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INSTRUÇÕES PARA NAVEGAÇÃO - Portal Artefacto

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UNIVERSO B&C<br />

BACO E DIONÍSIO<br />

As primeiras manifestações carnavalescas datam de cerca de<br />

6 mil anos atrás, no Egito, em festas de culto a deuses e para<br />

agradecer às boas colheitas, pintando os rostos, cantando,<br />

dançando e bebendo. Os romanos tinham o Carnaval como<br />

uma festa pagã, em homenagem a Baco e Dionísio. No auge<br />

da hegemonia, a Igreja Católica tentou conter os excessos do<br />

povo, reduzindo as festividades a um período que antecede à<br />

Quaresma, onde todos receberiam a punição da abstinência<br />

dos prazeres e, assim, a redenção dos pecados cometidos. A<br />

abstinência por quarenta dias de atos pecaminosos tornou as<br />

festividades que antecedem à Quaresma em motivo de festejo<br />

e exageros. O Carnaval tornou-se símbolo de libertação, farra,<br />

libertinagem e despedida da fartura. Melhor que isso era ter a<br />

devida permissão religiosa para os atos.<br />

Ao longo dos séculos, essa relação com a religião foi se perdendo<br />

junto às vozes dos foliões durante as festas, nos cantos<br />

repletos de confete dos bailes em clubes, nas penas caídas de<br />

fantasias, no fundo de garrafas de bebidas.<br />

30 | MARÇO 2011<br />

1. 2.<br />

3.<br />

O SAMBA<br />

A relativa jovialidade da nação brasileira frente à milenar história<br />

europeia nos priva de tradições seculares de Carnaval. Por<br />

aqui, a data é fruto de uma enorme miscelânea de influências<br />

e estímulos. As festividades foram trazidas pelos portugueses,<br />

em 1641, no formato de jogos e brincadeiras dadas nessa época<br />

por todo o velho continente. Com a chegada da família real portuguesa<br />

no início do século XIX surgem os primeiros bailes de<br />

Carnaval, embalados por temas da nossa nação colonizadora.<br />

Décadas mais tarde, grupos de foliões conhecidos como “Bloco<br />

do Zé Pereira” começaram a aparecer pelas ruas, tocando bumbos<br />

e tambores no sábado de Carnaval. Nasciam então os blocos de<br />

rua, que conquistam tantos seguidores até hoje.<br />

No começo do século XX surgiram os primeiros bailes de<br />

máscaras, com influência veneziana, criando a vontade dos<br />

foliões se enfeitar e fantasiar. Os bailes serviam para demarcar<br />

as classes sociais: enquanto a elite se divertia nos bailes de<br />

luxuosos clubes e hotéis, os menos abastados farreavam nos<br />

blocos de rua.<br />

A carência por um gênero musical adequado para as festividades deu<br />

espaço para o sucesso de Chiquinha Gonzaga. A maestrina compôs a<br />

marchinha “Ó Abre Alas” para o cordão Rosas de Ouro, em 1899, e seu<br />

sucesso foi instantâneo. Logo tornou-se a primeira-dama do Carnaval<br />

e sua música invadiu bailes e blocos por décadas a seguir. Fundamentais<br />

para o desenvolvimento do Carnaval como é conhecido hoje, os<br />

ritmos africanos apareceram com a primeira escola de samba, em 1928,<br />

a carioca Deixa Falar. Com um ritmo mais rápido e notas mais longas,<br />

o samba foi criado para seduzir a multidão que seguia a escola. O corso<br />

tomou forma de desfile e o surgimento de novas escolas trouxe a<br />

competição entre elas. O primeiro concurso entre escolas de samba foi<br />

promovido em 1932 pelo jornal o Mundo Esportivo do Rio de Janeiro.<br />

A grande repercussão fez com que, no ano seguinte, o jornal O Globo<br />

assumisse o controle da competição.<br />

Já era fato: o Carnaval havia se tornado uma grande paixão popular.<br />

Não demorou muito à Prefeitura do Rio de Janeiro ir à frente das<br />

organizações dos desfiles, evoluindo até o grande espetáculo que milhares<br />

de espectadores assistem de camarote na Marquês de Sapucaí<br />

4.<br />

5.<br />

6.<br />

1. Bacchus - 1640, obra do belga Peter Paul Rubens.<br />

2. Gravura, O Carnaval na idade média, de 1884, autor<br />

desconhecido. 3. A Batalha entre o Carnaval e a Quaresma<br />

de Pieter Brueghel, 1559. 4. Carnaval no Copacabana<br />

Palace. na década de 1930, foto reprodução. 5. No<br />

Carnaval de 1935, um dos blocos da época. 6. Os Oito<br />

Batutas em sua formação original: Jacob Palmieri, Donga,<br />

José Alves Lima, Nélson Alves, Raúl Palmieri, Luiz Pinto<br />

da Silva, China e Pixinguinha. 7. Chiquinha Gonzaga. Em<br />

sua última foto, em seu aniversário de 85 anos.<br />

às vésperas de toda Quaresma. Na última década, os<br />

blocos voltaram a tomar força apoiados pela nova<br />

geração de boêmios. Foliões de seus vinte e poucos<br />

anos que procuravam resgatar o Carnaval das histórias<br />

que seus pais tanto repetem nos almoços de domingos.<br />

Aos poucos os blocos foram crescendo em<br />

número e tamanho. Hoje, os bloquinhos de nome<br />

engraçado divertem os milhares que se dividem para<br />

seguir em coro, transbordando as principais avenidas<br />

do Rio de Janeiro.<br />

MARÇO 2011 | 31<br />

7.

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