O ego e o ID e outros trabalhos VOLUME XIX - ceapp
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como esperaríamos, a base de conclusões inevitáveis e de longo alcance. Não obstante,<br />
devemos cuidar para não ignorarmos esta característica, pois a propriedade de ser consciente<br />
ou não constitui, em última análise, o nosso único farol na treva da psicologia profunda.<br />
II - O EGO E O <strong>ID</strong><br />
A pesquisa patológica dirigiu nosso interesse de modo excessivamente exclusivo para o<br />
reprimido. Gostaríamos de aprender mais sobre o <strong>ego</strong>, agora que sabemos que também ele<br />
pode ser inconsciente no sentido correto da palavra. Até agora, a única orientação que tivemos<br />
durante nossas investigações foi a marca distinguidora de ser consciente ou inconsciente;<br />
acabamos por ver quão ambíguo isso pode ser.<br />
Ora, todo o nosso conhecimento está invariavelmente ligado à consciência. Só podemos<br />
vir a conhecer, mesmo o Ics., tornando-o consciente. Detenhamo-nos, porém: como é isso<br />
possível? O que queremos dizer quando dizemos ‘tornar algo consciente’? Como é que isso<br />
pode ocorrer?<br />
Já conhecemos o ponto do qual temos de partr, com relação a isso. Dissemos que a<br />
consciência é a superfície do aparelho mental, ou seja, determinamo-la como função de um<br />
sistema que, espacialmente, é o primeiro a ser atingido a partir do mundo externo, e<br />
espacialmente não apenas no sentido funcional, mas também, nessa ocasião, no sentido de<br />
dissecção anatômica. Também nossas investigações devem tomar essa superfície perceptiva<br />
como ponto de partida.<br />
Todas as percepções que são recebidas de fora (percepções sensórias) e de dentro - o<br />
que chamamos de sensações e sentimentos - são Cs. desde o início. Mas e aqueles processos<br />
internos que podemos - grosseira e inexatamente - resumir sob o nome de processos de<br />
pensamento? Eles representam deslocamentos de energia mental que são efetuados em algum<br />
lugar no interior do aparelho, à medida que essa energia progride em seu caminho no sentido da<br />
ação. Avançam eles para a superfície, fazendo com que a consciência seja gerada? Ou a<br />
consciência abre caminho até eles? Esta é, claramente, uma das dificuldades que surgem<br />
quando se começa a tomar a sério a idéia espacial ou ‘topográfica’ da vida mental. Ambas estas<br />
possibilidades são igualmente inimagináveis; tem de haver uma terceira alternativa.<br />
Em outro lugar, já sugeri que a diferença real entre uma idéia (pensamento) do Ics. ou<br />
do Pcs. consiste nisto: que a primeira é efetuada em algummaterial que permanece<br />
desconhecido, enquanto que a última (a do Pcs.) é, além disso, colocada em vinculação com<br />
representações verbais. Esta é a primeira tentativa de indicar marcas distinguidoras entre os dois<br />
sistemas, o Pcs. e o Ics., além de sua relação com a consciência. A pergunta ‘Como uma coisa<br />
se torna consciente?’ seria assim mais vantajosamente enunciada: ‘Como uma coisa se torna<br />
pré-consciente?’ E a resposta seria: ‘Vinculando-se às representações verbais que lhe são