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BENSUSSAN uma ética do indecidível - escritura: linguagem e ...

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colocan<strong>do</strong>-se assim na espera imediata dele mesmo, se suspende em sua<br />

irresolução de cada instante : venha, ame-me. Assim aproxima<strong>do</strong> em sua<br />

condensação instantânea, o esperar se encontra descarrega<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os<br />

cálculos, de to<strong>do</strong>s os investimentos de senti<strong>do</strong> e de todas as determinações<br />

racionalizantes que o sobremarcam tão logo ele lide com as coisas distantes.<br />

Ele poderia então escapar muito bem tanto de sua constante depreciação<br />

pela filosofia e pelos filósofos quanto de sua redução concomitante a <strong>uma</strong><br />

virtude teológica, religiosa ou laica. A decisão ela mesma poderia ser o objeto<br />

de <strong>uma</strong> distribuição inédita. Não se « decide » senão pelas coisas longínquas,<br />

na ilusão <strong>do</strong> programa e da empresa. Quanto mais o objeto da decisão de<br />

aproxima <strong>do</strong> instante <strong>do</strong> cortar, até confundir-se em um <strong>indecidível</strong>-im-prépensável,<br />

mais a decisão dá lugar a um confiar-se à tensão insigne <strong>do</strong> tempo<br />

e ao esperar de <strong>uma</strong> de-tensão. É esse movimento de um dizer ininvestível<br />

pela espera e atencipação que atesta o mo<strong>do</strong> gramatical <strong>do</strong> imperativo da<br />

segunda pessoa <strong>do</strong> singular, o único que possa manifestar <strong>uma</strong> ordem sem<br />

ordem, um endereçar sem espera, <strong>uma</strong> afirmação e <strong>uma</strong> positividade sem<br />

dial<strong>ética</strong> e sem processo preventivo.<br />

Há no <strong>indecidível</strong> <strong>uma</strong> aquiescência plena ao <strong>do</strong>is-sem-um – de que<br />

foi dito que não se acomodava nem com <strong>uma</strong> resignação a um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is,<br />

nem autorizava um ultrapassamento especulativo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is no um, nem<br />

renunciava a agir e a decidir. Uma « razão », no senti<strong>do</strong> em que Pascal podia<br />

escrever que trabalhar « pelo incerto » era o único fazer razoável, o único<br />

fazer « para amanhã » – <strong>uma</strong> « razão », portanto, joga indecidivelmente contra<br />

as racionalidades da decisão amadurecida e refletida: « Quantas coisas faz-se<br />

pelo incerto, as viagens sobre o mar, as batalhas! Pois eu digo que não seria<br />

necessário nada fazer <strong>do</strong> to<strong>do</strong>, pois nada é certo... Quan<strong>do</strong> se trabalha para<br />

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