Dualismo no Semi-Árido: combate a seca versus convivência - Ufersa
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<strong>Dualismo</strong> <strong>no</strong> <strong>Semi</strong>-<strong>Árido</strong>: <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong> <strong>versus</strong> <strong>convivência</strong><br />
INTRODUÇÃO<br />
Irama Sonary de Oliveira Ferreira<br />
Lívia Freire de Oliveira<br />
A região semi-árida ocupa uma parcela relevante da Região Nordeste do<br />
Brasil, nela as características ambientais provocadas, principalmente, pelo<br />
clima seco, tem provocado sérias limitações <strong>no</strong> processo produtivo das<br />
populações, interferindo duramente na sua condição de bem-estar. Diante<br />
desta realidade, se tem procurado desenvolver alternativas para o<br />
desenvolvimento desta região, de modo que fossem minimizados e até<br />
prevenidos os efeitos da <strong>seca</strong> (PINTO; LIMA, 2005).<br />
As <strong>seca</strong>s só foram consideradas um grave problema para o Brasil, a partir<br />
da <strong>seca</strong> de 1877, onde muitas pessoas morreram, pesando também os<br />
interesses políticos dos coronéis, da época, com a perdas dos rebanhos e a<br />
possibilidade de lucrar com aquela situação de tristeza e calamidade, fazendo<br />
da <strong>seca</strong> um grande negócio, pois detinham de argumentos para conseguir<br />
recursos, obras e outros benefícios que mais privilegiaria as elites dominantes<br />
locais, o que intitulou-se de “Industria da <strong>seca</strong>” (SILVA, 2003).<br />
A “Industria da <strong>seca</strong>” se caracteriza como um arranjo de certos segmentos<br />
das classes dominantes que se beneficiam indevidamente de subsídios e<br />
vantagens oferecidos pelo gover<strong>no</strong>, tendo em vista que faz da <strong>seca</strong> o “pa<strong>no</strong> de<br />
fundo” para conseguir estes benefícios, motivo esse, de não se desenvolver<br />
políticas de <strong>convivência</strong> (Menezes; Morais, 2002 apud MATOS, 2012).<br />
Nos últimos a<strong>no</strong>s a perspectiva de <strong>combate</strong> à <strong>seca</strong> vem se modificando,<br />
percebe-se uma modificação de paradigma, se antes era a luta contra a <strong>seca</strong>,<br />
agora é a <strong>convivência</strong> com ela, já que é possível coexistir bem com o semi-<br />
árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>, desde que através de políticas públicas e práticas<br />
sustentáveis (PONTES; MACHADO 2012).<br />
A <strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-àrido, implica <strong>no</strong> conhecimento mais profundo<br />
da região, de modo que a partir deste possa ser criado práticas que minimizem<br />
os efeitos negativos que diminuem as suas potencialidades, particularmente o<br />
uso do solo (PINTO; LIMA, 2005).
Neste caso, não é o ambiente que tem que se adequar as práticas<br />
produtivas, mas sim utilizar praticas e métodos produtivos adequados as<br />
condições ambientais (SILVA, 2003).<br />
Na realidade, a <strong>convivência</strong> com o semi-árido tem por base práticas<br />
apropriadas ao meio ambiente, e que visem, antes de tudo, à melhoria da<br />
qualidade de vida de suas populações (SILVA, 2003).<br />
Baseados nisto, as políticas desenvolvidas <strong>no</strong> semi-árido sempre<br />
caminharam <strong>no</strong> dualismo, <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong> <strong>versus</strong> <strong>convivência</strong> com o semi-<br />
árido, pois mesmo sabendo que a <strong>convivência</strong> seria o meio mais viável para<br />
todos os envolvidos, tendo em vista que tenta promover uma harmonia entre<br />
homem e natureza, por muito tempo, optou-se pelas as práticas de <strong>combate</strong> a<br />
<strong>seca</strong> e não as que estimulassem este convívio.<br />
Diante disto, surge o seguinte questionamento: porque houve tanto<br />
descaso de ações governamentais quanto a <strong>convivência</strong> com o semi-árido?<br />
Será que havia interesses pessoais em questão? O desenvolvimento deste<br />
texto, tenta responder estes questionamentos.<br />
REFENCIAL TEÓRICO<br />
CONHECENDO O SEMI-ÁRIDO<br />
As regiões semi-áridas são caracterizadas pela aridez do clima,<br />
imprevisibilidade das chuvas e pela presença de solos pobres em matéria<br />
orgânica. O semi-árido brasileiro é o maior do mundo em extensão e de<br />
densidade demográfica, corresponde a 86% da região Nordeste, <strong>no</strong>s estados<br />
do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe<br />
e Bahia e mais a região setentrional de Minas Gerais (SILVA, 2003).<br />
O déficit hídrico que caracteriza essa região não significa falta de chuva<br />
ou água, mas a evaporação, pois esta é três vezes maior do que a<br />
precipitação, por isso é essencial saber reter essa água, de modo em que ela<br />
não evapore, para também ser útil <strong>no</strong>s períodos de <strong>seca</strong> (MALVEZZI, 2007).<br />
O tipo de vegetação do semi-árido é a caatinga, que na língua indígena<br />
quer dizer mata branca. Trata-se de um bioma caracteristicamente brasileiro,
com formação vegetal xerófila (adaptada à <strong>seca</strong>) com folhas pequenas que<br />
reduzem a transpiração, os caules suculentos para armazenar água e as raízes<br />
espalhadas para capturar o máximo de água durante as chuvas (SILVA, 2003).<br />
No período chuvoso a caatinga fica verde e florida, entretanto <strong>no</strong> período<br />
<strong>no</strong>rmal de estiagem, ela hiberna, fica <strong>seca</strong>, adquire uma aparência parda,<br />
quando a chuva retorna, o que estava seco volta a ser verde, parecendo que a<br />
vida brota do nada (MALVEZZI, 2007).<br />
É importante destacar que o <strong>Semi</strong>-árido tem apenas duas estações: a das<br />
chuvas e a sem chuvas, e que um dos seus principais problemas que assola<br />
essa região não é a falta de água, mas o acesso a ela (MALVEZZI, 2007).<br />
Além das fragilidades ambientais, essa região tem sido cenário de<br />
e<strong>no</strong>rmes contradições e injustiças sociais, sendo marcada pela situação de<br />
pobreza e miséria, com freqüentes estiagens prolongadas, provocadas pela<br />
irregularidade da chuva, contribuindo para que os sertanejos vivam em<br />
condição limite de pobreza em a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>rmais, se agravando ainda mais em<br />
períodos de <strong>seca</strong>. A <strong>seca</strong> só passou a ser considerado um grande problema,<br />
quando a mesma passou a pesar <strong>no</strong>s interesses dos poderosos, onde estes,<br />
mesmo assim, conseguem utilizá-la a seu serviço e fazer dela um grande<br />
negócio (SILVA, 2003).<br />
COMBATE A SECA<br />
O Nordeste brasileiro, especificadamente <strong>no</strong> <strong>Semi</strong>-árido, já passou por<br />
vários problemas com a <strong>seca</strong>, desde o século XVI.<br />
Uma das <strong>seca</strong>s mais severas foi a de 1877-79 que provocou a morte de<br />
cerca de quinhentas mil vidas. Em decorrer deste acontecimento, o gover<strong>no</strong><br />
adotou medidas como a implementação de sistemas de irrigação e construções<br />
de açudes e barragens (GUERRA apud PONTES; MACHADO, 2012). Muitas<br />
das medidas não foram totalmente realizadas e outras nem saíram do papel, as<br />
ações mais costumeiramente praticadas diziam respeito a distribuição de<br />
cestas básicas e uso de carros-pipas, que quase sempre eram insuficientes<br />
para a atender a demanda. Contudo, ao invés do gover<strong>no</strong> melhorar a situação<br />
das famílias que viviam com a <strong>seca</strong>, estagnava o sertanejo a aprender a
conviver com seu entor<strong>no</strong> e suas peculiaridades, ou seja, com as<br />
características da <strong>seca</strong> (PONTES; MACHADO, 2012).<br />
No entanto, as ações governamentais eram de caráter emergencial,<br />
fragmentado e descontínuo, ações que alimentam a “indústria da <strong>seca</strong>”, e<br />
soluções que, na maioria das vezes, favoreciam oligarquias rurais (SILVA,<br />
2003).<br />
Ações do estado <strong>no</strong> <strong>combate</strong> á <strong>seca</strong> do Nordeste<br />
Inspetora de Obras Contra a Seca (IOCS)<br />
Criada em 1909 em que esta representava a presença organizada do<br />
gover<strong>no</strong> para o <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong>, que tinha como técnica a engenharia<br />
hidráulica. Mais tarde, devido o aprofundamentos de estudos sobre o assunto,<br />
o IOCS se transformou em IFOCS, ou seja, seu caráter agora era federal. Este<br />
órgão não teve preocupação com o desenvolvimento regional, o descaso do<br />
gover<strong>no</strong> pode ser percebido quando <strong>no</strong>s períodos de <strong>seca</strong> os orçamentos do<br />
desta instituição foram reduzidos tornando sua ação inviável. Em<br />
consequência, foi criado o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a<br />
Seca), pois o IFOCS não estava planejando eficientemente seu trabalho para<br />
ação e desconsiderava dados importantes para tomar decisões (PONTES;<br />
MACHADO, 2012).<br />
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)<br />
A SUDENE nasce com o objetivo de tentar equiparar a região Nordeste<br />
ao Centro-Sul mais desenvolvido, através de um setor industrial avançado<br />
(PONTES; MACHADO, 2012). Fundada em 1959 <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> de JK tentando<br />
solucionar os problemas das <strong>seca</strong>s <strong>no</strong> Nordeste brasileiro. Tinha como<br />
objetivos a industrialização e a superação dos problemas agrícolas, e a<br />
colonização das terras despovoadas <strong>no</strong> Maranhão e <strong>no</strong> Oeste da Bahia,<br />
aproveitando melhor as bacias hidrográficas e os açudes do Nordeste para<br />
irrigação(MALVEZZI, 2007).<br />
A SUDENE foi subornada pelas oligarquias <strong>no</strong>rdestinas, a maior parte dos<br />
recursos disponibilizados das ações do gover<strong>no</strong> contra as <strong>seca</strong>s foi para o<br />
setor privado, e devido a estes subor<strong>no</strong>s, a SUDENE foi fechada <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> de<br />
Fernando Henrique e reaberta <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> de Lula (MALVEZZI, 2007).<br />
Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF)
Criada e 1945 com o objetivo estrito de aproveitar as águas do rio São<br />
Francisco para gerar energia. Esta companhia gerou transtor<strong>no</strong>s pelo fato das<br />
construções de barragens ocupar muitos terre<strong>no</strong>s e ter que transferir quatro<br />
cidades, sem contar com os impactos ambientais ocasionados (MALVEZZI,<br />
2007).<br />
Todas estas ações criadas para o <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong> <strong>no</strong> Nordeste teve<br />
influencias de grupos de interesse manipulando as tomadas de decisões<br />
destas ações. No entanto, pode-se dizer que as ações do Estado era voltado<br />
para interesse de uma determinada parte da população, ou seja, de oligarquias<br />
que se aproveitavam de recursos públicos, em que somente estes eram<br />
privilegiados (GUARESCHI apud PONTES; MACHADO, 2012).<br />
A pesar do estado em que as famílias do <strong>Semi</strong>-árido encontrava, as ações<br />
governamentais estavam voltados mais para os interesses políticos dos<br />
coronéis, nas perdas dos rebanhos e nas suas riquezas, do que na situação<br />
das famílias na <strong>seca</strong>, desta forma, as oligarquias colocavam a <strong>seca</strong> a seu favor<br />
e faziam dela um grande negócio que foi chamado de “industria da <strong>seca</strong>”<br />
(SILVA, 2003).<br />
Contudo, é <strong>no</strong>tório que as ações governamentais gerava recursos em que<br />
beneficiava mais oligarquias que os próprios conviventes com as<br />
consequencias da <strong>seca</strong>, em que o Estado se preocupava mais com questões<br />
políticas do que sociais. A seguir, discutimos algumas ações de <strong>convivência</strong><br />
com o <strong>Semi</strong>-árido que é relevante para a melhoria de vida das famílias<br />
sertanejas.<br />
CONVIVÊNCIA COM O SEMI ARIDO<br />
No Nordeste do Brasil encontra-se o <strong>Semi</strong>-árido brasileiro que é uma<br />
região de fatores produtivos limitantes, um deles bastante discutidos hoje é a<br />
<strong>seca</strong>. Estes fatores, como a <strong>seca</strong>, provocam o mal-estar de peque<strong>no</strong>s<br />
agricultores que não só gera a preocupação dos governantes mas também de<br />
organizações não governamentais. Com isso, vem sendo desenvolvidos<br />
programas para a <strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-árido para a melhoria nas condições<br />
de vida de agricultores (PINTO; LIMA, 2005).
A <strong>seca</strong> do <strong>Semi</strong>-árido tem sido discutido ha muito tempo, pois este<br />
problema vem sendo um elemento que mais traz consequências nas vidas dos<br />
agricultores, como por exemplo a falta de água para plantar e<br />
consequentemente carência de comida, contudo os pla<strong>no</strong>s de ação ao<br />
<strong>combate</strong> a <strong>seca</strong> que não tiveram resultados positivos (POCHMANN apud<br />
PONTES; MACHADO, 2012).<br />
Atualmente, depois de perceber a ineficiência de vários pla<strong>no</strong>s de ação ao<br />
<strong>combate</strong> a <strong>seca</strong>, surgiu alguns outros de <strong>convivência</strong> e mitigação dos efeitos da<br />
<strong>seca</strong>, ou seja, em vez de se <strong>combate</strong>r a <strong>seca</strong> <strong>no</strong> <strong>Semi</strong>-árido estava sendo<br />
proposto a <strong>convivência</strong> com a <strong>seca</strong> (POCHMANN apud PONTES; MACHADO,<br />
2012).<br />
Esta é uma tarefa bastante difícil <strong>no</strong> que diz respeito a combinação dos<br />
princípios e valores da <strong>convivência</strong> com a viabilidade econômica necessárias<br />
ao desenvolvimento sustentável. Contudo, do ponto de vista sustentável, é uma<br />
forma de utilizar os recursos naturais em atividades produtivas de acordo com<br />
as condições ambientais. Neste caso, não é o ambiente que tem que se<br />
adequar as práticas produtivas, mas sim utilizar praticas e métodos produtivos<br />
adequados as condições ambientais (SILVA, 2006).<br />
Segundo Pontes e Machado (2007) umas das primeiras medidas tomadas<br />
para a <strong>convivência</strong> com a <strong>seca</strong> foi a criação de um milhão de cisternas rurais.<br />
Trata-se de um programa de mobilização criado para mostrar que é possível<br />
conviver e não <strong>combate</strong>r com a <strong>seca</strong> <strong>no</strong> <strong>Semi</strong>-árido de uma forma sustentável.<br />
A criação das cisternas visa captar a água da chuva, utilizando a tec<strong>no</strong>logia das<br />
cisternas de placas, para garantir abastecimento <strong>no</strong>s períodos de estiagem.<br />
Elas apresentaram maior viabilidade de que outras medidas tomadas para a<br />
<strong>convivência</strong> com a <strong>seca</strong>, como a criação de micro barragens ou barragens<br />
subterrâneas.<br />
As cisternas foram criadas para famílias residentes na zona rural dos<br />
municípios da região semi-árida, que não dispunham ou tinham acesso<br />
precário de fonte de água potável nas proximidades de suas casas (PONTES;<br />
MACHADO, 2012).<br />
A construção das cisternas foi uma alternativa desenvolvida para alcançar<br />
um nível de boa qualidade para o consumo das famílias residentes <strong>no</strong> <strong>Semi</strong>-<br />
árido, pois muitas vezes as pessoas consumiam água sem qualidade, com
sabor não característico de água ou então contaminada provocando doenças.<br />
Além disso, diminuiu o esforço de carregar água de outros poços, pois agora a<br />
água estava disponível ao lado de sua casa (PONTES; MACHADO, 2012).<br />
Além das cisternas criadas Silva (2012) cita algumas alternativas para a<br />
<strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-árido:<br />
• fundos de pasto é uma alternativa que tem como objetivo a criação<br />
de peque<strong>no</strong>s e de grande porte soltos na área e uma determinada<br />
coletividade e um grau de parentesco;<br />
• hortas orgânicas, que implica na plantação de hortaliças através da<br />
correta técnica de plantio e o acesso a água de barreiros ou poços,<br />
juntamente ao uso e adubos orgânicos e inseticidas naturais que<br />
garantem a produção de alimentos saudáveis e geram tanto renda<br />
para quem o produz quanto garante seu alimento;<br />
• programa alimento por trabalho, que visava a melhoria <strong>no</strong><br />
abastecimento de água, o fortalecimento das atividades de<br />
produção da agropecuária.<br />
O Programa de Ações Integradas também foi lançado como proposta para<br />
s <strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-árido. Trata-se de ações voltadas para melhoria da<br />
vida dos agricultores, entre elas: o seguro-safra, renda mínima aos produtores;<br />
a compra de alimentos pelo gover<strong>no</strong> federal, garantindo renda aos agricultores<br />
da região;o acesso ao crédito para ações de manejo e captação de recursos<br />
hídricos, investimento em culturas forrageiras e manejo da caatinga; o Cartão<br />
Alimentação para compra de alimentos; a assistência técnica e educação para<br />
desenvolvimento de metodologias e tec<strong>no</strong>lógicas de <strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-<br />
árido (SILVA, 2003).<br />
Portanto, as formas de <strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-árido se torna uma<br />
alternativa viável para o desenvolvimento desta região, pois o <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong><br />
e outas alternativas utilizadas <strong>no</strong> processo produtivo desta região pode<br />
degradar o meio ambiente e consequentemente acarreta prejuízos para os<br />
habitantes, pois estas praticas desgastam os recursos naturais a mesma.<br />
A <strong>convivência</strong> com o <strong>Semi</strong>-árido envolve um processo de educação da<br />
população <strong>no</strong> que diz respeito ao ambiente, culturas de manejo com o<br />
ambiente e os limites e potencialidades que os recursos do mesmo apresenta<br />
para que este não seja esgotado, ou seja, requer <strong>no</strong>vas formas de pensar e
agir com o meio em que se vive. Não se trata de acabar com a <strong>seca</strong>, mas<br />
adaptar-se ao ambiente de forma inteligente.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Com base <strong>no</strong> desenvolvimento deste texto, percebe-se que as primeiras<br />
tentativas de desenvolvimento do semi-árido, de <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong>, só beneficiou<br />
poucas pessoas, a elite dominante da época, por isso que estas práticas se<br />
mostraram tão presente <strong>no</strong> contexto de todos estes a<strong>no</strong>s nesta região.<br />
A <strong>seca</strong> foi um grande negócio das oligarquias para obter recursos e se<br />
beneficiar deles, além do mais foi considerada como principal vilã das<br />
calamidades e misérias que assolava população, mas na verdade, apenas<br />
mascarava a concentração de riqueza, terra e poder existente, os seus<br />
principais causadores.<br />
Em outra perspectiva, vem a Convivência com o semi-árido que consiste<br />
em conhecer as peculiaridades da região, e conhecendo-a adequar-se a ela,<br />
desenvolvendo práticas apropriadas ao meio ambiente, e que proporcione uma<br />
melhoria na qualidade de vida de todos.<br />
A <strong>convivência</strong> implica numa prática constante, não se tratando apenas de<br />
programas emergenciais e de ações de <strong>combate</strong> à pobreza, como foi<br />
desenvolvido. Requer políticas públicas permanentes e apropriadas, sendo<br />
necessário romper com as estruturas de concentração da terra, da água, do<br />
poder e do acesso aos serviços sociais básicos.<br />
Baseado nisto, se convive com este dualismo, <strong>combate</strong> a <strong>seca</strong> e<br />
<strong>convivência</strong> com o semi-árido, tendo em vista que, ainda hoje, se prevalecem<br />
os interesses políticos e financeiros dos que estão <strong>no</strong> poder, <strong>no</strong> sentido que a<br />
ausência das práticas de <strong>combate</strong> não traria os recursos que são obtidos com<br />
elas, ao mesmo tempo em que, a <strong>convivência</strong> traria mais benefícios a todos,<br />
gerando mais auto<strong>no</strong>mia a população. Neste caso, os interesses particulares<br />
pesam mais do que os interesses coletivos.
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361-385, jan./dez. 2003.