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A contribuição dos grupos amadores de teatro para a ... - ECA - USP

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O controle do Estado sobre o Amador<br />

A censura é um modo <strong>de</strong> coerção <strong>para</strong> a<strong>de</strong>quar as ações <strong>de</strong> um aos<br />

“superiores” (a elite, as instituições religiosas, o governo, ou até os pais) e está<br />

presente no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a colonização, quando servia como ferramenta <strong>para</strong> a<br />

aculturação e controle <strong>dos</strong> indígenas pela igreja lusitana. O <strong>teatro</strong> também logo<br />

chegou a este país como um meio <strong>de</strong> comunicação entre aqueles que não<br />

falavam a mesma língua. O padre José <strong>de</strong> Anchieta escrevia autos religiosos<br />

<strong>para</strong> a catequização <strong>dos</strong> índios, este foi o nosso primeiro dramaturgo (e<br />

também a primeira ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>teatro</strong> <strong>de</strong> catequese com característica <strong>de</strong><br />

amador). Depois da in<strong>de</strong>pendência do Brasil é criado o Conservatório<br />

Dramático Brasileiro, <strong>de</strong>partamento que <strong>de</strong>fendia a moral e os bons costumes,<br />

supervisionando e censurando peças que iam contra a monarquia. Artistas e<br />

intelectuais famosos fizeram parte <strong>de</strong>sse órgão como Machado <strong>de</strong> Assis e José<br />

<strong>de</strong> Alencar.<br />

Após a proclamação da República é criada a Censura das Casas <strong>de</strong><br />

Diversão, em <strong>de</strong>corrência os a<strong>para</strong>tos censórios cada vez mais se tornam<br />

burocráticos e legitima<strong>dos</strong> pelo Estado. Já no século XX, os perío<strong>dos</strong> <strong>de</strong> maior<br />

cerceamento artístico são os ditatoriais (Estado Novo e Regime Militar), porém<br />

mesmo nos perío<strong>dos</strong> <strong>de</strong>mocráticos a censura continua. Em 1939, já sob o<br />

governo <strong>de</strong> Getúlio Vargas, cria-se o Departamento <strong>de</strong> Imprensa e Propaganda<br />

(DIP), órgão que acumulou até mil novecentos e cinqüenta e três serviços<br />

distintos 8 e entre eles estava a propaganda, a censura e a fiscalização <strong>dos</strong><br />

meios <strong>de</strong> comunicação e das expressões artísticas, bem como era responsável<br />

pelas políticas <strong>de</strong> incentivo cultural. Sobre o DIP, COSTA comenta:<br />

(...) Megaórgão acumulava as funções <strong>de</strong> propaganda, publicida<strong>de</strong>,<br />

informação, documentação e pesquisa, publicações, promoção da cultura em<br />

escolas e quartéis, controle e fiscalização <strong>de</strong> espetáculos, censura prévia <strong>de</strong><br />

jornais e diversões públicas, regulamentação <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> trabalho por<br />

empresas culturais, produção e distribuição <strong>de</strong> filmes, <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> idioma,<br />

incremento do turismo no país, e muitos outros assuntos (...) (2006: 105)<br />

O DIP institucionaliza a censura e mais do que todas as outras<br />

ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sempenhava a repressão aos meios <strong>de</strong> expressão cultural.<br />

8 COSTA, Cristina. Censura em cena. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006.<br />

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