INSTRUÇÕES PARA NAVEGAÇÃO - Portal Artefacto
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TRILHA SONORA<br />
último álbum, faz uma homenagem em forma de remixes<br />
às grandes vozes femininas do Brasil, entre elas Marisa<br />
Monte, Alcione, Cássia Eller e Maysa. O álbum lhe rendeu<br />
uma indicação no 21º Prêmio da Música Brasileira na categoria<br />
Música Eletrônica em 2010.<br />
Com todo esse repertório cultural, nada mais natural que<br />
a revista B&C procurasse o artista para sugerir, nesta edição<br />
especial sobre Brasil e Carnaval, um playlist com as melhores<br />
músicas para celebrar o feriado mais animado e esperado<br />
do País. Assim como a comissão de frente das escolas de<br />
samba, Zé Pedro surpreende aqueles que estão assistindo<br />
suas performances nas pick-ups, seja com uma ótima e inesperada<br />
música, ou seja, com os aparatos com os quais costuma<br />
divertir seus convidados, entre eles bolas e brinquedos<br />
fluorescentes, ou buzinas em lata.<br />
B&C: A música brasileira tem uma diversidade tão grande<br />
quanto o seu povo. Qual a principal característica que une<br />
todos os estilos existentes no País? Você tem algum favorito?<br />
ZP: Não existe nada em comum entre os ritmos brasileiros<br />
de cada estado desse imenso País. Em cada capital que<br />
eu chego para me apresentar, procuro por informações de<br />
132 | NOVEMBRO 2010<br />
artistas locais e fico sempre impressionado com a quantidade<br />
de músicos que fazem um grande sucesso em sua terra natal<br />
e são completos desconhecidos nas outras cidades do Brasil.<br />
A percussão, por exemplo, que é a característica rítmica principal<br />
da música brasileira, em cada estado aparece de um jeito.<br />
Os tambores de Minas Gerais são completamente diferentes<br />
dos tamborins do Rio de Janeiro, e por aí vai. A música que<br />
vem da Bahia, desde Caetano Veloso passando pelo carnaval<br />
de Carlinhos Brown, sempre foi a que mais me interessou por<br />
sua alegria contagiante e personalidade.<br />
B&C: Na hora de fazer um remix, o que conta mais? A melodia<br />
original da canção, a necessidade de um ritmo específico<br />
para encaixar nos seus sets, ou, quem sabe, até a letra da música?<br />
Como é feita a seleção?<br />
ZP: Sou um pioneiro solitário nessa história de remixar a<br />
música brasileira. Os DJs, em geral, ainda têm um enorme<br />
preconceito em tocar a nossa música em qualquer formato.<br />
Sempre fui um apaixonado pela MPB e quando consegui ter<br />
meu trabalho observado pela mídia e pelo grande público,<br />
imediatamente comecei a produzir remixes que trouxessem,<br />
para a pista e para um público mais jovem, clássicos como<br />
Maria Bethânia, Elizeth Cardoso e Nara Leão. Tenho sempre<br />
o cuidado de manter a letra e a harmonia originais da canção,<br />
respeitando as intenções desse ou daquele artista. A escolha<br />
dessas músicas é sempre sentimental e intuitiva, lembranças<br />
de uma criança apaixonada pela música brasileira.<br />
B&C: Você trabalhou com o Gui Boratto em 2005, o que foi<br />
uma verdadeira revelação sua. Você se considera um caçatalentos?<br />
Pode apontar o nome de alguns artistas novos a<br />
quem devemos prestar atenção?<br />
ZP: O Gui Boratto hoje é um orgulho para os DJs no Brasil<br />
por seu trabalho extremamente original e bem feito. Quando<br />
fui até ele e o convidei para produzir o meu segundo disco, ele<br />
se mostrou cheio de ideias e, acima de tudo, um apaixonado<br />
pelo projeto de remixar a MPB. Nesse meu terceiro disco<br />
chamado “Essa Moça Tá Diferente”, no qual só aparecem<br />
remixes de cantoras brasileiras, chamei o produtor André<br />
Torquato que também tem um trabalho muito interessante<br />
de música eletrônica. Juntos, fomos indicados ao prêmio<br />
de melhor disco de música eletrônica de 2010. Estou sempre<br />
atento aos DJs e produtores que aparecem no mercado, mas<br />
infelizmente poucos se interessam por música brasileira.<br />
“Sou um pioneiro solitário nessa<br />
história de remixar a música<br />
brasileira. Os DJs, em geral, ainda<br />
têm um enorme preconceito em<br />
tocar a nossa música em qualquer<br />
formato.”<br />
B&C: Você tem 3 CDs lançados, um livro, trabalhou em TV,<br />
rádio e fez trilhas para eventos. Existe algum outro caminho que<br />
tem vontade de explorar e levar seu vasto conhecimento?<br />
ZP: Acabo de abrir uma gravadora chamada Jóia Moderna,<br />
que terá em seu casting apenas cantoras que estejam fora<br />
do mercado ou que queiram começar sua trajetória. Inicialmente,<br />
agora em fevereiro, sairão quatro lançamentos: Zezé<br />
Motta cantando Jards Macalé e Luiz Melodia; Cida Moreira<br />
interpretando de Amy Winehouse a Chico Buarque; um com<br />
quatorze cantoras interpretando o compositor Taiguara e<br />
uma cantora paulista chamada Silvia Maria, que não gravava<br />
um disco há exatos trinta anos. Espero, com esse projeto,<br />
iluminar a história da nossa música, tão diferente e tão rica.<br />
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