"PROJETOS E MÉTODOS PARA UMA NOVA EVANGELIZAÇÃO ...
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"<strong>PROJETOS</strong> E <strong>MÉTODOS</strong> <strong>PARA</strong> <strong>UMA</strong> <strong>NOVA</strong> <strong>EVANGELIZAÇÃO</strong>.<br />
Memória, seguimento e perspectivas".<br />
1. Introdução<br />
Nova Evangelização é uma expressão muito cara ao Papa João Paulo II, que a utilizou em<br />
diversas circunstâncias, mas sempre com um escopo definido: incrementar a evangelização em<br />
áreas que já foram um dia cristãs e que se deparam com um grande contingente de pessoas afastadas<br />
do cristianismo e da Igreja.<br />
É no contexto do Continente Latino Americano que o Papa João Paulo II usou pela primeira<br />
vez essa expressão. Em uma de suas últimas alocuções, o Papa Paulo VI já havia dito que a Igreja<br />
precisava de uma nova evangelização e Puebla também se refere a ela. Porém, esse tema ganha<br />
força com a proximidade da celebração dos quinhentos anos da evangelização do continente latinoamericano.<br />
Essa moldura é interessante porque esse continente é cantado em prosa e verso como o<br />
mais católico dos continentes. Se de fato a nova evangelização visa os cristãos afastados, era de se<br />
esperar que parte significativa do mundo europeu fosse o campo próprio para essa nova<br />
metodologia da Igreja. Pode-se pensar também que exatamente olhando a experiência da Europa, o<br />
Papa tenha consciência da fragilidade da história, e alerta o Continente Latino americano para que<br />
se apoie somente na euforia do presente, pois nada está garantido em matéria de fidelidade dos fiéis.<br />
Assim, a nova evangelização se apresenta como uma proposta à Igreja Latino-Americana do<br />
presente, com quinhentos anos de experiência, para que aprofunde sua tradição, partindo de novos<br />
métodos.<br />
Apesar de a Encíclica Redemptoris Missio usar o vocábulo re-evangelização (cf. Rmi 33), o<br />
Papa não insiste nele e, até mesmo, o rejeita: “A comemoração de meio milênio de evangelização<br />
encontrará o seu significado pleno se for um compromisso vosso como bispos em conjunto com o<br />
vosso presbitério e com os vossos fiéis. Um compromisso de quê? Não certamente de uma reevangelização,<br />
mas sim de uma nova evangelização”. Portanto, na sua perspectiva, não se trata de<br />
re-evangelizar, mas sim de uma nova evangelização, “no seu ardor, nos seus métodos e nas suas<br />
expressões” 1 .<br />
O mais curioso na expressão nova evangelização é que ela serve de moldura para o projeto<br />
de restauração tocado pelo pontificado do Papa João Paulo II, sobretudo a partir do Sínodo dos<br />
Bispos de 1985, com a colaboração fundamental do Cardeal Josef Ratzinger. 2<br />
Por isso, proponho que deixemos de lado essa maneira de falar de propostas evangelizadoras<br />
e passemos ao conteúdo histórico de reais tentativas de evangelização acontecidas no Brasil, da<br />
República até os dias de hoje.<br />
2. GÊNESE DOS PLANEJAMENTOS PASTORAIS NO BRASIL.<br />
2.1. A Igreja e sua organização.<br />
Até à República, em 1889, o episcopado nacional era numericamente insignificante (apenas<br />
onze dioceses e uma arquidiocese - doze bispos) e vivia por demais isolado geograficamente,<br />
dificultando a ação eclesial conjunta. D. Macedo Costa, bispo do Pará (no dia 26 de junho de 1890 é<br />
transferido para a Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Faleceu em Barbacena, Minas Gerais, no<br />
dia 20 de março de 1891, antes de ocupar o sólio primacial) tentou enfrentar esses obstáculos,<br />
reunindo pela primeira vez o episcopado nacional em 1890, donde surgiu a Pastoral Coletiva do<br />
Episcopado Brasileiro, documento que posiciona a Igreja frente ao Estado Republicano. Ele lutou<br />
também pela realização de um Concílio Nacional Brasileiro, mas não conseguiu concretizar seu<br />
sonho. Atuou num momento bastante conflituoso de separação da Igreja do Estado. É bom lembrar<br />
também que nesse período viveu e exerceu seu ministério presbiteral o famoso Pe. Julio Maria<br />
(1850-1916), que entrou no seminário em 1890 e foi ordenado padre em 1891 e se tornou<br />
1<br />
João Paulo II, Discurso ao CELAM em Porto Príncipe, Haiti, a 9 de março de 1983.<br />
2<br />
Cf. LIBÂNIO, João Batista. Igreja Contemporânea – Encontro com a modernidade. São Paulo: Loyola, 2000.<br />
1
edentorista em 1905 onde ficou até sua morte em 1916. Foi um incansável pregador da conciliação<br />
entre Igreja e pensamento moderno. 3<br />
Em 1899, quando da realização do Concílio Plenário da América Latina, em Roma, o Brasil<br />
não conseguiu passar sua proposta de um Concílio Brasileiro. Era o período difícil da separação da<br />
Igreja e do Estado. Na busca de sua autonomia, mesmo sem poder realizar o seu Concílio, a Igreja<br />
acelerou sua organização por todo o território brasileiro.<br />
Brasil – Dioceses e Prelazias criadas até 1930 Segundo Períodos 4<br />
Períodos Dioceses Prelazias<br />
1551 Salvador -<br />
1676-1677 Rio de Janeiro, Recife-Olinda, São Luís -<br />
1719-1745 Belém, São Paulo, Mariana Goiás, Cuiabá<br />
1848-1854 Porto Alegre, Diamantina, Fortaleza -<br />
(Amazônia) Manaus, São Gabriel da Cachoeira, Santarém, Rio Branco,<br />
Porto Velho<br />
Lábrea, Brogança, Marajó<br />
(Nordeste) João Pessoa, Maceió, Grajaú, Teresina, Crato, Sobral, Natal,<br />
Cajazeiras, Garanhuns, Nazaré, Pesqueira, Petrolina, Penedo, Aracaju,<br />
Bom Jesus<br />
Barra, Ilhéus, Caetité<br />
1890-1930<br />
(Sudeste) Vitória, Niterói, Pouso Alegre, Araçuaí, Montes Claros, Belo<br />
Horizonte, Paracatu, Caratinga, Juiz de Fora, Luz, Guaxopé, Uberaba,<br />
Valença, Barra do Piraí, Campos, Botucatu, Assis, Lins, Jaboticabal,<br />
Sorocaba, São José do Rio Preto, Campinas, Santos, Bragança Paulista,<br />
Taubaté, Ribeirão Preto, São Carlos<br />
-<br />
(Sul) Curitiba, Ponta Grossa, Jacarezinho, Florianópolis, Joinville, Lages,<br />
Pelotas, Uruguaina, Santa Maria<br />
-<br />
(Centro Oeste) Cáceres, Guiratinga, Diamantino, Jataí, Porto Nacional,<br />
Corumbá<br />
Fonte: Anuário Católico do Brasil – CERIS, 2000<br />
-<br />
A primeira diocese criada no Brasil foi a de Salvador, na Bahia, em 1551. Em 1854 foram<br />
criadas as dioceses de Fortaleza (Ceará) e Diamantina (Minas Gerais). Depois de três séculos, a<br />
Igreja no Brasil contava apenas com doze dioceses. A partir de 1890, com a República (1889) e a<br />
separação entre Igreja e Estado, o processo de criação de dioceses é acelerado, passando de doze<br />
para oitenta unidades: sessenta e oito novas dioceses foram criadas em quarenta anos.<br />
2.2. Eventos pastorais em âmbito nacional: as iniciativas conjuntas do episcopado<br />
brasileiro se concentraram nas chamadas “conferências episcopais” - reuniões em âmbito nacional e<br />
provincial; nas “Pastorais Coletivas”; nos Congressos Eucarísticos, nacionais (1º em 1933) e<br />
regionais.<br />
Merecem destaque aqui devido sua importância e influência na presença pública da Igreja, a<br />
Pastoral Coletiva de 1890, fruto do esforço de D. Macedo Costa, e a de 1915, já com a liderança dos<br />
bispos Rio de Janeiro, Mariana, São Paulo, Cuiabá e Porto Alegre. Porém, essas iniciativas não<br />
chegaram a se constituir realmente num planejamento pastoral.<br />
Outro dado importante disso tudo é que o planejamento na Igreja Católica no Brasil foi<br />
sempre uma resposta a uma conjuntura sócio-política-econômica-cultural-religiosa. É nesta<br />
perspectiva que se entende os esforços da Igreja em momentos significativos da vida brasileira, tais<br />
como na abolição da escravatura (1888) e na separação entre Igreja e Estado (1890). Conjunturas<br />
especiais que exigiram da Igreja uma nova postura frente à sociedade brasileira.<br />
3. RUMO AO PLANEJAMENTO DE CONJUNTO DA PASTORAL DO BRASIL<br />
3<br />
GUIMARÃES, Fernando. Home, Igreja e Sociedade no pensamento de Júlio Maria. São Paulo: Santuário, 2001.<br />
4<br />
Acesso no dia 01/02/2010. www.ub.es/geocrit/sn/sn-218-65.htm<br />
2
Com a conhecida “Revolução de 30”, a Igreja tenta novos rumos na busca de uma pastoral<br />
de conjunto no Brasil, porém ainda dependente de alguns iluminados no meio do episcopado<br />
nacional. Destaca-se D. Sebastião Leme (1930-1942), cardeal do Rio de Janeiro 5 . Dois fatos<br />
significativos de 1931, sob a liderança de D. Leme, servem para mostrar o poder de convocação<br />
popular que a Igreja Católica já possuía no Brasil:<br />
a) Em maio foi realizada a primeira visita da Imagem à cidade do Rio de Janeiro, na<br />
época Capital Federal do Brasil. Essa visita da Imagem de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de<br />
Janeiro aconteceu por ocasião de sua proclamação como “Rainha e Padroeira do Brasil”. Registrase<br />
que mais de um milhão de pessoas lá se reuniram para receber a ilustre visita.<br />
b) Em outubro, a inauguração da estátua do Cristo Redentor, no Corcovado, contou<br />
outra vez com a presença da multidão na rua, apesar do mau tempo que reinava na Capital Federal.<br />
Eventos como esses mostram a força da Igreja Católica e despertam os interesses para uma<br />
pastoral mais articulada na Igreja no Brasil, porém isso acontecerá somente quando da realização do<br />
Concílio Vaticano II.<br />
Uma série de eventos importantes antecederão, ainda, a elaboração do primeiro Plano de<br />
Pastoral da Igreja no Brasil propriamente dito: o Plano de Emergência, em 1962.<br />
• Pastorais Coletivas (1890 e 1931): Cartas Pastorais emitidas pelo episcopado<br />
brasileiro, que sempre se reportava sobre a realidade e emanava diretrizes práticas para o agir<br />
católico;<br />
• Centro Dom Vital: criado em 1922 por Jackson de Figueiredo. Tinha como objetivo<br />
atrair a intelectualidade laica da Igreja Católica. Respondia às expectativas pastorais do Cardeal<br />
Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme. Promovia palestras, discussões e reuniões<br />
semanais. Depois da morte de Jackson em 1928, passou às mãos de Alceu de Amoroso Lima, que<br />
usava como pseudônimo – Tristão de Ataíde. Teve na sua hoste o intelectual Gustavo Corção, que<br />
rompeu mais tarde com Amoroso Lima;<br />
• Liga Eleitoral Católica (fins de 1932 no RJ e em 34 no Ceará): com a finalidade de<br />
pressionar os políticos a votarem a favor dos interesses da Igreja Católica. Tinha um viés bastante<br />
conservador e chegou a eleger o deputado federal mais novo do Brasil em 34 – o ultra conservador<br />
Plínio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP;<br />
• Congressos Eucarísticos (O primeiro foi em 1933 – Salvador): no princípio, os CEN<br />
serviram para reunir os bispos do Brasil, que ainda não tinham sua conferência própria;<br />
• Ação Católica Brasileira, fundada em 1935 especializada a partir de 1950): embora<br />
fundada em 1935 no Brasil, ganhou renome nacional somente após 1950 quando adotou o método<br />
da corrente belga, conhecida como Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JIC, JOC e JUC);<br />
• 1º Concílio Plenário Brasileiro (1939): foi presidido pelo cardeal dom Sebastião<br />
Leme da Silveira Cintra, arcebispo do Rio de Janeiro. Nele, os bispos lançaram uma ‘Carta<br />
Pastoral’ ressaltando o papel da militância dos leigos na Igreja e sua atuação na sociedade brasileira.<br />
Destacaram também a necessidade da criação de uma universidade católica no Brasil. E em 1941 o<br />
Cardeal Leme inaugurou as Faculdades Católicas Reunidas, reconhecidas como Universidade em<br />
1946;<br />
• Associação de Educação Católica, em 1945: a partir do I Congresso Nacional de<br />
Estabelecimentos Particulares de Ensino, em 1944, realizado no Rio de Janeiro, iniciou-se o<br />
processo de criação da Associação de Educação Católica do Brasil. Sua fundação ocorreu em 1945,<br />
tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro;<br />
• Movimento de Natal: o nome Movimento de Natal se credita ao Padre Thiago Cloin,<br />
nos idos de 62, 63. Em um artigo que escreveu na Revista da Conferência dos Religiosos do Brasil,<br />
5<br />
Dom Sebastião Leme de Silveira Cintra (1882-1942). Arcebispo de Olinda/Recife (1916-1921), coadjutor do Rio de<br />
Janeiro (1921-1930).<br />
3
falando do trabalho pastoral e social de Natal, disse que não mais se tratava de uma ação isolada ou<br />
mesmo de um conjunto de atividades, mas de um Movimento. Algo orgânico, sistêmico e<br />
planejado. E assim passou a se chamar. Suas primeiras atividades datam dos anos 50. A Igreja,<br />
liderada por dois padres recém ordenados, Padre Eugênio Sales e Padre Nivaldo Monte, iniciou uma<br />
grande revolução. Serviram-se da Ação Católica e fundaram um Serviço de Assistência Rural –<br />
SAR. O Movimento de Natal deu seus primeiros passos com a preparação de líderes, o que<br />
constituía aspecto vital de suas atividades. A reunião mensal do clero a partir de 1948, a fundação<br />
do SAR e o treinamento de líderes foram decisivos na origem e evolução do Movimento de Natal. 6<br />
• Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1952: "A fundação da CNBB nasceu<br />
do sonho e do empenho de dar ao episcopado maior unidade de pensamento e de ação, numa<br />
sociedade em rápido desenvolvimento, garantindo uma estrutura permanente, que facilitasse o<br />
exercício da comunhão e da co-responsabilidade na missão própria dos bispos." Participaram da<br />
reunião de fundação os cardeais, os arcebispos ou seus representantes e o Núncio Apostólico, Dom<br />
Carlo Chiarlo. D. Hélder Câmara é considerado a "alma" da criação desta entidade (cf. site da<br />
CNBB).<br />
• Conferência dos Religiosos do Brasil: fundada em 11/02/1954, tem como objetivo<br />
congregar os religiosos e religiosas do Brasil para articular suas presenças na Igreja e na sociedade;<br />
• Movimento de Educação de Base – MEB: durante a década de 1960, a Igreja<br />
Católica e o Governo Federal utilizavam um sistema radio-educativo: educação, conscientização,<br />
politização, educação sindicalista etc.;<br />
• Movimento por um Mundo Melhor (MMM). O criador desse movimento foi o Pe.<br />
Lombardi. Esse italiano desenvolveu uma série de Conferências aos jovens nas Universidades da<br />
Itália, no ano de 1938. Depois disso andou pela Europa e América. Sua inspiração chegou mesmo a<br />
influenciar discursos do Papa Pio XII, que exortou os católicos a batalharem por “um mundo<br />
melhor querido por Deus”, em 1952. Vejamos com que espírito surgira o MMM: “...nascido do<br />
‘Grito de Alerta’ de Pio XII, quer organizar a revolta dos filhos de Deus, contra o ‘inimigo’ que<br />
ocupou o mundo; quer ser a Cruzada do século XX para a positiva construção de um Mundo<br />
Melhor. Nessa cruzada, em primeira linha, devem estar os jovens. Nenhum ideal mais belo do que<br />
esse, os pode impelir a serem construtores de um Mundo diverso e melhor, um mundo onde os<br />
homens sejam filhos de Deus, e, portanto, irmãos entre si. “Hoje é tempo de heroísmo, é a hora da<br />
doação total” (Pio XII, 10/02/1952 – Proclamação do Mundo Melhor). 7<br />
• Campanha da Fraternidade: começa com a realização de uma grande coleta em favor<br />
das obras sociais da Igreja, na Arquidiocese de Natal, em 1962. Em 1963, o jornal semanário “A<br />
Ordem”, da Arquidiocese de Natal, já noticiava: “A Semana da Fraternidade é grito de justiça<br />
social”. Em dezembro de 1963, Dom Hélder Câmara, secretário geral da CNBB, assinava o projeto<br />
que transformava a Campanha da Fraternidade em evento nacional. Sob a inspiração da CF, em<br />
1963, na pequena cidade de Nísia Floresta, RN, numa paróquia sem padre, assumida por quatro<br />
irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, que passaram a viver como o povo, no meio do povo,<br />
começa uma experiência muito interessante. Elas promoviam a Marcha da Fraternidade que se<br />
transformava numa verdadeira partilha de tudo o que fazia parte da vida do povo, em socorro dos<br />
mais pobres. 8<br />
4. D. Hélder Câmara: sem dúvida, D. Hélder marcou definitivamente a história do<br />
planejamento pastoral no Brasil com suas iniciativas, sobretudo na perspectiva de levar a Igreja a<br />
optar seriamente pelos pobres e sofridos da sociedade. Chegou no Rio de Janeiro em 1936 e logo<br />
criou a Revista Catequética e, como assistente da Ação Católica, criou a Revista do Assistente<br />
Eclesiástico. Em 1946, tornou-se Conselheiro da Nunciatura Apostólica. Como emissário do<br />
Núncio, acompanhou o processo do desenvolvimento regional do Brasil, sobretudo no Nordeste, no<br />
6<br />
Acesso no dia 01/02/2010. cardealsales2.blogspot.com/2009/.../movimento-de-natal.html<br />
7<br />
MARINS, José. Curso do Mundo Melhor. São Paulo: Melhoramentos, 1962, p. 346.<br />
8<br />
ARAÚJO, Eli. Quando fala o coração. Londrina: Livre iniciativa, 2000.<br />
4
Vale do Rio Doce, no Vale do Paraíba e na Amazônia. No início do de 1950 dedicou-se ao<br />
problema das favelas do Rio, lutou pela Reforma Agrária. Esteve na fundação da CNBB em 1952,<br />
da qual foi secretário por três mandatos consecutivos. Foi sagrado bispo auxiliar do Rio em abril de<br />
1952. Junto com D. Manuel Larraín, do Chile, ajudou a criar o CELAM. Na segunda metade de<br />
1950, lançou no Rio a primeira experiência de habitação popular no Brasil (Cruzada São Sebastião)<br />
e um banco popular (o da providência). Em 1956, articulou o movimento dos bispos do Nordeste,<br />
suscitando a criação da SUDENE. Junto com D. Eugênio Sales e Dom José Távora conseguiu que<br />
Jânio Quadros criasse o MEB. Após 28 anos de Rio, em 1964 tomou posse como arcebispo de<br />
Olinda e Recife. Teve uma atuação muito profética no Concílio Vaticano II.<br />
5. PLANO DE EMERGÊNCIA.<br />
5.1. Elaborado na Vª Assembléia Ordinária da CNBB (02-05/04/62) e publicado<br />
oficialmente em 25 de setembro de 1962, com a apresentação de D. Hélder Câmara.<br />
5.2. O Plano de Emergência nasce em reposta a uma carta do Papa João XXIII que pedia a<br />
elaboração de “um plano de trabalho para a Igreja na América Latina; um plano que atendesse às<br />
especiais condições da Igreja neste Continente e que indicasse as medidas a serem tomadas, a curto<br />
e a longo prazo, no campo específico da ação pastoral da Igreja e também no que lhe cabe como<br />
atuação no campo econômico-social” (PE). O Papa fala sobre “os perigos mortais” para a América<br />
Latina:<br />
• naturalismo que leva até cristãos a não terem, muitas vezes, a visão cristã da vida; 9<br />
• protestantismo que tenta entre nós seu esforço máximo de expansão e se acha, de<br />
fato, em marés montantes;<br />
• espiritismo cuja difusão, nas grandes cidades nos meios de miséria tem ares de<br />
endemia; 10<br />
• marxismo que empolga as Escolas Superiores e controla os Sindicatos Operários”. 11<br />
O episcopado nacional agrega à essas preocupações do Papa:<br />
• o individualismo no apostolado: salvo exceções honrosíssimas, cada Paróquia atua<br />
isolada, como isoladas costumam agir as Dioceses;<br />
• os convênios entre o Governo e a Igreja expõe os Bispos a esmolar, nas ante-câmaras<br />
ministeriais, verbas orçamentárias, em bem do povo, como se fossem favores pessoais...<br />
• a febre de construções e, por vezes, construções suntuosas;<br />
• a falta do testemunho de autenticidade da presença da Igreja no setor educacional;<br />
• as paróquias estão longe de atingir todo o território paroquial. E não nos referimos<br />
tanto às paróquias rurais, onde por vezes as áreas são imensas: pensamos em paróquias de cidades,<br />
onde o não-atendimento à paróquia total é menos compreensível e menos perdoável;<br />
• a passividade com que o povo assiste à Missa na maioria de nossas Igrejas;<br />
• o divórcio entre nossa pregação e a vida real: temas e linguagem, não raro, estão<br />
longe dos interesses e do falar dos ouvintes, sobretudo dos meios humildes;<br />
• a redução da colaboração dos leigos a proporções muito limitadas e inexpressivas;<br />
• a falta de planejamento, sobretudo de conjunto;<br />
• será sempre necessário perguntar o que se tem feito no sentido de: compreender,<br />
orientar, ajudar, tentando a união de todos “num clima que leve à superação de visões<br />
individualistas e a sacrifícios heróicos exigidos em horas de crise”;<br />
• falta de uma hierarquia de valores - exigência maior em nossos dias: (Cuidamos mais<br />
de abrir creches e patronatos do que de combater as raízes do mal. Preocupamo-nos mais em<br />
9<br />
cf. “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin (1859).<br />
10<br />
cf. “O Livro dos Espíritos” (1857); “O Livro dos Médiuns” (1859); “O Evangelho Segundo o<br />
Espiritismo” (1863); “O Céu e o Inferno” (1865); “A Gênese” (1868), todos de Allan Kardec.<br />
11<br />
cf. “Crítica da Política Econômica”, de Karl Marx (1859).<br />
5
distribuir alimentos, inclusive de Cáritas, do que de utilizá-los em favor da melhoria de nossas<br />
obras, como ponto de apoio para uma modificação de nossa estrutura sócio-econômica).<br />
Por fim, os bispos fazem as seguintes advertências:<br />
“Somos mais homens de obras do que da obra indispensável a todas as demais: a estrutura<br />
administrativa. Sem esse alicerce, surgem as iniciativas, mas permanecem isoladas fracas, portanto<br />
ou a exigirem grandes esforços por não, estarem engajadas na realidade paroquial, diocesana,<br />
provincial ou regional.”<br />
A organização da Diocese, flexível e eficiente, é a condição básica de funcionamento deste<br />
Plano de Emergência. Para isso faz-se mister uma revisão corajosa e cristã de nossas relações com<br />
nossos sacerdotes, religiosas e leigos, tornando-os não meros executores de ordens, mas<br />
companheiros no bom combate. Assim, conserva-se a hierarquia, elemento fundamental na Igreja<br />
de Cristo, e desenvolve-se o espírito de equipe. É a vivência do ‘non veni ministrari sed<br />
ministrare’.” Os problemas sociais estão na ordem do dia. A missão de Pastores pede dos Bispos<br />
uma atenção especial neste campo, abrangendo todos os seus aspectos.<br />
“Somos solícitos no combate ao Comunismo, mas nem sempre assumimos a mesma atitude<br />
diante do capitalismo liberal. Sabemos ver a ditadura do Estado marxista, mas nem sempre sentimos<br />
a ditadura esmagadora do econômico ou do egoísmo nas estruturas atuais que esterilizam nossos<br />
esforços de cristianização” (PE).<br />
5.3. O Plano de Emergência (PE) torna-se conhecido pela sua dimensão pastoral, que<br />
apresentava quatro áreas como sendo prioritárias para a atuação eclesial:<br />
1ª Renovação Paroquial - Princípios básicos:<br />
- a diocese é a unidade fundamental da ação pastoral;<br />
- a paróquia deve ser antes de tudo uma comunidade de Igreja (de fé, de culto e<br />
caridade);<br />
- a paróquia é fermento da comunidade humana;<br />
- o pároco é o chefe da comunidade paroquial (mestre, sacerdote, pastor);<br />
- o pároco é educador dos militantes leigos, engajados na construção do temporal;<br />
- os leigos devem ser membros da comunidade paroquial;<br />
- os leigos assumirão a iniciativa e a plena responsabilidade das tarefas temporais.<br />
Requisitos para a renovação paroquial:<br />
- decisão do pároco;<br />
- conhecimento da realidade e exploração da potencialidade da paróquia;<br />
- renovação planejada e continuada.<br />
Para ser uma comunidade de fé, a paróquia precisa: valorizar a pregação, vitalizar e<br />
dinamizar a catequese; promover e incentivar o movimento bíblico.<br />
Para ser uma comunidade de culto, a paróquia precisa promover um intenso movimento<br />
litúrgico.<br />
Para ser uma comunidade da caridade, a paróquia precisa acionar o movimento da Ação<br />
Católica especializada conforme os diversos meios de vida; as Congregações Marianas; o<br />
Movimento Familiar Cristão; o Movimento de Vocações Sacerdotais; o Secretariado de<br />
Ação Social; o Comitê Administrativo; o Conselho Paroquial.<br />
Conselho paroquial. “É o órgão de coordenação de toda vida paroquial. Seu chefe natural é o<br />
pároco. Dele devem participar ao menos um representante de cada frente pastoral e movimentos. É<br />
o órgão responsável pela elaboração e execução do plano global da paróquia. É o instrumento<br />
básico de inserção da paróquia na pastoral diocesana. Acompanhará, passo a passo, o andamento do<br />
plano, somando a ação de cada um dos movimentos”.<br />
6
2ª Para uma Renovação do Ministério Sacerdotal. O PE faz uma análise da situação dos<br />
padres nos últimos anos da década de cinqüenta e princípio da década de sessenta.<br />
• “temos que considerar os padres já alquebrados pela idade e pela doença, e o número<br />
talvez respeitável dos que consagram seu tempo, integral ou parcialmente, a tarefas não<br />
sacerdotais”;<br />
• “o número de sacerdotes tem aumentado nos últimos anos, mas o seu ritmo de<br />
crescimento está muito aquém da explosão demográfica que atualmente registra, cada<br />
ano, em nosso país, um aumento populacional de 2.000.000 de habitantes”;<br />
• o desenvolvimento acelerado do país, com seus grandes desequilíbrios demográficos,<br />
sociais, culturais, econômicos e políticos, os problemas se multiplicam, dia a dia; novas<br />
correntes de idéias nascem, penetram, circulam, e agitam;<br />
• O clero, sem apreender talvez suas verdadeiras dimensões, sente esta nova realidade no<br />
contato direto com as almas, no exercício cotidiano do ministério, no clima que respira<br />
por toda parte, dentro e fora da paróquia;<br />
• muitos tomam consciência da insuficiente preparação recebida no seminário, e<br />
reconhecem-se pouco preparados para enfrentar a complexidade da situação;<br />
• O problema, porém, que mais pesa, que mais angustia e derrota é o problema do<br />
isolamento; sentem-se muitas vezes, franco-atiradores; seu esforço é isolado; não há<br />
plano de conjunto não há apoio;<br />
• Os recursos são exíguos, há inaproveitamento e dispersão de forças. Se não fosse pelo<br />
seu espírito de fé e a assistência do Espírito Santo, julgar-se-iam heróis da uma causa<br />
perdida;<br />
• o isolamento é, muitas vezes, um isolamento de vida: espiritual, intelectual e humana;<br />
perdidos na imensidade das paróquias rurais, mergulhados na complexidade dos<br />
conjuntos urbanos, raramente encontram outros colegas; alguém que viva a mesma vida,<br />
sinta os mesmos problemas, vibre nos mesmos ideais; alguém com quem possam manter<br />
um diálogo de alma para alma, numa comunhão de vida humana e sacerdotal; para<br />
muitos, a vulgarização paulatina e insensível é um dos grandes escolhos;<br />
• outros se encontram ainda enredados e paralisados por sérios problemas financeiros.<br />
Diante desta situação, as reações manifestadas pelos sacerdotes são bem diversas e dignas de<br />
reflexão.<br />
• Encontramos os padres pessimistas. Mesmo abstraindo de influências de temperamento,<br />
seu número tende a aumentar. São padres que lutaram. Durante alguns anos deram,<br />
talvez, o melhor de suas energias. Sentiram-se desapoiados e desestimulados. Vieram os<br />
fracassos. Os fundamentos espirituais foram abalados. Hoje estão decepcionados, alguns<br />
recalcados, desiludidos de tudo e de todos. Pode ser um passo para a apostasia;<br />
• Outro tipo são os padres conformistas. Passaram os primeiros anos de fervor sensível.<br />
Várias ilusões desfizeram-se por terra. Encontram-se, hoje, frente a frente com uma dura<br />
realidade. Acham inútil e ilusório empreender grandes esforços. Formam sua<br />
consciência e estabelecem um padrão regular de vida. Alguns se tornam autênticos<br />
funcionários do altar.<br />
• Ao lado destes estão os padres ativistas. Levados talvez por inclinação temperamental<br />
lançam-se a grandes empreendimentos exteriores. Sentem-se estimulados e envaidecidos<br />
pelos aplausos e admiração do povo. Falta-lhes, porém, o fermento sobrenatural que<br />
anime seus esforços numa autêntica construção do reino de Deus. Para alguns, conforme<br />
depoimentos ouvidos, as obras exteriores são uma fuga, um derivativo de fracassos e<br />
desânimos na vida de apostolado.<br />
• Existem, ainda, os padres angustiados. Tomaram consciência do problema; são, talvez,<br />
capazes de medir suas verdadeiras dimensões. Não estão desanimados. Querem agir.<br />
7
Sentem aguçados seu espírito de fé e ideal apostólico. Mas não vêem, claramente, as<br />
pistas de solução.<br />
• Muito comum é o tipo de padres dispersivamente apostólicos. Alguns são de uma<br />
generosidade e dedicação heróicas. Trabalham, esgotam-se, consomem-se pela<br />
construção do reino de Deus. Falta-lhes, porém, uma visão dos verdadeiros dados do<br />
problema. Deixam-se arrastar pelo imediatismo. Empreendem várias atividades<br />
paralelas, descoordenadas, sem plano de conjunto. Perdem-se em detalhes secundários e<br />
acidentais e deixam de lado posições fundamentais e estratégicas.<br />
• Existem e seu número vai aumentando os padres profundamente apostólicos. Têm<br />
consciência clara da situação, visão global e apostólica, de todos os aspectos, intuição<br />
das linhas mestras de solução, capacidade concreta de realização, profundo espírito<br />
sobrenatural. Ressentem-se, às vezes, de uma mais ampla e efetiva coordenação em<br />
plano interparoquial e diocesano. Alguns, com tenacidade, perseverança e espírito<br />
sobrenatural, têm conseguido prepará-la e mesmo realizá-la. Precisaríamos multiplicálos.<br />
Este quadro que acabamos de esboçar impõe uma séria, grave e decisiva reflexão. Colocanos<br />
diante de um dos elementos mais fundamentais da vida da Igreja e de sua renovação pastoral.<br />
Os sacerdotes são os colaboradores diretos e imediatos da hierarquia. Que poderá fazer um Bispo<br />
sem sacerdotes? Ao mesmo tempo, os leigos, que também são Igreja, e nela devem assumir as<br />
responsabilidades que lhes são peculiares e insubstituíveis, quase nada podem fazer sem a ação e<br />
animação de um autêntico ministério sacerdotal. É questão de número, mas, sobretudo, de qualidade<br />
e valor apostólico.<br />
Impõe-se, pois, um esforço em toda linha para valorizar e desenvolver o talvez insuficiente,<br />
mas considerável potencial de energias sacerdotais que Deus outorgou à Igreja em nosso país.<br />
É preciso reacender as energias que fumegam, movimentar as que estão paralisadas, dar<br />
substância às que se esvaziaram, coordenar as que se acham dispersas, incendiar as que estão vivas<br />
e acesas, dispô-las todas para que Deus nos conceda um novo Pentecostes sacerdotal.<br />
Para a renovação do ministério sacerdotal o PE apresenta:<br />
- dois princípios: a colegialidade do sacerdócio e o ministério da Igreja particular;<br />
- quatro requisitos: que o bispo se decida e assuma esse esforço; que os sacerdotes<br />
despertem e desejem; que se parta da realidade e aproveitem-se as energias e os recursos existentes;<br />
procure-se fazer da diocese uma unidade de ação pastoral – unidade visivelmente expressa num<br />
aproveitamento e dinamização de todas as forças, uma ação planejada, organizada, coordenada e<br />
continuada da pastoral diocesana.<br />
- visamos uma compreensão do ministério sacerdotal que ajude os padres a serem: 1.<br />
Adultos humana e sobrenaturalmente; 2. Profetas; 3. Pastores; 4. Sacerdotes; 5. Ministros de Cristo<br />
e da Igreja.<br />
3ª Renovação dos Educandários: a escola católica deve ser caracterizada por dois<br />
princípios fundamentais e complementares: espírito de família e espírito missionário. A escola deve<br />
ser um ambiente de formação de líderes e militantes cristãos. Como meios para se atingir esse<br />
objetivo, o PE propõe: formação intelectual que exclua a mediocridade; formação religiosa, que se<br />
fundamente numa cultura religiosa que acompanhe o desenvolvimento intelectual; formação da<br />
vontade e dos sentimentos, baseado num ambiente sadio, com amor e compreensão, atendendo às<br />
exigências de uma educação integral, com atenção à educação sexual positiva; formação cívica e<br />
social, com base na encíclica de João XXIII – Mater et Magistra – que leva em conta as novas<br />
situações sociais; atenção ao corpo docente e corpo administrativo.<br />
4ª. Introdução a uma Pastoral de Conjunto<br />
- O PE definia a PC como sendo “o esforço global e planificado, visando à<br />
evangelização de áreas na Igreja de Deus”.<br />
8
- Apresentava três justificativas: a) necessidade de pastores autênticos e atualizados; b)<br />
vivemos uma época que exige visão global (época do comunitário; isolamento hoje é ridículo e<br />
perigoso; hoje, impõe-se o planejamento de conjunto); c) raiz teológica da PC: teologia do Corpo<br />
Místico.<br />
A Pastoral de conjunto estrutura-se em plano geral para fazer surgir os trabalhos locais.<br />
Organiza-os e dá-lhes vitalidade, como condição essencial ao realismo dos trabalhos na esfera mais<br />
alta.<br />
Um planejamento flexível, corajoso, realista, com subsequentes e constantes avaliações de<br />
resultados e revisão de metas, garante o funcionamento da Pastoral de conjunto. Assim, no<br />
planejamento de uma região, devem colaborar elementos dessa área e o resultado dos esforços deve<br />
ser adaptado a cada Província ou Diocese. Esta fará as linhas gerais tomarem a coloração paroquial.<br />
Assim, na base da pirâmide encontramos a célula Paróquia, para descobrirmos, no topo, a região ou<br />
País.<br />
Nos anexos, o PE recolhe uma rica experiência já existente no campo da pastoral de<br />
conjunto e reporta-se a três textos muito interessantes, que justificam a urgência da implementação<br />
de uma pastoral de conjunto:<br />
- Descoberta da ruptura entre o mundo e a Igreja<br />
- Descoberta da “vida interior” na pastoral de conjunto (revisão de vida)<br />
- Descoberta da dimensão episcopal da pastoral (o Bispo deve suscitar, animar,<br />
fortificar, harmonizar o esforço apostólico de todos os membros).<br />
6. PLANO DE PASTORAL DE CONJUNTO (PPC - 1966-1970)<br />
6.1. Foi aprovado na VII Assembléia Geral Extraordinária da CNBB, reunida em Roma,<br />
durante os três meses da última sessão conciliar. Traz, no início, um trecho da Exortação de Paulo<br />
VI ao episcopado latino-americano, por ocasião do X aniversário do CELAM (24.11.65), sob o<br />
título de “A ação pastoral na América Latina”. Para sentir o clima da Igreja na época, vale a pena<br />
ressaltar alguns tópicos desta Exortação.<br />
• “A comunidade católica latino-americana vive em estado de debilidade orgânica quer no<br />
campo da doutrina, quer no da prática; falta de sacerdotes; desproporções na distribuição do clero;<br />
ineficiência das estruturas pastorais em relação às exigências da vida moderna nos centros urbanos;<br />
problema de terras ociosas da Igreja”.<br />
• Por outro lado, a exortação destaca alguns pontos positivos da caminhada eclesial do<br />
Continente latino-americano. “No conjunto, a Igreja vive em um clima de liberdade e de paz<br />
propício a um profícuo trabalho; representa a maior força capaz de salvar o continente, com o<br />
prestígio social e moral que possui”. Ressalta o necessário espírito de confiança e coragem para o<br />
empreendimento apostólico. “...seria prejudicial cair num estado de timidez, de medo e de falta<br />
confiança, que desarma e constrange, mesmo no melhores homens, o ímpeto requerido para um<br />
difícil trabalho construtivo”. Chama a atenção sobre o necessário “aggiornamento” e, por fim,<br />
apresenta três critérios de ação:<br />
1. Caráter extraordinário da ação pastoral “pelo empenho sério e profundo (sic) pelas<br />
formas de ação decididas e rápidas que se colocarão em movimento para tornar mais difundido o<br />
Evangelho e pelo emprego dos homens aos quais se recorrerá”;<br />
2. Unitário: “como os problemas de hoje são gerais, requerem soluções de conjunto”.<br />
Conseqüente valorização de órgãos colegiais;<br />
3. Planificado: evitar acomodação e empirismo, definir prioridades, criar secretariados de<br />
coordenação.<br />
6.2. O PPC foi pensado para cinco anos e tinha por objetivo “criar meios e condições para<br />
que a Igreja do Brasil se ajuste, o mais rápida e plenamente possível, à imagem do Vaticano II”.<br />
9
Inaugurou o esquema das seis “linhas pastorais” às quais deu o nome de “seis objetivos<br />
específicos da ação da Igreja” ou de “linhas fundamentais de trabalho”.<br />
Promover:<br />
1ª ) uma sempre mais plena unidade visível no seio da Igreja Católica;<br />
Objetivo: Levar à primeira conversão, à adesão pessoal a Cristo, à inserção consciente e<br />
participante na comunidade visível.<br />
Documentos: Lumen Gentium, Optatam Totius, Presbyterorum Ordinis, Christus Dominus,<br />
Apostolicam Actuositatem, Perfectae Caritatis<br />
2ª ) a ação missionária;<br />
Objetivo: Levar os homens à primeira adesão pessoal a Cristo, através do anúncio<br />
missionário da Palavra e do testemunho de vida evangélica.<br />
Documentos: Ad Gentes<br />
3ª ) a ação catequética, o aprofundamento doutrinal e a reflexão teológica;<br />
Objetivo: Levar o povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo através da<br />
Palavra e do testemunho de vida evangélica, que iluminam e alimentam.<br />
Documentos: Dei Verbum<br />
4ª ) a ação litúrgica;<br />
Objetivo: Levar o povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo através do culto<br />
litúrgico integral e das celebrações da Palavra.<br />
Documentos: Sacrosanctum Concilium<br />
5ª ) a ação ecumênica;<br />
Objetivo: Levar o Povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo, através de uma<br />
autêntica ação ecumênica.<br />
Documentos: Unitatis Redintegratio, Orientalium Ecclesiarum, Nostra Aetate<br />
6ª ) a melhor inserção do povo de Deus, como fermento na construção de um mundo<br />
segundo os desígnios de Deus.<br />
Objetivo: Levar o Povo de Deus a uma maior comunhão de vida em Cristo, através de sua<br />
inserção como fermento ao construção de um mundo segundo os desígnios de Deus.<br />
Documentos: Gaudium et Spes, Inter Mirifica, Gravissimum Educacionis, Dignitatis<br />
Humanae<br />
7. Conclusão sobre o PE e o PPC. Enquanto o primeiro acentuava as dimensões da<br />
estrutura eclesial interna, reforçando o aspecto da comunhão; o segundo, sem descurar deste<br />
aspecto, dava um forte enfoque à dimensão da missão (conferir as linhas de ação da Igreja). Esse<br />
binômio, comunhão e missão, tem se tornado um pólo freqüente na ação evangelizadora da Igreja.<br />
Durante o tempo da ditadura militar, a Igreja foi encontrando meios de vivenciar sua missão,<br />
como presença crítica na sociedade. Essa sua opção, às vezes, favorecia a comunhão, às vezes<br />
desvelava conflitos internos. Iniciada a distensão na sociedade civil, com ampliação de canais de<br />
participação nas decisões políticas do País, a Igreja começou um processo de demasiada<br />
preocupação consigo mesma, em detrimento do seu que-fazer pastoral, de sua presença pública.<br />
Essa tensão é sadia, desde que se crie um clima favorável para buscas de novos caminhos<br />
evangelizadores. É certo que supõe um bom nível de maturidade eclesial, calcado em estruturas que<br />
favoreçam o diálogo e a mais ampla participação.<br />
8. PPC-PLANOS BIENAIS. Previsto inicialmente para o período de 66 a 69, o PPC foi<br />
prorrogado até 74. Como meio de tornar mais realizável as diretrizes pastorais contidas no PPC, o<br />
episcopado decidiu pela elaboração de Planos Bienais (PB) de atividades para os organismos<br />
nacionais. Sendo assim, o primeiro PB vigorou em 71/72; o segundo, 73/74. A partir de 1975, a<br />
Igreja adotou as chamadas “Diretrizes da Ação Pastoral da Igreja no Brasil”, sem, no entanto,<br />
abandonar a prática dos Planos Bienais.<br />
10
As Diretrizes deixaram para os regionais e as dioceses o campo mais metodológico dos<br />
planejamentos, e optaram por uma sistemática mais flexível em nível nacional. Limitaram-se a<br />
oferecer luzes para o agir eclesial, com uma estrutura básica composta de um objetivo geral e seis<br />
dimensões ou linhas pastorais. Assim caminhamos até as atuais Diretrizes, que afirmam “mais que<br />
as anteriores, estas Diretrizes foram pensadas e formuladas fazendo da evangelização a prioridade<br />
real e o eixo central da ação da Igreja. Neste sentido, depois de décadas de Diretrizes da Ação<br />
Pastoral (1975, 1979, 1983, 1987, 1991), elas passaram a se chamar Diretrizes da Ação<br />
Evangelizadora (1995-1998)”.<br />
Da era das Diretrizes, o que mais penetrou na ação pastoral ou evangelizadora da Igreja no<br />
Brasil foi o objetivo geral, presente em quase todos os planos diocesanos do país, e o esquema das<br />
seis dimensões.<br />
9. AS CEBS E A PROFECIA NA IGREJA<br />
É claro que as Comunidades Eclesiais de Base mereceriam um destaque muito maior na<br />
memória dos planejamentos pastorais e evangelizadores da Igreja no Brasil, mas aqui é apenas um<br />
registro de sua importância.<br />
Sem dúvida, a II Conferência Geral do Episcopado Latino Americano realizada em<br />
Medellín, na Colômbia, no histórico ano de 1968, foi o impulso fundamental que toda a Igreja do<br />
Continente recebeu para a implementação criativa das conclusões do Concílio Vaticano II. Dentre<br />
os pontos concretos dessa implementação estão as CEBs. Elas serviram para dar um novo ânimo à<br />
caminhada eclesial, proporcionando a concretização da eclesiologia total na perspectiva conciliar.<br />
Impulsionou o protagonismo laical, revelou o rosto profético da Igreja, influenciou processos<br />
eclesiais mais igualitários, destacou o sacramento do batismo como fundante das comunidades, fez<br />
surgir a missão com processo de irradiação, despertou o amor pela Palavra de Deus, trouxe a<br />
vivência dos sacramentos para o coração dos fiéis, revelou a dimensão peregrina da devoção<br />
mariana, fazendo-nos entendê-la como Mãe dos caminhantes.<br />
As CEBs foram reconhecidas oficialmente como Igreja da Base pela Exortação Apostólica<br />
Pós-Sinodal do Papa Paulo VI – Evangelii Nuntiandi, de 1975. Nesse mesmo ano, as CEBs deram<br />
início a série dos encontros Intereclesiais, em Vitória no Espírito Santo. Esses encontros sempre<br />
serviram para reanimar a caminhada das comunidades e articular melhor sua iniciativa<br />
evangelizadora. Sem sombra de dúvida, a caminhada profética das CEBs influenciaram na gestação<br />
do CIMI e da CPT, da pastoral afro, da pastoral das mulheres marginalizadas, do trabalho com os<br />
sofredores da rua e de tantas outras iniciativas pastorais.<br />
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) foi criado em 1972, como iniciativa da Igreja<br />
Católica, mais precisamente pela CNBB, visando a defesa clara dos direitos das nações indígenas,<br />
por meio da garantia do direito à diversidade cultural. Na Assembléia Nacional do CIMI, em 1995,<br />
eles assim definiram seu objetivo: “Impulsionados(as) por nossa fé no Evangelho da vida, justiça e<br />
solidariedade e frente às agressões do modelo neoliberal, decidimos intensificar a presença e apoio<br />
junto às comunidades, povos e organizações indígenas e intervir na sociedade brasileira como<br />
aliados (as) dos povos indígenas, fortalecendo o processo de autonomia desses povos na construção<br />
de um projeto alternativos, pluriétnico, popular e democrático.”<br />
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) nasceu 1975, durante o Encontro de Pastoral da<br />
Amazônia, realizado em Goiânia (GO). Sempre atuou junto aos trabalhadores e trabalhadoras da<br />
terra, verdadeiros pais e mães da CPT, organizados como peões, posseiros, índios, migrantes,<br />
mulheres e homens da luta pela liberdade e dignidade por uma terra livre da dominação da<br />
propriedade capitalista. Embora profundamente ligada à Igreja Católica, a CPT já nos primeiros<br />
anos, adquiriu um caráter ecumênico, tanto no sentido dos trabalhadores que eram apoiados, quanto<br />
na incorporação de agentes de outras igrejas cristãs, com destaque para a Igreja Evangélica de<br />
Confissão Luterana no Brasil - IECLB.<br />
11
10. O Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”<br />
I. O Projeto se situa numa caminhada de planejamento pastoral e de esforço de conjunto que<br />
a Igreja do Brasil empreendeu antes do Concílio, desde o “Plano de Emergência” (1962) e<br />
continuou no Plano de Pastoral de Conjunto (1965) e nas diversas edições (1975, 1979, 1983, 1987,<br />
1991, 1995 ... ) das “Diretrizes Pastorais”.<br />
• Em 1983, Haiti, XIX Assembléia do CELAM, o Papa lançou o projeto “Nova<br />
Evangelização” para o ano 2000;<br />
• Outubro de 1984, Santo Domingo, abertura do novenário de anos em preparação à celebração<br />
dos 500 anos da evangelização da América Latina;<br />
• Maio de 1988, Salto - Uruguai, Nova Evangelização: nova em ardor (conversão do coração,<br />
da vida), nova em método (cada fiel é missionário, anunciador de Jesus), nova em expressão (em<br />
linguagem adaptada ao mundo moderno, aos MCS, de forma inculturada);<br />
• Outubro de 1992, IV Conferência Geral do Episcopado Latino Americano: protagonismo dos<br />
leigos e inculturação;<br />
• Novembro de 1994, Tertio Millennio Adveniente pede uma renovação da fé e do testemunho<br />
cristão;<br />
• em maio de 1995, as Diretrizes da CNBB (DGAE) solicitam a passagem da “pastoral” para a<br />
“evangelização”;<br />
• Tudo isso aponta para a necessidade de um investimento real no laicato.<br />
II. O objetivo geral<br />
• O Projeto da CNBB “Rumo ao Novo Milênio” (doc. 56, 1996), que assume e prolonga os<br />
projetos anteriores, visa fazer do ano 2000 o momento da “virada” em direção a um cristianismo<br />
mais dinâmico e aberto, porque mais fiel a Jesus Cristo (NB.: o Papa solicita uma conversão, que<br />
supere os erros do 2º Milênio: divisão dos cristãos, intolerância e violência, injustiças...TMA 33ss)<br />
III. Os objetivos específicos<br />
As Diretrizes da CNBB (1991-94) ressaltavam como objetivos específicos da ação pastoral<br />
para a Igreja no Brasil:<br />
• a presença da Igreja na dimensão pública da sociedade;<br />
• a criação da rede de comunidades (com atenção ao pluralismo cultural);<br />
• a espiritualidade personalizada.<br />
As DGAE da CNBB (1995-98) enfatizam mais quatro exigências ou dimensões permanentes<br />
da evangelização:<br />
• serviço (solidariedade, pastoral social);<br />
• diálogo intercultural, inter-religioso e ecumênico;<br />
• anúncio explícito e missionário do Evangelho;<br />
• testemunho da comunhão fraterna e da fé que se alimenta da Palavra e da Liturgia.<br />
O Projeto:<br />
• É a resposta brasileira ao apelo da realidade e do Papa;<br />
• Situa-se numa caminhada de planejamento pastoral e de esforço conjunto da Igreja no Brasil;<br />
• É uma aposta no futuro e busca uma nova síntese entre fé e vida, fé e história, e apresenta<br />
três passos significativos para atingir esse objetivo (PRNM, 90):<br />
1. Favorecer a experiência pessoal de Deus em Jesus Cristo, refazendo a unidade entre a<br />
dimensão contemplativa e orante e o quotidiano da vida, unidade enfraquecida ou mesmo perdida<br />
no contexto do mundo secular; 2. Desencadear um processo para refazer o tecido cristão das<br />
comunidades eclesiais, formando assim comunidades maduras, alimentadas pela escuta da Palavra<br />
de Deus e a celebração da Liturgia; 3. Impulsar as comunidades cristãs para saírem de suas próprias<br />
fronteiras para um novo compromisso com a missão da Igreja no mundo.<br />
12
1996<br />
ANO DA<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
PROJETO “RUMO AO NOVO MILÊNIO”<br />
1. Avaliação da ação evangelizadora em todos os níveis (Pesquisas)<br />
2. Estudos das Diretrizes da CNBB, da TMA e do COMLA 5<br />
3. Conscientização do sentido do Jubileu e dos 500 anos de evangelização no Brasil<br />
4. Preparação dos Projetos (nacionais, regionais, diocesanos, paroquiais) e dos Agentes<br />
5. Busca de cooperação ecumênica com as Igrejas cristãs.<br />
OBJETIVO CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO<br />
NO JUBILEU DO ANO 2000<br />
TEMAS<br />
EXIGÊNCIAS DA <strong>EVANGELIZAÇÃO</strong> INCULTURADA<br />
(cf. DGAE 191-286)<br />
(cf. TMA 39-55) TESTEMUNHO SERVIÇO DIÁLOGO ANÚNCIO<br />
1997<br />
1998<br />
1999<br />
2000<br />
JESUS CRISTO<br />
Fé<br />
Batismo<br />
ESPÍRITO<br />
SANTO<br />
Esperança<br />
Crisma<br />
DEUS PAI<br />
Caridade<br />
Reconciliação<br />
Glorificação da<br />
Ssma. Trindade<br />
Eucaristia<br />
Celebração do<br />
Jubileu<br />
ATIVIDADES<br />
(EXEMPLOS)<br />
DESTINATÁRIOS<br />
PREFERENCIAIS<br />
AGENTES<br />
À luz do Ev. de Marcos,<br />
revigoramento da fé e do<br />
testemunho na liturgia<br />
dominical, na vivência<br />
bíblico-catequética e<br />
comunitária, tendo em<br />
Maria o modelo da fé.<br />
à luz do Ev. de Lucas,<br />
revigoramento da fé e do<br />
testemunho na liturgia<br />
dominical, na vivência<br />
bíblico-catequética e<br />
comunitária, tendo em<br />
Maria o modelo da<br />
Esperança.<br />
À luz do Ev. de Mateus,<br />
revigoramento da fé e do<br />
testemunho na liturgia<br />
dominical, na vivência<br />
bíblico-catequética e<br />
comunitária, tendo em<br />
Mariao exemplo do amor.<br />
Celebração do Jubileu e<br />
dos 500 anos de<br />
evangelização na<br />
comunidade eclesial.<br />
- Valorização do Ano<br />
Litúrgico e das expressões<br />
celebrativas<br />
- Liturgia Dominical;<br />
Grupos bíblicos e outros;<br />
- Renovação da Catequese,<br />
da Pastoral Sacramental,<br />
dos Ministérios<br />
- Compromissos com as<br />
outras dimensões.<br />
- IX Intereclesial de CEBs<br />
CATÓLICOS<br />
PARTICIPANTES<br />
13<br />
Promoção dos<br />
DIREITOS CIVIS:<br />
Vida, Integridade,<br />
Liberdade,<br />
Igualdade<br />
perante a lei.<br />
Promoção dos<br />
DIREITOS SOCIAIS:<br />
Educação, Saúde,<br />
Informação, Cultura,<br />
Meio-ambiente.<br />
Promoção dos<br />
DIREITOS<br />
ECONÔMICOS:<br />
Terra, Alimento,<br />
Trabalho,<br />
Moradia...<br />
PERDÃO<br />
da dívida<br />
internacional e resgate<br />
da dívida social no<br />
Brasil.<br />
- CFs<br />
- Grito dos Excluídos<br />
- Semanas Sociais:<br />
realização por etapas,<br />
1997/1999 -<br />
Pastorais Sociais<br />
- Fóruns e Seminários<br />
- Parcerias<br />
- Semana da<br />
cidadania<br />
- Dia Nacional da<br />
Juventude<br />
SOCIEDADE,<br />
prioritariamente<br />
OS POBRES<br />
Diálogo sobre a<br />
BUSCA<br />
DA<br />
SALVAÇÃO<br />
em Cristo<br />
e nas religiões.<br />
Diálogo sobre a<br />
DIVERSIDADE<br />
de CAMINHOS<br />
na busca da<br />
salvação suscitada<br />
pelo Espírito.<br />
Diálogo sobre o<br />
reconhecimento de<br />
uma só FAMÍLIA<br />
H<strong>UMA</strong>NA, onde<br />
todos são IRMÃOS,<br />
filhos do mesmo<br />
PAI.<br />
Encontros<br />
ecumênicos<br />
e INTER-<br />
RELIGIOSOs<br />
(no Sinai, em<br />
Jerusalém e no<br />
Brasil)<br />
- Semana Unidade<br />
- Gestos comuns<br />
- Grupos de diálogo<br />
ecumênico<br />
- CF 2000<br />
(ecumênica)<br />
- Manifesto sobre o<br />
Brasil que<br />
queremos.<br />
- Cartilhas<br />
ecumênicas<br />
- Roteiros de<br />
celebrações<br />
Outras Igrejas,<br />
RELIGIÕES e<br />
CULTURAS<br />
PROCLAMAÇÃO<br />
DA<br />
SALVAÇÃO<br />
EM CRISTO<br />
(Primeiro anúncio)<br />
Proposta dos<br />
MUITOS<br />
CAMINHOS<br />
que levam à<br />
interiorização do<br />
EVANGELHO.<br />
Proposta de<br />
participação ativa na<br />
única<br />
FAMÍLIA<br />
DE DEUS,<br />
onde todos são<br />
IRMÃOS.<br />
Celebração<br />
do Jubileu e<br />
dos 500 anos de<br />
evangelização para<br />
todo o povo.<br />
Pedido de perdão.<br />
- Devoção Mariana<br />
- Romarias<br />
- Dia do Leigo,<br />
- Semana da Família<br />
- 2ª Jornada Mundial<br />
das Famílias (1997)<br />
- Festas Religiosas.<br />
- Missões Populares;<br />
- Missões Jovens<br />
- Visitas Domiciliares<br />
- Presença nos Meios<br />
de Com.Social<br />
- Past. Especializadas<br />
Católicos de<br />
religiosidade popular<br />
e os afastados<br />
Leigos, movimentos e pastorais, consagrados (as), ministros ordenados, organizados<br />
conforme as linhas do planejamento pastoral.<br />
Linha 1, 3 e 4<br />
Linha 6,<br />
Linha 5,<br />
Linha 2<br />
Comunidades eclesiais, Pastorais Sociais, Movimentos e Movimentos<br />
ministérios da Palavra Escolas Católicas Ecumênicos e Missionários<br />
e Sacramentos<br />
Professores de ERE<br />
Formação de Evangelizadores - Setor Leigos, com a colaboração de outras dimensões.
11. Sumário do Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”<br />
1. O contexto da virada do milênio<br />
- A tecnologia deu passos gigantescos<br />
- Do outro lado da história<br />
2. A questão eclesiológica: as mudanças na religião<br />
3. Novo vigor à nova evangelização<br />
4. A escolha do texto dos Atos dos Apóstolos<br />
5. As grandes linhas do Projeto SINM<br />
6. Subsídios<br />
7. Metodologia para os grupos de reflexão<br />
8. Outras preocupações do SINM<br />
1. O contexto da virada do Milênio<br />
Quais foram as grandes expectativas surgidas em relação ao ano 2000?<br />
Diante de expectativas frustradas em muitos níveis, mas sobretudo no social, o povo<br />
tem uma sensação de impotência. constata o quanto é difícil mudar a sociedade. O peso é maior<br />
para os cristãos habituados aos discursos que reforçam a leitura voluntarista das mudanças (Se você<br />
quiser, tudo muda!). Constata-se também que não há muitos caminhos para a sociedade e para a<br />
Igreja. Uma sensação semelhante a que tiveram os peregrinos de Emaús: “Esperávamos isso e<br />
aquilo...”. Olhando a sociedade que, por um lado tudo massifica e, por outro, incentiva o<br />
individualismo, percebe-se uma grande fragmentação, dificultando leituras mais globais, visões de<br />
totalidade. Nesse contexto, os ideais comunitários estão bastante em baixa.<br />
Qual o sabor que se tem ao entrar num novo período histórico, um novo século, um<br />
novo milênio, percebendo tão grandes contrastes sobretudo no campo sócio-cultural.<br />
2. A questão eclesiológica: as mudanças na religião<br />
as repercussões das mudanças sócio-culturais penetram profundamente na religião,<br />
mesmo quando a tradição aparentemente se mantém;<br />
o mundo cristão, particularmente o mundo católico, nos últimos 40 anos passou – em<br />
parte, e não sem resistências - de uma religião baseada sobre a tradição e a instituição (religião de<br />
obediência à autoridade da Igreja) para uma religião baseada sobre a escolha do indivíduo, às vezes<br />
apenas sobre o sentimento individual (subjetivismo);<br />
as formas comunitárias, experimentadas intensamente desde os anos ’60, estão em<br />
crise, embora haja a procura de outras formas de comunidade – não tradicionais ou “recebidas”,<br />
mas fruto de escolha e de afinidades (comunidades eletivas e afetivas, emocionais).<br />
o critério da verdade tem se constituído, cada vez mais, na própria pessoa ou no<br />
sentimento das pessoas (É verdade o que eu sinto!).<br />
outro fenômeno que assistimos um tanto despreparados é a chamada flexibilização<br />
das fronteiras geográficas por obra dos MCS. Isso questiona e muito nossa estrutura eclesial ainda<br />
tão centrada em parâmetros geográficos;<br />
como conviver com o fenômeno do pluralismo dentro do catolicismo (CEBs,<br />
movimentos, novas comunidades etc?);<br />
o que dizer do pluralismo religioso dentro do cristianismo, com todas as suas<br />
consequências? (Conferir o texto do Reginaldo Prandi sobre a religião como questão de opção e não<br />
mais de herança);<br />
e o fenômeno do diálogo inter-religioso e as tendências do exclusivismo,<br />
inclusivismo e pluralismo, em busca de uma teologia ecumênico-crítica!<br />
para uma instituição que insiste num modelo único de padre, torna-se também<br />
preocupante o longo tempo que ela não consegue multiplicar seus quadros, e com qualidade, para<br />
14
atender a demanda populacional que cresce sempre em ritmo mais acelerado. Mesmo com o atual<br />
aumento de número de padres e o mais lento crescimento populacional, a Igreja no Brasil não<br />
conseguiu nem mesmo repetir sua melhor correlação padre/população. Hoje há um padre para cada<br />
10.265 habitantes; na década de 60, a proporção era de 1 padre para menos de 7.000 habitantes;<br />
conscientes dos desafios que se colocam à Igreja nesta virada do milênio, os<br />
participantes de diversos encontros de avaliação do PRNM demonstraram a vontade de propor o<br />
tema da Igreja para um próximo projeto.<br />
entenderam que, dentre outros, um grande desafio hoje é continuar mostrando a<br />
beleza da proposta comunitária, sem deixar de atender às novas demandas da subjetividade; em<br />
outras palavras, criar comunidades que sejam fiéis à Tradição (à Palavra, ao Evangelho) e, ao<br />
mesmo tempo, acolhedoras das pessoas e de suas diferenças.<br />
3. Novo vigor à nova evangelização<br />
Não podemos negar que estamos diante de um panorama um tanto confuso e que<br />
pede de nós um novo vigor na tarefa de impulsar a Nova Evangelização.<br />
Nestes últimos anos, percebemos que o PRNM se constituiu numa experiência<br />
bastante positiva, porém não faltaram queixas (muitos temas, muitos subsídios, muita rapidez...)<br />
O SINM quer ser uma resposta ao desafio que a conjuntura sócio-eclesial coloca à<br />
Igreja, em continuidade ao PRNM, mas de maneira mais enxuta e num ritmo que possibilite o<br />
efetivo acompanhamento das comunidades.<br />
4. A escolha do texto dos Atos dos Apóstolos<br />
Um livro escrito para uma época de transição, que enfrenta os desafios da<br />
inculturação e da inovação.<br />
Um livro onde temos a experiência da passagem de um mundo cultural<br />
marcadamente rural judaico-palestinense para o helênico urbano e politeísta.<br />
Um livro que coloca em evidência o ESSENCIAL:<br />
• a fidelidade à vontade de Deus (= Espírito Santo);<br />
• expressa na Palavra de Jesus (não na experiência subjetiva);<br />
• IMPORTANTE! Nos Atos dos Apóstolos é Jesus que continua sua obra!<br />
• que ajuda a ler as situações, a experiência da vida, sem modelos pré-fabricados;<br />
• que ensina a perseverança na edificação da comunidade.<br />
• Um livro capaz de RE<strong>NOVA</strong>R AS COMUNIDADES CRISTÃS e nos ajudar a dar<br />
respostas às questões que a sociedade coloca hoje para a Igreja.<br />
Por tudo isso, o livro dos Atos dos Apóstolos nos oferece uma gama significativa de<br />
temas profundamente colados à realidade da experiência pessoal e eclesial dos primeiros seguidores<br />
de Jesus Cristo. Desde a vocação e o ministério de Pedro, Paulo, Estevão, Filipe, Lídia até à<br />
experiência das comunidades de Antioquia da Síria, Corinto, Chipre, Filipos, Tessalônica, Êfeso e<br />
outras. Desde os conflitos com a questão do exercício do poder, da gestação e participação nos<br />
ministérios, do enfrentamento de inúmeros conflitos internos e externos à vivência da fé até à busca<br />
surpreendente de um consenso que permitisse a permanência no movimento de Jesus de grupos de<br />
pensamento tão diverso (Conferir o anexo do subsídio “Que novidade é essa?”, p. 84-85 – Quadro<br />
comparativo com os desafios dos Atos e da Igreja de Hoje).<br />
12. SINM – 2ª. Etapa: O Projeto de Evangelização para 2003<br />
1. Histórico<br />
Desde 1996, a Igreja no Brasil, atendendo ao apelo do Papa João Paulo II para preparar a<br />
celebração do Grande Jubileu de 2000, lançou o Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo<br />
15
Milênio”. O Projeto incluía, entre outras ações, a proposta de uma reflexão bíblico-catequética, que<br />
teve como tema Jesus Cristo (1996-97), o Espírito Santo (1997-98), Deus-Pai (1998-99), a<br />
Santíssima Trindade (1999-2000). Como referência bíblicas, foram estudados os Evangelhos,<br />
respectivamente Marcos, Lucas, Mateus, João.<br />
Para os anos de 2001 e 2002, foi lançado o Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”, tendo<br />
como referência o livro dos Atos dos Apóstolos, cujo estudo foi proposto para esses dois anos.<br />
Na Assembléia Geral do Episcopado de abril de 2002 foi proposta a continuação do Projeto<br />
“Ser Igreja no Novo Milênio” durante 2003, para não deixar um vácuo nesse ano, enquanto se<br />
aguardava a eleição de uma nova Presidência da CNBB (maio de 2003) e a aprovação das novas<br />
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.<br />
O sub-tema escolhido foi “Ser cristão no Novo Milênio” e como referência bíblica principal<br />
foi indicada a I carta de Pedro.<br />
2. Objetivos e intenções<br />
Escolhendo um novo sub-tema para 2003, mesmo se dentro dos moldes do Projeto anterior<br />
“Ser Igreja no Novo Milênio”, uma primeira preocupação era de garantir continuidade ao projeto de<br />
evangelização da Igreja no Brasil, que vinha sendo desenvolvido com grande aceitação desde o 2º<br />
semestre de 1996, inclusive continuando a oferecer os subsídios básicos a dioceses e comunidades,<br />
e, ao mesmo tempo, apresentar um novo sub-tema de reflexão e de aprofundamento da catequese e<br />
da formação bíblica.<br />
Na escolha do novo sub-tema influenciaram diversos fatores, que é oportuno evocar aqui,<br />
embora rapidamente, porque constituem “demandas” que o novo Projeto deve quanto possível<br />
satisfazer:<br />
1) Alguns bispos levantaram a sugestão de que houvesse uma continuidade no itinerário<br />
catequético iniciado. Depois dos quatro anos dedicados aos artigos principais do Credo – a fé no<br />
Filho de Deus encarnado, Jesus Cristo; no Espírito Santo vivificador; no Pai criador de todas as<br />
coisas, culminando na reflexão-adoração diante da Trindade Santíssima – e depois de dois anos<br />
dedicados à Igreja (“Credo unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam...”), parecia<br />
oportuno voltar a atenção para a vida cristã.<br />
2) Uma outra decisão do Episcopado fazia de 2003 o Ano Vocacional. Parecia então<br />
oportuno que a escolha do sub-tema bíblico-catequético fosse relacionada ou próximo com a<br />
vocação do cristão.<br />
3) Uma outra aspiração freqüente em nossas dioceses e comunidades (confirmada pela<br />
recente pesquisa de avaliação das DGAE 1999-2002) é a busca de formação, que parece motivada<br />
por um desejo muito difundido hoje, o de “cuidar” de si mesmo, da própria realização e felicidade,<br />
e por uma necessidade de compreender melhor uma sociedade que muda rápida e radicalmente e de<br />
se situar mais criticamente nela.<br />
4) Foi também observado que essa exigência de formação não diz respeito principalmente a<br />
questões de doutrina (mesmo que esta seja muitas vezes necessária), mas antes de tudo à<br />
compreensão da condição humana e ao modo de vivê-la sadiamente hoje, em novos contextos, face<br />
a novos desafios antes de tudo na dimensão antropológica.<br />
5) Foi também considerado que todas essas demandas são reveladoras de um contexto social<br />
e cultural que está mudando rapidamente, gerando freqüentemente incerteza e até medo. Esse<br />
contexto deverá ser levado em conta no estudo do tema proposto, inclusive porque torna mais agudo<br />
o problema da identidade cristã..<br />
3. A I Carta de Pedro<br />
A I Carta de Pedro, como todos os textos do Novo Testamento, pode ser lida com enfoque<br />
diversos. O enfoque aqui sugerido não pretende ser exaustivo ou único, mas apenas ressaltar alguns<br />
16
temas que venha responder às interrogações e expectativas mencionadas acima e que pretendem<br />
orientar o Projeto “Ser cristão no Novo Milênio”.<br />
Nossa leitura parte da convicção que podem ser estabelecidas algumas analogias entre os<br />
cristãos do final do século I, aos quais a 1Pd foi dirigida, e certas situações atuais., A sociedade do<br />
século I é uma “sociedade de poderosos”, aonde as massas dos cidadãos e escravos são expostas à<br />
precariedade, à opressão, à exclusão e ao abandono. Nesse contexto, os cristãos buscam construir<br />
“um lar para quem não tem casa”, para quem vive na incerteza do seu futuro. Visam a oferecer uma<br />
esperança, fundada nas promessas de Deus e na história do seu povo, àqueles aos quais a sociedade<br />
apresenta apenas angústia e insegurança.<br />
A I Carta de Pedro, em linhas gerais, conforme o consenso da exegese atualizada, é uma<br />
carta de exortação dirigida pela comunidade de Roma - em nome do apóstolo Pedro, já mártir (5,1)<br />
há anos - às comunidades da Ásia Menor. O texto (num grego literário e que usa a Bíblia grega dos<br />
LXX) torna improvável que o autor direto da Carta seja o apóstolo Simão Pedro, pescador da<br />
Galiléia e primeiro dos discípulos de Jesus. Além disso, o conteúdo da carta sugere um contexto<br />
mais próximo do ano 90 dos que dos anos ’60 (época da estadia de Pedro em Roma) e supõe o<br />
conhecimento de cartas paulinas, como Rm e Ef (ou, pelo menos, de tradições afins).<br />
4. Temas da Carta a serem valorizados<br />
Entre os temas da Carta que podem ser destacados em função da temática “Ser cristão no<br />
Novo Milênio”, indicamos entre outros:<br />
1) O tema da ESPERANÇA. A bênção inicial (1,3 ss.) louva e agradece a Deus, antes de<br />
tudo, porque “nos regenerou para uma esperança viva” e para uma herança imperecível, que está<br />
garantida no céu (1,4). Explicando o “novo nascimento” ou a vocação do cristão, a Carta se refere a<br />
Deus, como àquele que ressuscitou Cristo dos mortos “a fim de que tenhais fé e esperança em<br />
Deus” (1,21). No momento de exortar à coragem, a Carta convida os cristãos a estarem sempre<br />
prontos “para responder a quem vos pedir uma palavra sobre a esperança que vos anima” (3,15). A<br />
palavra “esperança” tem aqui, inicialmente (em 1,3), sentido objetivo: é o que esperamos, a<br />
“herança” de Deus, a “salvação”. Ela se torna atitude subjetiva que anima o cristão (1,21 e 3,15) e<br />
que lhe garante alcançar um dia este bem que Deus lhe promete. As numerosas referências ao<br />
Antigo Testamento têm também esta finalidade de mostrar que Deus é fiel às suas promessas e<br />
continua incansavelmente na obra empreendida desde a criação do mundo.<br />
O tema da esperança dá o tom de toda a carta e, mais, de toda a vida cristã, apesar dos<br />
obstáculos e sofrimentos que o cristão encontrava no século I, na sociedade romana, e encontra hoje<br />
na sociedade moderna.<br />
2) O tema da VOCAÇÃO. A identidade do cristão é definida como chamado ou “vocação”<br />
(cf. 1Pd 1,15; 2,9; 5,10) ou, ainda, eleição (1,2; 2,4; 2,6; 2,9). O chamado se concretizou numa<br />
“regeneração” ou novo nascimento (1,3.23). Temos aqui uma alusão ao Batismo. Estas alusões,<br />
aliás, são tão freqüentes que vários exegetas falaram da 1Pd como de uma “homilia batismal”. Isto<br />
não parece correto, mas certamente o texto da carta se inspira também em trechos de pregações<br />
feitas por ocasião do batismo. Trechos mais longos podem ser definidos como “características da<br />
nova vocação” (1,13-25), “sublimidade da eleição como chamamento a uma vida cristã” (2,1-10);<br />
“a vida cristã neste mundo” (2,11-3,12) 12 . A Carta não se limita a ressaltar os traços gerais e<br />
comuns de toda vocação cristã. Há também a descrição de aspectos e situações particulares: nas<br />
relações com os pagãos, com o poder, com os patrões (para os escravos), entre os esposos, na<br />
comunidade, na hora da perseguição e do sofrimento...<br />
3) O tema da IDENTIDADE CRISTÃ. A identidade do cristão é também descrita<br />
eficazmente sublinhando as diferenças entre cristãos e pagãos, entre comunidade eclesial e meio<br />
ambiente. O cristão é um “estrangeiro” ou um peregrino neste mundo (2,11). Situa-se aqui um apelo<br />
12<br />
Cf. G.THEVISSEN, A Primeira Carta de Pedro, in: G.THEVISSEN e outros, As Cartas de Pedro, João e Judas.<br />
Loyola, S. Paulo, 1999, p. 33 ss.<br />
17
ao inconformismo, a vigiar contra o perigo de se deixar seduzir e evolver pela vida pagã (daquela<br />
época) e pelo consumismo e materialismo (de hoje). O cristão é diferente. O modelo e a referência<br />
dessa diferença – da identidade cristã – é o próprio Cristo, continuamente citado (1,1.2.3.7-8.11 etc;<br />
importantes as comparações do cristão com Cristo em 2,4-6; 2,21-24; 3,18-22; 4,1-2.13-14).<br />
4) O tema da CASA ou templo de Deus. A vocação cristã não é descrita, na 1Pd, em termos<br />
individuais. A insistência é sobre a coletividade, o povo de Deus no seu conjunto. As imagens<br />
usadas são coletivas. Particularmente expressivo é o trecho de 2, 4-10. O cristão, regenerado no<br />
Batismo, criança recém-nascida (2,2), é convidado a juntar-se a Cristo “pedra viva, escolhida por<br />
Deus”, para ser construído como casa espiritual, templo de Deus, e tornar-se parte do povo de Deus,<br />
“raça eleita, sacerdócio real, nação sagrada, povo propriedade (de Deus)” (2,9), chamado para “uma<br />
maravilhosa luz”.<br />
Mas “casa” tem também outro sentido, talvez menos explícito superficialmente, mas inscrito<br />
no contexto e nos fundamentos da Carta. A “casa” – na época – não é apenas a construção de pedra;<br />
é também a família, a grande família, o conjunto amplo de agregados que se estabelecem ao redor<br />
de um poderoso: há a “casa de César” (cf. Fl 4,22 = os funcionários do Império), há as casas dos<br />
ricos e poderosos, que protegem e são servidos por dezenas ou centenas de afilhados; há a sinagoga<br />
que reúne e protege os judeus; há a “casa” de Deus, onde os cristãos encontram não somente a<br />
esperança da vida futura, mas desde já a solidariedade concreta de irmãos (cf. 1,22; “Amai-vos de<br />
coração, intensamente”; 3,8: “Sede todos unânimes, compassivos, fraternais, tolerantes, humildes”;<br />
4,8-10: “Perseverai no amor mútuo... Sede mutuamente hospitaleiros... Cada um, conforme recebeu<br />
algum dom, ponha-o a serviço dos outros...”.<br />
13. QUEREMOS VER JESUS, CAMINHO, VERDADE E VIDA.<br />
No enunciado do Projeto encontramos o seguinte: “A Igreja Católica está atenta às novas<br />
questões e necessidades que surgem neste início do terceiro milênio. Ela quer anunciar o Senhor<br />
Jesus levando em conta as características dos destinatários, percebendo os sinais dos tempos e<br />
considerando a situação e os anseios de cada pessoa nas diferentes realidades. Por isso somos<br />
convocados, agora, a um ardoroso empenho missionário a fim de bem realizar este novo Projeto<br />
Nacional de Evangelização, lançado na reunião ordinária dos Bispos do Conselho Permanente da<br />
CNBB, realizada de 28 a 30 de outubro de 2003.”<br />
Profundamente voltado para a questão do anúncio querigmático, o novo projeto da Igreja<br />
quer atingir especialmente os batizados que estão distanciados da vida e da comunidade eclesial e<br />
também a todos os grupos cristãos e religiosos em geral.<br />
Tinha como tempo de duração previsto de 2004 a 2007. Como o PRNM, tinha o evangelista<br />
do ano como base de suas reflexões: 2004 – Lucas – Mateus; 2006 – Marcos; 2007 – João. Tomou<br />
das DGAE a tríade dos ministérios da Palavra, da Liturgia e da Caridade e os âmbitos da<br />
evangelização: Pessoa, Comunidade e Sociedade; com as exigências: serviço, diálogo, anúncio e<br />
testemunho de comunhão. Por fim, procurava se centrar numa idéia forte da promoção do Encontro<br />
Pessoal com Cristo. Cabe destacar dos subsídios publicados dentro do Projeto Queremos Ver Jesus<br />
o comentário didático popular à Constituição Dogmática “Dei Verbum” – “Ler a Bíblia com a<br />
Igreja”.<br />
14. AS DIRETRIZES DA <strong>EVANGELIZAÇÃO</strong>: as atuais DGAE da Igreja no Brasil<br />
tiveram sua aprovação retardada para uma adaptação às diretrizes do Documento de Aparecida, por<br />
isso, elas serão válidas para três anos (2008-2010) e não quatro como de costume. Além da<br />
articulação com as conclusões de Aparecida, as novas DGAE buscaram um enxugamento e foram<br />
reduzidas a três capítulos assim organizados:<br />
Objetivo Geral<br />
Introdução<br />
18
Capítulo I – A realidade que nos interpela<br />
- Situação sociocultural<br />
- Situação econômica<br />
- Situação sociopolítica<br />
- Situação ecológica<br />
- Situação religiosa<br />
Capítulo II – Discípulos missionários numa Igreja em estado permanente de missão<br />
- A comunidade missionária<br />
- As exigências e os âmbitos da evangelização<br />
- A vocação e missão dos discípulos missionários<br />
- A missão segundo o tríplice múnus<br />
- A formação dos discípulos missionários<br />
- A espiritualidade do discípulo missionário<br />
Capítulo III – Pistas de Ação para a missão evangelizadora<br />
- Promover a dignidade da pessoa<br />
- Renovar a comunidade<br />
- Construir uma sociedade solidária<br />
Eixo Pessoa:<br />
Desafio: a construção da identidade pessoal e da liberdade autêntica na atual sociedade<br />
Reflexão: a fé cristã – a dignidade absoluta da pessoa – Filha de Deus<br />
Pistas de ação<br />
Eixo Comunidade:<br />
Desafio: a fragmentação da vida e a busca de relações mais humanas<br />
Reflexão: a fé cristã: a vida em comunidade – ministerial e missionária<br />
Pistas de ação<br />
Eixo Sociedade:<br />
Desafio: o escândalo da exclusão e da violência na sociedade consumista nos interpela à<br />
realização da solidariedade<br />
Reflexão: a fé cristã: compromisso humanitário e solidário<br />
Pistas de ação<br />
Conclusão: ai de mim se não evangelizar<br />
15. V CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO AMERICANO E<br />
CARIBENHO – APARECIDA. 13<br />
Comparada ao seu processo oficial de preparação, levado a cabo em uma perspectiva préconciliar,<br />
a Conferência de Aparecida foi uma grata surpresa. O Documento apresenta uma proposta<br />
desafiadora.<br />
I – O PONTO DE PARTIDA:<br />
Uma realidade que nos interpela, pois contradiz o Reino de Vida<br />
Para os Bispos, as condições de vida dos milhões e milhões de abandonados, excluídos e<br />
ignorados em sua miséria e sua dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior<br />
13<br />
Conferir em anexo o quadro com a proposta de leitura do documento de Aparecida, a partir dos 4 eixos: 1. Experiência pessoal de<br />
fé; 2. Vivência Comunitária; 3. Formação Bíblico teológica; 4. Compromisso missionário.<br />
19
compromisso em favor da cultura da vida. O Reino de vida, que Cristo veio trazer, é incompatível<br />
com estas situações desumanas (358). Estamos imersos em um processo de globalização<br />
excludente, que afeta os setores mais pobres, gerando novos rostos da pobreza. Já não se trata do<br />
fenômeno da opressão, mas de algo novo, da exclusão social. Os excluídos não são somente<br />
“explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” (65). Subordina-se inclusive a preservação da<br />
natureza ao desenvolvimento econômico (66).<br />
II – O PONTO DE CHEGADA:<br />
A vida em plenitude para a pessoa inteira e para nossos povos<br />
A cultura de morte, que marca nossa situação, não tem a última palavra. Deus tem um plano<br />
para a obra da Criação e para a humanidade, em especial aos mais pobres, que é seu Reino de Vida.<br />
Fazer sua vontade, é engajar-se na continuação da obra de seu Filho, colocando-se ao serviço da<br />
“vida em plenitude” para as pessoas e para nossos povos.<br />
• A serviço da vida plena das pessoas: uma promoção humana, que leve à autêntica<br />
libertação, integral, abarcando a pessoa inteira e todas as pessoas, fazendo-as sujeito de seu<br />
próprio desenvolvimento (399).<br />
• A serviço da vida plena de nossos povos: Deus, em Cristo, não redime só a pessoa<br />
individual, mas as relações sociais entre os seres humanos (359). A fé cristã deverá<br />
engendrar padrões culturais alternativos para a sociedade atual (480). A promoção da vida<br />
plena em Cristo nos leva a assumir evangelicamente as tarefas prioritárias que contribuem<br />
com a dignificação de todos os seres humanos e, para isso, a trabalhar junto com demais<br />
pessoas e instituições (384), fazendo dos pobres sujeitos de mudança e de transformação de<br />
sua situação (394), evitando o paternalismo (397), no diálogo com as ciências (465),<br />
cuidando da ecologia (474); inculturando o Evangelho (479), de modo particular no mundo<br />
urbano (501) e na vida pública (509).<br />
III – EXIGÊNCIA:<br />
Uma igreja em estado permanente de missão<br />
Isso exige:<br />
• Desinstalar-se. A Igreja, para ser toda ela missionária, necessita desinstalar-se de seu<br />
comodismo, estancamento e tibieza, à margem do sofrimento dos pobres do Continente<br />
(362).<br />
• Que cada comunidade seja um centro irradiador da vida. Que cada comunidade cristã se<br />
converta em um poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo<br />
Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação onde estamos (362).<br />
• Que a missionariedade impregne a Igreja inteira. Esta firme decisão missionária de<br />
promoção da cultura da vida deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos<br />
de pastoral, em todos os níveis eclesiais, bem como toda instituição eclesial, abandonado as<br />
ultrapassadas estruturas. (366)<br />
• Passar da pastoral de conservação a uma pastoral missionária. A conversão pastoral de<br />
nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma<br />
pastoral decididamente missionária (370).<br />
IV– IMPLICAÇÕES:<br />
Uma conversão pastoral e renovação eclesial<br />
Diante de uma realidade que contradiz o Reino de Vida de Jesus Cristo, a exigência de<br />
constituir-se em uma Igreja em permanente estado de missão, implica:<br />
• Renovação eclesial. Todos estão chamados a assumir uma atitude de permanente conversão<br />
pastoral (365), pois a ação eclesial não pode prescindir do contexto histórico onde vivem seus<br />
membros. Diante das transformações sociais e culturais, está a necessidade de uma renovação<br />
eclesial, que envolve reformas espirituais, pastorais e também institucionais (367).<br />
20
• A setorização das paróquias. Levando em consideração as dimensões de nossas paróquias, é<br />
aconselhável a setorização das paróquias em unidades territoriais menores, com equipes<br />
próprias de animação e coordenação, que permitam uma maior proximidade às pessoas e grupos<br />
que vivem na região. É recomendável que os agentes missionários promovam a criação de<br />
comunidades de famílias, que fomentem colocar em comum sua fé e as respostas aos seus<br />
problemas (372).<br />
• Uma ação pastoral pensada. O plano pastoral diocesano, caminho de pastoral orgânica, deve<br />
ser uma resposta consciente e eficaz, para atender às exigências do mundo de hoje, com<br />
indicações programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho. Os leigos devem participar<br />
do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução (371).<br />
• Assumir a nova pobreza. A globalização faz emergir em nossos povos, novos rostos de pobres<br />
(402). Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” (65). A<br />
pastoral social deve dar acolhida e acompanhar os excluídos (402).<br />
• O protagonismo das mulheres. Impulsionar uma organização pastoral que promova o<br />
protagonismo das mulheres; garantir a efetiva presença da mulher nos ministérios que a Igreja<br />
confia aos leigos, assim como nas esferas de planejamento e decisão (458).<br />
• Uma renovada pastoral urbana. Faz-se necessário um estilo de pastoral adequado à realidade<br />
urbana em sua linguagem, estruturas, práticas e horários; um plano de pastoral, orgânico e<br />
articulado, que incida sobre a cidade, em seu conjunto; estratégias para chegar aos condomínios<br />
fechados, prédios residenciais e favelas; uma maior presença nos centros decisão da cidade,<br />
tanto nas estruturas administrativas como nas organizações comunitárias (518).<br />
• A presença nos novos espaços. É preciso continuar semeando os valores evangélicos nos<br />
ambientes onde se faz cultura e nos novos lugares: o mundo das comunicações, da cultura, das<br />
ciências e das relações internacionais (491).<br />
IV– ITINERÁRIO:<br />
Uma caminhada, em quatro etapas<br />
Para responder à exigência de constituir-se em uma Igreja em permanente estado de missão<br />
e suas implicações, é preciso, na Igreja hoje, percorrer um caminho, em quatro etapas (226):<br />
• 1º. Experiência pessoal de fé: pelo encontro pessoal com Jesus Cristo, que leva a uma<br />
conversão pessoal e a uma mudança de vida integral;<br />
• 2º. Vivência comunitária: onde cada um seja acolhido pessoalmente e se sinta valorizado,<br />
visível e eclesialmente incluído, membro da comunidade e co-responsável nela;<br />
• 3º. Formação bíblico-teológica: aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus e os<br />
conteúdos da fé;<br />
• 4º. Compromisso missionário de toda a comunidade: cada comunidade cristã convertida em<br />
um poderoso centro de irradiação da vida em Cristo (362), no mundo da cultura (479-480),<br />
da comunicação social (485-490), nos centros de decisão (491-500) e na vida pública (501-<br />
508).<br />
(Síntese apresentada por Agenor Brighenti)<br />
16. ALGUNS DESAFIOS ECLESIAIS ATUAIS<br />
Vivemos uma situação nova sem respostas prontas. Olhar a história nos ajuda muito, mas é<br />
preciso ter claro que se se olha para trás é em função do presente e do futuro que o fazemos.<br />
Hoje, mais do que nunca, somos questionados quanto à nossa identidade cristã, o nosso<br />
específico. Mas somos também chamados a dar resposta concreta do por que da comunidade. Bem a<br />
gosto do pensamento pós-moderno, fala-se de um cristianismo sem instituição: “Jesus sim, Igreja<br />
não”. Que Igreja se rejeita hoje, temos coragem de fazer essa pergunta? O bispo proscrito francês,<br />
D. Gaillot, colocou como título de sua obra: “Uma Igreja que não serve, não serve para nada”. Uma<br />
21
maneira de dizer que a Igreja existe para servir, a exemplo de Jesus que disse: “vim para servir, não<br />
para ser servido”.<br />
Para que essa dimensão da Igreja seja bem explícita e transparente, terá ela que enfrentar,<br />
segundo o teólogo espanhol, A. T. Queiruga, três desafios bastante fortes, nos próximos anos: 1) A<br />
pobreza no mundo; 2) A democracia na Igreja; 3) A situação eclesial da mulher.<br />
Pe. Benedetti costuma dizer que há um desafio novo e contundente para a Igreja hoje: o<br />
pluralismo religioso. Enquanto os demais desafios lhes são, por assim dizer, vindo de fora; neste a<br />
Igreja se sente questionada no seu próprio campo: o da religião.<br />
Não temos respostas prontas, mas alimentamos uma confiança enorme que Deus faz<br />
conosco a travessia e que no diálogo vamos clareando a verdade.<br />
22<br />
Pe. Manoel Godoy<br />
BSB, 20/01/2001<br />
Revisado em 06/09/2010 – Belo Horizonte<br />
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:<br />
1. ANTONIAZZI, Alberto. Planejamento Pastoral, Reflexões Críticas. In: Perspectiva Teológica 21 -<br />
1989.<br />
2. ANTONIAZZI, Alberto. Rumo ao Novo Milênio - Um plano de ação conjunta para Bispos, Padres,<br />
Agentes de Pastoral e Comunidades. In: Revista Pastoral, nº 191. Ed.Paulus, São Paulo, 1996.<br />
3. BEOZZO, José Oscar. Igreja no Brasil, Planejamento pastoral em questão. In: REB 42 (1982).<br />
4. BRUNEAU, Thomas. O Catolicismo Brasileiro em Época de Transição. São Paulo, Loyola, 1974.<br />
5. CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2008-2010). Ed. Paulinas, São Paulo, 2008.<br />
6. CNBB. Olhando para a frente - Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”. Ed. Paulinas, São Paulo, 2000.<br />
7. CNBB. Plano de Emergência. Livraria Dom Bosco Editora. Rio de Janeiro, 1962.<br />
8. CNBB. Plano de Pastoral de Conjunto. Livraria Dom Bosco Editora. Rio de Janeiro, 1966.<br />
9. CNBB. Queremos Ver Jesus – Caminho, Verdade e Vida. Projeto Nacional de Evangelização (2004-<br />
2007). Brasília: CNBB, 2003, pp. 36.<br />
10. CABELLO, M; ESPINOZA, E; GÓMEZ, J. Manual de Planejmaneto Pastoral. São Paulo: Paulinas,<br />
1987.<br />
11. CNBB. Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”. Ed. Paulinas, São Paulo, 1996.<br />
12. CNBB. Sociedade Brasileira e Desafios Pastorais - Preparação das Diretrizes Gerais da Ação<br />
Pastoral, 91-94. Ed. Paulinas, São Paulo, 1990.<br />
13. FREITAS, Maria Carmelita. Elementos para uma História do Planejamento Pastoral na Igreja do<br />
Brasil. Subsídio da CNBB, 1993.<br />
14. GONZALES FAUZ, José Ignacio. Desafio da Pós-Modernidade. Paulinas - São Paulo, 1996.<br />
15. PAYÁ, Miguel. O Planejamento Pastoral a Serviço da Evangelização. São Paulo: Ave Maria, 2005.<br />
16. QUEIRUGA, Andrés Torres. “O cristianismo no mundo de hoje” São Paulo: Paulus, 1994.<br />
17. BRIGENTI, Agenor. A Desafiante proposta de Aparecida. São Paulo: Paulinas, 2007.<br />
18. CELAM. Documento de Aparecida – Texto conclusivo da V Conferencia Geral do Episcopado<br />
Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Paulus e Paulinas, 2007.
A P R O P O S T A DE A P A R E C I D A<br />
I – O PONTO DE PARTIDA<br />
<strong>UMA</strong> REALIDADE QUE NOS INTERPELA, POIS CONTRADIZ O REINO DE VIDA<br />
As condições de vida dos milhões e milhões de abandonados, excluídos e ignorados contradizem o projeto do Pai e desafiam os cristãos a um<br />
maior compromisso em favor da cultura da vida. O Reino de vida, que Cristo veio trazer, é incompatível com estas situações desumanas<br />
(358).<br />
II – O PONTO DE CHEGADA<br />
A VIDA EM PLENITUDE <strong>PARA</strong> A PESSOA INTEIRA E <strong>PARA</strong> NOSSOS POVOS<br />
Uma promoção humana, que leve à autêntica libertação, integral, abarcando a pessoa inteira e todas as pessoas, fazendo-as sujeito de seu<br />
desenvolvimento (399). Deus, em Cristo, não redime só a pessoa individual, mas as relações sociais entre os seres humanos (359). A fé cristã<br />
deverá engendrar padrões culturais alternativos para a sociedade atual (480).<br />
III – A EXIGÊNCIA<br />
<strong>UMA</strong> IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO<br />
A Igreja, para ser toda ela missionária, necessita: desinstalar-se de seu comodismo, estancamento e tibieza; converter-se em um poderoso<br />
centro de irradiação da vida em Cristo (362); renovar as estruturas eclesiais, abandonado as ultrapassadas (366); passar de uma pastoral de<br />
mera conservação para uma pastoral decididamente missionária (370).<br />
IV – AS IMPICAÇÕES<br />
<strong>UMA</strong> CONVERSÃO PASTORAL E A RE<strong>NOVA</strong>ÇÃO ECLESIAL<br />
Uma atitude de permanente conversão pastoral (365) e renovação eclesial (367), a setorização das paróquias (372), uma ação pastoral<br />
planejada (371), assumir os novos rostos da pobreza, à luz da opção pelos pobres (402), o protagonismo das mulheres na evangelização<br />
(458), uma renovada pastoral urbana (518), a presença no mundo da cultura (479), da comunicação social (485), nos centros de decisão (491)<br />
e na vida pública (501).<br />
IV – O ITINERÁRIO<br />
<strong>UMA</strong> CAMINHADA, EM QUATRO ETAPAS<br />
EXPERIÊNCIA PESSOAL DE FÉ VIVÊNCIA COMUNITÁRIA FORMAÇÃO BÍBLICO-<br />
- Encontro pessoal com Jesus Cristo<br />
- Expe-riência religiosa profunda<br />
- Anúcio kerigmático<br />
- Conversão pessoal<br />
- Mudança integral de vida<br />
- Acolhida pessoal fraterna<br />
- Valorização de cada um<br />
- Inclusão na vida comunitária<br />
- Todos co-responsáveis na Cde.<br />
- Compromisso e entrega na e pela<br />
Igreja<br />
23<br />
TEOLÓGICA<br />
- Aprofundar do<br />
conhecimento da<br />
Palavra<br />
- Aprofundar-se nos<br />
conteúdos da fé<br />
- Formação teológicodoutrinal<br />
- Crescimento espiritual,<br />
pessoal e comunitário<br />
COMPROMISSO<br />
MISSIONÁRIO DA CDE.<br />
- Todo batizado é um<br />
missionário<br />
- Ir ao encontro dos afastados<br />
- Interessar-se pela vida deles<br />
- Reencantá-los com a Igreja<br />
- Convidá-los a voltar e se<br />
envolver com ela<br />
SEGUIMENTO DE JESUS A COMUNHÃO NA IGREJA DISCIPULADO MISSIONARIEDADE<br />
- Chamados ao seguimento (129-135)<br />
- Configurados ao Mestre (136-142)<br />
- Enviados a anunciar o Evangelho do<br />
Reino da Vida (143-148)<br />
- Animados pelo Espírito (149-153)<br />
- Chamados a viver em comunhão:<br />
(154-163)<br />
- Os promotores da comunhão:<br />
(184-224)<br />
- Diálogo ecumênico (228-234)<br />
- Diálogo inter-religioso (235-239)<br />
LUGARES DE ENCONTRO: 246- LUGARES DE COMUNHÃO:<br />
275<br />
164-183<br />
Sagrada Escritura (247-248); - - A Igreja Local (164-169);<br />
Liturgia (250-253); - Sacramento da - A paróquia, comunidade de<br />
reconciliação (254);<br />
comunidades (170-176);<br />
- Oração pessoal e comunitária (255); - As CEBs e as pequenas<br />
- A comunidade viva e o amor fraterno comunidades eclesiais (178-180);<br />
(256); - Os pobres, aflitos e enfermos - As Conferências Episcopais e as<br />
(257); - A re-ligiosidade popular (258-<br />
265); - Maria (266-272) e os Santos<br />
(273-275)<br />
Igrejas irmãs (181-183)<br />
Manoel Godoy, pastoralista/Agenor Brighenti, perito da CNBB em Aparecida<br />
- Chamados a ser discípulos<br />
para anunciar o Evangelho<br />
(101-128); - Aspectos do<br />
processo formativo: (278) -<br />
Critérios da formação do<br />
discipulado (279-285); -<br />
Ini-ciação a vida cristã e<br />
catequese permanente (286-<br />
300)<br />
LUGARES DE<br />
FORMAÇÃO: 301-346<br />
- A família (302-303); - A<br />
paróquias (304306); - As<br />
Cebs (307-310); - Os<br />
movimentos eclesiais e<br />
novas comunidades (311-<br />
313); - Os seminá-rios e<br />
casas de formação de<br />
religiosos (331-327); - Os<br />
centros educativos católicos<br />
(328-345)<br />
- Chamados a ser missionários:<br />
(101-128);<br />
- A missão dos discípulos: (347-<br />
379); - Ad gentes (373); - Reino<br />
de Deus e promoção da<br />
dignidade humana (380-430); -<br />
Agentes: família e pessoas (431-<br />
463); - Ecologia (470-475);<br />
Inculturação (476-480)<br />
LUGARES DA MISSÃO: 476-<br />
519<br />
- O mundo da cultura (479-480);<br />
- A comuni-cação social (485-<br />
490); - Os no-vos areópagos e<br />
centros de decisão (491-500); -<br />
A vida públi-ca (501-508); - A<br />
pastoral urbana (509-519); A<br />
unidade de nossos povos (521-<br />
528); - A inte-gração dos<br />
indígenas e afros (529-533); A<br />
re-conciliação e cultura da<br />
partilha (534-545).