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Uma nova Igreja para um jovem bispo - Arquidiocese de Maringá

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Alice era professora da re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino e, pela manhã, lecionava no Grupo Escolar <strong>de</strong> Jardinó-<br />

polis (SP), <strong>para</strong> on<strong>de</strong> viajava diariamente. Com a mãe e com Maria, sua irmã, igualmente solteira e professora,<br />

residia na casa paroquial, no centro <strong>de</strong> Ribeirão Preto, em companhia <strong>de</strong> Jaime, o irmão, cura da catedral. As<br />

três ocupavam o mesmo quarto, outro servia ao padre, ficando o terceiro <strong>para</strong> alg<strong>um</strong>a visita.<br />

Oitavo dos 14 filhos do casal João Amélio Coelho e Guilhermina Cunha Coelho, Jaime tinha nascido<br />

em Franca (SP), no dia 26 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1916. Or<strong>de</strong>nado padre em 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1941, foi nomeado,<br />

no início <strong>de</strong> 1942, coadjutor da catedral. De início, morou com tia Lola (Judite, casada com Luiz Cunha,<br />

irmão <strong>de</strong> sua mãe). Seis meses <strong>de</strong>pois, os pais <strong>de</strong>ixaram Franca mudando-se, com as filhas solteiras Maria,<br />

Odila, Alice e Wanda, <strong>para</strong> Ribeirão Preto, on<strong>de</strong> alugaram <strong>um</strong>a casa. Padre Jaime foi morar com eles. Dois<br />

anos <strong>de</strong>pois, Odila e Wanda já casadas, recebeu a nomeação <strong>de</strong> cura da catedral. Passou então a ocupar a<br />

mo<strong>de</strong>sta casa canônica na qual acolheu a família. Ao casal <strong>de</strong>stinou-se <strong>um</strong> quarto; outro, às irmãs Maria e<br />

Alice, cabendo ao pároco o terceiro. Após a morte do pai, em 23 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1955, a mãe reuniu-se às<br />

filhas no mesmo aposento.<br />

Naquele dia 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1956, ao <strong>de</strong>scer do ônibus, Alice ouviu sinos que repicavam anunciando<br />

fato novo. Passava pouco do meio-dia. “Deve ter morrido alguém importante”, pensou. Mas logo se convenceu<br />

<strong>de</strong> que seria outra a razão, pois o toque era festivo, não <strong>de</strong> luto. “Talvez seja pela festa <strong>de</strong> Nossa Senhora,<br />

amanhã” corrigiu <strong>para</strong> si mesma. “Vai ver, já estão anunciando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hoje”. Satisfeita com a explicação, caminhou<br />

<strong>para</strong> a casa, não muito distante.<br />

Ao entrar, <strong>de</strong>u com a sobrinha Ângela batendo na porta do banheiro. Filha <strong>de</strong> Odila, casada com Paulo<br />

Biagini, a menina <strong>de</strong> quatro anos geralmente era confiada, durante o dia, aos cuidados <strong>de</strong> <strong>um</strong>a das avós,<br />

enquanto os pais trabalhavam; ele, como secretário da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina; ela, funcionária municipal da<br />

área da saú<strong>de</strong>. Ao <strong>de</strong><strong>para</strong>r com a pequena, do lado <strong>de</strong> fora, chamando pela avó, Alice imaginou-as em alg<strong>um</strong><br />

jogo <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>-escon<strong>de</strong>. “Está brincando com a vovó, querida?” Mas não se tratava <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira. A criança<br />

esclareceu: “A vovó tá lá <strong>de</strong>ntro chorando, porque o tio padre virou <strong>bispo</strong>”.<br />

Não <strong>de</strong>morou e chegaram Odila e Paulo que, <strong>de</strong> volta ao trabalho, após o almoço, davam sempre <strong>um</strong>a<br />

rápida olhada na filha. Ângela passou-lhes o mesmo recado. Enquanto isso, Alice insistia junto à porta trancada:<br />

“Abra, mamãe. Em vez <strong>de</strong> ficar aí chorando, a senhora <strong>de</strong>via estar feliz. Imagine que honra ter <strong>um</strong> filho<br />

<strong>bispo</strong>!” Mas levou alg<strong>um</strong> tempo <strong>para</strong> dona Guilhermina aparecer e explicar, enquanto enxugava os olhos, a<br />

razão do pranto: “Agora o Jaime vai <strong>de</strong>ixar a gente e mudar <strong>para</strong> longe”. Nem ela nem nenh<strong>um</strong> dos outros<br />

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Os 50 anos da Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>

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