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Jornal 134 - Maio 2008.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

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2 Palavra do Pastor<br />

Na bula <strong>de</strong> criação da Diocese<br />

<strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong>, lemos: "Constituímos<br />

a Igreja da mesma cida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>dicada a Nossa Senhora do Desterro,<br />

Igreja Catedral da Diocese <strong>de</strong><br />

<strong>Florianópolis</strong>, sob o mesmo título e<br />

invocação..." Fazendo <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

do Desterro a padroeira da<br />

nova Catedral, o Papa Pio X confirmava<br />

uma antiga <strong>de</strong>voção mariana<br />

<strong>de</strong>sta Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, <strong>de</strong>voção<br />

trazida por seu Fundador, Francisco<br />

Dias Velho, em 1673, quando<br />

iniciou o povoamento <strong>de</strong>sta região.<br />

No local on<strong>de</strong> hoje está a Catedral,<br />

Dias Velho construiu uma pequena<br />

capela <strong>de</strong>dicada à Senhora do Desterro;<br />

até 1894, a vila - e, mais tar<strong>de</strong>,<br />

a cida<strong>de</strong> que aqui surgiria -, seria<br />

conhecida pelo nome <strong>de</strong> Desterro.<br />

A <strong>de</strong>voção a Nossa Senhora do<br />

Desterro tem raízes bíblicas. En-<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultivar as vocações<br />

ao sacerdócio e à vida religiosa<br />

é um sinal da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

Igreja local. Não há espaço para<br />

complacência a esse respeito. Deus<br />

continua chamando os jovens, mas<br />

cabe a nós encorajar uma resposta<br />

generosa e livre a esse chamado.<br />

Por outro lado, nenhum <strong>de</strong> nós é<br />

capaz <strong>de</strong> dar esta graça por certa.<br />

No Evangelho, Jesus nos diz para<br />

rezar a fim <strong>de</strong> que o Senhor da<br />

messe envie novos operários; Ele diz<br />

também que os operários são poucos<br />

em relação à messe que é gran<strong>de</strong><br />

(cfr Mt 9,37-38).<br />

Po<strong>de</strong> parecer estranho, mas<br />

eu penso muitas vezes que a oração<br />

(...) é o único aspecto das vocações<br />

que é eficaz, e nós muitas<br />

vezes o esquecemos ou o <strong>de</strong>svalorizamos!<br />

Não falo somente <strong>de</strong><br />

oração pelas vocações. A própria<br />

oração, que nasce nas famílias católicas,<br />

nutrida pelos programas<br />

<strong>de</strong> formação cristã, reforçada pela<br />

graça dos Sacramentos, é o meio<br />

principal mediante o qual conhecemos<br />

a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus para a<br />

nossa vida. Na medida em que<br />

ensinamos os jovens a rezar, e a<br />

rezar bem, nós cooperamos com<br />

Palavra Palavra do do Bispo<br />

Bispo<br />

Palavra do Bispo Dom Dom Murilo Murilo S. S. R. R. Krieger Krieger, Krieger SCJ Arcebispo <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong><br />

Nossa Senhora do Desterro<br />

quanto outros títulos marianos tiveram<br />

origem no encontro <strong>de</strong> uma<br />

imagem, num milagre, numa aparição<br />

ou na exaltação <strong>de</strong> uma virtu<strong>de</strong><br />

da Mãe <strong>de</strong> Jesus, o título da padroeira<br />

<strong>de</strong> nossa Catedral reportanos<br />

a um fato narrado pelo<br />

evangelista Mateus: um anjo do<br />

Senhor apareceu em sonho a José,<br />

or<strong>de</strong>nando-lhe que levasse o menino<br />

e sua mãe para o Egito. Deveria<br />

ficar lá até que recebesse novo aviso,<br />

"porque Hero<strong>de</strong>s vai procurar o<br />

menino para matá-lo" (Mt 2,13).<br />

José fez o que o anjo lhe mandara:<br />

"levantou-se, <strong>de</strong> noite, com o menino<br />

e a mãe, e retirou-se para o Egito;<br />

e lá ficou até a morte <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s"<br />

(Mt 2,15).<br />

Jesus foi <strong>de</strong>sterrado - isto é, foi<br />

obrigado a <strong>de</strong>ixar sua terra. Maria e<br />

José o acompanharam - melhor, o<br />

Palavra Palavra do do Papa Papa Bent<br />

Bent<br />

Bento o XVI<br />

XVI<br />

A oração pelas<br />

vocações sacerdotais<br />

o chamado <strong>de</strong> Deus. Os programas,<br />

os planos e os projetos têm<br />

o seu lugar, mas o discernimento<br />

<strong>de</strong> uma vocação é, sobretudo, o<br />

fruto do diálogo íntimo entre o<br />

Senhor e seus discípulos. Se souberem<br />

rezar, os jovens saberão o<br />

que fazer da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />

Foi constatado que existe hoje<br />

uma gran<strong>de</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> santida<strong>de</strong> em<br />

muitos jovens e, embora em número<br />

menor, os que vão em frente<br />

<strong>de</strong>monstram um gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al e<br />

oferecem muitas promessas. É<br />

importante ouvi-los, compreen<strong>de</strong>r<br />

as suas esperanças e encorajá-los<br />

a ajudar seus coetâneos a verem<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padres e religiosos<br />

empenhados, como também<br />

a ver a beleza <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> sacrifício<br />

e <strong>de</strong> serviço ao Senhor e à<br />

Igreja. (...) Aos candidatos, hoje, é<br />

preciso oferecer uma saudável formação<br />

intelectual e humana que<br />

os faça capazes não somente <strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r às questões reais e às<br />

necessida<strong>de</strong>s dos coetâneos, mas<br />

também <strong>de</strong> amadurecer em sua<br />

conversão e perseverar na vocação<br />

através <strong>de</strong> um compromisso que<br />

dure por toda a vida.<br />

(Bento XVI - 16.04.08)<br />

“A oração é o único aspecto das<br />

vocações que é eficaz, e nós<br />

muitas vezes o esquecemos”<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Jornal</strong> da da Ar <strong>Arquidiocese</strong> Ar uidiocese <strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong><br />

<strong>Florianópolis</strong><br />

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levaram. Começava a tomar forma<br />

a profecia <strong>de</strong> Simeão, feita por ocasião<br />

da apresentação do Menino,<br />

no Templo <strong>de</strong> Jerusalém: após<br />

abençoar os pais, "Simeão... disse<br />

a Maria, a mãe: ... uma espada<br />

transpassará a tua alma" (Lc 2,35).<br />

A <strong>de</strong>voção a Nossa Senhora do<br />

Desterro direciona nossos olhares<br />

para os refugiados <strong>de</strong> nossos tempos<br />

- são milhões! Não têm pátria,<br />

não têm esperança, não têm futuro.<br />

Voltando nosso olhar para o Brasil,<br />

lembramo-nos <strong>de</strong> uma multidão<br />

<strong>de</strong> brasileiros que se encontram<br />

em outros países, para on<strong>de</strong> foram<br />

em busca <strong>de</strong> trabalho; ou dos imigrantes<br />

que para cá vieram - nos<br />

últimos tempos, <strong>de</strong> países latinoamericanos<br />

-, e que têm direito <strong>de</strong><br />

receber <strong>de</strong> nós uma digna acolhida.<br />

Po<strong>de</strong>remos pensar, também,<br />

Opinião<br />

Opinião<br />

<strong>Maio</strong> 2008 <strong>Jornal</strong> da <strong>Arquidiocese</strong><br />

“Viver a ‘espiritualida<strong>de</strong><br />

do <strong>de</strong>sterro’<br />

significa apoiar<br />

os que vêm<br />

para nossa<br />

região; ajudálos<br />

no que<br />

estiver ao<br />

nosso alcance”<br />

O Espírito Santo, fogo que purifica e atrai<br />

João testemunha a autorida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Jesus em seu momento final<br />

na cruz: “E inclinando a cabeça<br />

entregou o espírito” (Jo 19,30b).<br />

Os Santos Pais da Igreja viram<br />

nessa palavra inspirada dois gestos<br />

<strong>de</strong> salvação: Jesus inclina a<br />

cabeça e contempla a humanida<strong>de</strong><br />

que não po<strong>de</strong>ria ficar órfã e<br />

sem vida; em seguida, entrega-lhe<br />

o Espírito Santo, que é <strong>de</strong>le. O pentecostes<br />

da cruz acontece na hora<br />

extrema do amor <strong>de</strong> Cristo: é <strong>de</strong><br />

seus lábios sofridos, machucados,<br />

que o mundo recebe o Advogado,<br />

o Consolador, o Santificador.<br />

Naquele momento central da<br />

história da salvação, o Amor se<br />

revela em estado puro: o Pai entrega-nos<br />

o Filho crucificado, o Filho<br />

entrega-nos o Espírito<br />

Consolador, o Espírito mergulha<br />

no mundo e em cada um <strong>de</strong> nós<br />

como princípio <strong>de</strong> uma nova vida,<br />

pascal. Fragilizado, como é próprio<br />

do amor, o Deus Trinda<strong>de</strong> é<br />

paixão total pelo mundo. São<br />

João Clímaco exulta: "Bem-aventurado<br />

aquele que tem por Deus<br />

uma paixão tão forte como a do<br />

amante pela amada", pois esse<br />

é o amor divino. Feliz quem sabe<br />

correspon<strong>de</strong>r a esse amor.<br />

No início da história, Deus<br />

soprou o espírito e do barro fez<br />

homem e mulher; na nova criação,<br />

Cristo sopra o Espírito e o<br />

fogo do amor enche e incen<strong>de</strong>ia<br />

o universo. “Fogo eu vim lançar<br />

sobre a terra, e como gostaria que<br />

já estivesse aceso!” (Lc 12,49).<br />

Esse fogo é o Espírito Santo, que<br />

nos migrantes que vão <strong>de</strong> um Estado<br />

a outro, muitas vezes <strong>de</strong>sorientados<br />

e inseguros. Nossa<br />

<strong>Arquidiocese</strong> cresceu 400 mil habitantes<br />

nos últimos <strong>de</strong>z anos, e a<br />

maior parte <strong>de</strong>sse contingente é<br />

formada por pessoas que vieram<br />

<strong>de</strong> outros estados e países.<br />

Viver a “espiritualida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sterro”<br />

significará apoiar os que vêm<br />

para nossa região; ajudá-los no que<br />

estiver ao nosso alcance; e fazê-los,<br />

em nossas comunida<strong>de</strong>s, sentiremse<br />

"em casa". A lição <strong>de</strong> São Bento<br />

a seus monges continua atual: "Chegou<br />

o visitante (chegou o migrante)!<br />

Chegou Cristo". Séculos antes Jesus<br />

havia antecipado que, no julgamento<br />

final, dirá: "Eu era forasteiro, e me<br />

recebestes em casa!" (Mt 25,35).<br />

Nossa Senhora do Desterro,<br />

ensinai-nos a sermos acolhedores!<br />

queima os espinhos dos pecados<br />

e dá resplendor à alma, ensina<br />

São Cirilo <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

O Espírito Santo é fogo que<br />

aquece nosso coração frio pelo<br />

egoísmo, gelado pelos relacionamentos<br />

possessivos, enrijecido <strong>de</strong><br />

tanto palpitar para si e se esquecer<br />

<strong>de</strong> sentir quem lhe está à frente<br />

como irmão, amigo, projeto.<br />

Purificados, <strong>de</strong>scobrimos que <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós existe um<br />

país espiritual on<strong>de</strong> tudo e todos<br />

resplan<strong>de</strong>cem <strong>de</strong> beleza e alegria<br />

por terem sido escolhidos e acolhidos.<br />

Extasia-nos uma nova beleza,<br />

não distante, mas interior,<br />

cem vezes mais luminosa que o<br />

resplendor do sol (cf. Isaac o Sírio,<br />

Hom. Spirit. 43). Esse país espiritual,<br />

nação nova, paraíso recriado,<br />

é o Espírito Santo em nós.<br />

A partir <strong>de</strong>sse Pentecostes,<br />

que é contínuo se sempre invocado,<br />

<strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ser escravos<br />

e nos tornamos filhos e her<strong>de</strong>iros,<br />

pois o Espírito Santo o atesta: recebemos<br />

um espírito <strong>de</strong> filhos por<br />

meio do qual ele clama conosco:<br />

“Abbá, Pai!” (Rm 8, 15-16). Com<br />

esse grito constantemente<br />

aprofunda em nós a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

filhos, reavivando nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> filiação divina. O Espírito<br />

não cessa <strong>de</strong> gemer <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

nós para recordar-nos a filiação<br />

divina, pois, diz o Apóstolo, “A prova<br />

<strong>de</strong> que somos filhos é que<br />

Deus mandou aos nossos corações<br />

o Espírito <strong>de</strong> seu Filho que<br />

clama: Abbá, Pai!” (cf Gal 4, 4-7).<br />

Filhos no Filho, pelo Espírito<br />

somos libertados do individualismo,<br />

fazendo-nos responsáveis uns<br />

pelos outros no Cristo (cf 1Cor<br />

12,26), libertados dos preconceitos<br />

raciais, religiosos, sociais e sexistas:<br />

somos um só corpo (cf 1Cor<br />

12,13). Ele faz-nos tomar consciência<br />

<strong>de</strong> que existimos na medida<br />

em que somos responsáveis pelo<br />

outro. O Fogo que recria a história<br />

não queima, mas ilumina; não consome,<br />

mas brilha; encontrou os<br />

corações dos discípulos como receptáculos<br />

puros e distribuiu entre<br />

eles os seus dons e carismas (cf.<br />

Ofício <strong>de</strong> Pentecostes).<br />

Queimando a monotonia da<br />

uniformida<strong>de</strong>, o Espírito Santo nos<br />

mostra a beleza do jardim florido<br />

da diversida<strong>de</strong>: um só corpo em<br />

muitos membros. Deixamos <strong>de</strong> ser<br />

um ramo ressequido no <strong>de</strong>serto e<br />

nos extasiamos em ser uma flor no<br />

jardim do Espírito. O país espiritual<br />

que jorra <strong>de</strong> nossa interiorida<strong>de</strong> é<br />

a casa do Pai. E recordamos: “Fogo<br />

eu vim lançar sobre a terra, e como<br />

gostaria que já estivesse aceso!” (Lc<br />

12,49). O Espírito Santo é fogo que<br />

purifica cada um <strong>de</strong> nós, mas também<br />

é fogo que aquece a Igreja, o<br />

jardim <strong>de</strong> Deus.<br />

A Igreja necessita <strong>de</strong> estruturas,<br />

mas tão leves que não firam<br />

a <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za do Espírito Santo. E<br />

proclama uma palavra tão sólida<br />

que não se abala com o <strong>de</strong>smonte<br />

<strong>de</strong> estruturas inutilizadas pela<br />

irrupção incontrolável do Espírito<br />

que renova a face da terra.<br />

Pe. José Artulino Besen<br />

Diretor e Revisor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Murilo S. R. Krieger, Dom José Negri,<br />

Pe. Carlos Rogério Groh, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Maria Glória<br />

da Silva Luz, Cleber <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues, Carlos Martendal e Fernando Anísio Batista - <strong>Jornal</strong>ista Respon-<br />

sável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - Departamento <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>: Pe. Francisco Rohling - Editoração<br />

e Fotos: Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão e Fotolitos: Gráfica Rio Sul

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