ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo
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Destaque<br />
O<br />
Reino Unido é das poucas monarquias onde ainda existe<br />
coroação, uma cerimónia simbólica onde as jóias são<br />
usadas para marcar a investidura de um soberano com<br />
poderes régios. A colecção de jóias da coroa britânica é<br />
uma colecção funcional, uma vez que alguns objectos<br />
continuam a ser usados, por exemplo, na cerimónia de<br />
abertura do Parlamento. No entanto, a colecção tem,<br />
igualmente, peças que não são usadas na coroação e<br />
que foram adquiridas por vários monarcas ao longo<br />
dos séculos. São, por isso, muitas as razões para que esta<br />
colecção suscite o interesse de milhares de pessoas<br />
de todos os cantos do mundo, de todos os credos, raças<br />
e de todas as idades. O fascínio é tal que entre dez a 15<br />
mil pessoas visitam, diariamente, a colecção de jóias da<br />
coroa patente na Torre de Londres. Nem que para isso<br />
tenham de esperar uma hora, que chega a ser o tempo<br />
de espera no Verão, a época de maior afl uência. Enquanto<br />
esperam nas fi las, os mais novos entretêm-se a<br />
tirar fotografi as ao guarda de plantão, no exterior do<br />
edifício. O burburinho ao redor é grande perante uma<br />
figura que mais parece um “homem-estátua”. Já os<br />
adultos preferem ir ouvindo as explicações dadas pelo<br />
áudio-guia. Ficam, desde logo, a saber que a colecção<br />
de jóias da coroa contempla objectos – de ouro maciço<br />
e prata dourada – usados nas cerimónias religiosas. As<br />
explicações, em vários idiomas, indicam ainda que as<br />
coroas reais estão guardadas na Torre de Londres desde<br />
a Idade Média. A fi la avança, a passo de caracol, e a<br />
expectativa vai aumentando à medida que os turistas<br />
se aproximam da entrada. Uma vez no interior da Torre,<br />
os visitantes começam por ver vídeos projectados<br />
na parede, que exibem imagens da coroação da rainha<br />
Isabel II, a 2 de Junho de 1953 – a primeira da história<br />
da monarquia britânica a ser transmitida pela rádio e<br />
pela televisão.<br />
SALÃO DOS MONARCAS<br />
Terminado o tempo de espera nas fi las, o entusiasmo<br />
aumenta à chegada à primeira sala – o Salão dos Monarcas<br />
–, onde constam os nomes de todos os reis e rainhas<br />
desde a construção da Torre de Londres, ou seja,<br />
desde Guilherme, o Conquistador até à rainha Isabel II.<br />
A coroa usada pela rainha no dia da coroação está exposta<br />
na Torre de Londres e só é usada em cerimónias<br />
do género. Signifi ca, pois, que a coroa de Isabel II não é<br />
usada há mais de meio século.<br />
Na coroação, o monarca não é só investido com a coroa.<br />
Outros objectos, como as designadas insígnias reais,<br />
desempenham um papel importante. Todas elas<br />
são parte integrante da cerimónia. São os casos da<br />
grande espada, que simboliza a autoridade do monarca,<br />
do anel da coroação e ainda do ‘orbi’, que representa<br />
a soberania de Cristo no mundo. A coroação signifi ca<br />
igualmente a elevação a chefe da igreja anglicana. O<br />
‘orbi’ é colocado na mão direita do soberano e depois<br />
reposto no altar. Este objecto, em forma de globo, tem<br />
incrustadas mais de 600 pérolas e pedras preciosas. Na<br />
exposição, “divide” o espaço com o ceptro, que representa<br />
o poder régio. Trata-se de uma peça de grande<br />
importância ou dela não fi zesse parte o maior diaman-<br />
16 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011<br />
DEZ A 15 MIL<br />
PESSOAS VISITAM,<br />
DIARIAMENTE,<br />
A COLECÇÃO<br />
DE <strong>JÓIAS</strong> <strong>DA</strong> COROA,<br />
NA TORRE<br />
DE LONDRES.<br />
NEM QUE PARA ISSO<br />
TENHAM<br />
DE ESPER AR<br />
UMA HOR A.<br />
A colecção de jóias da coroa está guardada na<br />
Torre de Londres, da qual faz parte o diamante<br />
‘Koh-I-Noor’ que, na ilustração, de 1851, aparece<br />
em exposição. Em cima, um retrato do Rei Jorge V,<br />
Imperador da Índia.<br />
te do mundo – a Grande Estrela de África. Aliás, a par<br />
deste esplendoroso diamante, a colecção de jóias da<br />
coroa ostenta algumas das pedras preciosas mais excepcionais<br />
do planeta. A pedra mais antiga da colecção<br />
é a safi ra de Santo Eduardo, datada de 1661, a qual só é<br />
usada em coroações e apenas durante 15 minutos.<br />
MONTANHA DE LUZ<br />
Costuma dizer-se que “os homens não se medem aos<br />
palmos” e quando se fala de diamantes também não.<br />
O ‘Koh-I-Noor’ até pode passar despercebido – dada a<br />
sua reduzida dimensão –, mas tem um valor inestimável.<br />
É o diamante mais caro do mundo. Símbolo de<br />
esplendor e de riqueza, tem lugar de honra na coroa<br />
da rainha. Também conhecido por Montanha de Luz,<br />
o ‘Koh-i-Noor’ passou a fazer parte da Coroa Britânica<br />
quando a rainha Vitória foi proclamada imperatriz<br />
da Índia, em 1877. Quando chegou a Inglaterra pesava<br />
186,10 quilates, mas acabou por ser cortado em<br />
diamantes menores, por sugestão do príncipe Albert.<br />
A operação levou 38 dias e resultou numa perda de<br />
peso de quase 43 por cento. Actualmente, pesa 105,6<br />
quilates. Mas não foi por perder peso que o ‘Koh-i-Noor’<br />
perdeu importância. Muito pelo contrário. Esta é<br />
uma jóia única pelo seu valor comercial, mas também<br />
emocional e cultural, uma vez que está envolta<br />
em inúmeros mitos e lendas. Uma delas diz que quem<br />
tivesse o diamante poderia dominar o mundo. Outra,<br />
diz que a jóia só traz sorte para as mulheres, uma lenda<br />
que tem sido levada à letra entre a monarquia bri-<br />
NA ABERTURA, FOTOGRAFIA DE JONATHAN BLAIR/CORBIS. NESTA PÁGINA, FOTOGRAFIA DE ALANCOPSON/CORBIS E FOTOGRAFIAS ANTIGAS <strong>DA</strong> COLECÇÃO BETTMANN/CORBIS