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Uma nova Igreja para um jovem bispo - Arquidiocese de Maringá

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Senhor Mario Pio Gaspari, por nós legitimamente <strong>de</strong>legado <strong>para</strong> esta função, publicamente<br />

<strong>de</strong>r a conhecer a supracitada bula “Latissimas Partire Ecclesias” ao clero e ao<br />

povo presente. Mandamos ainda que do evento seja lavrada a competente Ata, da qual<br />

duas cópias Nos <strong>de</strong>vem ser enviadas.<br />

Observadas as normas do Direito, revogam-se as disposições em contrário.<br />

Dado na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, na Nunciatura Apostólica, a 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

1957, festa <strong>de</strong> São Matias Apóstolo.<br />

a) +Armando Lombardi<br />

Arce<strong>bispo</strong> <strong>de</strong> Cesaréia <strong>de</strong> Filipe e Núncio Apostólico no Brasil<br />

a) Mario Peressian<br />

Secretário da Nunciatura Apostólica (LOMBARDI, 1957b, 3 f.)<br />

Dias <strong>de</strong>pois daquele histórico 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1956, o futuro <strong>bispo</strong> recebeu em casa a visita <strong>de</strong> padre<br />

Germano José Mayer, palotino alemão, responsável pela paróquia Nossa Senhora da Glória, <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, que<br />

seria elevada à condição <strong>de</strong> igreja catedral. Pô<strong>de</strong> enfim apreciar fotos da cida<strong>de</strong> e receber informações sobre a<br />

<strong>nova</strong> <strong>Igreja</strong> que lhe caberia governar. Pela primeira vez, teve o consolo <strong>de</strong> verificar que <strong>Maringá</strong> aparecia em<br />

mapa. Pelo menos naquele, aberto à sua frente, publicado pela Colonizadora Sinop, sediada em <strong>Maringá</strong>, que<br />

padre Germano tivera o cuidado <strong>de</strong> levar consigo.<br />

O recém-eleito tratou logo <strong>de</strong> fazer o retiro espiritual disposto pela sabedoria da <strong>Igreja</strong>, atenta à pre<strong>para</strong>ção<br />

dos candidatos a <strong>nova</strong>s responsabilida<strong>de</strong>s, sempre que estão prestes a ass<strong>um</strong>i-las. Recolheu-se, na vizinha<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Batatais (SP), ao Colégio São José, dirigido por padres claretianos, on<strong>de</strong> tinha estudado no ano <strong>de</strong><br />

1931. Era período <strong>de</strong> férias escolares. Em completo silêncio, isolado <strong>de</strong> tudo e <strong>de</strong> todos, consagrou oito dias<br />

à meditação sobre o encargo que estava prestes a ass<strong>um</strong>ir. Sentia-se confuso, cheio <strong>de</strong> medo.<br />

Hoje ainda, em tom <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira, recorda que, ao observar o h<strong>um</strong>il<strong>de</strong> porteiro do colégio, assaltou-o<br />

<strong>um</strong> sentimento estranho, talvez inveja: “Ah, como seria bom se eu fosse aquele porteiro. Não estaria nesta<br />

angústia nem precisaria me preocupar com o futuro. A obrigação <strong>de</strong>le é só aten<strong>de</strong>r a porta”. Noutro dia,<br />

absorto em pensamentos, caminhava pelo pátio quando, à distância, viu <strong>um</strong> cavalo que pastava na maior<br />

tranqüilida<strong>de</strong>. Pensou na vida do animal e comparou-a com a sua <strong>de</strong> padre eleito <strong>bispo</strong>. Veio-lhe à cabeça:<br />

“Que bom se eu fosse aquele cavalo. Não teria que enfrentar o que me espera. Ele, sim, é feliz. Não tem com<br />

que se preocupar”. Depois, arrependido, procurou padre Bento Uriarte, CMF, pedindo-lhe que o ouvisse em<br />

confissão. Queria ser perdoado da inveja que sentira do porteiro e da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser cavalo.<br />

No dia 19 <strong>de</strong>sse mês, <strong>um</strong>a quarta-feira, achava-se no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>para</strong> entrevista que agendara com o<br />

núncio apostólico. Antes do encontro, entrou na igreja dos capuchinhos, na Tijuca. Pediu ao porteiro alg<strong>um</strong><br />

fra<strong>de</strong> <strong>para</strong> atendê-lo em confissão. – “O senhor prefere <strong>um</strong> padre velho ou novo?” quis saber o aten<strong>de</strong>nte.<br />

– “Não importa, basta que me confesse”. Veio <strong>um</strong> fra<strong>de</strong> velhinho, que lentamente arrastou os pés até o confessionário.<br />

Recorda o primeiro <strong>bispo</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>: “Prorrompi n<strong>um</strong> choro incontido e só conseguia dizer:<br />

– Padre, eu fui nomeado <strong>bispo</strong>. Com imensa doçura, o velho fra<strong>de</strong> tentou me consolar: – Meu filho, isso não<br />

é pecado”.<br />

a radical mudança <strong>de</strong> vida<br />

Dado a público o nome do <strong>bispo</strong> da diocese criada a 1º <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1956, sua vida converteu-se<br />

n<strong>um</strong>a azáfama <strong>de</strong> colméia em produção. Os dias seguintes <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram <strong>um</strong>a sucessão <strong>de</strong> providências capaz<br />

<strong>de</strong> tirar o fôlego <strong>de</strong> qualquer mortal. Havia <strong>um</strong>a montanha <strong>de</strong> trabalho a ser vencida em brevíssimo espaço <strong>de</strong><br />

tempo. Menos mal <strong>para</strong> quem – mergulhando nas preocupações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação (sagração, dizia-se na época)<br />

episcopal, carta pastoral a ser escrita, doc<strong>um</strong>entos a serem impressos (a diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> partia da estaca<br />

zero), mudança <strong>para</strong> o Paraná, posse em <strong>Maringá</strong> etc. – não conseguia <strong>para</strong>r <strong>um</strong> minuto <strong>para</strong> analisar os <strong>de</strong>safios<br />

que estavam por vir. O mesmo não acontecia com os familiares. A <strong>de</strong>speito das informações otimistas<br />

<strong>de</strong> padre Germano, as fotos e <strong>de</strong>scrições do lugar só confirmaram os temores sobre a dureza da vida que<br />

aguardava o filho, irmão, tio, cunhado, sobrinho e primo que todos amavam. Evitavam comentar em <strong>de</strong>masia<br />

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Os 50 anos da Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>

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