrá-lo precisamos, assim<br />

como os Reis Magos, passar por Jerusalém, ou<br />

seja, pela Igreja. Fora da Igreja não encontramos Jesus.<br />

Ele é a Cabeça e a Igreja, o Corpo. Nesse sentido,<br />

o fato narrado no Evangelho é também símbolo do<br />

itinerário da fé. Os Magos abandonam o comodismo<br />

<strong>de</strong> seus palácios, <strong>de</strong> seus ambientes e vão à procura<br />

do Menino, iluminados e orientados pela estrela. Não<br />

<strong>de</strong>sanimam com as primeiras dificulda<strong>de</strong>s.<br />

Cabe ainda aqui uma outra aplicação: em Jerusalém<br />

sabiam (os sacerdotes, os estudiosos <strong>das</strong><br />

Escrituras, os gran<strong>de</strong>s do povo) on<strong>de</strong> se encontrava<br />

o Menino Jesus, o Messias; mas eles não foram.<br />

Pensemos: quantos hoje sabem muito bem<br />

on<strong>de</strong> encontrar Jesus, on<strong>de</strong> Ele se manifesta. Até<br />

porque Jesus mesmo <strong>de</strong>ixou muito claro no seu<br />

Evangelho on<strong>de</strong> Ele po<strong>de</strong> ser encontrado. Outros<br />

mostram até on<strong>de</strong> e como encontrar Jesus, mas<br />

eles mesmos não vão.<br />

Que a celebração da Epifania nos torne fortes<br />

como os Reis Magos; como eles, possamos sair<br />

do nosso comodismo e a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as dificulda<strong>de</strong>s,<br />

partirmos ao encontro do Cristo on<strong>de</strong> Ele<br />

realmente está.<br />

Frei Davi Nogueira Barboza<br />

Boletim Informativo da <strong>Paróquia</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>das</strong> <strong>Mercês</strong> - 5

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