16.05.2013 Views

Jornal 134 - Maio 2008.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

Jornal 134 - Maio 2008.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

Jornal 134 - Maio 2008.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

6 Bíblia<br />

Salmos Salmos 1 111,<br />

1 , , 12 12 e e 1 113:<br />

1 3: Conf Confio! Conf io! Socorr Socorro! Socorr o! A AAté<br />

A té q qquando?<br />

q uando?<br />

Quem <strong>de</strong> nós, em nossa oração,<br />

já não teve momentos em<br />

que, contra tudo e todos, experimentou,<br />

no fundo do coração, sentimentos<br />

<strong>de</strong> profunda confiança?<br />

Tal é a confiança expressa exatamente<br />

com as primeiras palavras<br />

do Sl 11: Quanto a mim, eu confio!<br />

Confio no Senhor! Em contraste,<br />

quem <strong>de</strong> nós não passou e não<br />

passa por situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>salento,<br />

até <strong>de</strong> <strong>de</strong>sânimo, quando é forte<br />

a tendência ao pessimismo?<br />

Numa situação assim é que o autor<br />

do Sl 12 começa a sua prece,<br />

clamando pela pronta intervenção<br />

<strong>de</strong> Deus: Socorro, Senhor! Finalmente,<br />

o terceiro breve salmo, proposto<br />

à nossa meditação, começa<br />

com uma expressão <strong>de</strong> impaciência<br />

ante as "<strong>de</strong>moras" <strong>de</strong><br />

Deus, das quais escreveu o Eclesiástico:<br />

Filho, suporta as <strong>de</strong>moras<br />

<strong>de</strong> Deus (Eclo 2,3)... Nesse<br />

salmo, o Sl 13, o orante reclama<br />

do que lhe parece a inativida<strong>de</strong> do<br />

Senhor, ou seja, o fato <strong>de</strong> Deus<br />

estar <strong>de</strong>morando a intervir. Por<br />

isso mesmo, por quatro vezes, insistentemente,<br />

ele reclama: Até<br />

quando, Senhor?<br />

SALMO 11<br />

Confio no Senhor!<br />

1. Confio no Senhor! Como<br />

po<strong>de</strong>is dizer-me: / Voa para os<br />

montes como um pássaro! 2.<br />

Pois os inimigos retesam o arco,<br />

já põem sua flecha na corda /<br />

para ferir às ocultas os que têm<br />

reto coração. 3. Se as bases são<br />

<strong>de</strong>struídas, / que po<strong>de</strong> fazer justo?<br />

4. O Senhor está na sua santa<br />

morada, no céu está o trono<br />

<strong>de</strong> Deus. / Seus olhos observam,<br />

suas pálpebras interrogam os<br />

seres humanos. / 5. O Senhor<br />

examina o justo e o ímpio, / mas<br />

ele o<strong>de</strong>ia quem gosta <strong>de</strong> crimes.<br />

6. Fará chover sobre os ímpios<br />

brasa, fogo e enxofre, / e um vento<br />

quente é a porção do seu cálice.<br />

/ 7. Pois justo é o Senhor, ele<br />

ama o que é justo, / os bons contemplarão<br />

o seu rosto.<br />

Voa para os montes!<br />

Medrosos conselheiros sugerem<br />

ao salmista que ele fuja, que<br />

ele saia da cida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> está sendo<br />

perseguido, injustamente acusado,<br />

e se refugie nas montanhas<br />

como um pássaro (v. 1). Assim fez<br />

Davi, para escapar <strong>de</strong> Saul (1Sm<br />

20ss). Assim aconselhou Jesus a<br />

seus discípulos, no discurso da<br />

missão (Mt 10,23), e ele próprio,<br />

mais <strong>de</strong> uma vez, fugiu dos que<br />

queriam prendê-lo (cf Jo 10,39;<br />

11, 54). No Sl 55, o salmista, angustiado,<br />

pensa na fuga como<br />

solução: Tivesse eu asas como<br />

a pomba... fugiria para longe, iria<br />

morar no <strong>de</strong>serto (Sl 55,7-8).<br />

Aqui, a solução é outra: não a<br />

fuga, mas a confiança inabalável<br />

na justiça <strong>de</strong> Deus, que, lá<br />

do céu, está atento: seus olhos<br />

observam (v. 4), ele o<strong>de</strong>ia os<br />

malvados (v. 5) ele ama quem<br />

é justo (v. 7). Não <strong>de</strong>ixará, portanto,<br />

<strong>de</strong> proteger o salmista.<br />

As bases <strong>de</strong>struídas<br />

Bases <strong>de</strong> que? Do Templo,<br />

que seria a primeira opção <strong>de</strong><br />

asilo do inocente perseguido? As<br />

"bases <strong>de</strong>struídas" seriam as da<br />

própria instituição, em circunstâncias<br />

<strong>de</strong> anarquia? De fato,<br />

quando domina a violência, vacilam<br />

os alicerces da or<strong>de</strong>m social,<br />

e não se respeita sequer o<br />

espaço sagrado. Isso, porém,<br />

não abala o salmista, que se<br />

apóia naquele que se assenta<br />

em trono inabalável (v. 4). Quanto<br />

a nós, cristãos, Cristo é o próprio<br />

Templo, a rocha, o fundamento.<br />

Não é simplesmente<br />

uma estrutura que nos acolhe:<br />

po<strong>de</strong>m cair muros e tremer fundamentos,<br />

mas não vacila a rocha,<br />

que é Cristo (cf 1Cor 3,11)<br />

SALMO 12<br />

Socorro, Senhor!<br />

2. Socorro, Senhor! Os bons<br />

estão acabando, / está sumindo<br />

a lealda<strong>de</strong> entre os homens.<br />

3. Falam mentiras uns com os<br />

outros, / usam uma linguagem<br />

enganadora, <strong>de</strong> coração hipó-<br />

Conhecendo Conhecendo o o livro livro dos dos Salmos Salmos (6)<br />

(6)<br />

crita. 4. O Senhor exterminará<br />

toda boca mentirosa / e a língua<br />

que fala com arrogância,<br />

5. aqueles que dizem: "Por nossa<br />

língua somos fortes, / o que<br />

falamos está em nosso po<strong>de</strong>r;<br />

quem é que manda em nós? 6.<br />

Por causa da miséria dos pobres,<br />

/ por causa do gemido<br />

dos necessitados / agora me<br />

levanto, diz o Senhor. / Levarei<br />

a salvação a quem a <strong>de</strong>seja. 7.<br />

As promessas do Senhor são<br />

sinceras, como prata refinada,<br />

/ sete vezes <strong>de</strong>purada. 8. Tu,<br />

Senhor, nos proteges, / para<br />

sempre nos livrarás <strong>de</strong>ssa gente.<br />

9. Os ímpios vagueiam por<br />

toda parte / e vai crescendo a<br />

vileza dos mortais.<br />

Tudo perdido!<br />

O salmo começa com uma<br />

visão negativa da realida<strong>de</strong>,<br />

uma "análise <strong>de</strong> conjuntura" totalmente<br />

pessimista: os bons<br />

estão acabando, está sumindo<br />

a lealda<strong>de</strong>! (v. 2). É o <strong>de</strong>sabafo<br />

também <strong>de</strong> Miquéias: Ninguém<br />

há que seja honesto! (Mq 7,2),<br />

e o <strong>de</strong> Jeremias: A verda<strong>de</strong> pereceu<br />

(Jr 7,28); irmão não po<strong>de</strong><br />

confiar no irmão! (Jr 9,3)...<br />

Como toda generalização, porém,<br />

também essa não é justa.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, mesmo no<br />

tempo <strong>de</strong> Miquéi-as, <strong>de</strong><br />

Jeremias, ou do salmista, os<br />

bons eram mais numerosos<br />

que os maus. Como hoje também.<br />

Só que, infelizmente, menos<br />

organizados e menos "es-<br />

pertos", como já advertiu o Senhor<br />

Jesus (cf Lc 16,8).<br />

A força da palavra<br />

Tema específico <strong>de</strong>ste salmo<br />

é a palavra: palavra mentirosa,<br />

dos hipócritas (v. 3); palavra<br />

arrogante, dos po<strong>de</strong>rosos (v.<br />

5); palavra <strong>de</strong>purada, sincera,<br />

porém, como o são as promessas<br />

do Senhor (v.7). É terrível o<br />

uso que os malvados fazem da<br />

palavra, especialmente como<br />

instrumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r: Por nossa<br />

língua somos fortes; quem é<br />

que manda em nós? (v. 5). Por<br />

isso mesmo, o salmista confia<br />

e <strong>de</strong>seja que o Senhor acabe<br />

com toda boca mentirosa (v. 4)<br />

e com a língua que fala com arrogância<br />

(v. 4). Se assim escreve<br />

o salmista no seu tempo, que<br />

diria hoje do po<strong>de</strong>r incrível dos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação, cada<br />

vez mais envolventes e até sufocantes?<br />

Quem nos livrará <strong>de</strong>sse<br />

po<strong>de</strong>r senão Aquele que é a<br />

própria Palavra eterna do Pai,<br />

verda<strong>de</strong>ira e luminosa?<br />

SALMO 13<br />

Até quando, Senhor?<br />

2. Até quando, Senhor, me<br />

esquecerás para sempre? / Até<br />

quando me ocultarás o teu rosto?<br />

3. Até quando na minha<br />

alma experimentarei aflições, /<br />

tristeza no coração a toda<br />

hora?/ Até quando <strong>de</strong> mim triunfará<br />

o inimigo? 4. Olha para<br />

mim, respon<strong>de</strong>-me, Senhor<br />

meu Deus, / conserva a luz a<br />

meus olhos / para que eu não<br />

durma o sono da morte, 5. para<br />

que meu inimigo não possa dizer:<br />

Eu o venci! / e não exultem<br />

meus adversários se eu vacilar.<br />

6. Mas eu confiei na tua misericórdia.<br />

Alegre-se meu coração<br />

na tua salvação / e cante ao<br />

Senhor, pelo bem que me fez<br />

No extremo das forças<br />

O salmista encontra-se<br />

numa situação <strong>de</strong>sesperadora,<br />

que vem arrastando-se, prolongando-se,<br />

à beira da morte (v.<br />

4), morte por sinal <strong>de</strong>sejada por<br />

seus inimigos (v. 5). Numa situação<br />

assim, domina o senso da<br />

urgência. Em vez do "por quê"<br />

do Sl 22, temos aqui o "até<br />

quando" da impaciência <strong>de</strong><br />

quem não tem tempo a per<strong>de</strong>r.<br />

Deus tem tempo porque é eterno,<br />

o ser humano não tem tempo<br />

porque é consciente <strong>de</strong> que<br />

é mortal. Como fazer coincidir o<br />

nosso tempo com o tempo <strong>de</strong><br />

Deus? E como, à luz do Ressuscitado,<br />

tirar as conseqüências<br />

Faça como Henrique Barbosa Labes, <strong>de</strong> Itajaí, escreva para o <strong>Jornal</strong> da <strong>Arquidiocese</strong>, responda<br />

as questões <strong>de</strong>sta página e participe do sorteio <strong>de</strong> uma Bíblia, doada por CRUZ ARTE SACRA - Livros<br />

e Objetos Religiosos Católicos (48-9983-4592). <strong>Jornal</strong> da <strong>Arquidiocese</strong>: rua Esteves Júnior, 447 -<br />

Centro - <strong>Florianópolis</strong>-SC, 88015-530, ou pelo e-mail: jornal@arquifloripa.org.br<br />

<strong>Maio</strong> 2008 <strong>Jornal</strong> da <strong>Arquidiocese</strong><br />

da certeza <strong>de</strong> que, crendo nEle,<br />

não morremos? (cf Jo 11,26)<br />

Resignar-se?<br />

Reclamar?<br />

No Pai-nosso, Jesus ensinounos<br />

a pedir que a vonta<strong>de</strong> do Pai<br />

seja feita, e disso <strong>de</strong>u-nos exemplo<br />

na oração do Horto: Seja feita<br />

a tua vonta<strong>de</strong>, não a minha (cf<br />

Mt 26,39). Neste salmo, porém,<br />

o orante não se resigna, mas,<br />

pelo contrário, reclama, como aliás<br />

o faz também o profeta<br />

Habacuc, logo no início da sua<br />

profecia: Até quando, Senhor, ficarei<br />

clamando, sem que me dês<br />

atenção? (Hab 1,2) E então, o<br />

salmista e o profeta estariam contradizendo<br />

o Evangelho? Não necessariamente.<br />

Pois o próprio<br />

Senhor, na mencionada oração<br />

da agonia, antes <strong>de</strong> expressar a<br />

"resignação", fez o pedido, aliás<br />

insistente, porque repetido: Se é<br />

possível, passe <strong>de</strong> mim este cálice<br />

(Mt 26,39). Portanto, mais que<br />

<strong>de</strong> "resignação" acomodada, nossa<br />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser, primeiro, <strong>de</strong><br />

insistência e luta. Só <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong><br />

aceitação.<br />

A luz da vida<br />

Logo após o repetido "até<br />

quando", o salmista suplica:<br />

Olha, respon<strong>de</strong>-me, Senhor, conserva<br />

a luz aos meus olhos! (v.<br />

4) É que "olhos sem luz" são os<br />

<strong>de</strong> um morto. São também os <strong>de</strong><br />

quem dorme, embora a luz da<br />

manhã os <strong>de</strong>sperte. A morte,<br />

porém, neste mundo, parece<br />

fechá-los para sempre. Por isso<br />

mesmo, um outro salmo assegura<br />

(Sl 36,10): Em ti está a fonte<br />

da vida, e em tua luz veremos a<br />

luz! É essa certeza que leva o<br />

orante, no fim, a proclamar: Alegre-se<br />

meu coração na tua salvação,<br />

e cante ao Senhor pelo<br />

bem que me fez (v. 6).<br />

Pe. e. Ne Ney Ne y Brasil Brasil P PPereira<br />

P ereira<br />

Professor <strong>de</strong> Exegese Bíblica no ITESC<br />

Para Para refletir:<br />

refletir:<br />

1) 1) Diante dos problemas, a<br />

fuga é a melhor solução<br />

(Sl 11)?<br />

2) 2) Na sensação <strong>de</strong> insegurança,<br />

on<strong>de</strong> está o nosso<br />

apoio?<br />

3) 3) Quando se analisa a situação,<br />

qual o risco que corremos<br />

(Sl 12)?<br />

4) 4) Diante do incrível po<strong>de</strong>r<br />

dos meios <strong>de</strong> comunicação,<br />

on<strong>de</strong> encontrar a<br />

Verda<strong>de</strong>?<br />

5) 5) Qual a situação em que<br />

se encontra o orante do<br />

Sl 13? Está certo "reclamar"<br />

com Deus?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!