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Dicionário Enciclopédico da Psicologia - Livraria Martins Fontes

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Título original: Petit Larousse de la Psychologie – Les grandes questions, notions essentielles<br />

Tradução, notas e aden<strong>da</strong> bibliográfica: Hélder Viçoso<br />

Grafismo: Cristina Leal<br />

Paginação: Vitor Pedro<br />

© Larousse, Paris, 2005<br />

Ouvrage publié avec le soutien du Centre National du Livre<br />

– Ministère Français Chargé de la Culture –<br />

Obra publica<strong>da</strong> com o apoio do Centro Nacional do Livro<br />

– Ministério Francês <strong>da</strong> Cultura –<br />

Todos os direitos desta edição reservados para<br />

Edições Texto & Grafia, L<strong>da</strong>.<br />

Aveni<strong>da</strong> Óscar Monteiro Torres, n.º 55, 2.º Esq.<br />

1000-217 Lisboa<br />

Telefone: 21 797 70 66<br />

Fax: 21 797 81 30<br />

E-mail: texto-grafia@texto-grafia.pt<br />

www.texto-grafia.pt<br />

Impressão e acabamento:<br />

Papelmunde, SMG, L<strong>da</strong>.<br />

1.ª edição, Setembro de 2008<br />

ISBN: 978-989-95884-0-0<br />

Depósito Legal n.º 281984/08<br />

Esta obra está protegi<strong>da</strong> pela lei. Não pode ser reproduzi<strong>da</strong><br />

no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado,<br />

sem a autorização do Editor.<br />

Qualquer transgressão à lei do Direito de Autor<br />

será passível de procedimento judicial.


Sejam dicionários, prontuários, léxicos, vocabulários ou obras genéricas<br />

de referência identifica<strong>da</strong>s através de ordenação alfabética, pretende-se<br />

sobretudo que os temas abor<strong>da</strong>dos na colecção “Índice” sejam representados<br />

por obras de indiscutível quali<strong>da</strong>de, que se possam afirmar como<br />

auxiliares imprescindíveis de consulta e de leitura nos diversos domínios<br />

do conhecimento humanístico, científico, técnico ou artístico.


Introdução<br />

Os avanços dos séculos XX e XXI levaram-nos a integrar novos conhecimentos<br />

tanto no plano médico quanto no plano psicológico.<br />

O desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong>, <strong>da</strong> Psicanálise, <strong>da</strong>s terapias sistémicas,<br />

cognitivas e comportamentais – <strong>da</strong>s diferentes escolas terapêuticas,<br />

em suma – deu-nos a possibili<strong>da</strong>de de mergulhar nestas ciências de modo a<br />

dispormos de uma maior bagagem cultural.<br />

Num momento em que a duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> se prolonga, esforçamo-nos<br />

por precisar os diferentes parâmetros <strong>da</strong> nossa história, por investir nos campos<br />

afectivo, profissional ou relacional e encontrar um sentido para a nossa<br />

vi<strong>da</strong>. Num período em que os parâmetros familiares são mais complexos (dificul<strong>da</strong>des<br />

conjugais, separações precoces...), procuramos viver melhor.<br />

O apogeu do individualismo interpela-nos a todos: o culto do desempenho<br />

e a euforia <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de são colocados à frente de tudo o resto. O desenvolvimento<br />

pessoal prevalece, em detrimento de outras escolhas e, por vezes, com prejuízo<br />

dos valores familiares. Paralelamente, as pessoas estão ca<strong>da</strong> vez mais sozinhas,<br />

isola<strong>da</strong>s. A soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e o campo relacional estreitam-se. Os terapeutas <strong>da</strong> alma<br />

(psiquiatras, psicólogos, etc.) são ca<strong>da</strong> vez mais solicitados para aju<strong>da</strong>r os indivíduos<br />

que se debatem com dificul<strong>da</strong>des relacionais ou do foro íntimo.<br />

Numa altura em que esta procura se torna ca<strong>da</strong> vez mais importante,<br />

somos afectados pelo paradoxo <strong>da</strong> diminuição <strong>da</strong> formação psiquiátrica:<br />

esta disciplina, que responde a uma procura ca<strong>da</strong> vez maior por parte <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de, viu diminuir o número dos seus profissionais ao longo dos anos.<br />

A par <strong>da</strong> resposta a perturbações psicopatológicas que necessitam de uma<br />

intervenção precoce (e, por vezes, até de hospitalização), encontra-se um<br />

acompanhamento psicológico feito por esses «terapeutas <strong>da</strong> alma», que<br />

permite, quer de forma regular, quer de forma pontual, responder a crises<br />

individuais, conjugais ou familiares.<br />

Eles intervêm em muitos campos <strong>da</strong> saúde mental, mas também nos de<br />

cariz social (escola, trabalho...). Longe de nós a ideia de pensar que é necessário<br />

haver uma «psicologização» ou uma «psiquiatrização» <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. No<br />

entanto, é preciso evitar uma intervenção demasiado tardia em problemas que<br />

podem ser tratados cedo e, por vezes, pontualmente.<br />

A imagem <strong>da</strong> Psicanálise do início do século XX <strong>da</strong>va aos indivíduos<br />

uma noção de obrigações importantes (cura psicanalítica que exigia entre<br />

quatro a cinco sessões por semana, durante vários anos). Hoje em dia, graças<br />

à integração dos diferentes modelos <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong> e <strong>da</strong>s Ciências Sociais,<br />

existem ferramentas que permitem soluções a diferentes níveis e, às vezes,<br />

intervenções extremamente eficazes e rápi<strong>da</strong>s. A evolução deste saber-fazer<br />

possibilitou a consulta de muitas pessoas.<br />

A prevenção no campo <strong>da</strong> saúde mental é um <strong>da</strong>do a ser desenvolvido<br />

nos próximos anos.<br />

Compreender adequa<strong>da</strong>mente o desenvolvimento <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de,<br />

reparar feri<strong>da</strong>s afectivas precoces, aprender a reflectir, a autoconhecer-se e<br />

levar (o seu/o nosso) tempo a pensar – eis aquilo a que se destina esta obra.<br />

Dr.ª Sylvie Angel<br />

7


8<br />

ApresentAção<br />

Abrangendo os domínios <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong>, <strong>da</strong> Psiquiatria e <strong>da</strong> Psicanálise,<br />

este <strong>Dicionário</strong> <strong>Enciclopédico</strong> de <strong>Psicologia</strong> pretende ser uma obra de referência,<br />

simultaneamente teórica e prática, ao percorrer <strong>da</strong> maneira mais vasta<br />

possível estas três disciplinas.<br />

Tal como qualquer dicionário enciclopédico, esta obra reúne definições,<br />

desenvolvimentos enciclopédicos, dossiês e biografias, tanto de autores<br />

como de teóricos.<br />

Para uma consulta mais fácil, optámos por uma organização em três<br />

partes.<br />

A primeira é consagra<strong>da</strong> à história <strong>da</strong>s disciplinas, assim como à vi<strong>da</strong> e<br />

à obra de grandes teóricos. A escolha <strong>da</strong>s biografias apresenta<strong>da</strong>s responde a<br />

vários critérios. Encontrar-se-ão, com efeito, os «fun<strong>da</strong>dores» <strong>da</strong>s disciplinas<br />

dos séculos XIX e XX, autores que inovaram no seu domínio, mas também<br />

autores contemporâneos de grande relevância.<br />

A segun<strong>da</strong> parte apresenta, através de um conjunto de cerca de sessenta<br />

dossiês organizados alfabeticamente, as grandes questões <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong><br />

e <strong>da</strong> Psicanálise aplica<strong>da</strong>s à vi<strong>da</strong> quotidiana: universo <strong>da</strong> adolescência,<br />

apego, segredos familiares, casal e fideli<strong>da</strong>de, mas também perturbações<br />

obsessivo-compulsivas e fobias, depressão, auto-estima, personali<strong>da</strong>des<br />

difíceis... O leitor poderá encontrar igualmente alguns dossiês acerca <strong>da</strong>s<br />

principais psicopatologias: neuroses, psicoses, esquizofrenia...<br />

A terceira parte agrupa definições de aproxima<strong>da</strong>mente 1 500 dos termos<br />

mais importantes <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong>, <strong>da</strong> Psiquiatria e <strong>da</strong> Psicanálise. Algumas<br />

destas definições são prolonga<strong>da</strong>s por um desenvolvimento enciclopédico<br />

que acrescenta uma explicação teórica ou histórica à definição em causa.<br />

Estas três partes são complementares: a circulação do leitor pela obra<br />

é promovi<strong>da</strong> por um sistema de remissões, assinala<strong>da</strong>s pelos símbolos<br />

(remissão para dossiês <strong>da</strong>s Grandes Questões),<br />

u (para termos do Glossário),<br />

¤ (para Histórias <strong>da</strong> Psiquiatria, <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong> e <strong>da</strong> Psicanálise) e<br />

p (para Grandes Teóricos).<br />

No final de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s partes desta obra encontram-se as notas<br />

introduzi<strong>da</strong>s pelo tradutor, também responsável pelo acréscimo de indicações<br />

bibliográficas que não constam <strong>da</strong> edição francesa.


Alguns textos deste livro foram retirados <strong>da</strong>s obras Dictionnaire fon‑<br />

<strong>da</strong>mental de psychologie (sob a direcção de Henriette Bloch, Éric Dépret,<br />

Alain Gallo, Philippe Garnier, Marie-Dominique Gineste, Pierre Leconte, Jean-<br />

-François Le Ny, Jacques Postel, Maurice Reuchlin e Didier Casalis), Mieux<br />

vivre, mode d’emploi (sob a direcção de Sylvie Angel), Grand Dictionnaire de<br />

la psychologie (sob a direcção de Henriette Bloch, Roland Chemama, Éric<br />

Dépret, Alain Gallo, Pierre Leconte, Jean-François Le Ny, Jacques Postel, Maurice<br />

Reuchlin) e Larousse médical (sob a direcção de Yves Morin), nas quais<br />

colaboraram:<br />

Mélinée Agathon<br />

Éric Albert<br />

CoLABorAdores<br />

Ex-investigadora no CNRS [Centre National de la Recherche Scientifique<br />

(Centro Nacional de Investigação Científica)], psicoterapeuta<br />

comportamental.<br />

Psiquiatra no Instituto Francês <strong>da</strong> Ansie<strong>da</strong>de e do Stress (IFAS). Autor<br />

de Comment devenir un bon stressé: le stress au travail (Odile Jacob,<br />

1994) [Como Tornar‑se um Bom Estressado, edição brasileira com Gilberto<br />

Ururahy, Rio de Janeiro, Salamandra, 1997], L’Anxiété (com<br />

Laurent Chneiweiss, Paris, Odile Jacob, 1999) [Depressão e Ansie<strong>da</strong>de:<br />

Atitudes Práticas, Lisboa, Servier, 2002], L’Anxiété au quotidien (em colaboração,<br />

Odile Jacob, 1999), N’obéissez plus! (Éditions d’Organisation,<br />

2001) [Desobedeça!, Lisboa, Bertrand, 2002].<br />

Isabelle Amado‑Boccara<br />

Interna de Psiquiatria nos Hospitais de Paris, Serviço Hospitalar Universitário<br />

de Saúde Mental e de Terapia Comportamental do Centro<br />

Hospitalar Sainte-Anne.<br />

pierre Angel<br />

Professor universitário, psiquiatra hospitalar, director-geral do Centro<br />

Monceau (Paris), director científico do centro de consultas pluridisciplinares<br />

Pluralis. Autor de Comment bien choisir son psy? (com Sylvie<br />

Angel, Robert Laffont, 1999), Toxicomanies (com Denis Richard e<br />

Marc Valleur, Paris, Masson, 2000) [Toxicomanias, trad. de Maria Clara<br />

Correia, revisão de Carlos Rodrigues, Lisboa, Climepsi Editores, 2002],<br />

Guérir les souffrances familiales. 50 spécialistes répondent (obra dirigi<strong>da</strong><br />

com Philippe Mazet, Paris, PUF, 2004).<br />

sylvie Angel<br />

Doutora<strong>da</strong> em Psiquiatria, exerceu a sua activi<strong>da</strong>de nos campos <strong>da</strong><br />

Pedopsiquiatria, do tratamento <strong>da</strong>s toxicodependências e <strong>da</strong> terapia<br />

familiar. Criadora (1980) e, posteriormente, directora clínica do Centro<br />

de Terapia Familiar Monceau, co-fun<strong>da</strong>dora (1993) e, depois, vice-<br />

9


10<br />

-presidente (até 1999) <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Francesa de Terapia Familiar de<br />

Paris, directora <strong>da</strong> colecção «Réponses» <strong>da</strong>s Éditions Robert Laffont,<br />

publicou, entre outros, além de inúmeros artigos científicos, La Poudre<br />

et la Fumée. Les toxicomanes: prévenir et soigner (1987, em colaboração<br />

com Pierre Angel e Marc Horwitz), Des frères et des sœurs. Les liens<br />

complexes de la fraternité (Robert Laffont, 1996), Comment bien choisir<br />

son psy (em colaboração com Pierre Angel, Robert Laffont, 1999), Les<br />

toxicomanes et leurs familles, Paris, Armand Colin, 2003 [Os Toxicóma‑<br />

nos e Suas Famílias, trad. Emanuel Pestana, rev. Fernan<strong>da</strong> Fonseca,<br />

Lisboa, Climepsi Editores, 2005].<br />

Corinne Antoine<br />

Doutora<strong>da</strong> em Ciências <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> Saúde, psicóloga clínica, professora<br />

no Instituto de Ensino à Distância <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Paris-VIII. Colaborou<br />

em La Santé au féminin (Paris, Larousse, 2003), Vous et votre grossesse,<br />

(Larousse, 2004), Guérir les souffrances familiales (Paris, PUF, 2004) e<br />

Pratiquer la psychologie clinique aujourd’hui (Paris, Dunod, 2004).<br />

Françoise Askevis‑Leherpeux<br />

Professora investigadora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-V.<br />

Marie‑Frédérique Bacqué<br />

Doutora<strong>da</strong> em <strong>Psicologia</strong>, professora de Psicopatologia na Universi<strong>da</strong>de<br />

Louis Pasteur de Estrasburgo, vice-presidente <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de<br />

Tanatologia. Autora de Le Deuil à vivre (Odile Jacob, 1992), Deuil et santé<br />

(Odile Jacob, 1997), Mourir aujourd’hui. Les nouveaux rites funéraires<br />

(com outros autores, Odile Jacob, 1997), Le Deuil (com Michel Hanus,<br />

PUF, 2000), Apprivoiser la mort (Odile Jacob, 2003).<br />

Gabriel Balbo<br />

Psicanalista, membro <strong>da</strong> Associação Freudiana Internacional.<br />

Laurence Bardin<br />

Professor investigador <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-V.<br />

Jean‑Léon Beauvois<br />

Ex-professor de <strong>Psicologia</strong> Social, Universi<strong>da</strong>de de Nice-Sophia-<br />

-Antipolis.<br />

Jean‑paul Bertrand<br />

Formador em Relações Humanas, com intervenção em empresas,<br />

Paris.<br />

odile de Bethman<br />

Doutora<strong>da</strong> em Medicina, Serviço de Neonatologia, Clínica de Port-<br />

-Royal (Paris).


Guy Beugnon<br />

Director de Investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), Laboratório de Etologia e de Cognição Animal, Universi<strong>da</strong>de<br />

de Toulouse-III.<br />

Chantal Blain‑Lacau<br />

Ortoptista, doutora<strong>da</strong> em <strong>Psicologia</strong>.<br />

Henriette Bloch<br />

Directora honorária <strong>da</strong> EPHE [École Pratique des Hautes Études (Escola<br />

Prática de Altos Estudos)], no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento.<br />

Mireille Bonnard<br />

Investigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).<br />

Claude Bonnet<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> na Universi<strong>da</strong>de Louis Pasteur de Estrasburgo.<br />

Marie‑Claire Botte<br />

Directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica).<br />

richard Bourhis<br />

Professor doutorado <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Quebeque (Montreal), Departamento<br />

de <strong>Psicologia</strong>.<br />

Bénédicte de Boysson‑Bardies<br />

Ex-directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica).<br />

Alain Braconnier<br />

Psicanalista, psiquiatra hospitalar em Paris. Autor de Adolescentes,<br />

adolescents: psychopathologie différentielle (obra dirigi<strong>da</strong> com Colette<br />

Chiland, Paris, Éditions Bayard, 1995), Le Sexe des émotions (Paris, Odile<br />

Jacob, 1996) [O Sexo <strong>da</strong>s Emoções, trad. Lucin<strong>da</strong> Martinho, Lisboa,<br />

Instituto Piaget, 1998], Abrégé de psychologie dynamique et psycha‑<br />

nalyse (Paris, Masson, 1998) [<strong>Psicologia</strong> Dinâmica e Psicanálise, Lisboa,<br />

Climepsi Editores, 2000], Adolescence et psychopathologie (com Daniel<br />

Marcelli, Paris, Masson, 1999) [Adolescência e Psicopatologia, Climepsi<br />

Editores, 2005], Guide de l’adolescence (Odile Jacob, 1999), Mère et fils<br />

(Odile Jacob, 2005) [A Nova Mãe‑Galinha, trad. Margari<strong>da</strong> Vale de Gato,<br />

rev. Ayala Monteiro, Cruz Quebra<strong>da</strong>, Casa <strong>da</strong>s Letras, 2006].<br />

Jean‑Claude Cadieu<br />

Professor titular de Ciências Naturais, Colégio Émile Zola, Toulouse.<br />

11


12<br />

nicole Cadieu<br />

Investigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório<br />

de Etologia e de Cognição Animal, Universi<strong>da</strong>de de Toulouse-III.<br />

Mireille Campan<br />

Directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), Laboratório de Etologia e de Cognição Animal, Universi<strong>da</strong>de<br />

de Toulouse-III.<br />

raymond Campan<br />

Ex-professor, Laboratório de Etologia e de Cognição Animal, Universi<strong>da</strong>de<br />

de Toulouse-III.<br />

Isabelle Carchon<br />

Doutora<strong>da</strong> em <strong>Psicologia</strong> (<strong>Psicologia</strong> Experimental e Desenvolvimento<br />

Mental).<br />

Felice Carugati<br />

Professora de <strong>Psicologia</strong> Social na Universi<strong>da</strong>de de Bolonha (Itália).<br />

séverine Casalis<br />

Professora investigadora na área <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong> na Universi<strong>da</strong>de Charles<br />

de Gaule, Lille-III.<br />

Jean‑paul Caverni<br />

Director de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), professor na Universi<strong>da</strong>de de Aix-Marselha-I.<br />

raphaël Chalmeau<br />

Doutor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Paul Sabatier, Laboratório de Neurobiologia<br />

e Comportamento, Universi<strong>da</strong>de de Toulouse-III.<br />

Georges Chapouthier<br />

Director de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), Laboratório de Vulnerabili<strong>da</strong>de, A<strong>da</strong>ptação e Psicopatologia,<br />

Hospital de la Salpêtrière.<br />

Michel Charolles<br />

Professor de Linguística, Universi<strong>da</strong>de de Paris.<br />

sylvie Chokron<br />

Investigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica),<br />

Laboratório de <strong>Psicologia</strong> e Neurocognição, Grenoble, Serviço de Neurologia,<br />

Fun<strong>da</strong>ção Rothschild, Paris.<br />

richard Clément<br />

Professor doutorado, titular, director e decano associado, Escola de<br />

<strong>Psicologia</strong>, Universi<strong>da</strong>de de Otava (Canadá).


stéphane Clerget<br />

Pedopsiquiatra, médico hospitalar, Paris. Autor de Ne sois pas triste<br />

mon enfant. Comprendre et soigner la dépression au cours des premières<br />

années de la vie, Robert Laffont, 1999 [Não Estejas Triste Meu Filho. Com‑<br />

preender e Tratar a Depressão durante os Primeiros Anos de Vi<strong>da</strong>, Porto,<br />

Ambar, 2001], Adolescents, la crise nécessaire (Paris, Fayard, 2000), Nos<br />

enfants aussi ont un sexe (Robert Laffont, 2001), Se séparer sans que les<br />

enfants trinquent (Paris, Albin Michel, 2004).<br />

Véronique Cohier‑rahban<br />

Psicóloga clínica em terapia de pais e filhos e terapia de casal, Centro<br />

Pluralis (Paris).<br />

Claire Colombier<br />

Psicanalista.<br />

Jean‑Marie Coquery<br />

Professor de Psicofisiologia na Universi<strong>da</strong>de de Ciências e Técnicas de<br />

Flandres-Artois (Lille-I).<br />

Jean‑Michel Cruanes<br />

Psiquiatra na Clínica Yveline, Vieille-Église-en-Yvelines.<br />

Boris Cyrulnik<br />

Psiquiatra, etólogo, docente na Universi<strong>da</strong>de de Toulon-Var.<br />

Autor de Sous le ligne du lien (Paris, Hachette, 1989) [Sob o Signo<br />

do Afecto, trad. Ana Maria Rabaça, Lisboa, Instituto Piaget, 1989],<br />

Les Nourritures affectives (Paris, Odile Jacob, 1993) [Nutrir os Afec‑<br />

tos, trad. Ana Maria Rabaça, Lisboa, Instituto Piaget, 1993], Ces<br />

enfants qui tiennent le coup (com outros autores, Paris, Revigny-sur-<br />

-Ormain, Édition Hommes et Perspectives, 1999), Un merveilleux<br />

malheur (Odile Jacob, 1999) [Uma Infelici<strong>da</strong>de Maravilhosa, trad.<br />

Carlos Correia de Oliveira, Porto, Ambar, 2001], Les Vilains Petits<br />

Canards (Odile Jacob, 2001) [Resiliência: Essa Inaudita Capaci<strong>da</strong>de<br />

de Construção Humana, trad. Ana Maria Rabaça, Lisboa, Instituto<br />

Piaget, 2003], Parler d’amour au bord du gouffre (Odile Jacob, 2004)<br />

[Falar de Amor à beira do Abismo, São Paulo, <strong>Martins</strong> <strong>Fontes</strong> Editora,<br />

2006], etc.<br />

Jean‑pierre deconchy<br />

Ex-professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-X, director do Laboratório de<br />

<strong>Psicologia</strong> Social de Paris-X.<br />

Anne‑Marie de La Haye<br />

Investigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica),<br />

Universi<strong>da</strong>de de Paris-V.<br />

13


14<br />

Geneviève delaisi de parseval<br />

Psicanalista, ex-associa<strong>da</strong> <strong>da</strong> materni<strong>da</strong>de do Hospital Saint-Antoine<br />

(Paris). Autora de L’enfant à tout prix (com Alain Janaud, Paris, Éditions<br />

du Seuil, 1983), Les Sexes de l’homme (obra dirigi<strong>da</strong> com Jean Belaïsch,<br />

Éditions du Seuil, 1985), Objectif bébé. Une nouvelle science: la bébo‑<br />

logie (com Jacqueline Bigeargeal, Paris, Autrement, 1985), Enfant de<br />

personne (com Pierre Verdier, Paris, Odile Jacob, 1994), La Part de la<br />

mère (Odile Jacob, 1997), La Part du père (Éditions du Seuil, 1998), L’Art<br />

d’accommoder les bebés (com Suzanne Lallemand, Odile Jacob, 1998),<br />

Le Roman familial d’Isadora D. (Odile Jacob, 2002), Famille à tout prix<br />

(Éditions du Seuil, 2008).<br />

Florian delmas<br />

Professor investigador na área de <strong>Psicologia</strong> Social, Universi<strong>da</strong>de<br />

Pierre Mendès France, Grenoble-II.<br />

Michel denis<br />

Director de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), LIMSI [Laboratoire d’informatique pour la mécanique<br />

et les sciences de l’ingénieur (Laboratório de Informática para a<br />

Mecânica e as Ciências do Engenheiro)], Universi<strong>da</strong>de de Paris-Sud,<br />

Orsay.<br />

Éric dépret<br />

Professor doutorado <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Massachusetts, professor<br />

investigador na área de <strong>Psicologia</strong> Social na Universi<strong>da</strong>de de<br />

Grenoble-II.<br />

Jean‑Claude deschamps<br />

Doutorado em <strong>Psicologia</strong> Social, professor no Instituto de Ciências<br />

Sociais e Pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Lausanne.<br />

Jean‑pierre di Giacomo<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social na Universi<strong>da</strong>de de Charles de Gaulle,<br />

Lille-III.<br />

Willem doise<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social na Universi<strong>da</strong>de de Genebra.<br />

Lise dubé,<br />

Professora doutora<strong>da</strong>, titular de <strong>Psicologia</strong> Social, Universi<strong>da</strong>de de<br />

Montreal.<br />

nicole dubois<br />

Doutora<strong>da</strong> em Letras e Ciências Humanas, professora de <strong>Psicologia</strong> na<br />

Universi<strong>da</strong>de de Nancy-II.


eugène enriquez<br />

Professor de Sociologia e director <strong>da</strong> formação doutoral em Sociologia<br />

na Uni<strong>da</strong>de de Formação e Investigação em Ciências Sociais <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de de Paris-VII.<br />

pierre eyguesier<br />

Psicanalista.<br />

Jacqueline Fagard<br />

Directora de investigação no Centro Nacional de Investigação Científica<br />

(CNRS), na Uni<strong>da</strong>de Mista de Investigação, Laboratório de Cognição<br />

e Desenvolvimento, Boulogne-Billancourt.<br />

Florent Farges<br />

Doutorado em <strong>Psicologia</strong>, psiquiatra, professor na Universi<strong>da</strong>de de<br />

Paris-VIII. Autor de Approche communautaire des toxicomanies (PUF,<br />

1998).<br />

Michel Fayol<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> na Universi<strong>da</strong>de Blaise Pascal-Clermont-II.<br />

pierre Ferrari<br />

Professor de Psiquiatria Infantil na Universi<strong>da</strong>de de Paris-Sud, médico-<br />

-chefe <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Vallée (Gentilly).<br />

Cécile Fiette<br />

Psicóloga clínica, psicanalista.<br />

tristan Fouilliaron<br />

Psicanalista.<br />

Alain Gallo<br />

Ex-professor investigador, Laboratório de Neurobiologia do Comportamento,<br />

Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Universi<strong>da</strong>de<br />

de Toulouse-III.<br />

philippe Garnier<br />

Psiquiatra, psicanalista.<br />

Fabienne de Gaulejac<br />

Bolseira do ex-Ministério <strong>da</strong> Investigação e Tecnologia francês, professora,<br />

Laboratório de Etologia e Cognição Animal de Toulouse-III.<br />

Jean‑Yves Gautier<br />

Professor, Laboratório de Etologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Rennes.<br />

Christian George<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Geral na Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

15


16<br />

Bernard Geberowicz<br />

Ex-psiquiatra hospitalar, co-chefe de re<strong>da</strong>cção <strong>da</strong> revista Générations.<br />

Autor de Heurs et malheurs de la vie familiale (Syros, 1994).<br />

Jacques Gervet<br />

Ex-director de investigação, Centro Nacional de Investigação Científica<br />

(CNRS), Laboratório de Etologia e Cognição Animal de Toulouse-III.<br />

rodolphe Ghiglione<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

Marie‑dominique Gineste<br />

Professora e investigadora na Universi<strong>da</strong>de de Paris-Nord (Villetaneuse).<br />

emmanuel Guiliano<br />

Psicólogo no campo <strong>da</strong> Gerontologia, Hospital Bretonneau (Assistência<br />

Pública−Hospitais de Paris), professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-V.<br />

Jacqueline Guy‑Heinemann<br />

Psicanalista.<br />

Josiane Hamers<br />

Professora do Departamento de Línguas e Linguística, Universi<strong>da</strong>de<br />

Laval (Quebeque).<br />

Yvette Hatwell<br />

Professora jubila<strong>da</strong> de <strong>Psicologia</strong> Experimental, Universi<strong>da</strong>de de Ciências<br />

Sociais de Pierre Mendès France, Grenoble-II.<br />

André Holley<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Claude Bernard, Lyon-I.<br />

Marc Horwitz<br />

Jornalista <strong>da</strong> área de saúde pública, director <strong>da</strong> re<strong>da</strong>cção do Journal du<br />

si<strong>da</strong> et de la démocratie sanitaire, professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VI.<br />

Autor de Voyage au bout de la vie (documentário, TF1, 1986).<br />

pascal Huguet<br />

Investigador no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS),<br />

Laboratório de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Cognição, na Universi<strong>da</strong>de Blaise<br />

Pascal-Clermont II.<br />

Marie‑Claude Hurtig<br />

Ex-investigadora no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS),<br />

Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Provença, Aix-en-Provence.<br />

tomás Ibáñez<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social na Universi<strong>da</strong>de Autónoma de Barcelona.


Zorica Jeremic<br />

Psicóloga de Terapia Familiar, Centro Monceau (Paris), Malakoff.<br />

François Jouen<br />

Director <strong>da</strong> EPHE (Escola Prática de Altos Estudos), Laboratório de<br />

Psicobiologia do Desenvolvimento.<br />

robert‑Vincent Joule<br />

Doutorado em Letras e Ciências Humanas, professor de <strong>Psicologia</strong><br />

Social na Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Provença, Aix-en-Provence.<br />

Michèle Kail<br />

Directora de investigação no Centro Nacional de Investigação Científica<br />

(CNRS).<br />

Éric Lainey<br />

Psiquiatra, especialista em distúrbios do sono, médico consultor do<br />

Hospital Europeu Georges Pompidou, Paris.<br />

Claire Lambert<br />

Doutora<strong>da</strong> em <strong>Psicologia</strong>.<br />

Alain Lancry<br />

Doutorado em <strong>Psicologia</strong>, professor de <strong>Psicologia</strong> do Trabalho na Universi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> Picardia, Amiens.<br />

Anne‑solenn Le Bihan<br />

Psicóloga clínica e terapeuta familiar no Centro Monceau e no Hospital<br />

Albert Chenevier (Assistência Pública−Hospitais de Paris).<br />

Jean‑pierre Lecanuet<br />

Director de investigação no Centro Nacional de Investigação Científica<br />

(CNRS), na Uni<strong>da</strong>de Mista de Investigação e Desenvolvimento,<br />

Boulogne-Billancourt.<br />

Maryvonne Leclère<br />

Professora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII, psicóloga no Hospital Europeu<br />

Georges Pompidou, consultora do Centro Pluralis, perita do Tribunal<br />

de Grande Instância.<br />

pierre Lecocq<br />

Ex-professor de <strong>Psicologia</strong> Cognitiva, Universi<strong>da</strong>de de Lille-III.<br />

pierre Leconte<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Toulouse-II.<br />

roger Lécuyer<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-V, Laboratório de Cognição e de<br />

<strong>Psicologia</strong> do Desenvolvimento, Centro Nacional de Investigação Científica<br />

(CNRS).<br />

17


18<br />

rozenn Le duault<br />

Psicanalista, membro <strong>da</strong> Associação Freudiana Internacional.<br />

Jacques Léna<br />

Ex-interno dos Hospitais de Paris, associado aos Hospitais Necker-<br />

-Enfants Malades e Sainte-Anne (Paris).<br />

Jean‑François Le ny<br />

Professor jubilado <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-Sud, Orsay.<br />

Gilles Le pape<br />

Professor investigador, Laboratório de Etologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de<br />

Tours.<br />

Jean‑Claude Lepecq<br />

Investigador no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS),<br />

Uni<strong>da</strong>de de Psicofisiologia Cognitiva, La Salpêtrière, LENA [Laboratoire<br />

de neurosciences cognitives et imagerie cérébrale (Laboratório<br />

de Neurociências e Tomografia Cerebral)].<br />

Marie‑Louise Le rouzo<br />

Professora investigadora de <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-X,<br />

Nanterre.<br />

dominique Le Vaguerèse<br />

Psicanalista.<br />

Jacques‑philippe Leyens<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica de Lovaina<br />

(Lovaina-a-Nova, Bélgica).<br />

Caroline Louart‑devernay<br />

Psicóloga e orientadora profissional.<br />

Fabio Lorenzi‑Cioldi<br />

Professor investigador <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Ciências Económicas e Sociais,<br />

Universi<strong>da</strong>de de Genebra.<br />

pierre Marcie<br />

Investigador do INSERM [Institut national de la santé et de la recherche<br />

médicale (Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica)].<br />

José Marques<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Porto.<br />

<strong>da</strong>niel <strong>Martins</strong><br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-X (Nanterre).


Benjamin Matalon<br />

Ex-professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

Arnaud Marty‑Lavauzelle<br />

Psiquiatra, terapeuta familiar, provedor de saúde internacional. Autor<br />

– com Marie Jaoul de Poncheville – do romance Les Salons de Marie<br />

(1985). Presidente <strong>da</strong> AIDES (associação de luta contra o VIH-si<strong>da</strong> e as<br />

hepatites) entre 1991 e 1998, faleceu em 2007.<br />

Laurence Massé<br />

Professor investigador na área de <strong>Psicologia</strong> Clínica e Patológica <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

Jean Médioni<br />

Professor do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Laboratório<br />

de Etologia e <strong>Psicologia</strong> Animal de Toulouse-III.<br />

philippe Meirieu<br />

Professor de Ciências <strong>da</strong> Educação, director do IUFM (Instituto Universitário<br />

de Formação de Mestres) <strong>da</strong> Academia de Lião. Autor de<br />

Frankenstein pe<strong>da</strong>gogue (Paris, ESF Éditeur, 1996), L’École ou la guerre<br />

civile (com Marc Guiraud, Paris, Plon, 1997), Des enfants et des hommes<br />

(ESF Éditeur, 1999), L’École et les parents: la grande explication (Plon,<br />

2000), La Machine‑école (Gallimard, 2001), Repères pour un monde sans<br />

repères e Le Monde n’est pas un jouet (Desclée de Brouwer, 2002 e<br />

2004, respectivamente).<br />

<strong>da</strong>niel Mellier<br />

Director do Laboratório de <strong>Psicologia</strong> e de Neurociências <strong>da</strong> Cognição,<br />

Universi<strong>da</strong>de de Ruão.<br />

patrick Mollaret<br />

Professor investigador na área de <strong>Psicologia</strong>, Universi<strong>da</strong>de de Reims.<br />

Jean‑Marc Monteil<br />

Ex-professor de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Blaise Pascal-<br />

-Clermont II, reitor <strong>da</strong> Academia <strong>da</strong> Provença.<br />

Françoise Morange<br />

Doutora<strong>da</strong> em Biologia, professora investigadora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de<br />

Paris-VIII, Escola Prática de Altos Estudos (EPHE), Laboratório de Psicobiologia<br />

do Desenvolvimento.<br />

Gabriel Mugny<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Genebra, co-editor do Swiss Journal of<br />

Psychologie.<br />

19


20<br />

Catherine Musa<br />

Professora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de René Descartes (Paris-V), consultora na<br />

área <strong>da</strong> Psicoterapia Comportamental e Cognitiva (Hospital Sainte-<br />

-Anne, Paris).<br />

Jacqueline nadel<br />

Doutora<strong>da</strong> em Letras e Ciências Humanas, directora de investigação no<br />

CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Vulnerabili<strong>da</strong>de,<br />

A<strong>da</strong>ptação e Psicopatologia, Hospital de la Salpêtrière.<br />

dominique oberlé<br />

Professora investigadora na área de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

de Paris-X (Nanterre).<br />

Jean pailhous<br />

Director de investigação do Centro Nacional de Investigação Científica<br />

(CNRS), Marselha.<br />

Luc passera<br />

Professor jubilado, Laboratório de Etologia e Cognição Animal, Centro<br />

Nacional de Investigação Científica (CNRS), Universi<strong>da</strong>de de Toulouse-III.<br />

Marie‑Germaine pêcheux<br />

Directora de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), Laboratório de Cognição e Desenvolvimento, Boulogne-<br />

-Billancourt.<br />

Guido peeters<br />

Professor investigador do Fundo de Investigação Científica (Fonds<br />

Wetenschappelijk Onderzoek−Vlaanderen) [Bélgica] e professor <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de Católica de Lovaina.<br />

Juan Antonio pérez<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Valência (Espanha).<br />

Anne‑nelly perret‑Clermont<br />

Professora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Neuchâtel (Suíça), directora do seminário<br />

de <strong>Psicologia</strong>.<br />

Gilberte piéraut‑Le Bonniec<br />

Ex-directora de investigação do Centro Nacional de Investigação<br />

Científica, Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento, Escola<br />

Prática de Altos Estudos−Centro Nacional de Investigação Científica,<br />

(EPHE−CNRS), Paris.<br />

Michel piolat<br />

Professor investigador <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Provença (Aix-en-Provence).


Marie‑France poirier‑Littré<br />

Centro de Medicina Preventiva Cardiovascular e Instituto Nacional de<br />

Saúde e Investigação Médica (CRI-INSERM), Hospital Sainte-Anne.<br />

Jacques postel<br />

Ex-médico-chefe do Centro Hospitalar Sainte-Anne, ex-professor associado<br />

de <strong>Psicologia</strong> Clínica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VII.<br />

Viviane pouthas<br />

Directora de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica),<br />

Uni<strong>da</strong>de de Psicofisiologia Cognitiva, Hospital de la Salpêtrière.<br />

Joëlle provasi<br />

Professora investigadora <strong>da</strong> EPHE (Escola Prática de Altos Estudos),<br />

Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento.<br />

Jacques py<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

Yvon Queinnec<br />

Professor, director do Laboratório de Trabalho e de Cognição, Universi<strong>da</strong>de<br />

de Toulouse-Le Mirail.<br />

François rastier<br />

Director de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), Instituto de Língua Francesa.<br />

stephen <strong>da</strong>vid reicher<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Saint Andrews (Escócia).<br />

Maurice reuchlin<br />

Professor honorário de <strong>Psicologia</strong> Diferencial na Universi<strong>da</strong>de de Paris-V.<br />

Jean‑François richard<br />

Professor jubilado de <strong>Psicologia</strong>, Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

John rijsman<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Social, Universi<strong>da</strong>de de Tilburgo (Holan<strong>da</strong>).<br />

Bernard rimé<br />

Professor de <strong>Psicologia</strong> Experimental, Universi<strong>da</strong>de de Lovaina, (Lovaina-<br />

-a-Nova, Bélgica).<br />

Hector rodriguez‑tomé<br />

Director de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica). Autor – com Françoise Bariaud – <strong>da</strong> obra Les Perspectives<br />

temporelles à l’adolescence (Paris, PUF, 1987).<br />

21


22<br />

Michel‑Louis rouquette<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris-VIII.<br />

Jean‑Claude roy<br />

Professor de Psicofisiologia, Universi<strong>da</strong>de de Lille-I.<br />

Gérard salem<br />

Professor e investigador com formação em Psiquiatria e Psicoterapia,<br />

Lausana. Autor de L’Approche thérapeutique de la famille e Soigner par<br />

l’hypnose (ambas publica<strong>da</strong>s pela editora Masson em 2001).<br />

Jacques salomé<br />

Psicossociólogo que cursou Psiquiatria Social na Escola de Altos Estudos<br />

em Ciências Sociais (EHESS, École des hautes études en sciences<br />

sociales), formador na área de Relações Humanas, escritor. Autor de<br />

Papa, Maman, écoutez‑moi vraiment. À l’écoute des langages multiples<br />

de l’enfant (Paris, Albin Michel, 1989) [Papá, Mamã, Escutem‑me com<br />

Atenção: para Compreender as Diferentes Linguagens <strong>da</strong> Criança, trad.<br />

Fátima Leal e Carlos Gaspar, Lisboa, Instituto Piaget, 1989], Aimances<br />

(Le Regard Fertile, 1990), Bonjour Tendresse (Albin Michel, 1992), Contes<br />

à guérir. Contes à grandir (Albin Michel, 1993), Jamais seul ensemble<br />

(Quebeque, Éditions de l’Homme, 1995), Une vie à se dire. Ce n’est pas en<br />

perfectionnant la chandelle qu’on a inventé l’electricité (Quebeque, Les<br />

Éditions de l’Homme, 1998; Paris, Pocket, 2003), Pour ne plus vivre sur<br />

la planète TAIRE. Une méthode pour mieux communiquer (Albin Michel,<br />

1999), Le Courage d’être soi. L’art de communiquer en conscience (Éditions<br />

du Relié, 1999) [A Coragem de Ser Autêntico. A Arte de Comunicar<br />

em Consciência, Lisboa, Ésquilo, 2000], Minuscules aperçus sur la diffi‑<br />

culté de soigner (Albin Michel, 2004), Les Paroles de rêves (Albin Michel,<br />

2005), Pensées tendres à respirer au quotidien (Albin Michel, 2006), Et<br />

si nous inventions notre vie? (Éditions du Relié, 2006), Pourquoi est‑il si<br />

difficile d’être heureux? (Albin Michel, 2007), etc.<br />

patrick salvain<br />

Psicanalista.<br />

Alain savoyant<br />

Investigador no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).<br />

Benoît schaal<br />

Doutorado em Neurociências, director de investigação no CNRS (Centro<br />

Nacional de Investigação Científica), Instituto do Gosto (Dijon).<br />

Georges schadron<br />

Investigador do Departamento de <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica<br />

de Lille, professor associado.


Gérard schmaltz<br />

Professor investigador de Psicofisiologia, Universi<strong>da</strong>de de Lille-I.<br />

scania de schonen<br />

Directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), doutora<strong>da</strong> em Letras e Ciências Humanas.<br />

Xavier seron<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica de Lovaina, Facul<strong>da</strong>de de <strong>Psicologia</strong>,<br />

Uni<strong>da</strong>de de Neuropsicologia Cognitiva (Bélgica).<br />

Victor simon<br />

Médico especialista em doenças psicossomáticas, do aparelho digestivo<br />

e <strong>da</strong> nutrição; tratamento <strong>da</strong>s doenças psicossomáticas por<br />

hipnose ericksoniana e terapia breve estratégica, Paris e Lille. Autor<br />

<strong>da</strong> obra Du bon usage de l’hypnose. A la découverte d’une thérapeutique<br />

incomparable (Robert Laffont, 2000).<br />

Liliane sprenger‑Charolles<br />

Directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica).<br />

Jean‑pierre suzzoni<br />

Professor de Ecologia Terrestre em Toulouse.<br />

Bernard thon<br />

Investigador do CNRS, Centro de Investigação em Biologia do Comportamento,<br />

Universi<strong>da</strong>de de Toulouse-III.<br />

serge tisseron<br />

Psiquiatra e psicanalista, Paris. Autor de Tintin et les secrets de famille<br />

(Aubier, 1990), La Honte, psychanalyse d’un lien social (Dunod, 1992), Nos<br />

secrets de famille, histoire et mode d’emploi (Ramsay, 1999), La Télé en<br />

famille, oui! (Bayard, 2004).<br />

stanislaw tomkiewicz<br />

Pediatra e psiquiatra de origem polaca (Varsóvia, 1923 – Paris, 2003),<br />

foi director do INSERM (Instituto Nacional de Saúde e Investigação<br />

Médica). Autor de Aimer mal, châtier bien. Enquêtes sur les violences<br />

<strong>da</strong>ns des institutions pour enfants et adolescentes (com Pascal Vivet,<br />

Éditions du Seuil, 1991), L’Adolescence volée (Calmann-Lévy, 1999) e<br />

C’est la lutte finale etc. (Éditions de La Martinière, 2003).<br />

Gilles‑Marie Valet<br />

Psiquiatra, clínico hospitalar, Pontoise.<br />

denis Vallée<br />

Psiquiatra, terapeuta familiar no Centro Monceau (Paris) e em Montrouge.<br />

23


24<br />

serge Vallon<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Toulouse-Le Mirail, psicanalista, chefe<br />

de re<strong>da</strong>cção <strong>da</strong> revista Vie sociale et traitements.<br />

Michel Vancassel<br />

Director de investigação, CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica),<br />

Laboratório de Etologia, Rennes.<br />

Françoise Van duüren<br />

Professora investigadora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Lille-III.<br />

Jacques Vauclair<br />

Director de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica), professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Aix-Marselha-I.<br />

pierre Vermersch<br />

Psicólogo, investigador do CNRS (Centro Nacional de Investigação<br />

Científica).<br />

Éliane Vurpillot<br />

Doutora<strong>da</strong>, professora honorária de <strong>Psicologia</strong> na Universi<strong>da</strong>de René<br />

Descartes, Paris-V, ex-directora de investigação em <strong>Psicologia</strong> do<br />

Desenvolvimento.<br />

régine Waintrater<br />

Psicanalista, terapeuta familiar, professora investigadora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

de Poitiers.<br />

dominique Weil<br />

Doutora<strong>da</strong> em Letras, professora investigadora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de<br />

Estrasburgo-I.<br />

Vincent Yzerbt<br />

Professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica de Lovaina, Uni<strong>da</strong>de de <strong>Psicologia</strong><br />

Social, Lovaina-a-Nova (Bélgica).<br />

tania Zittoun<br />

Investigadora na área de <strong>Psicologia</strong>, Universi<strong>da</strong>de de Neuchâtel (Suíça).


ÍndICe<br />

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7<br />

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8<br />

Colaboradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9<br />

1. Introdução: HIstÓrIAs e teÓrICos<br />

História <strong>da</strong> psiquiatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28<br />

História <strong>da</strong> psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34<br />

História <strong>da</strong> psicanálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

Grandes teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94<br />

2. As GrAndes QuestÕes dA VIdA QuotIdIAnA,<br />

As prInCIpAIs psICopAtoLoGIAs<br />

Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104<br />

Adolescência (Comportamentos de risco na) Pierre Angel . . . . . . 108<br />

Adoptar uma criança Stéphane Clerget . . . . . . . . . . . . . . . 111<br />

Adulta (I<strong>da</strong>de) Zorica Jeremic . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115<br />

Agressivi<strong>da</strong>de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119<br />

Alzheimer (Doença de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122<br />

Amizade Jean‑Paul Bertrand . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126<br />

Amor Boris Cyrulnik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130<br />

Anorexia e bulimia Corinne Antoine . . . . . . . . . . . . . . . . . 134<br />

Apego Boris Cyrulnik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139<br />

Autismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145<br />

Auto‑estima Catherine Musa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150<br />

Avós e netos Anne‑Solenn Le Bihan . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />

Casal Denis Vallée . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159<br />

Casal homossexual Arnaud Marty‑Lavauzelle . . . . . . . . . . . . . 164<br />

Criança Corinne Antoine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167<br />

Criança com dificul<strong>da</strong>des de aprendizagem Caroline Louart‑Devernay . 173<br />

dependência de «drogas» Florent Farges . . . . . . . . . . . . . . 178<br />

dependências Florent Farges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183<br />

depressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185<br />

desenho infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191<br />

doença psíquica de um familiar (perante a) Régine Waintrater . . . . 198<br />

educação e papel dos pais Philippe Mérieu . . . . . . . . . . . . . 204<br />

emoções femininas, emoções masculinas Alain Braconnier . . . . . . 209<br />

esquizofrenia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213<br />

esterili<strong>da</strong>de e seus paliativos Geneviève Delaisi de Parseval . . . . . . 221<br />

Fideli<strong>da</strong>de e infideli<strong>da</strong>de Sylvie Angel . . . . . . . . . . . . . . . . 225<br />

Filho (Chega<strong>da</strong> do primeiro) Véronique Cohier‑Rahban . . . . . . . . 228<br />

25


26<br />

Filho (desejar ou não desejar ter um) Geneviève Delaisi de Parseval . . 234<br />

Filho diferente (ter um) Jacques Léna . . . . . . . . . . . . . . . . 238<br />

Fim <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, acompanhamento e cui<strong>da</strong>dos paliativos Marc Horwitz . 242<br />

Gerações anteriores (Laços com as) Marc Horwitz . . . . . . . . . . 247<br />

Grafologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250<br />

Gravidez Véronique Cohier‑Rahban . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253<br />

Hipnose clínica Victor Simon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259<br />

Histeria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264<br />

Infelici<strong>da</strong>de (Quando se é causador <strong>da</strong> sua própria) Gérard Salem . . 267<br />

Irmã(o)s [entre] Sylvie Angel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270<br />

Julgar os outros – como e com que critérios? . . . . . . . . . . . . 274<br />

Luto Marie‑Frédérique Bacqué . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279<br />

Mãe/pai (tornar‑se) Véronique Cohier‑Rahban . . . . . . . . . . . . 283<br />

neurose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290<br />

Ódio Bernard Geberowicz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294<br />

paranóia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297<br />

personali<strong>da</strong>des difíceis Catherine Musa . . . . . . . . . . . . . . . 300<br />

perturbações obsessivo‑compulsivas e fobias Maryvonne Leclère . . 304<br />

perturbações ancora<strong>da</strong>s na infância? Gilles‑Marie Valet . . . . . . . . 308<br />

psicanalítica (Corrente) Pierre Angel, Laurence Massé . . . . . . . . 312<br />

psicose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316<br />

psicose maníaco‑depressiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320<br />

psicoterapia (seguir uma) Pierre Angel, Laurence Massé . . . . . . . 326<br />

recém‑nascido (Interacções com o) Boris Cyrulnik . . . . . . . . . . 335<br />

resiliência e aptidão para a felici<strong>da</strong>de Stanislas Tomkiewicz, Sylvie Angel . 340<br />

segredos de família Serge Tisseron . . . . . . . . . . . . . . . . . 344<br />

sexuali<strong>da</strong>de Corinne Antoine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348<br />

sexuali<strong>da</strong>de (perturbações <strong>da</strong>) Corinne Antoine . . . . . . . . . . . 351<br />

sistémica (Corrente) Pierre Angel, Laurence Massé . . . . . . . . . . 355<br />

solidão Jacques Salomé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359<br />

sono Éric Lainey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367<br />

sono (distúrbios do) Éric Lainey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371<br />

Stress e ansie<strong>da</strong>de Éric Albert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375<br />

suicídio Florent Farges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379<br />

terapias breves Victor Simon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383<br />

terapias cognitivas e comportamentais Maryvonne Leclère . . . . . 388<br />

Velhice Marc Horwitz, Emmanuel Guiliano . . . . . . . . . . . . . . 394<br />

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398<br />

3. GLossÁrIo dos terMos essenCIAIs eM<br />

psICoLoGIA, psIQuIAtrIA e psICAnÁLIse . . . . 408<br />

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 612<br />

Bibliografia geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 620


HISTÓRIAS<br />

E<br />

TEÓRICOS<br />

História <strong>da</strong> psiquiatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28<br />

História <strong>da</strong> psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34<br />

História <strong>da</strong> psicanálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

Grandes teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />

A Psiquiatria, a <strong>Psicologia</strong> e a Psicanálise permitem uma melhor compreensão<br />

<strong>da</strong>s perturbações psíquicas do ser humano. Há já alguns anos que<br />

os profissionais destas três disciplinas exprimem o desejo de que todos os<br />

novos domínios sejam explorados de forma conjunta.<br />

Hoje existe, por exemplo, uma abertura <strong>da</strong> Psiquiatria à Psicanálise, à<br />

<strong>Psicologia</strong>, às ciências cognitivas e comportamentais, assim como à dimensão<br />

biológica do ser humano.<br />

Surgem ca<strong>da</strong> vez mais médicos que insistem numa necessária dimensão<br />

pluridisciplinar. Percorrendo a mesma sen<strong>da</strong>, e inspirando-se numa tal<br />

abertura de espírito, este dicionário apresenta uma reflexão comum, considerando<br />

de forma global as três abor<strong>da</strong>gens distintas supra-referi<strong>da</strong>s.<br />

A evolução do pensamento e dos cui<strong>da</strong>dos relativos ao sofrimento<br />

humano possibilita o desenvolvimento de um trabalho em rede que conduz<br />

ao confronto dos pontos de vista <strong>da</strong>s diferentes disciplinas.<br />

Assim, através desta obra colectiva, tornar-se-á possível o acesso<br />

a diferentes formas de abor<strong>da</strong>r o sofrimento psíquico e o subsequente<br />

alargamento <strong>da</strong> visão, muitas vezes redutora, <strong>da</strong> doença e do modo de<br />

li<strong>da</strong>r com ela.


HIstÓrIAs e teÓrICos<br />

28<br />

HIstÓrIA dA psIQuIAtrIA<br />

A psiquiatria realizou progressos consideráveis, graças a um melhor<br />

conhecimento do funcionamento neurológico e psíquico. Contudo, seria uma<br />

ilusão julgar que a sua eficácia terapêutica passou a advir apenas <strong>da</strong> valori‑<br />

zação automática do avanço <strong>da</strong>s neurociências e <strong>da</strong> psicofarmacologia. Con‑<br />

fronta<strong>da</strong> com algumas <strong>da</strong>s formas mais complexas <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de humana, a<br />

psiquiatria deve, com efeito, evitar qualquer perspectiva redutora, preservar<br />

a sua capaci<strong>da</strong>de de integrar as contribuições trazi<strong>da</strong>s pelas outras abor<strong>da</strong>‑<br />

gens dessa mesma reali<strong>da</strong>de e, sobretudo, exigir uma ética irrepreensível<br />

– e maior à medi<strong>da</strong> que o seu papel social se for consoli<strong>da</strong>ndo. Quanto mais<br />

esclareci<strong>da</strong> for a socie<strong>da</strong>de, mais se considerará responsável por assegurar<br />

aos «doentes mentais» uma oportuni<strong>da</strong>de de cura e de reintegração; mais se<br />

arriscará, eventualmente, a transigir demasiado facilmente com aquilo que ela<br />

pode conter em si de patogénico e a descartar‑se <strong>da</strong>s suas próprias responsa‑<br />

bili<strong>da</strong>des, depositando‑as na competência reconheci<strong>da</strong> aos especialistas.<br />

nascimento <strong>da</strong> psiquiatria<br />

A Psiquiatria constitui-se como prática e instituição específicas no final<br />

do século XVIII, na Grã-Bretanha, em Itália e, sobretudo, em França, com Philippe<br />

Pinel em Paris (Hospital Bicêtre e, mais tarde, Hospital de la Salpêtrière).<br />

Homem de progresso, impregnado do novo ideal de respeito pelos Direitos<br />

Humanos, preocupado, segundo as concepções do grupo de ideólogos a que<br />

se liga, em afastar todos os preconceitos <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> mente humana à qual<br />

se dedica, Pinel define e impõe uma atitude radicalmente nova relativamente<br />

aos «alienados», a quem anteriormente se recusava qualquer estatuto pessoal,<br />

assim como qualquer comunicação. O hospital deixa de ser um local de<br />

encarceramento e exclusão, transformando-se num lugar de isolamento do<br />

mundo exterior e de encontro do «louco» com o médico, que poderá instituir<br />

entre si e o doente uma relação terapêutica, o chamado «tratamento moral».<br />

Trata-se de uma psicoterapia racional <strong>da</strong> loucura, basea<strong>da</strong> na benevolência,<br />

na brandura e na persuasão, preconiza<strong>da</strong> e aplica<strong>da</strong> igualmente por William<br />

Tuke 1 na Grã-Bretanha. Tal atitude assenta na ideia de que a loucura não é<br />

uma per<strong>da</strong> <strong>da</strong> razão, mas um desarranjo <strong>da</strong> mente que deixa subsistir a razão,<br />

embora de forma vacilante. Mais tarde, depois de 1830, sob pressão social,<br />

o isolamento transforma-se em retiro imposto ao doente e em enclausuramento<br />

destinado a «proteger» a socie<strong>da</strong>de.<br />

psiquiatria no século XIX<br />

A Psiquiatria afasta-se do projecto de Pinel, construindo-se segundo<br />

o modelo <strong>da</strong> Medicina <strong>da</strong> época. Passa a procurar enti<strong>da</strong>des anatomoclínicas<br />

para «definir» o doente, ao qual se chama «alienado», ou seja, estranho a si<br />

mesmo e aos outros. À falta de comprovação de lesões indiscutíveis, utilizam-<br />

-se noções como hereditarie<strong>da</strong>de, degenerescência ou constituição. As principais<br />

rubricas <strong>da</strong> nosografia psiquiátrica actual constituíram-se a partir destes


a priori. Uma tal terapêutica <strong>da</strong> loucura tem igualmente consequências práticas<br />

na própria vi<strong>da</strong> do doente: medi<strong>da</strong>s de assistência e protecção; definição de<br />

incapaci<strong>da</strong>de civil e irresponsabili<strong>da</strong>de penal; internamento por dever de ofício,<br />

em asilos criados para esse efeito, dos indivíduos considerados perigosos para<br />

si mesmos ou para os outros; internamento voluntário a pedido de pessoas<br />

liga<strong>da</strong>s ao doente, familiares ou não (lei francesa de 30 de Junho de 1838).<br />

revolução psicanalítica<br />

Ao descobrir o inconsciente e ao afirmar que qualquer sintoma possui<br />

um significado, Freud revoluciona a Psiquiatria clássica, e a perspectiva organicista<br />

perde a sua importância, em benefício de concepções psicogenéticas.<br />

No entanto, a Psicanálise fica à margem <strong>da</strong>s práticas psiquiátricas, que, centra<strong>da</strong>s<br />

no asilo, dispõem de pouquíssimos meios terapêuticos: isolamento,<br />

banhos e duches, assim como alguns se<strong>da</strong>tivos não específicos. As principais<br />

terapêuticas de choque (electrochoques, insulinoterapia) surgem por volta<br />

de 1930. É apenas com a psicoterapia institucional, nos anos 50, que a Psicanálise<br />

faz a sua entra<strong>da</strong> nos hospitais. Porém, o impacto freudiano e, posteriormente,<br />

lacaniano em França há-de marcar profun<strong>da</strong>mente a Psiquiatria e<br />

a teoria psicanalítica vê ser-lhe reserva<strong>da</strong> um lugar preponderante no estudo<br />

psicopatológico <strong>da</strong>s doenças mentais, ain<strong>da</strong> que se acredite menos do que<br />

antigamente na eficácia terapêutica <strong>da</strong> psicanálise.<br />

Classificação <strong>da</strong>s perturbações mentais<br />

Foi em 1952 que surgiu pela primeira vez o DSM (Diagnostic and Statistical<br />

Manual of Mental Disorders), Manual de Diagnóstico e Estatística <strong>da</strong>s Perturba‑<br />

ções Mentais, editado pela Associação Americana de Psiquiatria. Essa obra<br />

conheceu transformações sucessivas ao longo dos anos: em 1968 (DMS‑II),<br />

1980 (DMS‑III), 1987 (DMS‑III‑R) e 1994 (DMS‑IV) 2 . O intuito permanente <strong>da</strong> obra<br />

é unificar as linhas de investigação e tratamento, a partir de uma linguagem<br />

comum à escala planetária; se é ver<strong>da</strong>de que passou a poder-se esperar maior<br />

segurança no estabelecimento dos diagnósticos, um tal projecto, cujas implicações<br />

institucionais são consideráveis, não deixa de sofrer preferências científicas,<br />

senão mesmo ideológicas e políticas, por parte <strong>da</strong>queles que asseguram<br />

a sua realização. Perante as críticas à classificação de 1952 por fazer referência<br />

a enti<strong>da</strong>des mórbi<strong>da</strong>s e patologias pré-defini<strong>da</strong>s, adoptou-se de segui<strong>da</strong> uma<br />

posição «ateórica» que não dependia unicamente dos critérios americanos. O<br />

certo é que os progressos <strong>da</strong>s Neurociências parecem dever encorajar uma<br />

perspectiva essencialmente biomédica.<br />

progressos <strong>da</strong> psicofarmacologia<br />

Com os tratamentos biológicos surgidos depois de 1930, a organogénese<br />

encontra um certo interesse: a cura de Sakel 3 (técnica de choque<br />

respeitante à convulsivoterapia utiliza<strong>da</strong> no tratamento <strong>da</strong>s psicoses), a psi-<br />

(...)<br />

29


HIstÓrIAs e teÓrICos<br />

34<br />

HIstÓrIA dA psICoLoGIA<br />

embora o ser humano se tenha esforçado sempre por son<strong>da</strong>r os<br />

mistérios <strong>da</strong> sua alma, foi apenas no século XIX, num terreno desbravado<br />

pela evolução <strong>da</strong>s ideias filosóficas a partir de Descartes e pelos rápidos<br />

progressos <strong>da</strong> Fisiologia, que a psicologia se constituiu como um discurso<br />

e um saber autónomos. Desde então, diversificando progressivamente os<br />

seus domínios e multiplicando as suas aplicações concretas (no ensino, na<br />

formação, no mundo do trabalho, etc.), ela conquistou um espaço de pleno<br />

direito, e o desenvolvimento <strong>da</strong> psicologia Cognitiva faz aumentar o alcance<br />

<strong>da</strong>s suas ambições.<br />

origens e desenvolvimento <strong>da</strong> psicologia<br />

A conversão <strong>da</strong> Fisiologia ao método experimental e a construção<br />

de instrumentos de medição aperfeiçoados dão origem, na Alemanha, aos<br />

primeiros progressos em matéria de fisiologia <strong>da</strong>s sensações [medição dos<br />

limites sensoriais por Ernst Weber (1795-1878)] e de fisiologia do sistema nervoso<br />

(descoberta <strong>da</strong>s células do sistema nervoso), assim como ao estabelecimento<br />

dos primeiros paradigmas psicofísicos e psicofisiológicos. Gustav Theodor<br />

Fechner (1801-1887) quantifica os fenómenos psíquicos e Hermann von<br />

Helmholtz (1827-1894) estu<strong>da</strong> os mecanismos <strong>da</strong> percepção; Wilhelm Wundt<br />

(1832-1920) fun<strong>da</strong> em Leipzig, em 1879, o primeiro laboratório de <strong>Psicologia</strong><br />

Experimental, assentando a experimentação na introspecção. Franz Brentano<br />

(1838-1917), Hermann Ebbinghaus (1850-1909) e Oswald Külpe (1862-1915)<br />

contribuem significativamente para o desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong> na Alemanha;<br />

paralelamente, tendo ca<strong>da</strong> caso uma orientação original, a <strong>Psicologia</strong><br />

acaba por ser fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por Francis Galton (1822-1911) na Grã-Bretanha, por<br />

Théodule Ribot (1839-1916) e Alfred Binet (1857-1911) em França, por Ivan<br />

Petrovič Pavlov (1849-1936) na Rússia, e por William James (1842-1910) e John<br />

Dewey (1859-1952) nos Estados Unidos.<br />

Correntes e teorias<br />

Em segui<strong>da</strong>, várias são as correntes e teorias fecun<strong>da</strong>s que se desenvolvem.<br />

Behaviorismo<br />

Com o behaviorismo, iniciado por Watson, a <strong>Psicologia</strong>, rejeitando a<br />

introspecção, afasta-se do estudo <strong>da</strong> consciência e torna-se uma ciência do<br />

comportamento.<br />

Em 1913, John Watson (1878-1958) escreve um artigo que faz história<br />

(“Psychology as the Behaviorist views it”), negando que a consciência possa<br />

ser objecto de estudo ou princípio explicativo. A análise do comportamento,<br />

que alguns já praticavam, é eleva<strong>da</strong> por Watson a doutrina. A observação<br />

exterior do comportamento é suficiente para estabelecer leis que permitam<br />

prever as reacções a variações ambientais. A observação objectiva aplica-se<br />

(...)


HIstÓrIA dA psICAnÁLIse<br />

Constituí<strong>da</strong> no final do século XIX por Freud, a Psicanálise dá conta de<br />

algumas questões que a Medicina <strong>da</strong> época apresenta, embora renovando<br />

totalmente, a partir <strong>da</strong>í, a concepção que se pode ter do ser humano.<br />

Histeria e hipnose<br />

A Psicanálise constitui-se a partir de um trabalho clínico que diz respeito<br />

sobretudo à histeria. Aos sujeitos que sofriam de sintomas físicos incapacitantes<br />

(paralisias, paresias, anestesias, etc.) que não tivessem uma origem<br />

orgânica identificável, tentava-se por vezes, por volta do final do século<br />

XIX, fazer desaparecer os sintomas por meio <strong>da</strong> sugestão, colocando-os em<br />

estado de hipnose. Quem também se serviu <strong>da</strong> hipnose foi Josef Breuer,<br />

a quem Freud atribui, curiosamente, a paterni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Psicanálise. Porém,<br />

Breuer utilizou a hipnose para fazer com que fossem verbaliza<strong>da</strong>s algumas<br />

lembranças que se encontravam fora do alcance <strong>da</strong> sua paciente Anna O.<br />

(isto é, Bertha Pappenheim), de Julho de 1880 a Junho de 1882. A partir de<br />

então, através de algumas modificações na técnica e com a introdução do<br />

conceito de recalcamento, as bases <strong>da</strong> Psicanálise puderam ser constituí<strong>da</strong>s<br />

entre o final do século XIX e o começo do século XX.<br />

primórdios <strong>da</strong> psicanálise<br />

A Psicanálise parte de um postulado segundo o qual tudo o que sobrevém<br />

nos sonhos e nos actos falhados comporta uma dimensão que permanece<br />

oculta. Trata-se do inconsciente, produto de uma série de acontecimentos<br />

ocorridos logo no início <strong>da</strong> infância (e, talvez, até mesmo antes dela) e se<br />

relacionam com o desenvolvimento <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de em sentido lato, inicialmente<br />

não genital (o prazer <strong>da</strong> boca e <strong>da</strong> excreção). Tais acontecimentos são<br />

censurados. Por volta dos três anos, a criança descobre a diferença entre os<br />

sexos. Nos seus primeiros anos, ela vive, portanto, alguns acontecimentos<br />

fun<strong>da</strong>mentais que, provavelmente, nunca tiveram lugar, mas que acabam por<br />

aflorar a sua consciência: o espectáculo do coito entre os pais (cena geralmente<br />

fantasia<strong>da</strong>) e a castração. Para o rapaz, trata-se <strong>da</strong> ameaça de ficar<br />

com o sexo cortado devido à masturbação, que constitui para ele a descarga<br />

normal dos desejos edipianos. Para a rapariga, a visão «<strong>da</strong>quilo que lhe falta»<br />

leva-a à inveja do pénis, o que a conduz <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de ao desejo de ter um<br />

filho do seu próprio pai, fazendo-a entrar na evolução normal <strong>da</strong> heterossexuali<strong>da</strong>de.<br />

Segundo Lacan, a castração é um acontecimento imaginário que<br />

implica a submissão do sujeito ao simbólico, isto é, à linguagem. É através<br />

<strong>da</strong> linguagem que se estabelecem as denominações do parentesco e dos<br />

interditos. Para a criança, as proibições sociais, ain<strong>da</strong> que não formula<strong>da</strong>s,<br />

estão na origem do recalcamento <strong>da</strong>s representações liga<strong>da</strong>s à sexuali<strong>da</strong>de<br />

na direcção do inconsciente, o qual acaba por ficar carregado de energias<br />

potenciais. Tudo o que foi recalcado tende sempre a regressar sob a forma de<br />

sintomas, actos falhados, lapsos, sonhos, etc. É o conjunto desses conflitos<br />

39


HIstÓrIAs e teÓrICos<br />

40<br />

que cria a pessoa humana. O complexo de Édipo é a descoberta de um processo<br />

fun<strong>da</strong>mental: o ciúme que a criança sente relativamente ao genitor do<br />

mesmo sexo e o desejo inconfessado de eliminá-lo e substituí-lo. Tal conflito<br />

origina neuroses quando o complexo não encontra uma saí<strong>da</strong> favorável, e<br />

desaparece quando o sujeito encontra outros objectos.<br />

Freud elaborou dois modelos do aparelho psíquico (tópicas). O primeiro<br />

atribui à pessoa humana três instâncias: o pré‑consciente, o inconsciente e<br />

o consciente. Contudo, essa primeira tópica tem mais um valor descritivo,<br />

na medi<strong>da</strong> em que não distingue as forças que produzem o recalcamento<br />

ao enfrentar-se no conflito psíquico. Em 1923, Freud elabora a sua segun<strong>da</strong><br />

tópica. O sujeito é estruturado por três instâncias: o id (reservatório <strong>da</strong>s<br />

pulsões), o ego e o superego (conjunto de regras morais, interiorização do<br />

interdito parental).<br />

Na história <strong>da</strong> Psicanálise, convém, aliás, atribuir uma importância<br />

particular à viragem <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 20, ou seja, à teoria <strong>da</strong> pulsão de morte,<br />

liga<strong>da</strong> à observação <strong>da</strong> força <strong>da</strong> repetição no ser humano, repetição que faz<br />

reaparecer regularmente o que há de mais penoso ou traumático.<br />

sessão analítica e suas regras fun<strong>da</strong>mentais<br />

As neuroses, mas também algumas outras tensões psíquicas que traduzem<br />

o mal-estar do sujeito adulto, podem levar este a consultar um psicanalista<br />

– pessoa que também seguiu uma análise e que, por esse motivo, se<br />

encontra, em princípio, apta a escutar aquele que sofre. Durante a sessão<br />

analítica, as associações do paciente permitem percorrer o curso do processo<br />

de recalcamento e revelar os desejos inconscientes. A primeira regra fun<strong>da</strong>mental<br />

<strong>da</strong> Psicanálise é, portanto, a associação livre: pede-se ao paciente<br />

que se permita dizer tudo aquilo que lhe vem à cabeça, mesmo que se trate<br />

de algo que considere inútil, inadequado ou estúpido. É-lhe absolutamente<br />

exigido que não omita qualquer pensamento, ain<strong>da</strong> que embaraçoso ou<br />

penoso. É esta regra fun<strong>da</strong>mental que estrutura a relação entre o analista<br />

e o paciente. A reconstituição <strong>da</strong> história do sujeito deveria implicar o desaparecimento<br />

do sintoma. No entanto, mesmo após alguns êxitos, tal acção<br />

encontra dois problemas no método analítico: a resistência e a transferência.<br />

Depressa, o paciente deixa de ser capaz de comunicar livremente os seus<br />

pensamentos: estes resistem e ele próprio resiste à sua confissão. Simultaneamente,<br />

opera-se uma transferência de sentimentos de amor ou ódio<br />

em relação à própria prática <strong>da</strong> análise e à pessoa do analista. Resistência e<br />

transferência condicionam o facto de reviver situações conflituosas antigas<br />

ou lembranças traumáticas recalca<strong>da</strong>s, podendo a situação de revivescência<br />

constituir um obstáculo para o trabalho <strong>da</strong> cura. Para superar tal situação<br />

de bloqueio, é necessário que tudo o que resulta <strong>da</strong> análise – os acontecimentos<br />

que nela se produzem, as imagens, os pensamentos secretos, os<br />

silêncios, etc. – seja igualmente analisado, <strong>da</strong>do que tudo isto faz parte do<br />

(...)


GrAndes teÓrICos<br />

Abraham (Karl)<br />

Médico e psicanalista alemão<br />

(Bremen, 1877 – Berlim, 1925)<br />

A partir de 1904, Karl Abraham começa a trabalhar no Burghölzli (hospital<br />

psiquiátrico de Zurique) juntamente com Eugen Bleuler, de quem virá a<br />

tornar-se, em 1906, o primeiro assistente. Ali encontra Jung, que o põe em<br />

contacto com as ideias de Freud, que virá a conhecer em 1907. Em 1910, fun<strong>da</strong><br />

a Associação Psicanalítica de Berlim, primeira ramificação <strong>da</strong> Associação Psicanalítica<br />

Internacional, <strong>da</strong> qual se tornará presidente em 1924. Karl Abraham<br />

foi um dos que mais contribuíram para a extensão <strong>da</strong> corrente psicanalítica<br />

para fora de Viena, assim como para a sua coesão. O seu contributo pessoal<br />

para a teoria é rico e diversificado: introdução <strong>da</strong> noção de objecto parcial,<br />

definição dos processos de introjecção e incorporação, estudo dos estádios<br />

pré-genitais. Exerceu uma grande influência sobre Melanie Klein. A sua obra<br />

comporta, para além de uma importante correspondência (1907-1926) com<br />

Freud, Sonho e Mito: Um Estudo sobre <strong>Psicologia</strong> dos Povos (Traum und Mythus:<br />

eine Studie zur Völkerpsychologie, 1909), Versuch der Entwicklungsgeschichte<br />

der Libido14 (1916), assim como estudos psicanalíticos acerca <strong>da</strong> formação <strong>da</strong><br />

personali<strong>da</strong>de (1925).<br />

Luto Psicanalítica (Corrente) u Ambivalência u Oral (Estádio)<br />

Adler (Alfred)<br />

Médico e psicólogo austríaco<br />

(Viena, 1870–Aberdeen, 1937)<br />

Aluno de Freud a partir de 1902, participa no Primeiro Congresso de<br />

Psicanálise de Salzburgo (1908). Afasta-se rapi<strong>da</strong>mente (1910) do movimento<br />

psicanalítico, <strong>da</strong>do não partilhar <strong>da</strong> opinião de Freud acerca do papel <strong>da</strong> pulsão<br />

sexual, e desenvolve uma teoria do funcionamento psíquico centra<strong>da</strong> no<br />

sentimento de inferiori<strong>da</strong>de [Teoria e Prática <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong> Individual (Praxis<br />

und Theorie der Individualpsychologie, 1918)].<br />

Bibliografia passiva: Alfred Adler, The Man and His Work: Triumph over the Inferiority Complex, de Hertha Orgler<br />

(Londres, C. W. Daniel, 1939); Alfred Adler: Apostle of Freedom, de Phyllis Bottome (Londres, Faber<br />

& Faber, 1939); Die Freud‑Adler‑Kontroverse, de Bernhard Handlbauer (Gießen, Hesse, Alemanha,<br />

Psychosozial-Verlag, 2002).<br />

¤ História <strong>da</strong> Psicanálise Agressivi<strong>da</strong>de Psicanalítica (Corrente)<br />

Sistémica (Corrente) u Inferiori<strong>da</strong>de (Complexo de)<br />

Balint (Michael)<br />

Psiquiatra e psicanalista britânico de origem húngara<br />

(Bu<strong>da</strong>peste, 1896 – Londres, 1970)<br />

Autor de The Doctor, His Patient and the Illness15 (1957), criou um método<br />

que consiste em reunir regularmente um grupo de médicos para que analisem<br />

em conjunto o seu comportamento relativamente aos doentes (grupo Balint).<br />

u Balint (Grupo)<br />

43


HIstÓrIAs e teÓrICos<br />

44<br />

Bateson (Gregory)<br />

Antropólogo e etnólogo americano de origem britânica<br />

(Cambridge, Grã‑Bretanha, 1904 – San Francisco, Califórnia, 1980)<br />

Gregory Bateson mostrou que é possível descrever as interacções<br />

entre indivíduos em termos quer de simetria, quer de complementari<strong>da</strong>de. No<br />

primeiro caso, os pares adoptam um comportamento em espelho, enquanto<br />

no segundo o comportamento de um completa o do outro. Elaborou igualmente<br />

a teoria do duplo constrangimento.<br />

Escreveu Communication: The Social Matrix of Psychiatry (com Jurgen<br />

Ruesch, 1951), Steps to an Ecology of Mind. Collected Essays in Anthropology,<br />

Psychiatry, Evolution, and Epistemology16 (1972), Mind and Nature: A Necessary<br />

Unity17 (1979).<br />

Esquizofrenia Sistémica (Corrente) Terapias breves<br />

p Palo Alto (Escola de) u Duplo constrangimento<br />

Bettelheim (Bruno)<br />

Psicanalista americano de origem austríaca<br />

(Viena, 1903 – Silver Spring, Maryland, 1990)<br />

Após ter realizado estudos em <strong>Psicologia</strong>, recebe formação psicanalítica.<br />

Deportado para Dachau e Buchenwald, devido às suas raízes ju<strong>da</strong>icas, é<br />

libertado graças à intervenção <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de internacional. Tal experiência<br />

dá-lhe material para escrever um relatório intitulado “Individual and Mass<br />

Behavior in Extreme Situation” (1943), que o general Eisenhower dá a ler a<br />

todos os oficiais do exército americano. Dessa experiência também retirou<br />

The Informed Heart: Autonomy in a Mass Age 18 (1960) e Surviving and Other<br />

Essays 19 (1979), onde analisa as atitudes humanas em situações extremas e<br />

hierarquiza os comportamentos que parecem mais eficazes de modo a salvaguar<strong>da</strong>r<br />

a integri<strong>da</strong>de funcional do ego.<br />

Após a sua libertação, vai para os Estados Unidos, onde se torna professor<br />

nas áreas de Pe<strong>da</strong>gogia (1944) e Psiquiatria (1963), na Universi<strong>da</strong>de de<br />

Chicago. Assume igualmente a direcção, em 1944, de um instituto destinado<br />

a crianças em dificul<strong>da</strong>des, o qual reforma em 1947, <strong>da</strong>ndo-lhe o nome de Instituto<br />

Ortogenético de Chicago; organiza-o e descreve-o – em A Home for the<br />

Heart (1974) – como um meio isolado <strong>da</strong>s pressões exteriores (principalmente<br />

dos pais), no qual toma a seu cargo crianças autistas. Põe em causa, através <strong>da</strong><br />

sua prática e <strong>da</strong>s suas observações, as concepções do autismo, avançando que<br />

a causa principal dessa doença é um incidente ocorrido no início <strong>da</strong> infância,<br />

especialmente numa relação mal estabeleci<strong>da</strong> entre a criança e a mãe. Tenta<br />

demonstrar tal tese a partir de vários casos, em The Empty Fortress. Infantile<br />

Autism and the Birth of the Self 20 (1967). No Instituto Ortogenético, nenhum<br />

pormenor é deixado ao acaso: ambiente continuamente favorável à criança;<br />

divisão dos internos em seis grupos de oito; respeito absoluto pelos desejos<br />

<strong>da</strong> criança; inexistência de intervenção de qualquer hierarquia, pois, como<br />

(...)


AS GRANDES<br />

QUESTÕES<br />

DA<br />

VIDA QUOTIDIANA,<br />

AS<br />

PRINCIPAIS<br />

PSICOPATOLOGIAS


AS GRANDES QUESTÕES<br />

104<br />

ADolESCêNCiA<br />

A adolescência representa uma passagem entre dois estados: <strong>da</strong><br />

infância à i<strong>da</strong>de adulta. É um período de grande fragili<strong>da</strong>de, no qual se<br />

tornam a jogar diferentes estádios já vividos na primeira infância, mas<br />

igualmente um movimento de desidealização dos pais, que submerge<br />

os adolescentes numa per<strong>da</strong> de referências. Tais mu<strong>da</strong>nças físicas e<br />

psíquicas provocam nos jovens uma desorganização passageira.<br />

Cronologicamente associado ao arranque <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong>de pubertária,<br />

o início <strong>da</strong> adolescência situa‑se por volta dos 11/12 anos, e a sua conclusão<br />

dá‑se cerca dos 18 anos, termo que convém reter, embora os limites entre<br />

o fim <strong>da</strong> adolescência e o estatuto de jovem adulto sejam imprecisos. Com<br />

efeito, as transformações biológicas, psicológicas e psicossociais próprias<br />

<strong>da</strong> adolescência estão completas por volta dos 18 anos, embora o desenvol‑<br />

vimento prossiga depois dessa i<strong>da</strong>de noutros domínios e segundo outras<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des.<br />

Caracterização <strong>da</strong> adolescência<br />

O período <strong>da</strong> adolescência é marcado pela convergência de três fac‑<br />

tores fun<strong>da</strong>mentais, a partir dos quais se pode estabelecer um quadro que<br />

compreende os acontecimentos característicos <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong> infância à<br />

i<strong>da</strong>de adulta:<br />

– viva aceleração do crescimento, que tem como um dos sinais mais<br />

impressionantes o aumento <strong>da</strong> estatura;<br />

– importância <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que se produzem e concernem ao con‑<br />

junto do organismo e <strong>da</strong> pessoa;<br />

– grande variabili<strong>da</strong>de interindividual: a veloci<strong>da</strong>de de tais mu<strong>da</strong>nças e<br />

o momento (i<strong>da</strong>de) <strong>da</strong> sua ocorrência variam muito de criança para criança; e<br />

grande variabili<strong>da</strong>de intra‑individual: num mesmo indivíduo, as mu<strong>da</strong>nças não<br />

ocorrem to<strong>da</strong>s no mesmo momento, nem seguindo o mesmo ritmo, em todos<br />

os sectores do desenvolvimento (físico, intelectual, socioafectivo); essas duas<br />

formas de variabili<strong>da</strong>de são inerentes ao desenvolvimento normal.<br />

Puber<strong>da</strong>de e suas repercussões<br />

Central na adolescência, a questão <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de não poderá ser escla‑<br />

reci<strong>da</strong> sem referência ao corpo pelo sujeito, embora o sentido <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />

não se esgote aí. Durante a puber<strong>da</strong>de, o corpo <strong>da</strong> criança modifica‑se na<br />

morfologia, no funcionamento e na aparência; em pouco tempo (quatro<br />

anos, em média), torna‑se um corpo adulto, sexualizado. O adolescente deve<br />

a<strong>da</strong>ptar‑se a tais mu<strong>da</strong>nças, integrar na auto‑imagem esse corpo em transfor‑<br />

mação, assumir a sua identi<strong>da</strong>de de género (masculina ou feminina) e avançar<br />

no caminho que conduz à sexuali<strong>da</strong>de genital adulta.<br />

A maioria dos adolescentes chega aí sem conhecer perturbações<br />

psicológicas de maior; a tarefa não é, to<strong>da</strong>via, fácil, comportando muita


inquietação, dúvi<strong>da</strong>s, angústia. Embora a maturação pubertária lhes afecte<br />

a intimi<strong>da</strong>de corporal, provoca igualmente mu<strong>da</strong>nças na maneira como os<br />

adolescentes são percebidos e considerados pelo respectivo meio (pais, cole‑<br />

gas, professores, etc.). De modo que a a<strong>da</strong>ptação às mu<strong>da</strong>nças corporais<br />

se decide também no contexto <strong>da</strong>s relações com os outros, muitas vezes<br />

influencia<strong>da</strong>s pelas representações colectivas e pelas crenças que incidem<br />

sobre a chega<strong>da</strong> precoce ou tardia <strong>da</strong> puber<strong>da</strong>de, sobre a natureza e o sen‑<br />

tido dos sinais que anunciam a maturação sexual (como o aparecimento do<br />

período menstrual nas raparigas), assim como pelos padrões culturais de<br />

beleza e sedução associados às formas de homem e mulher.<br />

Como pensam os adolescentes?<br />

Durante a adolescência observam‑se mu<strong>da</strong>nças importantes no modo<br />

de funcionamento do pensamento. Segundo a teoria operatória de Piaget,<br />

tais modificações correspondem à aquisição <strong>da</strong>s estruturas do pensamento<br />

formal, que caracterizam o estado de acabamento do desenvolvimento inte‑<br />

lectual. Segundo Bärbel Inhelder e Piaget, com o advento do pensamento<br />

formal (entre os 11/12 e os 14/15 anos), o adolescente fica apto a raciocinar,<br />

abstractamente, em termos de hipóteses, enuncia<strong>da</strong>s verbalmente, já não<br />

se referindo apenas a objectos concretos e respectivas manipulações, ace‑<br />

dendo, portanto, ao pensamento hipotético‑dedutivo.<br />

No entanto, muitos estudos, utilizando experiências deriva<strong>da</strong>s dos<br />

trabalhos de Inhelder e Piaget, mostram que uma grande percentagem de<br />

adolescentes (e de adultos até) não atingiam tais resultados, o que põe em<br />

causa a generali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s teorias de Piaget, sugerindo que a aquisição e o<br />

emprego <strong>da</strong> lógica formal serão apenas uma <strong>da</strong>s realizações possíveis do<br />

desenvolvimento cognitivo na adolescência. Neste sentido, é evidente a<br />

influência positiva <strong>da</strong>s estimulações ofereci<strong>da</strong>s pelo ambiente familiar <strong>da</strong>s<br />

crianças. Contudo, também é preciso ter em conta a diferenciação <strong>da</strong>s apti‑<br />

dões (literárias, artísticas, científicas, práticas) que aumenta significativa‑<br />

mente na adolescência, o facto de nem to<strong>da</strong>s (nem ao mesmo nível) impli‑<br />

carem o contributo <strong>da</strong> lógica formal para a elaboração dos comportamentos<br />

a<strong>da</strong>ptativos. O mesmo se passa com o que pertence a diferentes domínios<br />

(por exemplo, o domínio profissional) de exercício <strong>da</strong> inteligência.<br />

Como recor<strong>da</strong> o próprio Piaget, a lógica não está to<strong>da</strong> no pensamento.<br />

Para compreender melhor o pensamento do adolescente, também devemos<br />

reportar‑nos a outras mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de funcionamento, não necessariamente<br />

dependentes <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong> lógica formal ou, pelo menos, não se reduzindo<br />

a elas. Ocorrem progressos sensíveis em relação à criança, nomea<strong>da</strong>mente<br />

no que se refere à metacognição (conhecimento que ca<strong>da</strong> pessoa pode ter<br />

dos seus próprios processos mentais) e ao pensamento recursivo (pensar<br />

no pensamento, de si ou de outrem: «eu penso que ele pensa que tu pen‑<br />

sas que…»). Esses dois aspectos do pensamento reflexivo encontram‑se na<br />

105


AS GRANDES QUESTÕES<br />

106<br />

propensão do adolescente para a introspecção, a ruminação, o devaneio,<br />

traduzindo‑se na construção de formas mais elabora<strong>da</strong>s do conhecimento de<br />

si e de outrem enquanto pessoas bem diferencia<strong>da</strong>s pelos traços de persona‑<br />

li<strong>da</strong>de, pelas ideias, emoções, ambigui<strong>da</strong>des, contradições, etc. Tal evolução<br />

<strong>da</strong>s concepções de si e de outrem fornece argumentos (sem ser, apesar disso,<br />

o seu motor) às reivindicações de autonomia, igual<strong>da</strong>de e reciproci<strong>da</strong>de que<br />

alimentam tantos conflitos do adolescente com o seu meio envolvente.<br />

O pensamento do adolescente distingue‑se ain<strong>da</strong> do <strong>da</strong> criança pelas<br />

tentativas que faz de <strong>da</strong>r (ou encontrar) um sentido a/para todos os aspectos<br />

<strong>da</strong> sua experiência concreta do mundo, enriqueci<strong>da</strong> pelos contactos com<br />

novos grupos e instituições. A auto‑interrogação alarga‑se então a ques‑<br />

tões mais vastas, emocionalmente investi<strong>da</strong>s, como o amor e a amizade, a<br />

socie<strong>da</strong>de, a justiça, a religião, a morali<strong>da</strong>de. Evidentemente, nem todos os<br />

adolescentes constroem teorias originais; a maior parte adere a crenças e a<br />

ideologias disponíveis no respectivo meio circun<strong>da</strong>nte; porém, fazendo isso,<br />

munem‑se dos meios de inserir o quotidiano vivido num âmbito interpreta‑<br />

tivo que o suplanta. É próprio <strong>da</strong> adolescência apreender e pôr pela primeira<br />

vez, sob uma forma completa e compreensível, a questão do sentido <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

e <strong>da</strong> morte.<br />

Socialização do adolescente<br />

A transição do estado de dependência infantil para o estado de auto‑<br />

nomia afectiva e social do adulto negoceia‑se primeiro no meio familiar. É<br />

nesse contexto que a Psicanálise, a partir de Anna Freud, situa a crise <strong>da</strong> ado‑<br />

lescência, desencadea<strong>da</strong> pelo despertar <strong>da</strong>s pulsões que a maturação sexual<br />

provoca. Segundo essa abor<strong>da</strong>gem, no momento <strong>da</strong> puber<strong>da</strong>de, numa repe‑<br />

tição do período sexual infantil, reactiva‑se a situação edipiana. Resultantes<br />

do conflito entre um id relativamente forte e um ego relativamente fraco,<br />

as perturbações e ina<strong>da</strong>ptações transitórias do adolescente são concebi<strong>da</strong>s<br />

como normais e mesmo necessárias para um desenvolvimento ulterior mais<br />

equilibrado. A saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> crise é marca<strong>da</strong> pelo abandono <strong>da</strong>s antigas identifica‑<br />

ções parentais (<strong>da</strong>s quais o adolescente deve fazer o luto), a elaboração de<br />

novos mecanismos de defesa (como um sobreinvestimento intelectual, espé‑<br />

cie de tentativa para proteger a omnipotência infantil aplica<strong>da</strong> ao domínio<br />

<strong>da</strong>s ideias) e o reforço <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des autónomas do ego que levam, entre<br />

outros aspectos, a uma diversificação <strong>da</strong>s relações com outrem.<br />

Seja qual for a abor<strong>da</strong>gem que se faça, é claro que, na adolescência,<br />

os filhos devem abandonar o anterior modo de relacionamento com os pais,<br />

e construir um outro no qual a autonomia e a identi<strong>da</strong>de dos parceiros serão<br />

plenamente reconheci<strong>da</strong>s. Por conseguinte, o comportamento dos pais deve<br />

modificar‑se, tanto do ponto de vista <strong>da</strong> expressão dos afectos como no<br />

que respeita ao seu papel enquanto agentes de socialização. Tal transição<br />

não decorre sem conflitos, embora estes não revistam sempre o carácter


dramático que uma generalização <strong>da</strong>s observações feitas pelos clínicos nas<br />

suas práticas pode sugerir.<br />

Ao mesmo tempo que as suas relações com a família se alteram, o<br />

adolescente abre‑se a um mundo bem mais amplo, onde os colegas vão<br />

ocupar um lugar muito importante. Os grupos de colegas <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de<br />

constituem nesse período poderosos agentes de socialização, cujas funções<br />

são mais complementares do que opostas às do grupo familiar. Eles facilitam,<br />

com efeito, o desenvolvimento <strong>da</strong>s relações de amizade (muito investi<strong>da</strong>s<br />

na adolescência) e a experiência <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong>de; estimulam as identificações<br />

recíprocas, contribuindo para a remodelação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de pessoal e social;<br />

dão, enfim, aos adolescentes a possibili<strong>da</strong>de de experimentarem papéis e<br />

situações sociais que se inscrevem numa dialéctica do «fazer» e do «proibido»<br />

relativamente autónomo com respeito à ordem institucional.<br />

Outro agente de socialização é a escola, que cria, por um lado, con‑<br />

dições propícias à constituição e ao funcionamento dos grupos de colegas,<br />

estimulando (ou devendo estimular), por outro, a confrontação com os esta‑<br />

tutos profissionais adultos.<br />

A questão <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />

A remodelação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de representa uma aposta maior desse<br />

período: o adolescente deve assimilar e integrar nas auto‑representações o<br />

conjunto <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças físicas, psicológicas e relacionais de que é objecto;<br />

deve, além disso, inserir‑se numa perspectiva temporal personaliza<strong>da</strong>:<br />

reconhecer‑se num passado que é o seu e que fun<strong>da</strong> a certeza <strong>da</strong> autocon‑<br />

tinui<strong>da</strong>de e, tendo consciência do carácter transitório do presente, confiar<br />

num futuro que pode tentar construir.<br />

Amor Sexuali<strong>da</strong>de<br />

107


AS GRANDES QUESTÕES<br />

108<br />

ADolESCêNCiA<br />

(Comportamentos de risco na)<br />

Para exprimirem o seu sofrimento, entre 10% e 20% dos jovens recor‑<br />

rem a comportamentos de risco de diversa ordem (do correr irreflec‑<br />

tido de riscos físicos à toxicodependência ou a tentativas de suicídio,<br />

passando por companhias duvidosas, fugas, etc.), mas com um deno‑<br />

minador comum (geralmente autodestrutivas, alteram as potenciali‑<br />

<strong>da</strong>des evolutivas).<br />

Os limites <strong>da</strong> adolescência e <strong>da</strong> pós‑adolescência são imprecisos e<br />

variam segundo as socie<strong>da</strong>des. O início <strong>da</strong> adolescência é caracterizado<br />

pela transformação <strong>da</strong> puber<strong>da</strong>de, que provoca múltiplas modificações ao<br />

mesmo tempo fisiológicas, psicológicas e sociais. Com o prolongamento <strong>da</strong><br />

escolari<strong>da</strong>de, dificul<strong>da</strong>des acresci<strong>da</strong>s para entrar na vi<strong>da</strong> profissional, mas<br />

também a tendência para retar<strong>da</strong>r o estabelecimento de um laço conjugal,<br />

a actual evolução social leva a diferir o fim <strong>da</strong> adolescência. Alguns chamam<br />

«pós‑adolescência» a tal período marcado por uma definição progressiva <strong>da</strong>s<br />

características que constituirão o adulto.<br />

Durante a adolescência, verifica‑se que o «agir» é um modo privile‑<br />

giado de testemunhar e exprimir angústias e conflitos internos. Quando se<br />

evocam os comportamentos de risco (que se referem apenas a uma pequena<br />

percentagem dessa faixa etária) designa‑se igualmente uma tendência para<br />

a passagem ao acto (na maioria dos casos, violento e impulsivo, por vezes,<br />

delituoso): roubo, agressão, abuso de álcool ou droga, fuga, acto impulsivo<br />

automutilador.<br />

Abor<strong>da</strong>dos por este prisma, os comportamentos de risco conjugam‑se<br />

sob a forma de confrontação – íntima, familiar ou, inclusive, comprometendo<br />

o indivíduo numa relação desviante com respeito à socie<strong>da</strong>de.<br />

Confronto íntimo<br />

O adolescente em situação de crise<br />

íntima e, logo, de sofrimento moral volta<br />

amiúde contra si próprio a angústia, durante<br />

um processo parcialmente inconsciente, que<br />

podemos aproximar do ordálio. Esse risco<br />

voluntário deve ser compreendido como um<br />

«confronto simbólico com a morte».<br />

É, pois, sob a forma do ordálio indi‑<br />

vidual que se pode <strong>da</strong>r um sentido ao cor‑<br />

rer riscos. Nos possíveis comportamentos<br />

Ordálio designa o julgamento<br />

de Deus. Perante um<br />

presumível culpado, recai nos<br />

elementos naturais o cui<strong>da</strong>do<br />

de indicar a culpa ou inocência.<br />

Na Europa ocidental, fazia‑se<br />

geralmente pelo fogo ou pela<br />

água: se a pessoa julga<strong>da</strong><br />

escapasse à morte por<br />

queimadura ou afogamento,<br />

era declara<strong>da</strong> inocente.<br />

dos adolescentes, muitos exemplos ilustram tal propósito. Em alguns casos,<br />

ro<strong>da</strong>rão o automóvel a uma veloci<strong>da</strong>de suficientemente viva para que surja<br />

um real perigo de morte; noutros, levarão a viagem <strong>da</strong> droga mais longe<br />

do que antes, para sítios onde não se sabe «exactamente» se o organismo<br />

sobreviverá a novo trajecto. Resposta individual a um sofrimento individual,


o ordálio recai sobre o adolescente quando nenhuma outra saí<strong>da</strong> parece<br />

perfilar‑se no horizonte.<br />

QUANDo o ADolESCENTE<br />

SE ATACA A Si MESMo<br />

Certos adolescentes atacam o próprio corpo de modo aparentemente<br />

absurdo, mas é uma maneira de atacarem (e, ao mesmo tempo, de se<br />

confrontarem com) o sentimento de estarem vivos, ou seja, de verem<br />

se ain<strong>da</strong> estão vivos.<br />

Tais ataques podem também ser expressos por sérios distúrbios ali‑<br />

mentares: assim, actualmente, detecta‑se em consultas um aumento<br />

importante de anorexia mental ou de bulimia em mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des bas‑<br />

tante comparáveis àquelas que se encontram em outros tipos de<br />

dependência (em particular, a toxicomania, inclusive em comporta‑<br />

mentos graves).<br />

Confronto com a família e o meio envolvente<br />

Certos contextos fomentam comportamentos de risco. Um meio<br />

demasiado permissivo (que permite uma independência e uma autonomia<br />

sem controlo nem acompanhamento) favorece as passagens ao acto. Na<br />

adolescência, além dos tradicionais conflitos pais‑criança, um dos meios de<br />

expressão <strong>da</strong> ruptura é a fuga. Trata‑se de uma parti<strong>da</strong> impulsiva, amiúde<br />

isola<strong>da</strong>, sem objectivo preciso, sendo o ponto culminante de uma crise grave<br />

entre o sujeito e o seu ambiente familiar.<br />

Qualquer acção, mais ou menos consciente, que vise o afastamento<br />

<strong>da</strong>s suas referências é uma maneira de fuga. É assim que o adolescente sai<br />

<strong>da</strong> escola, na medi<strong>da</strong> em que esta representa para ele uma microssocie<strong>da</strong>de.<br />

O desinvestimento escolar reveste inegavelmente uma dimensão de ordá‑<br />

lio, por conseguinte psicológica, o que torna tão dificilmente aplicáveis as<br />

soluções colectivas usa<strong>da</strong>s por educadores e pe<strong>da</strong>gogos. Do fazer gazeta à<br />

passagem ao acto violento contra um professor apresentam‑se ao aluno uma<br />

série de riscos calculados que o colocam num ponto de equilíbrio perigoso:<br />

de um lado, o possível recuo para o universo próprio <strong>da</strong> adolescência que<br />

constitui a normali<strong>da</strong>de; do outro, a exclusão.<br />

Confronto com a socie<strong>da</strong>de<br />

Uma forte componente ansiosa ou um desfasamento entre as trans‑<br />

formações corporais e as aquisições linguísticas impelem, às vezes, o adoles‑<br />

cente a exprimir por gestos o que não pode dizer por palavras. A companhia<br />

de jovens marginais ou grupos de jovens delinquentes pode amplificar os<br />

riscos de desvio. No intuito autodestrutivo a que aludimos, é a toma<strong>da</strong> de<br />

pontos de referência com respeito à lei que permite forjar uma parte <strong>da</strong><br />

109


AS GRANDES QUESTÕES<br />

110<br />

identi<strong>da</strong>de do adolescente. Trata‑se de um mero teste: segundo David Le<br />

Breton 1 , «após um primeiro contacto com a polícia, a imensa maioria dos<br />

jovens já não tem problemas com a justiça».<br />

Procura de prazer, limite ou excesso pessoal, busca que, aparente‑<br />

mente, não tem outro intuito senão ela própria, elemento indissociável <strong>da</strong><br />

adolescência, rito iniciático – os comportamentos de risco são tudo isso ao<br />

mesmo tempo. Surge, to<strong>da</strong>via, uma separação significativa entre rapazes e<br />

raparigas quanto à manifestação do mal‑estar e à passagem ao acto. Assim,<br />

embora a delinquência seja maioritariamente um modo de expressão mascu‑<br />

lino, a anorexia mental continua a ser uma patologia quase exclusivamente<br />

feminina.<br />

Numa perspectiva de prevenção, convém chamar a atenção para o<br />

facto de os comportamentos de risco, que se banalizam, apelarem a res‑<br />

postas (psico)terapêuticas apropria<strong>da</strong>s, tais como as que se concebem<br />

facilmente hoje em dia para os comportamentos de dependência. Porém,<br />

importa também sublinhar que é a repetição que inquieta o pessoal médico.<br />

Quando não são repetitivos e o seu potencial destruidor é atenuado, muitos<br />

desses comportamentos podem esclarecer o desenvolvimento do adoles‑<br />

cente e representar a indução de uma mu<strong>da</strong>nça.<br />

Anorexia e bulimia Dependências Suicídio


GLOSSÁRIO<br />

DOS<br />

TERMOS<br />

ESSENCIAIS<br />

EM<br />

PSICOLOGIA,<br />

PSIQUIATRIA,<br />

PSICANÁLISE


A ABANDONISMO<br />

GLOSSÁRIO DOS TERMOS<br />

410<br />

Abandonismo<br />

Sentimento e estado psicoafectivo de insegurança permanente, liga‑<br />

dos ao receio irracional de se ser abandonado pelos pais ou familiares,<br />

sem relação com uma situação real de abandono.<br />

Ablactação<br />

PSICOL. Cessação <strong>da</strong> alimentação láctea <strong>da</strong> criança.<br />

A ablactação começa a partir do terceiro mês de vi<strong>da</strong>; faz‑se progressi‑<br />

vamente, coincidindo com o início de uma alimentação mais sóli<strong>da</strong> ou<br />

consistente. Trabalhos de psicanalistas (Melanie Klein) mostraram que<br />

a ablactação é um importante corte, traumatizante amiúde, causador<br />

de desamparo: não que a privação do leite materno ou artificial tenha<br />

importância biológica no organismo, mas porque o comportamento<br />

<strong>da</strong> mãe nesse instante decisivo provoca angústia, <strong>da</strong> qual a criança se<br />

defende precocemente.<br />

Ab‑reacção<br />

Descarga emocional pela qual o sujeito se liberta de um aconteci‑<br />

mento esquecido que o tinha traumatizado.<br />

Abstinência (Síndrome de)<br />

PSIQ. Síndrome de desabituação do sujeito toxicodependente.<br />

u Desintoxicação (Cura de) Dependência Dependência de «drogas»<br />

Abulia<br />

Diminuição <strong>da</strong> vontade, que provoca indecisão e impotência para agir.<br />

Acesso delirante<br />

Surgimento súbito de um delírio, que pode seguir‑se a um episódio<br />

traumatizante (luto, situação de fracasso, etc.). Acompanhado, em<br />

muitos casos, de perturbações alucinatórias múltiplas, o acesso deli‑<br />

rante atinge bruscamente um indivíduo até então incólume a distúr‑<br />

bios psíquicos graves e retrocede espontaneamente ao fim de duas a<br />

três semanas, curando‑se amiúde sem deixar sequelas.<br />

Acinesia<br />

PSICOL. Incapaci<strong>da</strong>de parcial ou total de executar um movimento.<br />

PSIQ. Sinal mais importante <strong>da</strong> doença de Parkinson, que se traduz<br />

em rari<strong>da</strong>de de gestos, dificul<strong>da</strong>de em mover‑se e per<strong>da</strong> do balancea‑<br />

mento do braço ao an<strong>da</strong>r.<br />

Acomo<strong>da</strong>ção<br />

BIOL. Processo segundo o qual o organismo se modifica para a<strong>da</strong>ptar‑<br />

‑se aos novos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> sua experiência ou do seu meio.<br />

PSIC. A acomo<strong>da</strong>ção é, juntamente com a assimilação, uma noção fun‑<br />

<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> teoria de Piaget, servindo para explicar os mecanismos<br />

de a<strong>da</strong>ptação do indivíduo (nomea<strong>da</strong>mente, <strong>da</strong> criança) ao seu meio<br />

envolvente e o desenvolvimento <strong>da</strong> sua inteligência.


Por exemplo, a criança que entra na escola pela primeira vez modifica a<br />

sua estrutura de assimilação anterior (esquema), elaborando uma mais<br />

apropria<strong>da</strong> para a<strong>da</strong>ptar‑se a essa situação nova.<br />

u A<strong>da</strong>ptação u Assimilação<br />

Acting out<br />

Expressão súbita de sentimentos recalcados.<br />

Transgressivo ou incongruente (do objecto roubado ao gesto sedutor<br />

inopinado), dá a ver e põe em cena o que não pôde ser dito – articu‑<br />

lado em palavras – pelo emissor, assim como aquilo que não pôde ser<br />

escutado <strong>da</strong> pelo destinatário.<br />

Na cura psicanalítica, é considerado como uma transformação <strong>da</strong> transfe‑<br />

rência consciente. Assinala um momento de impasse imputável ao anali‑<br />

sando ou ao analista. Lacan (1962) releu em Freud [“Fragmento <strong>da</strong> Análise<br />

de um Caso de Histeria” (“Bruchstück einer Hysterie‑Analyse”, 1905)] um<br />

exemplo de acting out no jogo sedutor de Dora junto de M. K., actuação<br />

ver<strong>da</strong>deiramente destina<strong>da</strong> ao pai dela e à senhora K.<br />

Forma selvagem de transferência, apela à interpretação e à simboliza‑<br />

ção, possíveis dentro <strong>da</strong> cura psicanalítica.<br />

Activi<strong>da</strong>des intelectuais<br />

Activi<strong>da</strong>des de tratamento <strong>da</strong> informação que utilizam conhecimentos<br />

explícitos, intervindo na compreensão, no raciocínio, na aquisição de<br />

conhecimentos e na resolução de problemas.<br />

As activi<strong>da</strong>des intelectuais constituem o domínio <strong>da</strong> inteligência abs‑<br />

tracta que se opõe muitas vezes à inteligência prática. Tal oposição<br />

baseia‑se principalmente na psicometria (conjunto de métodos para<br />

medir os fenónemos psicológicos), que distingue testes de inteligência<br />

teórica e testes de inteligência prática. Podem assinalar‑se quatro tipos<br />

de activi<strong>da</strong>des que sobressaem no tratamento <strong>da</strong> informação:<br />

as activi<strong>da</strong>des de compreensão, incluindo ao mesmo tempo a compre‑<br />

ensão <strong>da</strong> linguagem e a compreensão de situações físicas, na medi<strong>da</strong><br />

em que empregam conhecimentos;<br />

as activi<strong>da</strong>des de raciocínio, que consistem em produzir operações (de<br />

natureza indutiva ou dedutiva), visando a compreensão, a comunica‑<br />

ção, a aquisição de conhecimentos ou a elaboração de decisões;<br />

a aquisição de conhecimentos, que se produz quer pelo ensino ou por tex‑<br />

tos, quer por uma experiência de descoberta na resolução de problemas;<br />

a elaboração de decisões de acção, nomea<strong>da</strong>mente, a planificação de<br />

tarefas complexas, como aquelas que são realiza<strong>da</strong>s diariamente na<br />

activi<strong>da</strong>de profissional.<br />

Acto Conduta humana que implica a existência de um sujeito com um com‑<br />

portamento de satisfação de uma necessi<strong>da</strong>de psicológica ou social. A<br />

psicanálise visa permitir que o sujeito assuma a responsabili<strong>da</strong>de pelos<br />

aspectos conscientes e inconscientes dos seus actos.<br />

ACTO A<br />

411


A<br />

GLOSSÁRIO DOS TERMOS<br />

412<br />

ACTO fALhADO<br />

Acto falhado<br />

Acto ou comportamento socialmente ina<strong>da</strong>ptado que realiza um<br />

desejo inconsciente.<br />

Para Freud (Psicopatologia <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Quotidiana 1 ), tal acto faz parte – com<br />

o sonho e o lapso – dos fracassados do controlo consciente.<br />

Exemplos: perder chaves, esquecer um encontro importante, chumbar<br />

num exame bem preparado, etc. Constitui um sintoma – benigno, na<br />

maioria dos casos – que garante um compromisso entre o ego cons‑<br />

ciente e um desejo inconsciente imperfeitamente recalcado. Para esse<br />

desejo recalcado, é um acto conseguido.<br />

O uso demasiado lato dessa noção pode salientar como patológico<br />

qualquer acto que escape mais ou menos à intenção consciente. Con‑<br />

vém reservar tal expressão para as situações que obstam à satisfação<br />

consciente do objectivo.<br />

Acto psicanalítico<br />

Acção do psicanalista.<br />

A ética <strong>da</strong> Psicanálise impõe que o psicanalista assuma a responsa‑<br />

bili<strong>da</strong>de dos seus actos, <strong>da</strong>s suas interpretações e intervenções no<br />

tratamento, <strong>da</strong>s suas falhas ao participar na produção de acting out do<br />

paciente. O psicanalista deve conduzir o analisando ao fim <strong>da</strong> análise, o<br />

que implica uma formação adequa<strong>da</strong> na sua própria experiência dessa<br />

terminação. Diversos dispositivos interrogam tal resultado (cura didác‑<br />

tica, controlos, passe 2 , processo de habilitação, etc.).<br />

A<strong>da</strong>ptação<br />

BIOL. Conjunto dos ajustamentos realizados num organismo para<br />

sobreviver e perpetuar a sua espécie num determinado ambiente.<br />

PSIC. Conjunto <strong>da</strong>s modificações dos comportamentos que visam<br />

garantir o equilíbrio <strong>da</strong>s relações entre o organismo e os seus meios<br />

de vi<strong>da</strong> e, ao mesmo tempo, mecanismos e processos que subenten‑<br />

dem tal fenómeno.<br />

Para Piaget, a vi<strong>da</strong> psíquica obedece às mesmas leis estruturantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

biológica. São usados processos de a<strong>da</strong>ptação sempre que uma situação<br />

comporta um ou vários elementos novos, desconhecidos ou simplesmente<br />

não familiares. Segundo Piaget, há assimilação quando o sujeito integra <strong>da</strong>dos<br />

novos em modelos comportamentais anteriormente constituídos, havendo<br />

acomo<strong>da</strong>ção quando esses novos <strong>da</strong>dos transformam a estrutura mental do<br />

sujeito para torná‑la compatível com as exigências <strong>da</strong> nova situação. Entre<br />

os primeiros exercícios de reflexos de sucção do recém‑nascido e as suas<br />

manifestações aplica<strong>da</strong>s a diversos objectos (polegar, roca, chucha, etc.),<br />

há extensão progressiva <strong>da</strong> reacção, mas também mu<strong>da</strong>nça de forma por<br />

ajustamento à forma do novo objecto. Assimilação e acomo<strong>da</strong>ção são con‑<br />

sidera<strong>da</strong>s por Piaget como activi<strong>da</strong>des essenciais para o desenvolvimento<br />

do indivíduo, cujo dinamismo exprimem em conjunto. O desenvolvimento<br />

<strong>da</strong> inteligência representa a a<strong>da</strong>ptação mais eleva<strong>da</strong> e completa: prolonga<br />

(...)

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