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ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo

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66 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011<br />

Crónica<br />

Sulista, elitista e pedante* . Rodrigo Moita de Deus<br />

NOT MADE IN CHINA<br />

Òpá – E quando achamos que o nosso<br />

português é especialmente maltratado<br />

nas escolas, passo pelo canal<br />

Parlamento e vejo o nosso primeiro.<br />

Na casa da democracia, em resposta a<br />

um deputado, larga um “òpá”. Assim<br />

mesmo. “Òpá”. Não foi um “pá”. Foi<br />

um “òpá” (declinação do “pá”). A<br />

coisa passou. Nem sequer foi comentada. Nem havia razões<br />

para isso. O “pá” e o “òpá” estão quase institucionalizados e<br />

vão sendo utilizados como pontuação. Pontuação tipo dois<br />

pontos, tipo ponto de exclamação ou de interrogação. “O que<br />

é isso òpá”. “ÒPá, que é isso”. Ou simplesmente “pá”. Também<br />

serve de adjectivo, isso é muito “pá”, ou de verbo, eu pá, tu<br />

pá, ele òpá. São pazadas, umas atrás das outras, no português.<br />

Sem que o português se importe muito com isso.<br />

Multiculturalidade I – Estive com Dominque de Villepen<br />

nas Conferências do Estoril. Diz-se que pode ser candidato<br />

às presidenciais em França. Alto como um nórdico, forte<br />

como um espanhol, vestido como um inglês, sedutor como<br />

um italiano, eloquente como um americano. Bom de ver<br />

que vai perder as eleições. Afinal, sempre estamos a falar<br />

de França.<br />

Multiculturalidade II – Sabendo o que sei, “not made in<br />

China” seria hoje uma boa etiqueta para acrescentar aos<br />

produtos.<br />

Peão – Ofereci três peões aos meus três filhos. Peões. Daqueles<br />

antigos, de madeira, de enrolar o cordel. Não tinha<br />

grandes esperanças na coisa. Um peão é um objecto estranho<br />

para quem tem uma Xbox no quarto. Com a falta de jeito<br />

própria da idade lá fiz uma exibição da coisa. Uma vez. Duas<br />

vezes. As vezes suficientes até acertar. E quando finalmente<br />

acertei vi a reacção da criançada. O mais novo olhava para<br />

mim como se estivesse a fazer magia. Os restantes estavam<br />

mais impressionados com o objecto do que com o 3D do FIFA<br />

2010. A geração da Xbox ficou tão fascinada com o assunto<br />

como o meu avô.<br />

Finlandeses – Tenho lido alguns intelectuais artigos sobre<br />

o famoso vídeo. É verdade. Tem imprecisões. A Roménia<br />

também nunca ganhou um festival da Eurovisão e tenho<br />

dúvidas que o Ronaldo português seja melhor que o Ronaldo<br />

brasileiro. Tudo o resto era para fazer sorrir.<br />

Campanha – Há qualquer coisa de ideológico na forma como<br />

os líderes partidários se vestem. O conservadorismo de Paulo<br />

Portas vê-se nos ‘tweeds’. A vontade de Francisco Louçã<br />

em formar um governo de esquerda vê-se na forma como<br />

passou a utilizar mais os blazers. A linha dura de Jerónimo<br />

de Sousa reflecte-se no estilo operário com que se apresenta<br />

aos portugueses e o estilo chique/Milão é uma constante nos<br />

fatinhos de três botões do primeiro-ministro socialista. E ao<br />

contrário do que dizem, não há neoliberalismo algum nos<br />

fatos de dois botões de Passos Coelho.<br />

*A palavra “pedante” vem do italiano.<br />

Na língua dos romanos signifi ca “mestre-escola”. Talvez por<br />

isso adquiriu mais tarde signifi cado de formalista ou pessoa<br />

excessivamente preocupada com detalhes. Estranho mundo,<br />

este, onde pedante é insulto.

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