O TRABALHO CIENTÍFICO - Ms Cleide - FADIVA
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O PROJETO DE PESQUISA<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
A realização das várias etapas de um trabalho monográfico<br />
pressupõe, naturalmente, certo amadurecimento. Esse<br />
amadurecimento é fruto de uma experiência de vida intelectual, de<br />
vida científica, construída quer mediante a realização de estudos,<br />
quer através de participação em pesquisas. Portanto, ao se propor a<br />
realização de um trabalho monográfico, seja ele didático ou<br />
cientifico, é necessário se inserir antes num "universo familiar de<br />
problemas", para que se possa então determinar um tema, definir<br />
um problema específico etc. Fica claro, então, que leituras, cursos;<br />
participação em seminários e em outras atividades são condições e<br />
contextos para a formação do universo de problematização.<br />
Posteriormente, voltar-se-á à exigência, como já foi adiantado, de se<br />
levantar uma bibliografia especializada, mas mesmo para isso é<br />
preciso estar de posse de algumas diretrizes norteadoras, ou seja,<br />
ter em mente o que se pretende fazer, pelo menos em suas grandes<br />
linhas. O curso de pós-graduação, enquanto comporta ainda<br />
escolaridade, tem o objetivo de criar esse contexto, fornecendo<br />
instrumentos, levantando dúvidas que façam germinar esses<br />
problemas que serão posteriormente pesquisados e cujo tratamento<br />
se transformará na dissertação ou na tese.<br />
As considerações até aqui feitas sobre as condições para a<br />
adequação e eficiência do processo de orientação suscitam a<br />
questão do papel dos cursos de pós-graduação. Na realidade,<br />
constata-se um grande abismo entre o momento vivido pelos pósgraduandos<br />
enquanto cursam as disciplina do regime curricular dos<br />
programas e o momento seguinte em que deveriam dar andamento<br />
a sua pesquisa com a ajuda do seu orientador. A falta de pontes<br />
entre estes dois momentos é a explicação das dificuldades que<br />
grande número de pós-graduandos encontram para desencadear<br />
suas pesquisas e da elevada taxa de evasão daqueles que, embora<br />
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terminando os créditos, abandonam o programa e desistem da<br />
dissertação.<br />
Era de se esperar que a estrutura acadêmica e curricular dos cursos<br />
de pós-graduação fornecesse um instrumental teórico e<br />
metodológico que propiciasse ao aluno condições de uma adequada<br />
escolha do problema de sua pesquisa, de acordo com seus<br />
interesses, encaminhando-o ao levantamento preliminar de fontes e<br />
dados necessários à pesquisa, para testar sua viabilidade. Inclusive<br />
deveria orientar o aluno para o levantamento bibliográfico,<br />
predispondo-o e habilitando-o ao diálogo com os autores que<br />
trataram do assunto. Não se trata - não basta - de fornecer um certo<br />
domínio de técnicas de pesquisa: é preciso toda uma imersão num<br />
universo teórico e conceitual, onde se encontram necessariamente<br />
as coordenadas epistemológicas e antropológicas de toda<br />
discussão relevante e crítica que hoje qualquer área científica possa<br />
desenvolver. Espera-se, pois, do conteúdo programático uma<br />
proposta provocadora de reflexão e de pesquisa, mediante um<br />
processo contínuo de problematização das temáticas, em interação<br />
permanente com os textos significativos de outros pensadores.<br />
A pós-graduação, mais que um conjunto de cursos, deveria<br />
constituir-se num espaço onde se desdobrasse um constante<br />
debate de idéias, de troca de conhecimentos, de reflexão, de<br />
estudo, de leitura e de discussão. Não só nas salas de aula mas<br />
também em grupos informais interessados em temas afins, em<br />
reuniões extracurriculares, em encontros culturais e científicos, em<br />
defesas de tese etc.<br />
Mas estas observações têm o seu reverso. Não há estrutura<br />
acadêmica que possa garantir a eficiência do processo, se os<br />
próprios pós-graduandos não o assumirem com uma postura crítica<br />
e comprometida decorrente de uma opção prévia, de dimensão