Dezembro de 2011 - Paróquia Nossa Senhora das Mercês
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Estamos chegando ao final <strong>de</strong> mais um ano. O<br />
mundo todo se volta para as festas Natalinas e Ano<br />
Novo. Enquanto isso, vai passando pela nossa mente<br />
toda uma simbologia. Muitas <strong>de</strong>las <strong>de</strong> origens<br />
pagãs, mas, hoje com sentido cristão muito bonito.<br />
Existem alguns símbolos que são especialíssimos,<br />
como a árvore, o presépio, a coroa do Advento,<br />
etc. Mas o símbolo que mais chama a atenção<br />
e, diria, que talvez esteja muito <strong>de</strong>svirtuado é a figura<br />
simpática do “Bom Velhinho”, o Papai Noel.<br />
Navegando na internet, encontrei vários artigos<br />
fazendo menção do rumo que tomou a figura <strong>de</strong><br />
Papai Noel. Alguns o associam ao consumismo,<br />
outros querem matá-lo, outros o chamam <strong>de</strong> comunista.<br />
Afinal, temos que concordar que as festas<br />
natalinas, bem como to<strong>das</strong> as outras festas e<br />
comemorações se transformaram em verda<strong>de</strong>iras<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se ganhar muito dinheiro.<br />
Não sou contra o crescimento do comércio e<br />
nem <strong>das</strong> muitas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho que<br />
trás para pessoas que não têm emprego e que, às<br />
vezes, até passam por necessida<strong>de</strong>s.<br />
Mesmo assim, quero que o leitor me acompanhe<br />
para ver o processo evolutivo da figura <strong>de</strong> Pa-<br />
Estamos concluindo este ano. Neste semestre fizemos<br />
uma bela caminhada com os fiéis da <strong>Paróquia</strong><br />
<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>das</strong> <strong>Mercês</strong> no curso que tratou do<br />
Evangelho <strong>de</strong> Mateus. Falávamos da importância <strong>de</strong><br />
estudar e nos aprofundar nas Sagra<strong>das</strong> Escrituras,<br />
mas que tudo isso <strong>de</strong>veria nos ajudar a seguir melhor<br />
a Jesus Cristo, já que saber <strong>de</strong> Bíblia não é o foco<br />
principal, e sim perceber como a Palavra <strong>de</strong> Deus, que<br />
é viva e eficaz (Hebreus 4,12; Isaías 55,10-11), nos<br />
ajuda a ser melhores discípulos e discípulas <strong>de</strong> Cristo.<br />
A Sagrada Escritura, inúmeras vezes, nos exorta<br />
sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecermos a Deus. O profeta<br />
Oséias, em um contexto próprio, fala do amor <strong>de</strong><br />
Deus dirigido ao povo que o havia abandonado, que<br />
o Senhor seduziria o povo e falaria em seu coração<br />
(Oséias 2,16) e conclui: “Eu te <strong>de</strong>sposarei a mim na<br />
fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e conhecerás o Senhor” (Oséias 2,22).<br />
Várias vezes esse profeta fala da necessida<strong>de</strong><br />
que o povo tem <strong>de</strong> conhecer ao Senhor. Mas o que<br />
significa conhecer? Biblicamente, conhecer indica<br />
uma a<strong>de</strong>são total <strong>de</strong> uma pessoa a uma realida<strong>de</strong>.<br />
Em outros termos, indica a intimida<strong>de</strong>/ relacionamento<br />
profundo com o outro. No caso <strong>de</strong> Oséias,<br />
seria como afirmar que o povo havia se separado<br />
<strong>de</strong> Deus (e por isso o povo é tratado como a esposa<br />
infiel – Oséias 2,4-15), e <strong>de</strong>veria conhecer a<br />
Deus, ou seja, voltar a ter um relacionamento profundo<br />
e íntimo com Deus: “Conheçamos, corramos<br />
atrás do conhecer o Senhor” (Oséias 6,3).<br />
6 - Ano XII - n.° 122 - <strong>Dezembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2011</strong><br />
Papai Noel: um símbolo questionável<br />
pai Noel, sendo associada à venda <strong>de</strong> produtos e<br />
com lucros exagerados.<br />
Dizem que a figura do bom velhinho foi inspirada<br />
na pessoa <strong>de</strong> um bispo chamado Nicolau, que<br />
nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem<br />
<strong>de</strong> bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres,<br />
<strong>de</strong>ixando saquinhos com moe<strong>das</strong> próximas<br />
às chaminés <strong>das</strong> casas. Foi transformado em santo<br />
(São Nicolau) após várias pessoas relatarem milagres<br />
atribuídos a ele.<br />
Com o passar do tempo, na Alemanha, começou-se<br />
a associar a imagem <strong>de</strong> São Nicolau ao Natal<br />
e, em pouco tempo, esse costume se espalhou<br />
pelo mundo inteiro. Conta-se que, nos Estados Unidos,<br />
ele ganhou o nome <strong>de</strong> Santa Claus, no Brasil<br />
<strong>de</strong> Papai Noel e em Portugal <strong>de</strong> Pai Natal.<br />
Inicialmente, o bom velhinho era representado<br />
com uma roupa <strong>de</strong> inverno na cor marrom ou ver<strong>de</strong><br />
escura. Em seguida, ainda nos Estados Unidos,<br />
foi criada uma nova imagem nas cores vermelha e<br />
branca, com cinto preto.<br />
Teria sido a Coca-Cola quem associou essa figura<br />
ao seu produto, o refrigerante, cuja embalagem<br />
tinha as mesmas cores. Essa campanha publicitá-<br />
ESPAço BíBlIco<br />
O conhecimento <strong>de</strong> Deus nos<br />
transforma em missionários<br />
As Sagra<strong>das</strong> Escrituras nos predispõe a conhecer<br />
a Deus para então sermos discípulos-missionários.<br />
O evangelista João nos apresenta um bonito<br />
exemplo <strong>de</strong> pessoa que cresce no relacionamento<br />
com Cristo, chega a conhecê-lo, e só <strong>de</strong>pois vai<br />
anunciá-lo. Veja o texto da Samaritana, em João<br />
4,1-34. Jesus está junto ao poço, com a mulher.<br />
Pe<strong>de</strong> água para ela (4,7). A mulher se dirige a Jesus:<br />
“como, sendo ju<strong>de</strong>u, tu me pe<strong>de</strong>s <strong>de</strong> beber...”<br />
(4,8). No primeiro contato com o Mestre a mulher<br />
o chama <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>u, apenas mais um homem ju<strong>de</strong>u.<br />
Em seguida, Jesus fala para ela: “se conhecesses<br />
o dom <strong>de</strong> Deus...” (4,10). Parece que a Samaritana<br />
vai interagindo com Jesus, faz como que uma<br />
catequese com o próprio Cristo. Resultado: estamos<br />
praticamente no meio do diálogo, e agora ela<br />
se dirige a Jesus como profeta: “vejo que és profeta”<br />
(4,19). Profeta já é um título maior, parece que<br />
a mulher já o conhece mais.<br />
No final do diálogo, percebemos que a Samaritana<br />
já não chama Jesus nem <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>u, nem <strong>de</strong><br />
profeta. Ela cresce ainda mais no conhecimento do<br />
Senhor, a ponto <strong>de</strong> chamá-lo <strong>de</strong> Cristo: “Vin<strong>de</strong> ver<br />
um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não<br />
seria ele o Cristo?” (4,29). Chamar Jesus <strong>de</strong> Cristo<br />
implica reconhecer que ele é um Ungido <strong>de</strong> Deus,<br />
o Messias (Christos é a tradução grega do hebraico<br />
Meshiah – Messias, que significa Ungido).<br />
O bonito <strong>de</strong> toda esta história, além <strong>de</strong>sse cres-<br />
Frei Rogério retorna com o curso bíblico no segundo semestre <strong>de</strong> 2012<br />
ria fez tanto sucesso que logo se espalhou pelo<br />
mundo todo.<br />
Sabendo <strong>de</strong> tudo isso, resta a nós cristãos e<br />
cristãs, resgatarmos o verda<strong>de</strong>iro sentido do Natal,<br />
vivenciarmos profundamente seu espírito e abrirmos<br />
o nosso coração para que a alegria do Natal<br />
chegue aos lares pobres, às pessoas que passam<br />
fome e que estão per<strong>de</strong>ndo sua dignida<strong>de</strong>. Mas,<br />
antes disso, façamos o possível para pensarmos<br />
um pouco antes <strong>de</strong> comprar qualquer coisa e perguntarmos<br />
se realmente isso é necessário.<br />
Com certeza teremos um Natal muito mais fraterno,<br />
<strong>de</strong> muito mais vida e <strong>de</strong> muito mais amor.<br />
Boas Festas<br />
a todos.<br />
Paz e Bem.<br />
Frei Benedito<br />
Félix da Rocha<br />
Vigário<br />
Paroquial<br />
freidito@bol.<br />
com.br<br />
cimento da fé da Samaritana e do aprofundamento<br />
do conhecimento do Senhor, é notar que ela se torna<br />
uma discípula. Ela larga o bal<strong>de</strong> com o qual iria<br />
tirar água do poço. Deixou o que era mais importante<br />
e que lhe ajudaria a viver, “e correu à cida<strong>de</strong>”<br />
(4,28) dizendo “vin<strong>de</strong> ver o Cristo” (4,29).<br />
À medida que nos aprofundamos na Sagrada<br />
Escritura, e participamos mais da vida da comunida<strong>de</strong>,<br />
vamos crescendo no conhecimento <strong>de</strong> Deus,<br />
na intimida<strong>de</strong> com Cristo.<br />
É semelhante ao que acontece quando conhecemos<br />
outra pessoa: no início sabemos pouco sobre<br />
ela, mas chega um momento que somos capazes<br />
<strong>de</strong> saber <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> sua vida, nos preocuparmos<br />
e alegrarmos com ela. Mas com Deus, damos um<br />
passo a mais: quando nos tornamos mais íntimos<br />
com Ele, quando nosso conhecimento <strong>de</strong> Deus se<br />
alarga, nos lançamos na missão.<br />
Que o Senhor nos dê a graça <strong>de</strong> crescermos ainda<br />
mais na intimida<strong>de</strong> com Ele, para sermos seus verda<strong>de</strong>iros<br />
discípulos e<br />
discípulas.<br />
Paz e Bem!<br />
Frei Rogério<br />
Goldoni Silveira –<br />
OFMCap<br />
freiroger@yahoo.<br />
com.br