Psicoterapia Cognitivo Comportamental: Um Olhar ... - Ulbra

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HISTÓRICO E FUNDAMENTOS No final dos anos cinqüenta, Albert Ellis propôs que os desajustes emocionais seriam produto das crenças irracionais. Surge daí um modelo de transtorno emocional que parte de uma hipótese que identifica a vulnerabilidade cognitiva, onde os significados atribuídos aos objetos e situações são entendidos como frutos diretos das representações da realidade e baseados no desenvolvimento da cognição (GONÇALVES, 1999). Na construção de bases teóricas, os pesquisadores buscam explicar a forma como atribuímos significados às experiências concretas que são também relevantes na construção da aprendizagem. Historicamente, podemos encontrar no pensamento do filósofo grego Epitecto os primeiros fundamentos destas noções: “Perturbam aos homens não as coisas, senão a opinião que dela têm" (GONÇALVES, 1999 P.98). Mais especificamente, a Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Beck nos Estados Unidos, no início da década de sessenta. Em seus estudos, o autor busca estabelecer uma base empírica para a teoria da melancolia de Freud. Nesses termos, Beck focalizou seus estudos sobre a Depressão, privilegiando as características negativas do pensamento depressivo. Esses estudos levaram a estruturação de um modelo cognitivo da depressão (GONÇALVES, 1999). A idéia proposta foi que, independentemente das suas causas, a Depressão poderia ser concebida como uma perturbação no pensamento consciente, isto é, que os seus sintomas seriam decorrentes de um processamento cognitivo tipicamente pessimista. Sendo assim, a ocorrência dos sintomas era vista como de natureza consciente e, ao mesmo tempo, estes não estariam fora do controle do cliente, pois seu estado de humor e seu comportamento seriam conseqüência de uma visão distorcida de si, dos outros e do mundo. Hoje, sabe-se da influência neuropsicológica na Depressão, principalmente na Depressão Severa, fato que não pode ser negligenciado uma vez que tais implicações estão ligadas a gravidade do quadro depressivo, podendo interferir na proposta primordial da Psicoterapia Cognitiva e na modificação dos pensamentos disfuncionais e, conseqüentemente, na mudança no comportamento. Essa proposta é fundamentada em paradigmas científicos, que funcionam como lentes, utilizados na identificação das distorções cognitivas. Trata-se de construtos utilizados, que são inerentes a orientação paradigmática da qual resulta o direcionamento epistemológico que rege o fazer em Psicoterapia Cognitiva. Portanto, o objetivismo e o pragmatismo do 2
modelo cognitivo comportamental, antes de tudo, são uma forma de conceber e avaliar a realidade e uma forma de conceber a ciência psicológica e a respectiva prática terapêutica. Na sua abordagem, a Psicoterapia Cognitiva admite a pluralidade de idéias, fato que a levou a expandir-se de tal forma, constituindo-se no que muitos autores chamam de “família” com muitas ramificações. Assim, temos a terapia cognitiva de Beck, a terapia racional emotiva de Ellis, a terapia comportamental cognitiva, a terapia construtivista, a terapia cognitiva analítica, a terapia cognitiva dialética, a reestruturação cognitiva, etc. (RANGÉ, 2001). TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL, CARACTERIZAÇÃO. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), como sistema psicoterapêutico, é fundamentada no modelo cognitivo que considera que a emoção e o comportamento são determinados pela forma como o indivíduo interpreta o mundo. No caso, as cognições ou interpretações refletem formas idiossincráticas de processar a informação e constituem a base dos transtornos emocionais, os quais são definidos como disfunções cognitivas. Na práxis, a Terapia Cognitiva Comportamental reflete a noção de esquemas construídos ao longo do desenvolvimento, cujo conjunto resume as percepções que o indivíduo tem da realidade externa, a partir de suas experiências históricas relevantes. No caso, surge o conceito de esquemas, que são definidos como superestruturas cognitivas que organizam as experiências do real, ao mesmo tempo em que guiam o foco da atenção. Utiliza- se do processo avaliativo na busca das questões básicas a serem consideradas na psicoterapia e que são: a concentração no comportamento observável, como este se mostra e, procura o esclarecimento das relações funcionais considerando sempre, as variáveis do meio e a estreita ligação entre avaliação e tratamento.(GONÇALVES, 1999) OBJETIVOS E DINÂMICA DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL Tendo como principio básico norteador a primazia das cognições sobre as emoções e comportamentos, o terapeuta, na Terapia Cognitiva, busca a reestruturação cognitiva a partir 3
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