O TRABALHO CIENTÍFICO - Ms Cleide - FADIVA
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<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
METODOLOGIA DE PESQUISA E<br />
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong>
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
OS PRÉ-REQUISITOS LÓGICOS DO <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
O trabalho científico em geral, do ponto de vista lógico, é um<br />
discurso completo. Tal discurso, em suas grandes linhas, pode ser<br />
narrativo, descritivo ou dissertativo. No sentido em que é tratado<br />
neste texto, o trabalho científico assume a forma dissertativa, pois<br />
seu objetivo é demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é<br />
uma solução proposta para um problema, relativo a determinado<br />
tema.<br />
A demonstração baseia-se num processo de reflexão por<br />
argumentação, ou seja, baseia-se na articulação de idéias e fatos,<br />
portadores de razões que comprovem aquilo que se quer<br />
demonstrar. Essa articulação é conseguida mediante a<br />
apresentação de argumentos. Esses argumentos fundam-se nas<br />
conclusões dos raciocínios e nas conclusões dos processos de<br />
levantamento e caracterização dos fatos.<br />
O raciocínio é um processo de pensamento pelo qual<br />
conhecimentos: são logicamente encadeados de maneira a<br />
produzirem novos; conhecimentos. Tal processo lógico pode ser<br />
dedutivo ou indutivo Dedução e indução são, pois, processos<br />
lógicos de raciocínio.<br />
O levantamento e a caracterização de fatos são realizados mediante<br />
o processo de pesquisa, sobretudo da pesquisa experimental, de<br />
acordo com técnica específica 1 .<br />
1 Cabe à metodologia da pesquisa científica estabelecer os procedimentos técnicos a serem<br />
utilizados. para tal investigação. Ademais, cada ciência delimita a aplicação das normas<br />
gerais do método científico ao objeto especifico de sua pesquisa. Cf. L. LIARD, Lógica, p.<br />
104-74<br />
A DEMONSTRAÇÃO<br />
pág; 1<br />
Uma monografia científica deve, pois, assumir a forma-lógica de<br />
demonstração de uma tese proposta hipoteticamente para<br />
solucionar um problema.<br />
O problema é formulado sob a forma de uma enunciação de<br />
determinado tema, proposta de maneira interrogativa, pressupondo,<br />
portanto, pelo menos uma alternativa como resposta: é assim ou de<br />
outra maneira?; ou seja, pressupõe sempre a ruptura de harmonia<br />
existente numa afirmação assertiva. O problema, como já se viu,<br />
levanta uma dúvida, coloca um obstáculo que precisa ser superado;<br />
opta-se, então, por uma das alternativas, na busca de uma<br />
evidência que está faltando 2 .<br />
Para se colocar o problema, é preciso que seja formulado de<br />
maneira clara em seus termos, definida e delimitada. E preciso<br />
esclarecer os termos, definindo-os devidamente. Daí a importância<br />
da definição. Os limites da problematização devem ser<br />
determinados, pois não se pode tratar de tudo ao mesmo tempo e<br />
sob os mais diversos aspectos.<br />
A demonstração da tese é realizada mediante uma seqüência de<br />
argumentos, cada um provando uma etapa do discurso. A<br />
demonstração, de modo geral, utiliza-se mais do processo dedutivo.<br />
Na demonstração de uma tese, pode-se proceder de maneira direta,<br />
quando se argumenta no sentido de provar que uma proposta de<br />
solução é verdadeira, sendo as demais falsas. E isto por<br />
decorrência das premissas. Nesse caso, trata-se de encontrar as<br />
2 Paolo CAROSI, Curso de Filosofia, I, p. 383
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premissas verdadeiras, objetivamente verdadeiras, e depois aplicarlhes<br />
os procedimentos lógicos do raciocínio.<br />
A demonstração, porém, pode proceder de maneira indireta quando<br />
se demonstra ser falsa a alternativa que se opõe contraditoriamente<br />
à tese proposta. Assim acontece quando se demonstra que da<br />
falsidade de uma tese decorrem conseqüências falsas; sendo o<br />
conseqüente falso, o antecedente também é falso 3 .<br />
Também se demonstra a falsidade de um enunciado quando se<br />
mostra que ele se opõe diretamente ao princípio de não-contradição<br />
ou a outro princípio evidente. E o caso da redução ao absurdo.<br />
Note-se que os termos dissertação, demonstração, argumentação e<br />
raciocínio são tornados, muitas vezes, como sinônimos. Neste caso,<br />
torna-se a parte pelo todo, considerando-se de maneira<br />
generalizada um processo parcial desenvolvido durante o discurso.<br />
E, pois, lícito dizer que o discurso é, na realidade, um raciocínio ou<br />
ainda uma argumentação.<br />
Contudo, o sentido desses termos, no presente capítulo, é mais<br />
restrito. Dissertação é a forma geral do discurso e quer dizer que o<br />
discurso está pretendendo demonstrar uma tese mediante<br />
argumentos; demonstração é, pois, o conjunto seqüenciado de<br />
operações lógicas que de conclusão em conclusão chega a uma<br />
conclusão final procurada; argumentação é entendida como urna<br />
operação, uma atividade executada durante a demonstração pelo<br />
uso dos argumentos; já raciocínio é um processo lógico de<br />
conhecimento, operação mental específica que pode servir inclusive<br />
de argumento para a demonstração.<br />
3 Paolo CAROS1, Curso de filosofia, 1, p. 387<br />
pág; 2<br />
A argumentação, ou seja, a operação com argumentos,<br />
apresentados com objetivo de comprovar uma tese, funda-se na<br />
evidencia racional e na evidência dos fatos. A evidência racional,<br />
por sua vez, justifica-se pelos princípios da lógica. Não se pode<br />
buscar fundamentos mais primitivos. A evidência é a certeza<br />
manifesta imposta pela força dos modos de atuação da própria<br />
razão. Surge veiculada pelos princípios epistemológicos e lógicos<br />
do conhecimento humano, tanto por ocasião do desdobramento do<br />
raciocínio, como por ocasião da presentificação dos fatos.<br />
A apresentação dos fatos é a principal fonte dos argumentos<br />
científicos. Daí o papel das estatísticas e do levantamento<br />
experimental dos fatos; no campo ou no laboratório, a<br />
caracterização dos fatos é etapa imprescindível da dissertação<br />
científica.<br />
A argumentação formal que se desenvolve no discurso filosófico ou<br />
científico pressupõe devidamente analisadas as suas proposições<br />
em todos os elementos, devendo se ter sempre proposições<br />
afirmativas bem definidas e devidamente limitadas. De fato, é com<br />
as proposições que se formam os argumentos.<br />
Argumentar consiste, pois, em apresentar uma tese, caracterizá-la<br />
devidamente, apresentar provas ou razões que estão a seu favor e<br />
concluir, se for o caso, pela sua validade. Para evitar que fiquem<br />
abertas margens para dúvidas, devem ser examinadas<br />
eventualmente as razões contrárias, tentando-se refutar a tese e<br />
prevenindo-se de objeções.<br />
Esse processo é continuamente retomado e repetido no interior do<br />
discurso dissertativo que se compõe, com efeito, de etapas de<br />
levantamento de fatos, de caracterização de idéias e de fatos,
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mediante processos de análise ou de síntese, de apresentação de<br />
argumentos lógicos ou tatuais, de configuração de conclusões.<br />
O trabalho cientifico, do ponto de vista de seus aspectos lógicos,<br />
pode ser representado, esquematicamente, da seguinte forma:<br />
O RACIOCÍNIO<br />
O raciocínio é, pois, um dos elementos mais importantes da<br />
argumentação; porque suas conclusões fornecem bases sólidas<br />
para os argumentos.<br />
Trata-se de um processo lógico de pensamento pelo qual de<br />
conhecimentos adquiridos se pode chegar a novos conhecimentos<br />
com o mesmo coeficiente de validade dos primeiros.<br />
Quanto à sua estrutura, o raciocínio é um todo complexo, formado<br />
que é por um encadeamento de vários juízos, que são, igualmente,<br />
conjuntos formados por vários conceitos.<br />
De maneira geral, como já se viu, uma monografia científica pode<br />
ser considerada como um complexo de raciocínios que se<br />
pág; 3<br />
desdobram num discurso lógico, do qual o texto redigido é<br />
simplesmente uma expressão lingüística.<br />
Neste sentido, a redação do texto mediante signos lingüísticos é um<br />
simples instrumento para a transmissão do pensamento elaborado<br />
sob a forma de raciocínios, juízos e conceitos. A composição do<br />
texto é um processo de codificação da mensagem. O textolinguagem<br />
é o código que cifra a mensagem pensada pelo autor.<br />
Decorre daí a prioridade lógica do raciocínio sobre a redação.<br />
Por outro lado, porém, o leitor não pode ter acesso ao raciocínio a<br />
não ser através dos textos. Por isso, na composição do texto, no<br />
trabalho de codificação da mensagem pensada, todo o empenho<br />
deve ser posto no sentido de se garantir a melhor adequação<br />
possível entre a mensagem e o texto-código que servirá de<br />
interrmédio entre o pensamento do autor e o pensamento do leitor 4 .<br />
Em função da importância do raciocínio, é necessário tratar de<br />
alguns pontos básicos referentes à natureza dos processos lógicos<br />
do pensamento e do conhecimento, subjacentes à expressão<br />
lingüística dos textos. Os aspectos gramaticais escapam aos limites<br />
deste trabalho 5 .<br />
4 ver fluxograma<br />
5 Para os aspectos tratados pelas gramáticas, recomenda-se o texto de Othon M. GARCIA,<br />
Comunicação em prosa moderna
FORMAÇÃO DOS CONCEITOS<br />
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O raciocínio é o momento amadurecido do pensamento; Raciocinar<br />
é encadear juízos e formular juízos é encadear conceitos.<br />
Por isso, pode-se dizer que o conhecimento humano inicia-se com a<br />
formação dos conceitos 6 .<br />
O conceito é a imagem mental por meio da qual se representa um<br />
objeto, sinal imediato do objeto representado. O conceito garante<br />
uma referência direta ao objeto real. Esta referência é dita<br />
intencional no sentido de que o conceito adquirido por processos<br />
especiais de apreensão das coisas pelo intelecto, que não vêm a<br />
propósito aqui, se refere a coisas, a objetos, a seres, a idéias, de<br />
maneira representativa e substitutiva. Este objeto passa então a<br />
existir para a inteligência, passa a ser pensado. Portanto, o conceito<br />
representa e "substitui" a coisa no nível da inteligência.<br />
O conceito, por sua vez, é simbolizado pelo termo ou palavra, no<br />
nível da expressão lingüística. Os termos ou palavras são os sinais<br />
dos conceitos, suas imagens acústicas ou orais. Por extensão, tudo<br />
o que se disser dos conceitos, no plano da lógica, pode ser dito<br />
também dos termos ou palavras.<br />
Assim, conceitos e termos podem ser logicamente considerados<br />
tanto do ponto de vista da compreensão, como do ponto de vista da<br />
extensão. A compreensão do conceito é o conjunto das<br />
propriedades características que são específicas do objeto pensado.<br />
São os aspectos, as dimensões, as notas que constituem um ser ou<br />
um objeto, um fato ou um acontecimento, que fazem deste ser ou<br />
6 o estudo aprofundado desta questão é objeto da teoria do conhecimento, gnoseologia ou<br />
epistemologia, disciplina filosófica que aborda os processos do conhecimento humano<br />
pág; 4<br />
objeto, deste fato ou acontecimento que ele seja o que é e se<br />
distinga dos demais; já a extensão é o conjunto dos seres e dos<br />
objetos que realizam determinada compreensão, ou seja, a classe<br />
dos indivíduos portadores de um conjunto de propriedades<br />
características. Observe-se que quanto mais limitada for a<br />
compreensão de um conceito, tanto mais ampla será a sua<br />
extensão e vice-versa. Assim, considerando-se os conceitos<br />
"brasileiro" e "paulista", a extensão do conceito "brasileiro" é mais<br />
ampla do que a do conceito "paulista", isto porque a compreensão<br />
de ''brasileiro'' é mais limitada, mais pobre do que a compreensão<br />
de "paulista", ou seja, para ser paulista, um indivíduo, além de<br />
possuir todas as características exigidas para ser brasileiro, tem ou<br />
possui outra característica específica para se definir como paulista 7 .<br />
Essas considerações não são bizantinas, levando-se em conta que<br />
é a compreensão do conceito que permite a elaboração da definição<br />
e a extensão que permite elaborar a divisão ou a classificação.<br />
A definição é um termo complexo e, como tal, destina-se a<br />
desdobrar todas as notas que compõem a compreensão do<br />
conceito 8 . À divisão cabe expressar a extensão dos conceitos,<br />
classificando-os, organizando-os em suas classes, de acordo com<br />
critérios determinados pela natureza dos objetos. A definição,<br />
embora tomando quase sempre a forma de uma proposição, de um<br />
juízo, é apenas um termo complexo, plenamente equivalente ao<br />
conceito definido. Para ser correta, não deve ser maior nem menor<br />
que o termo que pretende definir, não deve ser negativa. Deve ser<br />
uma equação 9 .<br />
7<br />
Paolo CAROSI, Curso de filosofia, I, p. 257-9<br />
8<br />
ibid., p. 269; Othon M. GARCIA. Comunicação em prosa moderna, p. 304; L. LIARD.<br />
Lógica, p. 24<br />
9<br />
Sean BELANGER, Teoria e prática do debate, p. 87
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A relevância da definição para o trabalho científico em geral está no<br />
fato de ela permitir exata formulação das questões a serem<br />
debatidas. Discussões sem clara definição dos temas discutidos não<br />
levam a nada. Aprender a bem definir as coisas de que se trata no<br />
trabalho é uma exigência fundamental.<br />
Observa-se que nosso vocabulário - conjunto de termos ou palavras<br />
que designam as coisas ou objetos através dos conceitos - pode<br />
encontrar-se em vários níveis: o primeiro é o nível do vocabulário<br />
corrente, comum, que é o usado para nossa comunicação social.<br />
Assimilado pela experiência pessoal da cultura, esse vocabulário,<br />
embora o mais usado, não é adaptado à vida científica. De fato, o<br />
conhecimento científico exige um vocabulário de segundo nível, ou<br />
seja, um vocabulário técnico. Para o pensamento teórico da ciência<br />
ou da filosofia, não bastam os significados imediatos da linguagem<br />
comum. Conceitos e termos adquirem significado unívoco, preciso e<br />
delimitado. Às vezes são mantidos os mesmos termos, mas as<br />
significações são alteradas, com uma compreensão bem definida.<br />
Em certo sentido, estudar, aprender uma ciência é, de modo geral,<br />
aceder ao vocabulário técnico, familiarizando-se com ele,<br />
habilitando-se a manipulá-lo e superando assim o vocabulário<br />
comum.<br />
O vocabulário pode ainda atingir um terceiro nível: é o caso de<br />
conceitos que adquirem um sentido específico no pensamento de<br />
determinado autor ou sistema de idéias. Isto é muito comum nos<br />
trabalhos dos pensadores teóricos, na ciência e na filosofia.<br />
Um trabalho científico de alta qualidade exige, portanto, o uso<br />
adequado de um vocabulário técnico e, eventualmente, de um<br />
vocabulário específico. A percepção de tais significações<br />
diferenciadas é também condição essencial para a leitura científica<br />
pág; 5<br />
e para o estudo aprofundado 10 . Na composição de um trabalho<br />
científico, o vocabulário técnico e o vocabulário específico ocupam<br />
os pontos nevrálgicos da estrutura lógica do discurso, ao passo que<br />
o vocabulário comum serve para as ligações das várias partes. De<br />
fato, mesmo para expor idéias teóricas de nível técnico ou<br />
específico, é preciso servir-se das idéias mais simples, do nível<br />
corrente, traduzindo as idéias de ruvel técnico de maneira acessível<br />
e gradativa.<br />
O conceito é, pois, o resultado das apreensões dos dados e das<br />
relações de nossa experiência global, é o conteúdo pensado pela<br />
mente, o objeto do pensamento. É simples resultado dessa<br />
apreensão, não contendo ainda nenhuma afirmação. Elencando<br />
uma série de notas correspondentes à sua compreensão, o conceito<br />
e o termo se exprimem pela definição 11 .<br />
Para pensar e conhecer não é suficiente “conceber conceituando".<br />
O conhecimento só se completa quando se formula um juízo que é<br />
"o ato da mente pelo qual ela afirma ou nega alguma coisa, unindo<br />
ou separando dois conceitos por intermédio de um verbo".<br />
O juízo é enunciado verbalmente através da proposição, sinal do<br />
juízo mental. A proposição é, pois, a vinculação entre um sujeito e<br />
um predicado através de um verbo, que são os termos da<br />
proposição.<br />
Algumas proposições derivam da experiência, enunciam fatos<br />
dados na experiência externa ou interna, que elas expressam<br />
diretamente; outras são formadas pela análise do conceito-sujeito e<br />
o predicado é descoberto enquanto é uma nota da compreensão<br />
desse conceito.<br />
10 f. diretrizes para a leitura analítica, especialmente a análise textuill, p. 47<br />
11 Jacques lv1ARITAIN, Lógica menor, p.20-5
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Nos períodos compostos, encontram-se várias· proposições; esses<br />
períodos são formados por coordenação ou por subordinação. Na<br />
coordenação, as proposições estão em condições de igualdade, ao<br />
passo que na subordinação uma oração está em relação de<br />
dependência para com outras.<br />
Essas várias relações têm importância à medida que fornecem<br />
matéria para o desenvolvimento da argumentação. A análise das<br />
proposições é tarefa prévia da argumentação formal.<br />
O raciocínio que constitui o trabalho é uma seqüência de juízos e de<br />
proposições que precisam ser bem elaborados, tanto do ponto de<br />
vista sintático-gramatical 12 como do ponto de vista lógico 13 .<br />
O discurso científico é fundamentalmente raciocínio, ou seja, um<br />
encadeamento de juízos feito de acordo com certas leis lógicas que<br />
presidem a toda atividade do pensamento humano.<br />
Também no raciocínio pode-se distinguir a operação mental, o<br />
resultado desta operação e o sinal externo desta operação, embora<br />
se use o mesmo termo para designar essas três dimensões:<br />
raciocínio.<br />
Como último ato de conhecimento da inteligência, o raciocínio é<br />
precedido pela apreensão, que dera lugar aos conceitos, e pelo<br />
juízo, que dera lugar às proposições. O raciocínio é, portanto, a<br />
ordenação de juízos e de conceitos.<br />
O raciocínio consiste em obter um novo conhecimento a partir de<br />
um antigo, é a passagem de um conhecimento para outro.<br />
12 Ofuon M. GARCIA, Comunicação em prosa moderna, p. 132<br />
13 Pao[o CAROSI, Curso de filosofia, I, p. 287-324<br />
pág; 6<br />
Portanto, mostra a fecundidade do pensamento humano. Comporta<br />
sempre duas fases: a primeira, em que se tem algum conhecimento,<br />
e uma segunda, em que se adquire outro conhecimento.<br />
Os lógicos chamam essas duas fases, respectivamente,<br />
antecedente e conseqüente: entre elas deve existir um nexo lógico<br />
cognoscitivo necessário. O antecedente é uma razão lógica que<br />
leva ao conhecimento do conseqüente, como uma decorrência<br />
daquela razão.<br />
O antecedente compõe-se de uma ou várias premissas e o<br />
conseqüente constitui-se de uma conclusão. A afirmação da<br />
conclusão é feita à medida que decorre ou depende das premissas.<br />
A relação lógica de conhecimentos prévios a conhecimentos até<br />
então não afirmados é uma relação de conseqüência.<br />
O raciocínio divide-se, basicamente, em duas grandes formas: a<br />
dedução e a indução. O raciocínio dedutivo é um raciocínio cujo<br />
antecedente é constituído de princípios universais, plenamente<br />
inteligíveis; através dele se chega a um conseqüente menos<br />
uniiversal. As afirmações do antecedente são universais e já<br />
previamente aceitas: e delas decorrerá, de maneira lógica,<br />
necessária, a conclusão, a afirmação do conseqüente. Deduzindose,<br />
passa-se das premissas à conclusão.<br />
São exemplos clássicos do raciocínio dedutivo os silogismos da<br />
lógica formal clássica, assim como as formas de explicação<br />
científica de estrutura tipo explans-explanandum, da lógica<br />
simbólica moderna 14 .<br />
14 Brittan LAMBERT, Introdução à filosofia da ciência. São Pauo, Cultrix; Karl HEMPEL.<br />
Filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro, Zahar
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A indução ou o raciocínio indutivo é uma forma de raciocínio em que<br />
o antecedente são dados e fatos particulares e o conseqüente uma<br />
afirmação mais universal. Na realidade, há na indução uma série de<br />
processos que não se esquematizam facilmente. Enquanto a<br />
dedução fica num plano meramente inteligível, a indução faz intervir<br />
também a experiência sensível e concreta, o que elimina a<br />
simplicidade lógica que tinha a operação dedutiva.<br />
Da indução pode aproximar-se o raciocínio por analogia: trata-se,<br />
então, de passar de um ou de alguns fatos a outros fatos<br />
semelhantes. No caso da indução de alguns fatos julgados<br />
característicos e representativos, generaliza-se para a totalidade<br />
dos fatos daquela espécie, atingindo-se toda a sua extensão.<br />
O resultado desse processo de observação e análise dos fatos<br />
concretos é uma norma, uma regra, uma lei, um princípio universal,<br />
que constitui sempre uma generalização. A indução parte, pois, de<br />
fatos particulares conhecidos para chegar a conclusões gerais até<br />
então desconhecidas.<br />
PROCESSOS LÓGICOS DE ESTUDO<br />
O trabalho científico implica ainda outros processos lógicos para a<br />
realização de suas várias etapas. Assim, para abordar determinado<br />
tema, objeto de suas pesquisas, reflexão e conhecimento, o autor<br />
pode utilizar-se de processos analíticos ou sintéticos.<br />
A análise é um processo de tratamento do objeto - seja ele um<br />
objeto material, um conceito, uma idéia, um texto etc. - pelo qual<br />
este objeto é decomposto em suas partes constitutivas, tornando-se<br />
simples aquilo que era composto e complexo. Trata-se, portanto, de<br />
dividir, isolar, discriminar.<br />
pág; 7<br />
A síntese é um processo lógico de tratamento do objeto pelo qual<br />
este objeto decomposto pela análise é recomposto reconstiituindose<br />
a sua totalidade. A síntese permite a visão de conjunto, a<br />
unidade das partes até então separadas num todo que então<br />
adquire sentido uno e global.<br />
A análise é pré-requisito para uma classificação. Esta se baseia em<br />
caracteres que definem critérios para a distribuição das partes em<br />
determinadas ordens. Não é outra coisa que se manifesta quando<br />
um texto é esquematizado, estruturado: as divisões seguem<br />
determinados critérios que não podem ser mudados arbitrariamente.<br />
Para se descobrir tais caracteres procede-se analiticamente.<br />
Análise e síntese, embora se oponham, não se excluem. Pelo<br />
contrário, complementam-se. A compreensão das coisas pela<br />
inteligência humana parece passar necessariamente por três<br />
momentos, ou seja, para se chegar a compreender<br />
intencionalmente um objeto, é preciso ir além de uma visão<br />
meramente indiferenciada de sua unidade inicial, tal como a temos<br />
na experiência comum, uma consciência do todo sem a consciência<br />
das partes; é preciso dividir, pela análise, o todo em suas partes<br />
constitutivas para que, então, num terceiro momento, se tenha<br />
consciência do todo, tendo-se plena consciência das partes que o<br />
constituem: é a síntese. E o que afirma Saviani ao declarar que a<br />
análise é a mediação entre a síncrese e a síntese 15 .<br />
15 Dermerval, SAVIANI, Educação Brasileira: Estrutura e Sistemas, p. 28-9.
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OBSERVAÇÕES METODOLÓGICAS REFERENTES AOS<br />
<strong>TRABALHO</strong>S DE PÓS-GRADUAÇÃO<br />
Nos últimos vinte anos intensificou-se o desenvolvimento dos cursos<br />
de pós-graduação no Brasil, nos moldes da legislação específica.<br />
Regulamentada a matéria pelas várias instituições, observa-se que,<br />
em todos os modelos adotados, se faz presente particular atenção<br />
às tarefas de pesquisa em sentido abrangente. A pós-graduação foi<br />
instituída com o objetivo de criar condições para a pesquisa rigorosa<br />
nas várias áreas do saber, desenvolvendo a fundamentação teórica,<br />
a reflexão, o levantamento rigoroso de dados empíricos da<br />
realidade, objetivo das várias ciências, assim como o melhor<br />
conhecimento desta realidade. Enfim, a ciência se faz em todas as<br />
frentes e não apenas se transmite. Com isto se visa<br />
fundamentalmente à qualificação do corpo docente de 3º grau,<br />
assim tomba preparação de pesquisadores e profissionais de alto<br />
nível.<br />
A legislação básica para pós-graduação no Brasil encontra-se nos<br />
pareceres 977/65 e 77/69, do Conselho Federal de Educação.<br />
Tanto no mestrado como no doutoramento, a pós-graduação, stricto<br />
sensu como é aqui considerada, exige, além do cumprimento de<br />
determinada escolaridade, a realização de uma pesquisa que se<br />
traduza, respectivamente, na dissertação e na tese. Trata-se de<br />
concretizar os objetivos justificadores deste nível de ensino: abordar<br />
determinada problemática mediante exigente trabalho de pesquisa e<br />
de reflexão, apoiado num esforço de fundamentação teórica a ser<br />
assegurada através dos instrumentos fornecidos pela escolaridade.<br />
A ciência se faz através de trabalhos de pesquisa especializada,<br />
própria das várias ciências; pesquisa que, além do instrumental<br />
pág; 8<br />
epistemológico de alto nível, exige capacidade de manipulação de<br />
um conjunto de métodos e técnicas específicos às várias ciências.<br />
A escolaridade de pós-graduação, em todas as áreas, via de regra,<br />
oferece cursos de "métodos e técnicas de pesquisa", aplicados às<br />
várias áreas, além da orientação metodológica fornecida pelos<br />
professores orientadores e pelos exercícios e seminários de<br />
preparação de tese.<br />
Este capítulo visa tão-somente apresentar considerações<br />
metodológicas referentes aos trabalhos científicos deste nível, sem<br />
sair do espírito do texto, intencionalmente didático. Aplica-se, pois, o<br />
que já foi dito a respeito do trabalho científico em geral, nos<br />
capítulos anteriores, aos trabalhos normalmente solicitados nos<br />
cursos de pós-graduação.<br />
As tarefas de estudo, de pesquisa e de elaboração, solicitados nos<br />
cursos de pós-graduação, constituindo formas por excelência de<br />
trabalhos científicos, geram exigências maiores de disciplina, de<br />
rigor, de seriedade, de metodicidade e de sistematização de<br />
procedimentos. Ademais, pressupõem, da parte do pós-graduando,<br />
maturidade intelectual e autonomia em relação às interferências dos<br />
processos de ensino. Em decorrência disso, as diretrizes<br />
apresentadas neste livro aplicam-se, com maior razão, a essas<br />
atividades.<br />
Consideram-se aqui apenas algumas exigências metodológicas<br />
específicas aos trabalhos monográficos a serem realizados durante<br />
a pós-graduação, trabalhos em que estas exigências se tornam<br />
papáveis e consequentemente caracterizáveis de um ponto de vista<br />
técnico.
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
QUALIDADE E FORMAS DOS <strong>TRABALHO</strong>S EXIGIDOS NOS<br />
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO<br />
Tais são os assim chamados trabalhos de grau, uma vez que<br />
resultam em trabalhos que visam também à aquisição de um grau<br />
acadêmico, de um título universitário: a dissertação de mestrado, a<br />
tese de doutoramento e a tese de livre-docência. A esses podem<br />
ser equiparados, dado o nível comum de exigências, o ensaio<br />
teórico e as monografias científicas especializadas.<br />
Neste último caso, está-se referindo a. trabalhos monográficos<br />
resultantes de pesquisas elaboradas com finalidades não<br />
necessariamente acadêmicas. E óbvio que não é só nas<br />
universidades que se fazem trabalhos científicos de alto nível. Como<br />
sempre, na linha de uma rica tradição histórica, trabalhos de grande<br />
valor, tanto em termos de pesquisa como em termos de reflexão,<br />
são realizados em instituições não universitárias e até por<br />
pensadores isolados. A insistência intencional em se referir aos<br />
trabalhos acadêmicos decorre apenas da preocupação didática.<br />
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS<br />
Quaisquer que sejam as distinções que se possam fazer para<br />
caracterizar as várias formas de trabalhos científicos, é preciso<br />
afirmar preliminarmente que todos eles têm em comum a necessária<br />
procedência de um trabalho de pesquisa e de reflexão que seja<br />
pessoal, autônomo, criativo e rigoroso.<br />
Trabalho pessoal no sentido em que "qualquer pesquisa, em<br />
qualquer nível, exige do pesquisador um envolvimento tal que seu<br />
objetivo de investigação passa a fazer parte de sua vida" 16 ; a<br />
16 A. M. M. CINTRA, Determinação do tema de pesquisa. Ciência da informação, 11 (2):<br />
15.<br />
pág; 9<br />
temática deve ser realmente uma problemática vivenciada pelo<br />
pesquisador, ela deve lhe dizer respeito. Não, obviamente, num<br />
nível puramente sentimental, mas no nível da avaliação da<br />
relevância e da significação dos problemas abordados para o<br />
próprio pesquisador, em vista de sua relação com o universo que o<br />
envolve. A escolha de um tema de pesquisa, bem como a sua<br />
realização, necessariamente é um ato político. Também, neste<br />
âmbito, não existe neutralidade.<br />
Ressalte-se que o caráter pessoal do trabalho do pesquisador tem<br />
uma dimensão social, o que confere o seu sentido político. Esta<br />
exigência de uma significação política englobante implica que, antes<br />
de buscar-se um objeto de pesquisa, o pós-graduando pesquisado<br />
já deve ter pensado no mundo, indagando-se criticamente a respeito<br />
de sua situação, bem como da situação de seu projeto e de seu<br />
trabalho, nas tramas políticas da realidade social. Trata-se de saber<br />
bem, o mais explicitamente possível, o que se quer, o que se<br />
pretende no mundo dos homens.<br />
Trabalho autônomo quer dizer que ele é fruto de um esforço do<br />
próprio pesquisador. Autonomia esta que não significa<br />
desconhecimento ou desprezo da contribuição alheia, mas, ao<br />
contrário, capacidade de um inter-relacionamento enriquecedor,<br />
portanto dialético, com outros pesquisadores, com os resultados de<br />
outras pesquisas, e até mesmo com os fatos.<br />
Este inter-relacionamento é dialético na medida em que ele nega,<br />
ao mesmo tempo que afirma, a relevância da contribuição alheia.<br />
Esta só é válida quando incrementa a instauração da autonomia de<br />
pensamento do pesquisador. É reconhecendo e assumindo, mas<br />
simultaneamente negando e superando o legado do outro, que o<br />
pensamento autônomo se constitui.
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Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
Aqui se coloca o complicado problema das relações com o<br />
orientador, no caso das pesquisas feitas para os fins acadêmicos<br />
dos cursos de pós-graduação, do qual se tratará no item seguinte.<br />
Com relação a esta questão de autonomia, o orientando deve se<br />
convencer de que é preciso ter até mesmo um pouco de audácia, ou<br />
seja, arriscar-se a avançar idéias novas, eventualmente nascidas de<br />
suas intuições Pessoais, sem que se autocensure por medo das<br />
críticas quer do orientado, quer de seus examinadores, quer ainda<br />
de seus futuros leitores. E preciso soltar-se, criar, avançar e não<br />
ficar apenas num eterno repetir de idéias e descobertas já feitas.<br />
Tem-se visto trabalhos de pós-graduação que não passam de<br />
meros conjuntos rearranjados de transcrições ou de repetição de<br />
idéias já conhecidas.<br />
A citação e a transcrição são válidos instrumentos de trabalho<br />
científico desde que se constituam na manifestação de um diálogo<br />
crítico com os autores e dos autores entre si, ao relatarem os<br />
resultados de suas pesquisas.<br />
Com referência ao aproveitamento das idéias ou contribuições de<br />
autores, sobretudo quando pertencentes a escolas diferentes e<br />
concretizadas através das citações, é preciso estar atento para 'não<br />
:misturar posições divergentes. Em posições divergentes, não há<br />
fundamentar argumentações, As citações dos autores podem ser<br />
trazidas em abono às posições defendidas pelo pesquisador. Mas é<br />
preciso ter presente que este apoio não pode decorrer de um<br />
posicionamento contraditório. Mesmo quando, apesar das<br />
oposições entre os autores, alguma colocação vem a ser<br />
aproveitada, é preciso explicitar esta contradição. Tal deve ser o<br />
critério para o aproveitamento da bibliografia, de modo a que não se<br />
apóie incoerentemente em autores e obras cujas posições vão em<br />
direção incompatível com a direção seguida pelo pesquisador.<br />
pág; 10<br />
Deste ponto de vista, cabe ressaltar uma certa diferenciação entre o<br />
trabalho do mestrando e do doutorando, pelo menos em nossas<br />
condições brasileiras. O mestrando está ainda numa fase de<br />
iniciação à pesquisa, à vida científica. Está vivenciando uma<br />
experiência nova e dele não se pode exigir a plenitude da criação<br />
original, justificando-se de sua parte, ainda uma certa cautela, uma<br />
atitude de prudência ao evitar precipitação. Já o doutorando,<br />
pressupõe-se, já passou por esta escola, já deve ter plena<br />
autonomia intelectual, cabendo-lhe, pois, maior audácia e maior<br />
capacidade de originalidade e de inventividade, bem como maior<br />
clareza e firmeza quanto às significações assumidas no âmbito de<br />
um projeto político-existencial. Pressupõe-se igualmente maior<br />
elaboração no que se refere ao domínio teórico. Enquanto o<br />
mestrando pode ainda estar se apoiando na teoria constituída, o<br />
doutorando já deveria estar interagindo com a teoria constituinte.<br />
Suas relações com o orientador serão, necessariamente, ainda mais<br />
igualitárias e livres.<br />
De qualquer modo cabe ao pós-graduando em geral, e com maior<br />
razão ao doutorando, desenvolver seu trabalho de reflexão e<br />
pesquisa do interior deste projeto político-existencial, em<br />
consonância com o momento histórico vivido pela sua sociedade<br />
concreta. Projeto que revela a sensibilidade do pós-graduando às<br />
condições' que sua sociedade vive e às exigências de sua<br />
transformação, em vista de seu crescimento constante.<br />
Estas considerações já antecipam mais uma característica do<br />
trabalho científico, em nível de pós-graduação: ele deve cada vez<br />
mais criativo. Não se trata mais de apenas aprender, de apropriarse<br />
da ciência acumulada, mas de colaborar no desenvolvimento da<br />
ciência de fazer avançar este conhecimento aplicando-se o<br />
instrumental da ciência aos objetos e situações, buscando-se seu<br />
desvendamento e sua explicação. Embora não se possa falar de
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criatividade sem um rigoroso domínio do instrumental científico uma<br />
vez que o conhecimento humano não se dá por espontaneidade ou<br />
por acaso, é bem verdade também que não basta conhecer técnicas<br />
e métodos. E preciso uma prática e uma vivência que façam<br />
convergir estes dois vetores, de modo que os resultados possam<br />
ser portadores de descobertas e de enriquecimento. Aqui,<br />
conseqüência fecunda da correlação entre razão e paixão,<br />
parafraseando Rousseau.<br />
A descoberta científica é, sem dúvida, provocada pela tensão<br />
gerada pelo problema. Daí a necessidade de se estar vivenciando<br />
uma situação de problematização.<br />
É bom esclarecer que originalidade não quer dizer novidade.<br />
A originalidade diz respeito à volta às origens, explicitando assim<br />
um esclarecimento original ao assunto, até então não percebido. A<br />
descoberta original lança novas luzes sobre o objeto pesquisado,<br />
superando, assim, seja o desconhecimento seja então a ignorância.<br />
Mas o trabalho científico em nível de pós-graduação deve ser<br />
aindada extremamente rigoroso. Esta exigência não se opõe à<br />
exigência da criatividade, antes a pressupõe. Não há lugar, neste<br />
nível, para o espontaneísmo, para o diletantismo, para o senso<br />
comum e para a mediocridade. Aqui se define a exigência da<br />
logicidade e da competência. Além da disciplina imposta pela<br />
metodologia geral do conhecimento e pelas metodologias<br />
particulares das várias ciências, exige-se ainda a disciplina do<br />
compromisso assumido pela decisão da vontade. Não se faz ciência<br />
sem esforço, perseverança e obstinação. Ao pós-graduando, como<br />
a qualquer pesquisador, impõem-se um empenho e um<br />
compromisso inevitáveis, sem os quais não há ciência e nem<br />
resultado válido. Assim sendo, a realização de um trabalho de pós-<br />
pág; 11<br />
graduação exigirá muita dedicação ao estudo, à reflexão, à<br />
investigação. Exigirá muita leitura, muita participação nos debates,<br />
formal ou informalmente promovidos. Ele só se concretizará e<br />
amadurecerá na medida em que o pós-graduando criar um contexto<br />
de vida científica sistemática, mantida com insistente perseverança,<br />
sempre em busca de uma imprescindível fundamentação teórica,<br />
tanto científica como filosófica.<br />
CIÊNCIA, PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO<br />
Aqui são mencionados, ainda que esquematicamente, como tipos<br />
de trabalhos científicos apenas aqueles desenvolvidos em função<br />
de sua vinculação às exigências acadêmicas dos cursos de pósgraduação.<br />
Tais são a tese de doutoramento e a dissertação de<br />
mestrado. Obviamente, trabalhos científicos, de menor porte, são<br />
exigidos e realizados no decorrer dos cursos de pós-graduação;<br />
mas não são específicos deste nível e se regem pelas diretrizes<br />
gerais da elaboração do trabalho científico.<br />
Mas qualquer que seja a forma do trabalho científico, é preciso<br />
relembrar que todo trabalho desta natureza tem por objetivo<br />
intrínseco a demonstração, o desenvolvimento de um raciocínio<br />
lógico. Ele assume sempre uma forma dissertativa, ou seja, busca<br />
demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é uma solução<br />
proposta para um problema. Fatos levantados, dados descobertos<br />
por procedimentos de pesquisa e idéias avançadas, se articulam<br />
justamente como portadores de razões comprovadoras daquilo que<br />
se quer demonstrar. E é assim que a ciência se constrói e se<br />
desenvolve.<br />
Entretanto, são vários os modos de se levantar os fatos, de se<br />
produzir as idéias e de se articular uns aos outros. Várias são as<br />
formas de procedimento técnico e lógico do raciocínio científico. Por
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isso mesmo, são também vários os caminhos para se desenvolver<br />
um trabalho científico como uma tese.<br />
A ciência, enquanto conteúdo de conhecimentos, só se processa<br />
como resultado da articulação do lógico com o real, da teoria com a<br />
realidade. Por isso, uma pesquisa geradora de conhecimento<br />
científico e, conseqüentemente, uma tese destinada a relatá-la,<br />
deve superar necessariamente o simples levantamento de fatos e<br />
coleção de dados, buscando articulá-los no nível de uma<br />
interpretação teórica.<br />
Por isso, fazer uma tese implica dois movimentos, com uma única<br />
significação, uma vez que são dialeticamente unificados. Com<br />
efeito, a ciência depende da confluência dos dois que, considerados<br />
isoladamente, só têm sentido formal. Só a teoria pode dar "valor"<br />
científico a dados empíricos, mas, em condensação, ela só gera<br />
ciência se estiver em interação articulada com esses dados<br />
empíricos.<br />
Vários são os recursos utilizáveis para o levantamento e a<br />
configuração dos dados empíricos; os métodos e as técnicas<br />
empíricas de pesquisa, cuja aplicação possibilita as várias formas<br />
de investigação científica. Assim, a pesquisa experimental, a<br />
pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo, a pesquisa<br />
documental, a pesquisa histórica, a pesquisa fenomenológica, a<br />
pesquisa clínica. a pesquisa lingüística etc. Já no plano desta<br />
elaboração dos processos metodológicos e técnicos para o<br />
levantamento dos dados empíricos, bem como na sua aplicação<br />
concreta, se faz ativa a intervenção da atividade teórica. Mas é<br />
sobretudo mediante o processo de interpretação destes dados<br />
empíricos que se faz presente e significativa esta atividade teórica.<br />
Trata-se do momento principal de articulação e de confluência do<br />
pág; 12<br />
lógico com o real, quando ocorre a efetivação do conhecimento<br />
científico.<br />
Mas do mesmo modo como existem vários processos de<br />
levantamento de dados empíricos, existem igualmente vários modos<br />
de interpretação lógica destes dados. Trata-se dos vários métodos<br />
epistemológicos utilizáveis para a compreensão significativa dos<br />
dados reais. Por isso, a ciência não pretende mais atingir uma<br />
verdade única e absoluta: suas conclusões não são consideradas<br />
como verdades dogmáticas mas como formas de conhecimento,<br />
conteúdos inteligíveis que dão um sentido a determinado aspecto da<br />
realidade.<br />
A multiplicidade de aspectos pelos quais a realidade se manifesta<br />
abre igualmente uma multiplicidade de métodos de configuração<br />
dos dados fenomenais, bem como uma multiplicidade de métodos<br />
epistemológicos. Só para registrar os mais gerais e presentes no<br />
momento atual do desenvolvimento das teorias científicas, pode-se<br />
referir às metodologias epistemológicas mais gerais: as<br />
metodologias positivista, neopositivista, estruturalista,<br />
fenomenológica e dialética, cada uma com princípios e leis lógicas e<br />
com seus fundamentos filosóficos próprios, dando delimitações<br />
características às explicações científicas que geram. Explanações<br />
sobre estes processos técnicos e sobre estas metodologias<br />
epistemológicas se encontram nas obras de metodologias de<br />
pesquisa científica e em obras de filosofia.
A TESE DE DOUTORADO<br />
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A tese de doutorado é, considerada o tipo mais representativo do<br />
trabalho científico monográfico. Trata-se da abordagem de um único<br />
tema, que exige pesquisa própria da área científica em que se situa,<br />
com os instrumentos metodológicos. Essa pesquisa pode ser<br />
teórica, de campo, documental, experimental, histórica ou filosófica,<br />
mas sempre versando sobre um tema único, específico, delimitado<br />
e restrito.<br />
Com maior razão do que no caso dos demais trabalhos científicos,<br />
uma tese de doutorado deve realmente colocar e solucionar um<br />
problema demonstrando hipóteses formuladas e convencendo os<br />
leitores mediante a apresentação de razões fundadas na evidência<br />
dos fatos e na coerência do raciocínio lógico 17 .<br />
Além disso, exige-se da tese de doutorado contribuição<br />
suficientemente original a respeito do tema pesquisado. Ela deve<br />
representar um progresso para a área científica em que se situa.<br />
Deve fazer crescer a ciência. Quaisquer que sejam as técnicas de<br />
pesquisa aplicadas, a tese visa demonstrar argumentando e trazer<br />
uma contribuição nova relativa ao tema abordado.<br />
A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO<br />
Também a dissertação de mestrado deve cumprir as exigências da<br />
monografia científica. Trata-se da comunicação dos resultados de<br />
uma pesquisa e de uma reflexão, que versa sobre um tema<br />
igualmente único e delimitado. Deve ser elaborada de acordo com<br />
as mesmas diretrizes metodológicas, técnicas e lógicas do trabalho<br />
científico, como na tese de doutoramento.<br />
17 Ângelo D. SALVADOR, Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica, p. 169. Sebastian<br />
A. MATCZAK, Research and composition in philosophy, p. 16.<br />
pág; 13<br />
A diferença fundamental em relação à tese de doutorado está no<br />
caráter de originalidade do trabalho. Tratando-se de um trabalho<br />
ainda vinculado a uma fase de iniciação à ciência, de um exercício<br />
diretamente orientado, primeira manifestação de um trabalho<br />
pessoal de pesquisa, não se pode exigir da dissertação de mestrado<br />
o mesmo nível de originalidade e o mesmo alcance de contribuição<br />
ao progresso e desenvolvimento da ciência em questão.<br />
É difícil eliminar da dissertação de mestrado o seu caráter<br />
demonstrativo 18 . Também ela deve demonstrar uma proposição e<br />
não apenas explanar um assunto: Esta parece ser uma exigência<br />
lógica de todo trabalho .desde que tenha objetivos de natureza<br />
científica bem definidos.<br />
Tanto a tese de doutorado como a dissertação de mestrado são,<br />
pois, monografias científicas que abordam temas únicos<br />
delimitados, servindo-se de um raciocínio rigoroso, de acordo com<br />
as diretrizes lógicas do conhecimento humano, em que há lugar<br />
tanto para a argumentação puramente dedutiva, como para o<br />
raciocínio indutivo baseado na observação e na experimentação.<br />
Às vezes, a dissertação de mestrado e até mesmo as teses de<br />
doutorado são reduzidas a um levantamento puramente<br />
experimental de dados observados e quantitativos, fundados em<br />
procedimentos prioritária ou unicamente estatísticos. Mas sem uma<br />
reflexão interpretativa que procede inclusive por dedução, não se<br />
prova nada e não há nenhuma hipótese demonstrada. Com esta<br />
afirmação não se quer negar o valor de uma série de pesquisas,<br />
sobretudo referentes a temas pouco explorados em teses<br />
18 Quanto a isto, aqui há divergência com a posição de Ângelo D. SAL V ADOR, Métodos<br />
e técnicas de pesquisa bibliográfica, p. 169.
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acadêmicas. É válido aceitar esses tipos de trabalhos justamente<br />
por permitirem a formação de um material básico de documentação<br />
de onde partirão outros estudos interpretativos 19 . Apenas quer-se<br />
insistir que toda monografia científica deve ser necessariamente<br />
interpretativa, argumentativa, dissertativa e apreciativa. Pesquisa<br />
experimental e reflexão racional complementam-se<br />
necessariamente na elaboração da ciência. Afinal, o objetivo de<br />
uma pesquisa é fundamentalmente a análise e interpretação do<br />
material coletado. É na consecução desse objetivo que se podem<br />
aferir os resultados da pesquisa e avaliar o avanço que ela<br />
representou para o crescimento científico da área.<br />
O ENSAIO TEÓRICO<br />
O trabalho científico pode ainda assumir a forma de ensaio.<br />
Em nossos meios, este tipo de trabalho é concebido "como um<br />
estudo bem desenvolvido, formal, discursivo e concludente" 20<br />
consistindo em exposição lógica e reflexiva e em argumentação<br />
rigorosa com alto nível de interpretação e julgamento pessoal. No<br />
ensaio há maior liberdade por parte do autor, no sentido de<br />
defender determinada posição sem que tenha' de se apoiar no<br />
rigoroso e objetivo aparato de documentação empírica e<br />
bibliográfica, como acontecia nos tipos anteriores de trabalho. Às<br />
vezes, são encontradas teses, sobretudo de livre-docência e mesmo<br />
de doutorado, com características de ensaio que são bem aceitas<br />
devido a seu rigor e à maturidade do autor. De fato, o ensaio não<br />
dispensa o rigor lógico e a coerência de argumentação e por isso<br />
mesmo exige grande informação cultural e muita maturidade<br />
19 Cf. Dermeval SAVIANI, Filosofia da educação brasileira' (Rio de Janeiro, Civilização<br />
Brasileira, 1983), p. 43-44, onde tece considerações sobre a importância e o significado<br />
destas monografias de base cujo lugar natural são os cursos de pós-graduação.<br />
20 Ângelo D. SALVADOR, Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica, p. 163<br />
pág; 14<br />
intelectual. Daí muitos dos grandes pensadores preferirem esta<br />
forma de trabalho para expor suas idéias científicas ou filosóficas.<br />
CARÁTER MONOGRÁFICO E COERÊNCIA DO TEXTO<br />
Com relação à natureza dos trabalhos de pós-graduação, cabem<br />
ainda duas observações:<br />
1. Na elaboração de uma tese ou dissertação, não se deve<br />
pretender falar de tudo, de todos os aspectos envolvidos pela<br />
problemática tratada. O caráter monográfico do trabalho é um<br />
significativo aval de sua qualidade e de sua contribuição ao<br />
desenvolvimento científico da área. O importante é ater-se ao<br />
substancial da pesquisa, não se perdendo em grandes<br />
retomadas históricas, em repetições, em contextuações muito<br />
amplas. Não se pode falar de tudo ao mesmo tempo numa<br />
mesma tese. A estes aspectos pode-se referir, citando-se as<br />
fontes competentes, sem necessidade de reproduzi-las a<br />
cada novo trabalho visando ao mesmo tema.<br />
2. A coerência interna do texto é imprescindível e ela se impõe<br />
em dois níveis: primeiro, a coerência lógico-estrutural da<br />
articulação do raciocínio, as etapas do processo<br />
demonstrativo se sucedendo dentro de uma seqüência da<br />
articulação lógica; Segundo, a coerência com as premissas<br />
metodológicas adotadas. Este aspecto dá opção<br />
metodológica reencontra a questão do referencial teórico do<br />
trabalho, pois este implica igualmente uma opção<br />
epistemológica básica. Adotada esta, é preciso que as várias<br />
etapas do raciocínio sejam coerentes com estas estruturas<br />
epistemológicas do método: por exemplo, se o método<br />
adotado é estruturalista, não se pode argumentar diretamente<br />
de forma fenomenológica.
O PROCESSO DE ORIENTAÇÃO<br />
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No item anterior, ao tratar da exigência de autonomia do pós<br />
graduando na elaboração de seu trabalho, já se anunciou o<br />
problema da relação orientando-orientador nos cursos de pósgraduação.<br />
Este item visa abordar diretamente o assunto tratando de alguns<br />
aspectos relativos ao próprio processo de orientação da tese.<br />
O fundamental é observar que o processo de orientação deveria ser<br />
um processo que efetivasse uma relação essencialmente educativa.<br />
Com efeito, o orientador desempenha o papel de um educador, cuja<br />
experiência mais amadureci da interage com a experiência em<br />
construção do orientando. Não se trata de um processo de<br />
ensinamento instrucional, de um conjunto de aulas particulares, mas<br />
de um diálogo em que as duas partes interagem, respeitando a<br />
autonomia e a personalidade de cada uma.<br />
Contudo, nem sempre é claramente entendido o relacionamento<br />
entre o orientador e o orientando. Há várias posições assumidas<br />
perante este relacionamento: alguns entendem que o orientando<br />
deve pesquisar sobre o assunto de interesse do orientador e<br />
trabalhar sob um rígido esquema por ele determinado; outros já<br />
deixam o orientando totalmente, solto, numa situação de total<br />
independência, até mesmo perdido. É fundamental entender-se<br />
devidamente esta relação, levando-se em consideração inclusive a<br />
distinção entre a orientação em nível de mestrado e a orientação em<br />
nível de doutorado, reconhecida a base de formação de cada nível.<br />
O papel do orientador não é o papel de pai, de tutor, de protetor, de<br />
advogado de defesa, de analista, como também não é o de feitor,<br />
de carrasco, de senhor de escravos ou de coisa que o valha. Ele é<br />
pág; 15<br />
um educador, estabelecendo, portanto, com seu orientando uma<br />
relação educativa, com tudo o que isto significa, no plano da<br />
elaboração cientifica, entre pesquisadores. A verdadeira relação<br />
educativa pressupõe necessariamente um trabalho conjunto em que<br />
ambas as partes crescem. Trata-se de uma relação de<br />
enriquecimento recíproco. E necessário que ocorra uma interação<br />
dialética em que esteja ausente qualquer forma de opressão ou de<br />
submissão.<br />
O orientando não pode provocar no orientador uma atitude<br />
paternalista, com sua insegurança. impõe-se-lhe a necessária<br />
maturidade e segurança para que seja suficientemente autônomo<br />
no exercício de sua criatividade, não arrastando seu orientador num<br />
processo de deterioração, de autoritarismo intelectual, do poder de<br />
aplicação do saber. Portanto, desde a delimitação do tema e do<br />
problema de sua pesquisa, durante o desenvolvimento de seu<br />
trabalho, até a conclusão de sua dissertação ou tese, ele precisa<br />
assumir competência, segurança e autonomia para sua criação<br />
intelectual. A definição do tema deve ser sua obra. Não se procura<br />
um orientador enquanto se estiver de posse apenas de idéias vagas<br />
e propostas genéricas, na esperança de que ele defina as coisas e<br />
imponha os caminhos. Não se espera do orienta dor que ele<br />
reescreva capítulo por capítulo, que ele indique a bibliografia,<br />
informe as bibliotecas e as fontes. A contribuição do orientador será<br />
tanto mais enriquecedora, quanto mais informado e problematizado<br />
estiver o orientando, quanto mais alto for o nível de provocação<br />
intelectual suscitada pelo orientando. Por isso, antes de procurar<br />
seu orientador, o pós-graduando deve estudar e aprofundar suas<br />
propostas iniciais, mediante leitura, seminários, debates, até que<br />
devidamente instrumentado consiga amadurecer um projeto,<br />
elaborando-o por escrito. Só então cabe iniciar sua discussão com o<br />
orientador.
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
Neste momento e nestas condições, o orientador estará sugerindo<br />
pistas, testando opções feitas e posições assumidas, esclarecendo<br />
os caminhos seguidos, ajudando a clarear a proposta da pesquisa e<br />
a descobrir possíveis pontos fracos. O diálogo se inicia então<br />
possibilitando ao orientador sentir a segurança, o grau de<br />
autonomia, a perseverança e demais condições intelectuais do<br />
orientando para a continuidade da pesquisa e do próprio processo<br />
de orientação.<br />
Por mais que a autonomia do orientando seja condição<br />
imprescindível, não se pode desconsiderar a importância do diálogo<br />
e da discussão entre o orientador e o orientando. No processo de<br />
construção e crescimento intelectual do aluno, este diálogo será um<br />
elemento de definição e amadurecimento desta própria autonomia<br />
de que o orientando necessita para desenvolver com segurança sua<br />
pesquisa e assim ousar avançar.<br />
Mas cabe igualmente referir-se ao risco que correm os orientadores<br />
que, no afã de dar segurança e apoio ao orientando, acabam<br />
assumindo as tarefas que cabem a este, revelando não confiar<br />
suficientemente na sua maturidade e capacidade, abafando-o,<br />
impedindo seu crescimento intelectual e praticando igualmente o<br />
paternalismo. O orientador não pode assumir estas tarefas, por<br />
maiores que sejam as dificuldades que encontre o orientando, que<br />
deve, ao contrário, ser levado a superar lacunas de sua formação,<br />
bem como eventuais tendências à acomodação e à hesitação.<br />
Pode-se dizer então que o processo de orientação consiste<br />
basicamente numa leitura e numa discussão conjuntas, num embate<br />
de idéias, de apresentação de sugestões e de críticas, de respostas<br />
e argumentações, em que não será questão de impor nada mas,<br />
eventualmente, de convencer, de esclarecer, de prevenir. Tanto a<br />
respeito do conteúdo como a respeito da forma.<br />
pág; 16<br />
Só assim o orientador pode assumir seu papel de interlocutor crítico<br />
e exercer a autoridade legítima junto ao orientando, decorrente do<br />
próprio processo.<br />
Ao orientando cabe construir o seu projeto de dissertação ou tese,<br />
após ter definido seu tema, definido seu problema e as hipóteses<br />
que pretende demonstrar. Já se viu que este projeto deve ser obra<br />
do próprio orientando, que o amadurecerá a partir de sua própria<br />
experiência intelectual e científica, construída com dedicação e<br />
trabalho sistemático. Cabe a ele também elaborar e desenvolver o<br />
raciocínio que demonstrará na estrutura lógica e redacional de seu<br />
texto. São estes resultados que ele irá discutindo com seu<br />
orientador, na sua totalidade ou em partes, pela análise de capítulo<br />
por capítulo.<br />
É exatamente no momento em que o orientando apresenta o seu<br />
projeto ainda que em forma inicial, que a contribuição do orientador<br />
começa a se realizar na medida em que discute com o orientando a<br />
consistência e a viabilidade do projeto, sugerindo eventuais<br />
direcionamentos novos, novas leituras, novos campos bibliográficos,<br />
que poderão ampliar os horizontes do trabalho. O orientando<br />
explorará, testando as sugestões, reorganizando o projeto,<br />
retornando à discussão num momento seguinte. Conquistadas<br />
conjuntamente as etapas, o trabalho de pesquisa, reflexão e<br />
redação continuará. E durante todo o seu curso, o orientador estará<br />
então chamando a atenção para a exigência de coerência que o<br />
trabalho deve ter: se ele está alcançando os objetivos propostos;<br />
estará criticando também a presença de generalidades vagas e<br />
retóricas no texto, a imprecisão e ambigüidade dos conceitos que<br />
precisam ser devidamente definidos e explicitados.
O PROJETO DE PESQUISA<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
A realização das várias etapas de um trabalho monográfico<br />
pressupõe, naturalmente, certo amadurecimento. Esse<br />
amadurecimento é fruto de uma experiência de vida intelectual, de<br />
vida científica, construída quer mediante a realização de estudos,<br />
quer através de participação em pesquisas. Portanto, ao se propor a<br />
realização de um trabalho monográfico, seja ele didático ou<br />
cientifico, é necessário se inserir antes num "universo familiar de<br />
problemas", para que se possa então determinar um tema, definir<br />
um problema específico etc. Fica claro, então, que leituras, cursos;<br />
participação em seminários e em outras atividades são condições e<br />
contextos para a formação do universo de problematização.<br />
Posteriormente, voltar-se-á à exigência, como já foi adiantado, de se<br />
levantar uma bibliografia especializada, mas mesmo para isso é<br />
preciso estar de posse de algumas diretrizes norteadoras, ou seja,<br />
ter em mente o que se pretende fazer, pelo menos em suas grandes<br />
linhas. O curso de pós-graduação, enquanto comporta ainda<br />
escolaridade, tem o objetivo de criar esse contexto, fornecendo<br />
instrumentos, levantando dúvidas que façam germinar esses<br />
problemas que serão posteriormente pesquisados e cujo tratamento<br />
se transformará na dissertação ou na tese.<br />
As considerações até aqui feitas sobre as condições para a<br />
adequação e eficiência do processo de orientação suscitam a<br />
questão do papel dos cursos de pós-graduação. Na realidade,<br />
constata-se um grande abismo entre o momento vivido pelos pósgraduandos<br />
enquanto cursam as disciplina do regime curricular dos<br />
programas e o momento seguinte em que deveriam dar andamento<br />
a sua pesquisa com a ajuda do seu orientador. A falta de pontes<br />
entre estes dois momentos é a explicação das dificuldades que<br />
grande número de pós-graduandos encontram para desencadear<br />
suas pesquisas e da elevada taxa de evasão daqueles que, embora<br />
pág; 17<br />
terminando os créditos, abandonam o programa e desistem da<br />
dissertação.<br />
Era de se esperar que a estrutura acadêmica e curricular dos cursos<br />
de pós-graduação fornecesse um instrumental teórico e<br />
metodológico que propiciasse ao aluno condições de uma adequada<br />
escolha do problema de sua pesquisa, de acordo com seus<br />
interesses, encaminhando-o ao levantamento preliminar de fontes e<br />
dados necessários à pesquisa, para testar sua viabilidade. Inclusive<br />
deveria orientar o aluno para o levantamento bibliográfico,<br />
predispondo-o e habilitando-o ao diálogo com os autores que<br />
trataram do assunto. Não se trata - não basta - de fornecer um certo<br />
domínio de técnicas de pesquisa: é preciso toda uma imersão num<br />
universo teórico e conceitual, onde se encontram necessariamente<br />
as coordenadas epistemológicas e antropológicas de toda<br />
discussão relevante e crítica que hoje qualquer área científica possa<br />
desenvolver. Espera-se, pois, do conteúdo programático uma<br />
proposta provocadora de reflexão e de pesquisa, mediante um<br />
processo contínuo de problematização das temáticas, em interação<br />
permanente com os textos significativos de outros pensadores.<br />
A pós-graduação, mais que um conjunto de cursos, deveria<br />
constituir-se num espaço onde se desdobrasse um constante<br />
debate de idéias, de troca de conhecimentos, de reflexão, de<br />
estudo, de leitura e de discussão. Não só nas salas de aula mas<br />
também em grupos informais interessados em temas afins, em<br />
reuniões extracurriculares, em encontros culturais e científicos, em<br />
defesas de tese etc.<br />
Mas estas observações têm o seu reverso. Não há estrutura<br />
acadêmica que possa garantir a eficiência do processo, se os<br />
próprios pós-graduandos não o assumirem com uma postura crítica<br />
e comprometida decorrente de uma opção prévia, de dimensão
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político-existencial- cientes de sua responsabilidade social. A<br />
integração, participação e atuação no processo de produção<br />
científica, como já se disse, só se viabilizam e se justificam-se se<br />
vincularem ao projeto político e ao projeto existencial do pósgraduando<br />
pesquisador. Estes projetos implicam necessariamente<br />
um irredutível compromisso com a seriedade científica, com o<br />
trabalho dedicado e persistente, com o estudo sistemático, com o<br />
enfrentamento de todas as dificuldades estruturais e conjunturais,<br />
com a busca incessante de informações, deixando-se de lado todas<br />
as motivações alheias ao significado profundo que educação e<br />
ciência têm numa sociedade tão pobre e carente com a brasileira.<br />
Os problemas e fracassos da pós-graduação brasileira não<br />
decorrem apenas de suas limitações estruturais mas também de<br />
limitações da opção político-existencial dos pós-graduandos, nem<br />
sempre crítica e competentemente comprometida um projeto de<br />
transformação da sociedade e de superação das suas carências.<br />
Do que já se disse sobre o sentido político da pesquisa conclui-se<br />
claramente que a escolha e a delimitação de um tema de pesquisa<br />
pressupõem sua relevância não só acadêmica mas sobretudo<br />
social. Na sociedade brasileira, marcada por tantas e tão graves<br />
contradições, a questão da relevância social dos temas de pesquisa<br />
assume então um caráter de extrema gravidade.<br />
É neste contexto da pós-graduação que se coloca a questão da<br />
elaboração do projeto de pesquisa. Essa elaboração exige, tendo-o<br />
como premissa, um universo epistemológico e político. Mas, de um<br />
ponto de vista prático e científico, embora logicamente implícito no<br />
próprio desenvolvimento do trabalho, o projeto deve ser explicitado<br />
da perspectiva técnica, levando-se em conta certas exigências<br />
acadêmicas postas pelas instituições para as quais são feitos os<br />
trabalhos.<br />
Um projeto bem elaborado desempenha várias funções:<br />
pág; 18<br />
1. Define e planeja para o próprio orientando o caminho a ser<br />
seguido no desenvolvimento do trabalho de pesquisa e<br />
reflexão, explicitando as etapas a serem alcançadas, os<br />
instrumentos e estratégias a serem usados. Este<br />
planejamento possibilitará ao pós-graduando / pesquisador<br />
impor-se uma disciplina de trabalho não só na ordem dos<br />
procedimentos lógicos mas também em termos de<br />
organização do tempo, de seqüência de roteiros e<br />
cumprimentos de prazos.<br />
2. Atende às exigências didáticas dos professores, tendo em<br />
vista a discussão dos projetos de pesquisa em seminários,<br />
freqüentes, sobretudo em cursos de doutorado. Cada<br />
pesquisa submete sua proposta à apreciação dos colegas,<br />
com os quais a discute.<br />
3. Permite aos orienta dores que aquilatem melhor o sentido<br />
geral do trabalho de pesquisa e seu desenvolvimento futuro,<br />
podendo discutir desde o início, com o orientando, suas<br />
possibilidades, perspectivas e eventuais desvios.<br />
4. Subsidia a discussão e a avaliação pela banca examinadora<br />
das possibilidades do pós-graduando com vistas à<br />
elaboração de sua dissertação ou tese por ocasião do exame<br />
de qualificação.<br />
5. Serve de base para solicitação de bolsa de estudos ou de<br />
financiamento junto a agências de apoio à pesquisa e à pósgraduação.
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6. Serve de base para a coordenação de programas de pósgraduação<br />
decidir quanto à aceitação das matrículas de<br />
candidatos, sobretudo aos cursos de doutoramento.<br />
O projeto de pesquisa deverá conter vários elementos, que<br />
comporão o seguinte roteiro:<br />
a. Título do projeto<br />
b. Delimitação do tema e do problema<br />
c. Apresentação das hipóteses<br />
d. Explicitação do quadro teórico<br />
e. Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos<br />
f. Cronograma de desenvolvimento<br />
g. Referências bibliográficas básicas<br />
A. QUANTO AO TÍTULO DO PROJETO<br />
Trata-se de indicar, mediante um título, o assunto do<br />
trabalho.<br />
É uma nomeação do tema da pesquisa. Pode-se distinguir<br />
entre o título geral e um título técnico, este geralmente<br />
aparecendo como um subtítulo que especifica a temática<br />
abordada, ao passo que o título geral indica mais<br />
genericamente o teor do trabalho.<br />
B. DETERMINAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO TEMA E DO<br />
PROBLEMA DA PESQUISA<br />
Trata-se do momento fundamental do projeto de pesquisa.<br />
Com efeito, é o momento de se caracterizar de maneira mais<br />
desdobrada o conteúdo da problemática que vai se pesquisar<br />
e estudar.<br />
pág; 19<br />
Como já se viu anteriormente, o tema da pesquisa deve ser<br />
problematizado. Antes de se partir para a pesquisa<br />
propriamente dita, é preciso ter-se uma idéia bem clara do<br />
problema a se resolver. Trata-se de definir bem os vários<br />
aspectos da dificuldade, de mostrar o seu caráter de aparente<br />
contradição, esclarecendo devidamente os limites dentro dos<br />
quais se desenvolverão a pesquisa e o raciocínio<br />
demonstrativo.<br />
Esta etapa do projeto pode-se iniciar com uma apresentação<br />
que se coloca inicialmente a gênese do problema, ou seja, o<br />
autor chegou a ele, explicitando-se os motivos mais que<br />
levaram à abordagem do assunto; em seguida, ser feita uma<br />
contraposição aos trabalhos que já versaram o mesmo<br />
problema, elaborando-se uma espécie de estado da inclusive<br />
mediante rápida referência à literatura relativa tema com base<br />
num balanço crítico da bibliografia, já feito nos preparatórios.<br />
Passa-se então à etapa fundamental da colocação própria do<br />
problema pelo autor, como se esclareceu logo acima.<br />
Esclarecido o tema e delimitado o problema, o autor deve<br />
apresentar as justificativas, não apenas, mas, sobretudo<br />
aquelas baseadas na relevância social e científica da<br />
pesquisa proposta. A seguir, o autor expõe os objetivos que o<br />
trabalho visa atingir relacionados com a contribuição que<br />
pretende trazer. Após isto, pode explicitar suas hipóteses.<br />
C. A FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES<br />
Colocando o problema, em toda sua amplitude, o autor deve<br />
enunciar suas hipóteses: a tese propriamente dita, ou<br />
hipótese geral, é a idéia central que o trabalho se propõe<br />
demonstrar. Toda monografia científica, de caráter
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dissertativo, terá sempre a forma lógica de demonstração de<br />
uma tese proposta hipoteticamente para solucionar um<br />
problema. As hipóteses particulares são idéias cuja<br />
demonstração permite alcançar· as várias etapas que se<br />
deve atingir para a construção total do raciocínio.<br />
Obviamente, esta formulação de hipóteses levam em conta o<br />
quadro teórico em que se funda o raciocínio.<br />
É preciso não confundir hipótese com pressuposto, com<br />
evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e<br />
não o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de<br />
partida. Muitas vezes, ocorre esta confusão, ao se tomar<br />
como hipóteses proposições já evidentes no âmbito do<br />
referencial teórico ou da metodologia adotados. E, nestes<br />
casos, não há mais nada a demonstrar, e não se chegará a<br />
nenhuma conquista e o conhecimento não avança.<br />
D. EXPLICITAÇÃO DO QUADRO TEÓRICO<br />
O quadro teórico constitui o universo de princípios, categorias<br />
e conceitos, formando sistematicamente um conjunto<br />
logicamente coerente, dentro do qual o trabalho do<br />
pesquisador se fundamenta e se desenvolve.<br />
Tenha-se, contudo bem presente que ele serve antes como<br />
diretriz e orientação de caminhos de reflexão do que<br />
propriamente de modelo ou de forma, uma vez que o<br />
pensamento criativo não pode escravizar-se mecânica e<br />
formalmente a ele.<br />
É importante frisar que este quadro teórico precisa ser<br />
consistente e coerente, ou seja, ele deve ser compatível com<br />
o tratamento do problema e com o raciocínio desenvolvido e<br />
pág; 20<br />
ter organicidade, formando uma unidade lógica. Não se pode<br />
agregar, num único quadro, elementos teóricos incompatíveis<br />
entre si, ainda quando modelos diferentes pudessem ser<br />
mais úteis para a solução de diferentes processamentos de<br />
raciocínio ou de diferentes aspectos do problema. Fusões<br />
artificiais de modelos teóricos incoerentes levam<br />
necessariamente ao sincretismo lógico-filosófico, de pouca<br />
validade para o trabalho científico.<br />
E. INDICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E<br />
TÉCNICOS<br />
Nesta fase do projeto, bem caracterizada a natureza do<br />
problema, o autor deve anunciar o tipo de pesquisa que<br />
desenvolverá. Trata-se de explicitar aqui se trata de pesquisa<br />
empírica, com trabalho de campo ou de laboratório, de<br />
pesquisa teórica ou de pesquisa histórica ou se de um<br />
trabalho que combinará, e até que ponto, as várias formas de<br />
pesquisa. Diretamente relacionados com o tipo de pesquisa<br />
serão os métodos e técnicas a serem adotados. Entende-se<br />
por métodos os procedimentos mais amplos de raciocínio,<br />
enquanto técnicas são procedimentos mais restritos que<br />
operacionalizam os métodos, mediante emprego de<br />
instrumentos adequados.<br />
F. ESTABELECIMENTO DO CRONOGRAMA DE PESQUISA<br />
Assim, os vários momentos e etapas do desenvolvimento da<br />
pesquisa devem ser distribuídos no tempo. O que se<br />
materializa mediante a elaboração de um cronograma, ou<br />
seja, a distribuição das tarefas nos períodos do calendário.
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G. INDICAÇÃO DA BIBLIOGRAFIA<br />
Esta é a bibliografia básica, constituída daqueles textos<br />
fundamentais em que se aborda a problemática em questão.<br />
Geralmente, esta bibliografia já foi até abordada para a<br />
elaboração do próprio projeto: leituras que ajudaram à<br />
familiarização com o tema e ao amadurecimento do<br />
problema. Naturalmente, ela será enriquecida depois, no<br />
decorrer do próprio desenvolvimento da pesquisa: donde se<br />
vê que a bibliografia do projeto não é ainda tão completa<br />
como a que constará do trabalho, à qual se acrescentarão<br />
novos elementos descobertos e explorados durante a própria<br />
pesquisa.<br />
Este item pode ser desdobrado em duas partes, constando<br />
da primeira a bibliografia consultada e, da segunda, aquela<br />
bibliografia que, embora ainda não tenha sido explorada com<br />
vistas à elaboração do projeto, refere-se à sua temática,<br />
sugerindo possível contribuição para o desenvolvimento do<br />
trabalho.<br />
Observações:<br />
1. O projeto, em seus vários pontos, pode ser alterado no<br />
decorrer da pesquisa. Isto é normal e até positivo, uma vez<br />
que revela eventuais descobertas de dados novos e<br />
aprofundamento das idéias pelo autor.<br />
2. Também os itens deste roteiro podem ser reduzidos,<br />
ampliados ou estruturados em outra ordem, de acordo com a<br />
natureza da pesquisa a ser desenvolvida. A estruturação é<br />
flexível e seus elementos devem ser distribuídos de<br />
conformidade com as exigências lógicas da própria pesquisa.<br />
pág; 21<br />
3. Por outro lado, projeto de pesquisa não deve ser confundido<br />
com plano de trabalho. Apesar do caráter de provisoriedade<br />
de ambos, neste último caso trata-se da própria estrutura<br />
lógica da monografia, dividindo esquematicamente, como um<br />
sumário, os vários momentos do discurso, do ponto de vista<br />
de seu conteúdo.<br />
Resta lembrar ainda a distinção entre o projeto e o próprio trabalho -<br />
dissertação ou tese. No projeto, o pesquisador deve ter muito claro<br />
o caminho a ser percorrido, as etapas a serem vencidas, Os<br />
instrumentos e as estratégias a serem utilizadas. É para isto que,<br />
em última análise ele é feito, esta é a sua finalidade intrínseca. Mas<br />
não é o projeto que vai ser publicado e sim a dissertação ou a tese.<br />
E aí o que está em jogo é o resultado do trabalho desenvolvido de<br />
acordo com o projeto. Distinguem-se, pois, um do outro, plano de<br />
pesquisa e plano de exposição. Assim, nem sempre é necessário<br />
escrever um capítulo para explicar qual é o quadro teórico: o<br />
importante é basear-se nesse quadro teórico de maneira coerente.<br />
O leitor dar-se-á conta em qual quadro teórico o autor se apoiou.<br />
OBSERVAÇÕES TÉCNICAS ESPECÍFICAS<br />
As monografias científicas a serem desenvolvidas nos cursos de<br />
pós-graduação, seja a dissertação de mestrado, seja a tese de<br />
doutoramento ou demais trabalhos de alto nível, seguem as normas<br />
metodológicas gerais que foram apresentadas. Assim, por exemplo,<br />
a técnica bibliográfica a ser seguida é a mesma, mas sempre com<br />
maior exigência de rigor e completude. A bibliografia deve ser mais<br />
rica e mais bem explorada.<br />
Todavia, algumas características técnicas são específicas desses<br />
trabalhos e é importante realçá-las, uma vez que, também no que<br />
diz respeito à forma, se cobra sempre maior rigor e precisão na sua<br />
apresentação.
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Quanto à apresentação geral do trabalho, a monografia científica<br />
que se elabora como dissertação ou tese contém as seguintes<br />
partes:<br />
Capa<br />
Página de rosto<br />
Página de dedicatória<br />
Página de aprovação<br />
Sumário<br />
Lista de tabelas e/ou figuras<br />
Resumo<br />
Corpo do trabalho com:<br />
o Introdução<br />
o Desenvolvimento<br />
o Conclusão<br />
Apêndices<br />
Anexos<br />
Bibliografia<br />
Página de créditos do autor<br />
Capa<br />
São mantidas as partes principais dos trabalhos científicos em geral,<br />
sendo específicas a estas monografias acadêmicas, em<br />
contraposição aos trabalhos didáticos comuns, as seguintes partes:<br />
a página de dedicatória, a página de aprovação e o resumo. Quase<br />
todas as dissertações e teses contêm tabelas e quadros, às vezes<br />
figuras, e na maioria dos casos contêm igualmente apêndices e<br />
anexos.<br />
A capa inicial das teses de dissertações traz a indicação da<br />
natureza do trabalho, de seu objetivo acadêmico, da instituição a<br />
que está sendo apresentada e do nome do orientador. Do ponto de<br />
vista material, as capas são de cartolina diferente do papel usado<br />
pág; 22<br />
para o resto do trabalho. No alto, o nome do autor, no centro, o título<br />
do trabalho, mais abaixo, à direita, a explanação da natureza do<br />
trabalho e, embaixo, a instituição, a cidade e a data. A página de<br />
rosto retoma os dados da capa inicial; caso esta já tenha<br />
especificado a natureza do trabalho, faz-se desnecessário repeti-la<br />
nessa página.<br />
As páginas de dedicatória aparecem em teses acadêmicas de<br />
mestrado, de doutoramento, de livre-docência e em trabalhos a<br />
serem publicados, desde que se queira prestar alguma homenagem<br />
ou manifestar algum agradecimento a outra pessoa. Nas teses de<br />
mestrado e de doutoramento é praxe agradecer pelo menos ao<br />
orientador. Evitam-se exageros na manifestação de homenagens e<br />
agradecimentos.<br />
A página de aprovação aparece nas teses acadêmicas: é preciso<br />
prever espaço com tantas linhas quantos forem os membros da<br />
Comissão Julgadora 21 que assinarão alguns exemplares da tese.<br />
Na parte inferior da página:<br />
Comissão Julgadora<br />
Em geral, dada a natureza dessas monografias, elas contêm<br />
quadros, tabelas, apêndices e anexos. Todos esses elementos<br />
21 São 03 (três) examinadores nas defesas de dissertação de mestrado, e 05 (cinco) nas<br />
defesas de tese de doutorado e de livre-docência.
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constam do sumário sob forma de listas, e ainda são organizadas<br />
em sumários especiais: lista de tabelas, lista de figuras.<br />
Apêndices e anexos só se acrescentam quando exigidos pela<br />
natureza do trabalho; os apêndices geralmente constituem<br />
desenvolvimentos autônomos elaborados pelo próprio autor, para<br />
complementar o raciocínio, sem prejudicar a unidade do núcleo do<br />
trabalho; já os anexos são documentos, nem sempre do autor, que<br />
servem de complemento ao trabalho e fundamentam sua pesquisa e<br />
outros instrumentos de trabalho usados na pesquisa, como os<br />
questionários.<br />
Quanto aos índices especiais, convém observar que não há<br />
necessidade de elaborá-los para os trabalhos acadêmicos em geral,<br />
sendo, contudo, de extrema importância nos trabalhos científicos<br />
publicados, pois facilitam bastante a pesquisa.<br />
O índice de assuntos tem por objetivo facilitar a localização no texto<br />
dos temas principais tratados pelo trabalho; os temas vêm em<br />
ordem alfabética; o mesmo se dá com o índice de autores que<br />
classifica os nomes dos autores citados no decorrer do trabalho,<br />
tanto no corpo do texto, como nas notas de rodapé e na bibliografia.<br />
pág; 23
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pág; 24
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pág; 25<br />
Observações semelhantes devem ser feitas no que se refere ao<br />
prefácio, a respeito do qual cumpre ressaltar preliminarmente: não<br />
deve aparecer nos trabalhos didáticos nem é necessário nos<br />
trabalhos de grau. Sua importância é grande nos textos que são<br />
publicados, dados ao público. No que diz respeito ao conteúdo, o<br />
prefácio (ou proêmio, exórdio, advertência, apresentação, isagoga),<br />
como a introdução, contém observações preliminares a respeito do<br />
trabalho. Mas, enquanto a introdução é essencialmente temática,<br />
trata do assunto específico do trabalho, o prefácio trata do trabalho<br />
como que extrinsecamente, considerando-o como uma obra<br />
completa, independentemente de seu conteúdo. E como que uma<br />
apresentação ao público leitor, em que o autor fala de suas<br />
intenções, de suas dificuldades, de suas expectativas, do histórico<br />
da realização do trabalho e pode ainda agradecer a seus<br />
colaboradores. Em trabalhos acadêmicos, o prefácio é<br />
desnecessário.<br />
O prefácio, sobretudo quando escrito por alguém que não seja o<br />
próprio autor, pode ser usado para estabelecer um debate com o<br />
autor ou para apresentar idéias que criem contexto teórico mais<br />
amplo para o texto que se seguirá.<br />
Quando houver um prefácio escrito por um especialista, o autor fará,<br />
se quiser, breve apresentação de seu trabalho, do seu ponto de<br />
vista próprio.<br />
Quanto aos demais aspectos técnicos, os trabalhos de grau seguem<br />
as normas gerais para a elaboração da monografia científica.<br />
Acrescente-se ainda que esses trabalhos devem vir acompanhados<br />
de um resumo a ser elaborado: a dissertação de mestrado com um<br />
resumo com cerca de 300 palavras; no caso da tese de doutorado,<br />
o resumo terá cerca de 500 palavras. Tais resumos, além de serem
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escritos em português, eventualmente podem ser também escritos<br />
em francês e em inglês. Uma cópia desses resumos, com a<br />
respectiva identificação bibliográfica, deve ser encadernada no<br />
começo do trabalho, logo após o sumário. Tais resumos devem<br />
anunciar o objetivo do trabalho, a contribuição que pretende dar,<br />
assim como fornecer uma síntese dos resultados obtidos.<br />
Nas universidades, costuma-se distribuir aos assistentes das<br />
defesas públicas das teses separatas com esses resumos, para que<br />
possam acompanhar as argüições.<br />
O número de exemplares da dissertação e da tese varia de<br />
instituição para instituição. Cada uma define esse número em seu<br />
Regimento, devendo o pós-graduando se informar das exigências<br />
específicas de seu Programa.<br />
Quanto à apresentação gráfica, levando-se em conta o seu possível<br />
uso pelas bibliotecas, sugere-se que as dissertações e teses sejam<br />
encadernadas em forma de brochura, num tamanho-padrão de 21,5<br />
x 29,5 em. Capas de cartolina branca são recomendadas. É de<br />
grande utilidade a impressão do título do trabalho na lombada da<br />
brochura.<br />
Impõe-se criar o hábito de se incluir nas dissertações e teses uma<br />
pequena síntese da biografia de seu autor, contendo os dados mais<br />
significativos de sua formação acadêmica, de suas atividades<br />
profissionais e de sua produção bibliográfica, registrando assim os<br />
créditos do autor, bem como o endereço para contato por parte de<br />
outros pesquisadores.<br />
Além da exigência puramente técnica de que todo trabalho impresso<br />
devesse trazer os créditos pessoais de seu autor, a presença<br />
dessas informações é de grande relevância, não só para o<br />
pág; 26<br />
conhecimento do autor do trabalho, mas, sobretudo no sentido de<br />
facilitar eventuais contatos e intercâmbios por parte de outros<br />
pesquisadores que estarão investigando temáticas afins. Aliás, cabe<br />
aqui uma crítica e uma cobrança a algumas editoras nacionais que<br />
publicam livros, às vezes, sem uma mínima referência à pessoa do<br />
autor. Essa notícia sobre o autor deveria se constituir, sobretudo<br />
para o leitor que com ele está tomando um primeiro contato, uma<br />
importante via de acesso para a contextuação e apreensão de seu<br />
pensamento.<br />
A tradição dos programas de pós-graduação parece não ter<br />
consagrado essa prática. No entanto, ela precisa ser instaurada,<br />
tanto mais que, quase sempre, dissertações e teses são as<br />
primeiras publicações dos pós-graduandos, autores ainda não<br />
conhecidos fora de seu ambiente de trabalho e que, portanto,<br />
precisam ser divulgados. As dissertações e teses acabam<br />
alcançando um círculo mais amplo de leitores pesquisadores<br />
eventualmente interessados em estabelecer contatos com seus<br />
autores. Dadas às condições geográficas do país e a localização<br />
dos pólos de pós-graduação em poucos centros urbanos, ocorre<br />
uma grande dispersão desses autores.<br />
Sugere-se, então, que na última página da dissertação ou da tese<br />
seja incluída essa síntese biobibliográfica do autor, da qual conste<br />
igualmente um endereço para contatos. É bem verdade que a<br />
divulgação das teses é um problema muito mais complexo, mas a<br />
prática sugerida já é uma contribuição com vistas a sua superação.
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OUTRAS EXIGÊNCIAS ACADÊMICAS<br />
O pós-graduando se defrontará ainda, vez por outra, com algumas<br />
outras exigências acadêmicas que, embora tradicionais, nem<br />
sempre freqüentam seu cotidiano: é o caso dos Resumos Técnicos,<br />
dos Relatórios de pesquisa e do Memorial, de cuja preparação se<br />
falará um pouco, visando subsidiar aqueles que venham a ter que<br />
elaborá-los.<br />
RESUMOS TÉCNICOS DE <strong>TRABALHO</strong>S <strong>CIENTÍFICO</strong>S<br />
O Resumo em questão consiste na apresentação concisa do<br />
conteúdo de um trabalho de cunho científico (livro, artigo,<br />
dissertação, tese etc.) e têm a finalidade específica de passar ao<br />
leitor uma idéia completa do teor do documento analisado,<br />
fornecendo, além dos dados bibliográficos do documento, todas as<br />
informações necessárias para que o leitor /pesquisador possa fazer<br />
uma primeira avaliação do texto analisado e dar-se conta de suas<br />
eventuais contribuições, justificando a consulta do texto integral.<br />
O que deve conter o Resumo?<br />
Atendo-se à idéia central do trabalho, o Resumo deve começar<br />
informando qual a natureza do trabalho, indicar o objeto tratado, os<br />
objetivos visados, as referências teóricas de apoio, os<br />
procedimentos metodológicos adotados e as conclusões/resultados<br />
a que se chegou no texto. Responde assim às questões:<br />
De que natureza é o trabalho analisado (pesquisa empírica,<br />
pesquisa teórica, levantamento documental, pesquisa<br />
histórica etc.)?<br />
Qual o objeto pesquisado/estudado?<br />
O que se pretendeu demonstrar ou constatar?<br />
pág; 27<br />
Em que referências teóricas se apoiou o desenvolvimento do<br />
raciocínio?<br />
Mediante quais procedimentos metodológicos e técnicooperacionais<br />
se procedeu?<br />
Quais os resultados conseguidos em termos de atingimento<br />
dos objetivos propostos?<br />
Qual o perfil do Resumo?<br />
O texto do Resumo deve ser composto de um único parágrafo, com<br />
uma extensão entre 200 e 250 palavras, ou seja, de 1400 a 1700<br />
caracteres, computando-se todos os seus elementos. Limitando-se<br />
a expor objetivamente o conteúdo do texto, não deve conter<br />
opiniões ou observações avaliativas, nem conter desdobramentos<br />
explicativos. Inicia-se com a referenciação bibliográfica do<br />
documento e se encerra com a dedicação dos cinco unitermos<br />
temáticos mais significativos do texto. A formatação do texto<br />
(indicação da fonte, do tipo de letra, seu tamanho, espaço<br />
interlinear, margens etc.) fica a critério dos organizadores e na<br />
dependência do tipo de publicação em que os Resumos serão<br />
divulgados.<br />
Muitas vezes, no decorrer de sua vida acadêmica, o pesquisador é<br />
instado a apresentar Relatório de andamento ou de conclusão da<br />
pesquisa que vem fazendo ou que então está confluindo. Trata-se<br />
comumente de exigência institucional, oriunda, seja de agências de<br />
fomento - no caso de bolsas ou de financiamento de projetos -, seja<br />
de órgãos da própria instituição a que o pesquisador é vinculado.<br />
Pode ser solicitado também em função de exames de qualificação,<br />
no caso de alunos de cursos de pós-graduação.<br />
Os Relatórios de pesquisa, assim como os Relatórios de outras<br />
atividades, não devem ser confundidos com o Memorial.
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O Relatório, além de se referir a um projeto ou a um período em<br />
particular, visa pura e simplesmente historiar seu desenvolvimento,<br />
muito mais no sentido de apresentar os caminhos percorridos, de<br />
descrever as atividades realizadas e de apreciar os resultados<br />
parciais ou finais - obtidos. Obviamente deve sintetizar suas<br />
conclusões e os resultados até então conseguidos, sem, no entanto,<br />
a necessidade de conter análises e reflexões mais desenvolvidas,<br />
como é o caso no Memorial.<br />
O Relatório pode se iniciar com uma retomada dos objetivos do<br />
próprio projeto, passando, em seguida, à descrição das atividades<br />
realizadas e dos resultados obtidos. Se couber, como no caso dos<br />
Relatórios de andamento, deve ser encerrado com a programação<br />
das próximas etapas da continuidade da pesquisa. E não basta<br />
dizer que a pesquisa terá prosseguimento, é preciso detalhar e<br />
discriminar as várias atividades distribuídas nas várias etapas desse<br />
prosseguimento.<br />
Cópias dos produtos parciais - como transcrições de entrevistas,<br />
capítulos já elaborados, dados registrados e tabulados, podem ser<br />
anexadas ao Relatório, no qual devem ter sido sintetizados, não<br />
sendo, pois, necessário que tais produtos integrem o texto do<br />
Relatório em si.<br />
O MEMORIAL<br />
O Memorial tem importante utilidade acadêmica tanto em termos de<br />
uso institucional - para fins de concursos de ingresso e promoção na<br />
carreira universitária, de exames de seleção ou de qualificação em<br />
cursos de pós-graduação, de concursos de livre-docência - como<br />
em termos de retomada e avaliação da trajetória pessoal no âmbito<br />
acadêmico-profissional.<br />
pág; 28<br />
O Memorial é uma retomada articulada e intencionalizada dos<br />
dados do Curriculum Vitae do estudioso, no qual sua trajetória<br />
acadêmico-profissional fora montada e documentada, com base em<br />
informações objetiva e laconicamente elencadas. É claro que tal<br />
registro é também muito importante e suficiente para muitas<br />
finalidades de sua vida profissional. Mas o Memorial é muito mais<br />
relevante quando se trata de se ter uma percepção mais qualitativa<br />
do significado dessa vida, não só por terceiros, responsáveis por<br />
alguma avaliação e escolha, mas sobretudo pelo próprio autor. Com<br />
efeito, o Memorial tem uma finalidade intrínseca que é a de inserir o<br />
projeto de trabalho que o motivou no projeto pessoal mais amplo do<br />
estudioso. Objetiva assim explicitar a intencionalidade que perpassa<br />
e norteia esses projetos. Por exemplo, quando é o caso de se<br />
preparar um Memorial para um exame de qualificação, é o momento<br />
apropriado para se explicitar e se justificar o significado da pesquisa<br />
que está culminando na dissertação ou tese, e que tem a ver com<br />
um determinado resultado que está sendo construído em função de<br />
uma proposta mais ampla que envolve todo o investimento que o<br />
estudioso vem fazendo, no contexto de seu projeto existencial de<br />
vida e de trabalho científico e educacional.<br />
O Memorial constitui, pois, uma autobiografia, configurando-se<br />
como uma narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve<br />
então ser composto sob a forma de um relato histórico, analítico e<br />
crítico, que dê conta dos fatos e acontecimentos que constituíram a<br />
trajetória acadêmico-profissional de seu autor, de tal modo que o<br />
leitor possa ter uma informação completa e precisa do itinerário<br />
percorrido. Deve dar conta também de urna avaliação de cada<br />
etapa, expressando o que cada momento significou, as<br />
contribuições ou perdas que representou. O autor deve fazer um<br />
esforço para situar esses fatos e acontecimentos no contexto<br />
histórico-cultural mais amplo em que se inscrevem, já que eles não<br />
ocorreram dessa ou daquela maneira só em função de sua vontade
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ou de sua omissão, mas também em função das determinações<br />
entrecruzadas de muitas outras variáveis. A história particular de<br />
cada um de nós se entre tece numa história mais envolvente da<br />
nossa coletividade. É assim que é importante ressaltar as fontes e<br />
as marcas das influências sofridas, das trocas realizadas com<br />
outras pessoas ou com as situações culturais. É importante também<br />
frisar, por outro lado, os próprios posicionamentos, teóricos ou<br />
práticos, que foram sendo assumidos a cada momento. Deste ponto<br />
de vista, o Memorial deve expressar a evolução, qualquer que tenha<br />
sido ela, que caracteriza a história particular do autor.<br />
O Memorial deve cobrir a fase de formação do autor, sintetizando<br />
aqueles momentos menos marcantes e desenvolvendo aqueles<br />
mais significativos; depois deve destacar os investimentos e<br />
experiências no âmbito da atividade profissional, avaliando sua<br />
repercussão no direcionamento da própria vida; o amadurecimento<br />
intelectual pode ser acompanhado relacionando-o com a produção<br />
científica, o que pode ser feito mediante a situação de cada trabalho<br />
produzido numa determinada etapa desse esforço de apreensão ou<br />
de construção do conhecimento e mediante sua avaliação enquanto<br />
tentativa de compreensão e de explicação de uma determinada<br />
temática.<br />
O Memorial se encerra, então, indicando os rumos que se pretende<br />
assumir ou que se está assumindo no momento atual, tendo como<br />
fundo a história pré-relatada. Quando elaborado para um exame de<br />
qualificação, trata-se de situar o projeto de dissertação ou tese<br />
enquanto meta atual e a curto prazo, articulando-o com os<br />
investimentos até então feitos e com aqueles que ele oportunizará<br />
para o futuro imediato.<br />
Enquanto texto narrativo e interpretativo, recomenda-se que o<br />
Memorial inclua em sua estrutura redacional subdivisões com<br />
pág; 29<br />
tópicos/títulos que destaquem os momentos mais significativos. No<br />
mínimo, aqueles mais gerais, como os momentos de formação, da<br />
atuação profissional, da produção científica etc. Melhor ficaria, no<br />
entanto, se esta divisão já traduzisse uma significação temática que<br />
realçasse a especificidade daquele momento.<br />
Resta dizer ainda que o Memorial não deve se transformar nem<br />
numa peça de auto-elogio nem numa peça de autoflagelo: deve<br />
buscar retratar, com a maior segurança possível, com fidelidade e<br />
tranqüilidade, a trajetória real que foi seguida, que sempre é tecida<br />
de altos e baixos, de conquistas e de perdas. Relatada com<br />
autenticidade e criticamente assumida, nossa história de vida é<br />
nossa melhor referência.<br />
ATIVIDADES CIENTÍFICAS EXTRA-ACADÊMICAS 22<br />
A vida científica de professores e estudantes universitários não se<br />
limita às atividades curriculares que se desenvolvem no interior das<br />
faculdades. Muitos eventos acontecem em outros contextos<br />
culturais e institucionais, em que estudiosos e pesquisadores,<br />
independentemente de sua origem acadêmica, apresentam e<br />
discutem teses de suas áreas, promovendo assim a divulgação e o<br />
debate de suas idéias.<br />
Tem-se assim os Congressos, as Conferências, os Encontros, as<br />
Reuniões, os Seminários, os Simpósios, as Jornadas etc. Todos<br />
estes eventos são entendidos como reuniões extraordinárias,<br />
congregando pessoas interessadas em algum campo temático das<br />
diversas áreas de conhecimento e da cultura, que se dispõem a<br />
22 Cabe aqui registrar um sincero agradecimento a Dircenéa De Lázzari Corrêa, primeira<br />
secretária da Sociedade Brasileira de Psicologia, pelos subsídios que me enviou para a<br />
elaboração deste tópico. Quero agradecer também à Secretaria da SBPe, pelos elementos<br />
fornecidos para o mesmo fim
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discutir temas específicos, de uma forma sistemática e durante um<br />
certo período de tempo.<br />
Em nossos meios acadêmicos atuais, nem sempre se distingue bem<br />
o significado especifico de cada tipo de evento e, na linguagem<br />
comum, os termos são muitas vezes tomados uns pelos outros. No<br />
entanto, pode-se identificar algumas características peculiares que<br />
deram origem à designação, as quais, embora possam ter se<br />
perdido, indicam a idéia geratriz do evento. As caracterizações que<br />
seguem pretendem apenas delimitar um pouco os seus significados,<br />
levando-se em consideração as práticas mais comuns em nosso<br />
meio.<br />
No âmbito desses eventos, os trabalhos científicos dos participantes<br />
são apresentados e debatidos sob diversas condições: de forma, de<br />
tempo, de aprofundamento. Dentre esses eventos são mais comuns<br />
em nosso meio os seguintes: congressos, conferências, palestras,<br />
simpósios, mesas-redondas, painéis, seminários, cursos,<br />
comunicações etc. De modo geral em todas estas atividades abrese<br />
Um espaço de tempo para que os participantes/assistentes<br />
possam também se manifestar entrando no debate.<br />
Assim, Congresso é uma reunião, um encontro para fins de<br />
discussão e debate de idéias, promovido em geral por entidades e<br />
associações de especialistas das várias áreas, interessados em<br />
acompanhar, disseminar e debater as teses que expressam a<br />
evolução do conhecimento dessas áreas. Como este tipo de debate<br />
parece ter-se desenvolvido antes no âmbito das associações<br />
políticas, registra-se a marca inicial de que o congresso era<br />
destinado apenas a delegados, especificamente indicados para dele<br />
participarem, levando posições previamente discutidas e<br />
eventualmente acertadas pelas entidades que se faziam<br />
representar. Hoje sua significação já se estendeu, abrangendo<br />
pág; 30<br />
qualquer evento, de certa proporção, em que se debatem questões<br />
de interesse dos participantes. Resta ainda a marca de que os<br />
congressos são organizados e promovidos por entidades de classe<br />
ou então por associações científicas.<br />
Já a Conferência, enquanto evento geral, se aproxima muito do<br />
significado do congresso. No entanto, a conferência conota uma<br />
abordagem mais ampla do que o congresso, não partindo de uma<br />
entidade em particular, mas de todas as entidades de uma<br />
determinada área. A Conferência tende a ser um evento promovido<br />
dentro de uma certa periodicidade. Exemplo, a Conferencia<br />
Brasileira de Educação, a CBE, evento convocado por várias<br />
entidades de educadores e que, até 1991, acontecia de dois em<br />
dois anos.<br />
Mas conferência é termo usado, num sentido mais restrito e mais<br />
conhecido, como sinônimo de palestra. Trata-se de uma palestra<br />
numa perspectiva mais solene! Esta atividade tem caráter bem<br />
amplo e geralmente se dá num contexto não informal. Trata-se da<br />
fala de um único expositor, geralmente figura de destaque na área e<br />
no contexto sociocultural. Nem sempre sua fala é seguida de<br />
debates, limitando-se à exposição de suas idéias.<br />
A Palestra é uma conferência feita em condições menos solenes,<br />
inserida no contexto de um evento maior ou mesmo pronunciada<br />
isoladamente. Também pronunciada por um único expositor, sua<br />
fala pode ser seguida de debates com os ouvintes.<br />
O Encontro designa um evento de menor porte que um Congresso e<br />
mais abrangente do que uma simples reunião. Também se destina<br />
ao debate aberto de temas predeterminados, sob diversas formas<br />
de sessão.
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A Reunião, em principio, deveria designar um evento mais restrito;<br />
no entanto, às vezes é tomada como Encontro ou Congresso.<br />
A Jornada é um encontro que faz referência a um certo tempo, em<br />
termos de dias. Mas é também tomada no sentido de Encontro.<br />
O Simpósio, em princípio, é uma reunião destinada apenas a<br />
especialistas, que se reúnem para discutir tema previamente<br />
determinado. Em geral versa sobre um único tema que vem sendo<br />
pesquisado por estudiosos, em instituições diferentes, que são<br />
convidados por uma entidade, para debatê-lo, numa perspectiva de<br />
troca de informações, de idéias e de conclusões. O debate é<br />
presidido por um coordenador.<br />
O Seminário é uma reunião mais restrita, como se fosse um grupo<br />
de estudos, em que se discute um tema a partir da contribuição de<br />
todos os participantes. No âmbito acadêmico, seminário é tomado<br />
muitas vezes como uma forma de atividade didático-científica, que é<br />
objeto de uma apresentação específica em outra parte deste livro,<br />
dada sua relevância no processo de ensino-aprendizagem.<br />
Em encontros de grande porte, realizam-se as Sessões de<br />
Comunicações, destinadas sobretudo a que pesquisadores<br />
apresentem, de forma abreviada e sintética, resultados de<br />
pesquisas que vêm realizando. Tanto podem tratar de uma temática<br />
predeterminada (fala-se então de Sessão de Comunicação<br />
Coordenada), ou sobre temas variados (fala-se de Sessão de<br />
Comunicações Orais). A comunicação relata estudos, resultados de<br />
pesquisa, experiências, de iniciativa pessoal. Trata-se de uma<br />
exposição mais sucinta, uma vez que, em geral, pouco tempo lhe é<br />
reservado nos encontros.<br />
pág; 31<br />
A Mesa-Redonda visa à apresentação de pontos de vista diferentes<br />
sobre uma mesma questão, mas a partir da exposição de um dos<br />
participantes. Em princípio, os demais participantes tomam<br />
conhecimento prévio do texto do expositor, apresentando então<br />
comentário crítico às suas posições. Após esses comentários, a<br />
palavra volta ao expositor, podendo ser aberta também aos<br />
assistentes. Dado esse formato da mesa-redonda, é conveniente<br />
que se limite a apenas dois o número de debatedores.<br />
O Painel é a apresentação de trabalhos sobre um mesmo tema,<br />
abordado sob pontos de vista diferentes, todos expostos livremente,<br />
sem referência a colocação prévia de qualquer dos participantes,<br />
que podem ser três ou mais. O que caracteriza o painel é que ele<br />
abre espaço para um maior número de exposições, embora com<br />
tempo reduzido para cada uma.<br />
Estão se tornando comuns as designações Oficinas e Workshops.<br />
Trata-se de reuniões mais restritas em termos de número de<br />
expositores e de participantes, destinadas a apresentação de<br />
trabalhos, de experiências, de pesquisas, propiciando oportunidade<br />
de divulgação e debate. Elas podem ocorrer tanto no âmbito de<br />
eventos mais amplos quanto como atividades autônomas. Têm um<br />
caráter de uma realização participada, ou seja, com a preocupação<br />
de levar os participantes à vivenciarem experiências, projetos,<br />
programas etc.<br />
Igualmente vêm se tornando comum nos diversos encontros as<br />
Apresentações de Pôsteres, que são apresentações de trabalhos<br />
via cartazes, com fotos, figuras, esquemas, quadros e textos<br />
concisos, referentes a alguma experiência, atividade ou proposta.<br />
Estes pôsteres ficam expostos ao público participante, o autor dos<br />
mesmos colocando-se à disposição para fornecer eventuais<br />
esclarecimentos que forem solicitados pelos observadores.
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É bom lembrar que os trabalhos enviados para participação em<br />
eventos científicos, em geral, devem ser acompanhados de um<br />
resumo contendo em média de 200 a 300 palavras. As comissões<br />
organizadoras dos eventos informam previamente, através de suas<br />
circulares, as condições de participação e o formato dos trabalhos e<br />
resumos. Algumas orientações para o feitio do resumo já foram<br />
apresentadas neste texto.<br />
AS EXIGÊNCIAS ÉTICAS DA PESQUISA<br />
As pesquisas que envolvem seres humanos, além de dever cumprir<br />
as exigências éticas gerais de toda atividade científica e aquelas<br />
ligadas à ética profissional da área de atuação profissional do<br />
pesquisador, devem atender ainda a aspectos éticos específicos,<br />
tais como estão especificados na Resolução 196, do Conselho<br />
Nacional de Saúde. Desse modo, ao preparar o seu projeto de<br />
pesquisa, quando envolvendo sujeitos humanos, o pesquisador<br />
deve pautar-se igualmente nas diretrizes e normas dessa<br />
Resolução, uma, vez que o seu projeto passará por apreciação de<br />
um Comitê de Ética autônomo, criado nas Instituições para esse fim.<br />
O estabelecimento dessas diretrizes e a criação dos comitês têm<br />
em vista “defender os interesses dos sujeitos de pesquisa em sua<br />
integridade e dignidade e contribuir no desenvolvimento da pesquisa<br />
dentro de padrões éticos" (Resolução 196, item II, 14).<br />
De acordo com os termos da Resolução, a eticidade da pesquisa<br />
implica os seguintes quesitos:<br />
1. autonomia: consentimento livre e esclarecidos dos<br />
indivíduos-alvo e a proteção a grupos vulneráveis e aos<br />
legalmente incapazes, de modo que sejam tratados com<br />
dignidade, respeitados em sua autonomia, e defendê-las em<br />
sua vulnerabilidade;<br />
pág; 32<br />
2. beneficência: ponderação entre riscos e benefícios, tanto<br />
atuais como potenciais, individuais ou coletivos,<br />
comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo<br />
de danos e riscos;<br />
3. não-maleficência: garantir que danos previsíveis serão<br />
evitados;<br />
4. justiça e eqüidade: fundar-se na relevância social da<br />
pesquisa.<br />
As instituições de qualquer natureza, nas quais se realizam<br />
pesquisas envolvendo pessoas, deverão constituir seu Comitê de<br />
Ética em Pesquisa. Caso ainda não esteja instalado, o pesquisador<br />
deve recorrer a Comitê de outra Instituição congênere. Inclusive as<br />
agências de financiamento passarão a exigir que os projetos sejam<br />
acompanhados de parecer de aprovação por Comitê de Ética.<br />
De sua parte, os pesquisadores – seja quando da realização de<br />
suas pesquisas para obtenção de títulos acadêmicos, seja quando<br />
fazendo investigações institucionais – que envolvam pessoas<br />
humanas como sujeitos pesquisados devem providenciar o<br />
encaminhamento prévio de seus projetos para apreciação por parte<br />
do Comitê de Ética da instituição onde a pesquisa se realizará.<br />
MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA<br />
Quando o homem começou a interrogar-se a respeito dos fatos do<br />
mundo exterior, na cultura e na natureza, surgiu a necessidade de<br />
urna metodologia da pesquisa científica.<br />
Metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são<br />
percorridos na busca do conhecimento.
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Descartes, pensador e filósofo francês, em seu Discurso do<br />
Método 23 , expõem a idéia fundamental de que é possível chegar-se<br />
à certeza por intermédio da razão. Das concepções de Descartes<br />
surgiu o método dedutivo, cuja técnica se fundamenta em<br />
esclarecer as idéias através de cadeias de raciocínio.<br />
Para Descartes, para quem verdade e evidência são a mesma<br />
coisa, pelo raciocínio toma-se possível chegar a conclusões<br />
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes,<br />
começando-se pelas proposições mais simples e evidentes até<br />
alcançar, por deduções lógicas, a conclusão final.<br />
Segundo Francis Bacon (1561-1626), filósofo inglês, a lógica<br />
cartesiana, racionalista, não leva a nenhuma descoberta, apenas<br />
esclarece o que estava implícito, pois somente através da<br />
observação se pode conhecer algo novo. Este princípio básico<br />
fundamenta o método indutivo, que privilegia a observação como<br />
processo para chegar-se ao conhecimento. A indução consiste em<br />
enumerar os enunciados sobre o fenômeno que se quer pesquisar<br />
e, através da observação, procura-se encontrar algo que está<br />
sempre presente na ocorrência do fenômeno.<br />
Bacon estabeleceu também um método de pesquisa paralelo ao da<br />
indução: o método do raciocínio analógico ou raciocínio por<br />
classificação. Para ele, o raciocínio silogístico 24 proposto pela<br />
Lógica de Aristóteles e utilizado por Descartes, essencialmente<br />
dedutivo, deveria ser substituído por sua nova lógica indutiva 25 .<br />
23 DESCARTES, René. Discurso do método. Lisboa: Sá da Costa, 1956.<br />
24 Silogismo é um tipo de raciocínio baseado em duas premissas: maior<br />
(universal); menor (particular) que levam, através da dedução, à conclusão.<br />
25 BACON, Francis. Novum Organum. São Paulo: Abril Cultural 1973 (Col. Os<br />
Pensadores)<br />
pág; 33<br />
O método classificatório é usado nas pesquisas das Ciências da<br />
natureza, principalmente Botânica, Zoologia, Geologia, Mineralogia,<br />
mas também na Tecnologia.<br />
Os métodos racionais podem abranger as ciências formais e parte<br />
das ciências da natureza. Os métodos empíricos, baseados na<br />
observação sensorial, abrangem parte das ciências da natureza e<br />
as da cultura ou sociais.<br />
A pesquisa das ciências que se situam na faixa intermediária entre<br />
as formais e as da natureza pode desenvolver-se através do método<br />
experimental, idealizado por Galileu Galilei (1564-1642), físico e<br />
astrônomo italiano. Tal método, focalizado na obra deste autor:<br />
Diálogos sobre as novas ciências (1638), baseia-se na formulação<br />
de uma hipótese ou conjectura sobre o fenômeno a ser pesquisado;<br />
na formulação de uma série de teoremas ou teses teóricas e na<br />
execução de experiências, com a finalidade de obter-se a<br />
confirmação ou negação da hipótese formulada.<br />
O método experimental é utilizado nas ciências físico-químicas, na<br />
pesquisa sobre os fenômenos da natureza passíveis de serem<br />
matematizados, tais como extensão, massa, movimento, partícula,<br />
elemento, carga elétrica, campo de força etc.<br />
Segundo um consenso generalizado, há mais exatidão e rigor nas<br />
ciências experimentais que nas ciências humanas. Na verdade, as<br />
ciências experimentais pesquisam, de modo geral, fenômenos<br />
físicos, regidos por determinismo da natureza, por leis fatais<br />
passíveis de previsão e que podem até ser provocados, para serem<br />
mais bem observados, Já nas ciências humanas, há mais ou menos<br />
liberdade humana que, obviamente, não inclui subjetividade e<br />
opiniões pessoais. Embora as leis que regem as ciências humanas<br />
sejam mais flexíveis, ou menos rigorosas, estudam fenômenos
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reais, ainda que diferentes dos pesquisados nas ciências<br />
experimentais: trata-se de fatos humanos, qualitativos, por isso não<br />
admitem avaliação quantitativa.<br />
MÉTODOS DE ABORDAGEM<br />
Método de abordagem é o conjunto de procedimentos utilizados na<br />
investigação de fenômenos ou no caminho para chegar-se à<br />
verdade. Segundo CERVO & BERVIAN (1983, p. 23):<br />
"Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor<br />
aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou<br />
um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o<br />
conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na<br />
investigação e demonstração da verdade."<br />
Admitindo-se a distinção entre métodos de abordagem e métodos<br />
de procedimento, pode-se dizer que os métodos de abordagem<br />
referem-se ao plano geral do trabalho, a seus fundamentos lógicos,<br />
ao processo de raciocínio adotado, uma vez que os métodos de<br />
abordagem são essencialmente racionais. Desse ponto de vista, os<br />
métodos de abordagem são exclusivos entre si, embora se admita a<br />
possibilidade de mais de um método de abordagem ser empregado<br />
em uma pesquisa.<br />
Outra característica dos métodos de abordagem é constituírem-se<br />
de procedimentos gerais, baseados em princípios lógicos,<br />
permitindo sua utilização em várias ciências. O método dedutivo,<br />
por exemplo, tanto pode ser usado na Matemática, na Sociologia,<br />
na Economia, na Lógica ou na Física Teórica.<br />
pág; 34<br />
Conforme o tipo de raciocínio empregado, os métodos de<br />
abordagem classificam-se em: dedutivo, indutivo, hipotéticodedutivo<br />
e dialético.<br />
A. MÉTODO DEDUTIVO<br />
A dedução é o caminho das conseqüências, pois uma cadeia de<br />
raciocínio em conexão descendente, isto é, do geral para o<br />
particular, leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de<br />
teorias e leis gerais, pode-se chegar à determinação ou previsão de<br />
fenômenos particulares.<br />
Exemplo de raciocínio dedutivo:<br />
Todo homem é mortal ................................... universal, geral<br />
Pedro é homem ..................................................... particular<br />
logo, Pedro é mortal ............................................... conclusão<br />
B. MÉTODO INDUTIVO<br />
Na indução percorre-se o caminho inverso ao da dedução, isto é, a<br />
cadeia de raciocínio estabelece conexão ascendente, do particular<br />
para o geral. Neste caso as constatações particulares é que levam<br />
às teorias e leis gerais.<br />
o calor dilata o ferro ............................................ particular<br />
o calor dilata o bronze ............................................ particular<br />
o calor dilata o cobre ............................................ particular<br />
logo, o calor dilata todos os metais .............. geral, universal<br />
De certa forma, o método indutivo confunde-se com o experimental,<br />
que compreende as seguintes etapas:
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Observação – manifestações da realidade, espontâneas ou<br />
provocadas;<br />
• hipótese(s) – tentativa de explicação;<br />
• experimentação – observa-se a reação de causa-efeito,<br />
imaginada na etapa anterior;<br />
• comparação – classificação, análise e crítica dos dados<br />
recolhidos;<br />
• abstração - verificação dos pontos de acordo e de desacordo<br />
dos dados recolhidos;<br />
• generalização – consiste em estender a outros casos, da<br />
mesma espécie, um conceito obtido com base nos dados<br />
observados.<br />
C. MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO<br />
O método hipotético-dedutivo é considerado lógico por excelência.<br />
Acha-se historicamente relacionado com a experimentação, motivo<br />
pelo qual é bastante usado no campo das pesquisas das ciências<br />
naturais.<br />
Não é fácil estabelecer a distinção entre o método hipotéticodedutivo<br />
e o indutivo, uma vez que ambos são fundamentados na<br />
observação. A diferença é que o método hipotético-dedutivo não se<br />
limita à generalização empírica das observações realizadas,<br />
podendo-se, através dele, chegar à construção de teorias e leis.<br />
D. MÉTODO DIALÉTICO<br />
O método dialético não envolve apenas questões ideológicas,<br />
geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da<br />
realidade pelo estudo de sua ação recíproca.<br />
pág; 35<br />
Segundo GIL (1987b, p. 32), há certos princípios comuns a toda<br />
abordagem dialética:<br />
1. Princípio da unidade e luta dos contrários. Os fenômenos<br />
apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente<br />
unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos.<br />
2. Princípio da transformação das mudanças quantitativas em<br />
qualitativas. Quantidade e qualidade são características<br />
inerentes a todos os objetos e fenômenos, e estão interrelacionados.<br />
No processo de desenvolvimento, as<br />
mudanças quantitativas graduais geram mudanças<br />
qualitativas.<br />
3. Princípio da negação da negação. O desenvolvimento<br />
processa-se em espiral, isto é, suas fases repetem-se, mas<br />
em nível superior.<br />
Do exposto deduz-se que o método dialético é contrário a todo<br />
conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança, pois<br />
sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se<br />
desagrega e se transforma.<br />
E. MÉTODOS DE PROCEDIMENTOS<br />
Os métodos de procedimentos não são exclusivos entre si, mas<br />
devem adequar-se a cada área de pesquisa.<br />
Ao contrário dos métodos de abordagem, têm caráter mais<br />
específico, relacionando-se, não com o plano geral do trabalho, mas<br />
com suas etapas.<br />
Segundo LAKATOS (1981, p. 32-34), os principais métodos de<br />
procedimentos, na área das Ciências Sociais, são: histórico,
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comparativo, estatístico, funcionalista, estruturalista, monográfico<br />
etc.<br />
F. MÉTODO HISTÓRICO<br />
Consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições<br />
do passado para identificar sua influência na sociedade de hoje.<br />
Partindo do princípio de que as atuais formas de vida social, as<br />
instituições e os costumes têm origem no passado, é importante<br />
pesquisar suas raízes, para compreender sua natureza e função.<br />
G. MÉTODO COMPARATIVO<br />
Este método realiza comparações com a finalidade de verificar<br />
semelhanças e explicar divergências. O método comparativo é<br />
usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado,<br />
ou entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades de<br />
iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.<br />
H. MÉTODO ESTATÍSTICO<br />
O método estatístico fundamenta-se na utilização da teoria<br />
estatística das probabilidades. Suas conclusões apresentam grande<br />
probabilidade de serem verdadeiras, embora admitam certa margem<br />
de erro. A manipulação estatística permite comprovar as relações<br />
dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza,<br />
ocorrência ou significado.<br />
I. MÉTODO FUNCIONALISTA<br />
Utilizado por Bronislaw Malinowski (1884-1942), é, a rigor, mais um<br />
método de interpretação do que de investigação.<br />
pág; 36<br />
O método funcionalista enfatiza as relações e o ajustamento entre<br />
os diversos componentes de uma cultura ou sociedade.<br />
Portanto, o método funcionalista estuda a sociedade do ponto de<br />
vista da função. de suas unidades, visto que considera toda<br />
atividade social e cultural como funcional ou como desempenho de<br />
funções.<br />
J. MÉTODO ESTRUTURALISTA<br />
Na conceituação empregada porGIL (1988, p. 38-39).<br />
"O termo estruturalismo é utilizado para designar as correntes de<br />
pensamento que recorrem à noção de estrutura para explicar a<br />
realidade em todos os níveis."<br />
O método desenvolvido por Lévi-Strauss parte da investigação de<br />
um fenômeno concreto, atinge o nível do abstrato, por intermédio da<br />
constituição de um modelo que represente o objeto de estudo,<br />
retomando ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada<br />
e relacionada com a experiência do sujeito social. O método<br />
estruturalista, portanto, caminha do concreto para o abstrato e viceversa,<br />
dispondo, na segunda etapa, de um modelo para analisar.<br />
K. MÉTODO MONOGRÁFICO OU ESTUDO DE CASO<br />
O método monográfico consiste no estudo de determinados<br />
indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou<br />
comunidades, com a finalidade de obter generalizações. Foi criado<br />
por Le Play, que o empregou para estudar famílias operárias na<br />
Europa.
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O estudo monográfico pode, também, abranger o conjunto das<br />
atividades de um grupo social particular, como no exemplo das<br />
cooperativas e do grupo indígena. A vantagem do método consiste<br />
em respeitar a "totalidade solidária" dos grupos, ao estudar, em<br />
primeiro lugar, a vida do grupo em sua unidade concreta, evitando a<br />
dissociação prematura de seus elementos. São exemplos desse tipo<br />
de estudo: monografias regionais, as rurais, as de aldeia e até as<br />
urbanas.<br />
TÉCNICAS DE PESQUISA<br />
As técnicas de pesquisa acham-se relacionadas com a coleta de<br />
dados, ou seja, a parte prática da pesquisa.<br />
Técnicas são conjuntos de normas usadas especificamente em<br />
cada área das ciências, podendo-se afirmar que a técnica é a<br />
instrumentação específica da coleta de dados.<br />
A distinção entre "método" e "técnica" é feita por RUIZ (1991, p.<br />
138), nos seguintes termos:<br />
"A rigor, reserva-se a palavra método para significar o traçado das<br />
etapas fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra técnica<br />
significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos<br />
recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas<br />
etapas do método.( ... )"<br />
Portanto, observa-se que método constitui um procedimento geral,<br />
enquanto técnica abrange procedimentos específicos.<br />
As técnicas de pesquisa podem ser agrupadas em dois tipos de<br />
procedimentos: documentação indireta e documentação direta.<br />
DOCUMENTAÇÃO INDIRETA<br />
pág; 37<br />
Fazem parte da documentação indireta a pesquisa bibliográfica e a<br />
pesquisa para aprofundamento do assunto, aconselha-se consultar:<br />
MARCONI, M. de A., LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 2.ed.<br />
rev. e aum. São Paulo: Atlas, 1990. p. 57-75.<br />
DOCUMENTAÇÃO DIRETA<br />
A documentação direta abrange a observação direta intensiva e a<br />
obserrvação direta extensiva.<br />
a. Observação direta intensiva: baseia-se nas técnicas de<br />
observação propriamente dita e nas entrevistas.<br />
Modalidades de observação direta intensiva:<br />
sistemática – quando planejada, estruturada;<br />
assistemática – não estruturada;<br />
participante – quando o pesquisador participa<br />
dos fatos a serem observados;<br />
nào partícípante – o pesquisador limita-se à<br />
observação dos fatos;<br />
individual – realizada por um pesquisador<br />
apenas;<br />
em equipe – pesquisa desenvolvida por um<br />
grupo de trabalho;<br />
na vida real – os fatos são observados "em<br />
campo" ou em ambiente natural;<br />
em laboratório – os fatos são estudados em<br />
salas, laboratórios, ou seja, em ambiente<br />
artificial, embora o pesquisador procure,
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muitas vezes, reproduzir o ambiente real do<br />
fenômeno estudado.<br />
Entrevista. A entrevista é uma técnica muito utilizada<br />
na pesquisa, nos vários ramos das Ciências Sociais:<br />
Sociologia, Antropologia, Política, Serviço Social,<br />
Psicologia Social, Jornalismo, Relações Públicas,<br />
Pesquisas de Mercado etc.<br />
Embora a entrevista não seja a técnica mais fácil de ser aplicada,<br />
talvez seja a mais eficiente para a obtenção das informações,<br />
conhecimentos ou opiniões sobre um assunto.<br />
A técnica de entrevista será abordada de forma mais minuciosa, ao<br />
tratar-se das técnicas da pesquisa de campo.<br />
b. Observação direta extensiva: baseia-se na aplicação de<br />
formulários e questionários; medidas de opinião e de<br />
atitudes; testes; pesquisas de mercado; história de vida etc.<br />
Essas técnicas são empregadas, principalmente, na coleta de<br />
dados das pesquisas de campo.<br />
PROJETO E RELATÓRIO DE PESQUISA<br />
NOÇÕES PRELIMINARES<br />
pág; 38<br />
O projeto ê uma das etapas componentes do processo de elaboração,<br />
execução e apresentação da pesquisa. Esta necessita ser planejada com<br />
extremo rigor, caso contrário o investigador, em determinada altura,<br />
encontrar-se-á perdido num emaranhado dados colhidos, sem saber como<br />
dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu significado e importância.<br />
Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação<br />
dos objetivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e<br />
interpretação a elaboração do relatório final, tudo é previsto no projeto de<br />
pesquisa. Este, portanto deve responder às clássicas questões: o quê? por<br />
quê? para quê e para quem? onde? como, com quê, quanto e quando?<br />
quem? com quanto?<br />
Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem<br />
ser dados. Em primeiro lugar, exigem-se estudos preliminares que<br />
permitirão verificar o estado da questão que se pretende desenvolver sob o<br />
aspecto teórico e de outros estudos e pesquisas já elaborados. Tal esforço<br />
não será desperdiçado, pois qualquer tema de pesquisa necessita de<br />
adequada integração na teoria existente e a análise do material já disponível<br />
será incluída no projeto sob o titulo de "revisão da bibliografia". A seguir,<br />
elabora-se um anteprojeto de pesquisa, cuja finalidade é a integração dos<br />
diferentes elementos em quadros teóricos e aspectos metodológicos<br />
adequados, permitindo também ampliar e especificar os quesitos do projeto,<br />
a "definição dos termos".<br />
Finalmente, prepara-se o projeto definitivo, mais detalhado e apresentando<br />
rigor e precisão metodológicos.
ESTRUTURA DO PROJETO<br />
a. Apresentação (quem?)<br />
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I. Capa<br />
entidade<br />
Titulo (e subtítulo se houver)<br />
coordenador(es)<br />
local e data<br />
II. Relação do Pessoal Técnico<br />
entidade (nome, endereço, telefone)<br />
coordenador(es) (nome, endereço, telefone)<br />
pessoal técnico (cargo, endereço,telefone)<br />
b. Objetivo (para quê? para quem?)<br />
I. Tema<br />
II. Delimitação do Tema<br />
especificação<br />
limitação geográfica e temporal<br />
III. Objetivo Geral<br />
IV. Objetivos Específicos<br />
c. Justificativa (por quê?)<br />
d. Objeto (o quê?)<br />
I. Problema<br />
II. Hipótese Básica<br />
III. Hipóteses Secundárias<br />
IV. Variáveis<br />
V. Relação entre Variáveis<br />
e. Metodologia (como? com quê? onde? quanto?)<br />
I. Método de Abordagem<br />
II. Métodos de Procedimento<br />
III. Técnicas<br />
descrição<br />
como será aplicado<br />
codificação e tabulação<br />
IV. Delimitação do Universo (descrição da população)<br />
V. Tipo de Amostragem<br />
caracterização<br />
seleção<br />
VI. Tratamento Estatístico<br />
modelo de experimento<br />
nível de significância<br />
variáveis controladas<br />
medidas<br />
testes de hipóteses<br />
pág; 39
f. Embasamento Teórico (como?)<br />
I. Teoria de Base<br />
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II. Revisão da Bibliografia<br />
III. Definição dos Termos<br />
IV. Conceitos Operacionais e Indicadores<br />
g. Cronograma (quando?)<br />
h. Orçamento (com quanto?)<br />
i. Instrumento(s) de Pesquisa (como?)<br />
j. Bibliografia<br />
A APRESENTAÇÃO<br />
A apresentação do projeto de pesquisa, respondendo à questão quem?,<br />
inicia-se a capa, onde são indicados os elementos essenciais à compreensão<br />
do estudo se pretende realizar, sob os auspícios de quem ou para quem e ao<br />
conhecimento responsável pelo trabalho. O nome da entidade (instituição,<br />
organização, empresa, Ia) pode corresponder àquela à qual está de algum<br />
modo ligado o coordenador e oferece a pesquisa para ser financiada ou<br />
"comprada" por pessoa(s) e/ou entidades, ou a que custeia a realização da<br />
mesma.<br />
O titulo, acompanhado ou não por subtítulo, difere do tema. Enquanto este<br />
último sofre um processo de delimitação e especificação, para torná-lo<br />
viável à realização da pesquisa, o titulo sintetiza o conteúdo da mesma.<br />
pág; 40<br />
Portanto, o titulo de uma pesquisa não corresponde ao tema, nem à<br />
delimitação tema, mas emana dos objetivos geral e específicos, quase como<br />
uma “síntese" dos mesmos. Pode comportar um subtítulo: neste caso, o<br />
titulo será mais abrangente, ficando a caracterização para o subtítulo.<br />
Toda pesquisa deve ter um responsável, que se denomina coordenador. Em<br />
raros casos, mais de uma pessoa partilha essa posição. O nome do<br />
coordenador deve vir em destaque, e freqüentemente é o único que aparece,<br />
seguido da indicação "coord.", quando uma pesquisa já realizada é<br />
publicada. Portanto, seu âmbito de responsabilidade é muito amplo.<br />
O local independe daquele em que se pretende coletar os dados. Refere-se à<br />
cidade em que se encontra sediada a· entidade ou a equipe de pesquisa,<br />
tendo precedência sobre a mesma o coordenador. A data refere-se apenas<br />
ao ano em que o projeto é apresentado; é supérflua a indicação do mês.<br />
A primeira página do projeto é dedicada à relação do pessoal técnico.<br />
Inicia-se com a repetição do nome da entidade, seguido do endereço<br />
completo, incluindo o(s) telefone(s), precedido(s) do prefixo da cidade para<br />
contatos pelo sistema de DDD, quando necessário. O mesmo cuidado deve<br />
ser seguido na indicação do endereço do coordenador, que é o responsável<br />
direto por contatos com entidades às quais ou à qual o projeto é dirigido. A<br />
seguir, vem a relação completa do pessoal técnico, discriminando os cargos,<br />
seguidos do nome, endereço e telefone de cada um. São dispensáveis os<br />
elementos identificadores quando a equipe de pesquisadores de campo for<br />
numerosa. Entretanto se pertencerem a uma entidade, por exemplo, alunos<br />
de uma escola, pode-se indicar "alunos do ... ano (diurno e/ou noturno) da<br />
Faculdade ... ".
OBJETIVO<br />
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A especificação do objetivo de uma pesquisa responde às questões para<br />
quê? e para quem? Apresenta:<br />
É o assunto que se deseja provar ou desenvolver. Pode surgir de uma<br />
dificuldade prática enfrentada pelo coordenador, da sua curiosidade<br />
científica, de desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da<br />
própria teoria. Pode ter sido sugerido pela entidade responsável pela parte<br />
financeira, portanto, "encomendado", o que não lhe tira o caráter científico,<br />
desde que não se interfira no desenrolar da pesquisa; ou se "encaixa-se em<br />
temas muito amplos, determinados por uma entidade que se dispõe a<br />
financiar pesquisas e que promove uma concorrência entre pesquisadores,<br />
distribuindo a verba de que dispõe entre os que apresentam os melhores<br />
projetos. Independente de sua origem, o tema é, nessa fase, necessariamente<br />
amplo, precisando bem o assunto geral sobre o qual se deseja realizar a<br />
pesquisa.<br />
DELIMITAÇÃO DO TEMA<br />
Dotado necessariamente de um sujeito e de um objeto, o tema passa por um<br />
processo de especificação. O processo de delimitação do tema só é dado por<br />
concluído quando se faz a limitação geográfica e espacial do mesmo, com<br />
vistas na realização da pesquisa. Muitas vezes as verbas disponíveis<br />
determinam uma limitação maior do que o desejado pelo coordenador, mas,<br />
se pretende um trabalho científico, é preferível o aprofundamento à<br />
extensão.<br />
OBJETIVO GERAL<br />
Esta ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o<br />
conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das idéias<br />
pág; 41<br />
estudadas. Vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta<br />
pelo projeto.<br />
OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />
Apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e<br />
instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,<br />
aplicar este a situações particulares.<br />
JUSTIFICATIVA<br />
É o único item do projeto que apresenta respostas à questão por quê? De<br />
suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente<br />
na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidade(s) que vai(ão)<br />
financiá-la. Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões<br />
de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a<br />
realização da pesquisa Deve enfatizar:<br />
o estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema;<br />
as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer:<br />
confirmação geral<br />
confirmação na sociedade particular em que se insere a<br />
pesquisa<br />
especificação para casos particulares<br />
clarificação da teoria<br />
resolução de pontos obscuros etc.<br />
importância do tema do ponto de vista geral;<br />
importância do tema para os casos particulares em questão;
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possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade<br />
abarcada pelo tema proposto;<br />
descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc.<br />
A justificativa difere da revisão da bibliografia e, por este motivo, não<br />
apresenta citações de outros autores. Difere, também, da teoria de base, que<br />
vai servir de elemento unificador entre o concreto da pesquisa e o<br />
conhecimento teórico da ciência na qual se insere. Portanto, quando se trata<br />
de analisar as razões de ordem teórica ou se referir ao estágio de<br />
desenvolvimento da teoria, não se pretende explicitar o referencial teórico<br />
que se irá adotar, mas apenas ressaltar a importância da pesquisa no campo<br />
da teoria.<br />
Deduz-se, dessas características, que ao conhecimento científico do<br />
pesquisador soma-se boa parte de criatividade e capacidade de convencer,<br />
para a redação da justificativa.<br />
OBJETIVO<br />
Respondendo a pergunta “o quê?”, o objeto da pesquisa engloba:<br />
• PROBLEMA<br />
A formulação do problema prende-se ao tema proposto, ela<br />
esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se<br />
pretende resolver por intermédio da pesquisa. Para ser<br />
cientificamente válido, um problema deve passar pelo crivo das<br />
seguintes questões:<br />
pode o problema ser enunciado em forma de pergunta?<br />
HIPÓTESE BÁSICA<br />
pág; 42<br />
corresponde a interesses pessoais (capacidade), sociais e<br />
científicos, isto de conteúdo e metodológicos? Esses<br />
interesses estão harmonizados?<br />
constitui-se o problema em questão científica, ou seja,<br />
relacionam-se entre si pelo menos duas variáveis?<br />
pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e<br />
crítica?<br />
pode ser empiricamente verificado em suas<br />
conseqüências? (Schrader, 1974:20).<br />
O ponto básico do tema, individualizado e especificado na formulação do<br />
problema, sendo uma dificuldade sentida, compreendida e definida,<br />
necessita de uma resposta, "provável, suposta e provisória", isto é, uma<br />
hipótese. A principal resposta é denominada hipótese básica, podendo ser<br />
complementada por outras, que recebem a denominação de secundárias. Há<br />
diferentes formas de hipóteses; entre elas:<br />
as que afirmam, em dada situação, a presença ou<br />
ausência de certos fenômenos;<br />
as que se referem à natureza ou características de dados<br />
fenômenos, em uma situação específica;<br />
as que apontam a existência ou não de determinadas<br />
relações entre fenômenos;<br />
as que prevêem variação concomitante, direta ou inversa,<br />
entre certos fenômenos etc.
HIPÓTESES SECUNDÁRIAS<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
São afirmações (toda hipótese é uma afirmação) complementares da básica,<br />
podendo:<br />
VARIÁVEIS<br />
abarcar em detalhes o que a hipótese básica afirma em<br />
geral;<br />
englobar aspectos não especificados na básica;<br />
indicar relações deduzidas da primeira;<br />
decompor em pormenores a afirmação geral;<br />
apontar outras relações possíveis de serem encontradas<br />
etc.<br />
Toda hipótese é o enunciado geral de relações entre, pelo menos, duas<br />
variáveis.<br />
Por sua vez, variável é um conceito que contém ou apresenta valores, tais<br />
como: quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços etc.,<br />
sendo o conceito um objeto, processo, agente, fenômeno, problema etc.<br />
Maiores informações sobre problema, hipóteses, variáveis e conceitos<br />
podem ser encontradas nos itens 5.3.3 e 5.4.4, assim como nos Capitulas 4<br />
e 5 do livro Metodologia científica, das mesmas autoras (Atlas, 1982).<br />
Na indicação das variáveis, deve-se especificar se são independentes,<br />
dependentes, moderadoras, antecedentes, intervenientes etc.<br />
RELAÇÕES ENTRE VARIÁVEIS<br />
pág; 43<br />
Os principais tipos de relações entre variáveis são: simétrica, em que<br />
nenhuma das variáveis exerce influência sobre a outra, quando então pouco<br />
interesse tem para a ciência; recíproca onde cada uma das variáveis é,<br />
alternadamente, causa e efeito, exercendo contínuo efeito uma sobre a<br />
outra, condição até certo ponto freqüente em ciências sociais; assimétrica,<br />
onde uma variável (independente) exerce efeito sobre a outra (dependente).<br />
A relação assimétrica é o cerne da análise nas ciências sociais: deve-se<br />
sempre procurar pelo menos uma relação assimétrica, mesmo que a maioria<br />
das hipóteses prediga relações de reciprocidade. Em outras palavras, devese<br />
buscar uma relação causal entre variáveis independentes e dependentes,<br />
que pode ser:<br />
determinista - "se X (independente) ocorre, sempre ocorrerá Y<br />
(dependente)";<br />
suficiente - "a ocorrência de X é suficiente, independente de<br />
qualquer outra coisa, para a subseqüente ocorrência de Y"; - coextensiva<br />
- "se X ocorre, então ocorrerá Y";<br />
reversível - ·se X ocorre, então Y ocorrerá; e se Y ocorre, então X<br />
ocorrerá";<br />
necessária - "se X ocorre, e somente X, então ooorrerá Y";<br />
substituível - "se X ocorre, então Y ocorre, mas se H ocorre, então<br />
também Y ocorrerá";<br />
irreversível - se X ocorre, então Y ocorrerá, mas se Y ocorre, então<br />
nenhuma ocorrência se produzirá";<br />
seqüencial - "se X ocorre, então ocorrerá mais tarde Y";
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Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
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contingente - ·se X ocorre, então ocorrerá Y somente se M estiver<br />
presente";<br />
probabilista ou estocástica - "dada a ocorrência de X, então<br />
provavelmente ocorrerá Y" (a mais comum das relações em ciências<br />
sociais).<br />
A especificação da metodologia da pesquisa é a que abrange maior número<br />
de itens, pois responde, a um só tempo, às questões como?, com quê?,<br />
onde?, quanto? Corresponde aos seguintes componentes:<br />
A maioria dos especialistas faz, hoje, uma distinção entre método e<br />
métodos, por se situarem em níveis claramente distintos, no que se refere à<br />
sua inspiração filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou<br />
menos explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas da<br />
investigação e ao momento em que se situam.<br />
Partindo do pressuposto dessa diferença, o método se caracteriza por uma<br />
abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos<br />
fenômenos da natureza e da sociedade. É, portanto, denominado método de<br />
abordagem, que engloba:<br />
método indutivo – cuja aproximação dos fenômenos caminha<br />
geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das<br />
constatações mais particulares às leis e teorias (conexão<br />
ascendente);<br />
método dedutivo – que, partindo das teorias e leis, na maioria das<br />
vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão<br />
descendente);<br />
pág; 44<br />
método hipotético-dedutivo – que se inicia pela percepção de uma<br />
lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo<br />
processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de<br />
fenômenos abrangidos pela hipótese;<br />
método dialético – que penetra o mundo dos fenômenos através de<br />
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da<br />
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.<br />
MÉTODOS DE PROCEDIMENTO<br />
Constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais<br />
restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos.<br />
Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas<br />
a um domínio particular. Nas ciências sociais, os principais métodos de<br />
procedimento são;<br />
o histórico<br />
o comparativo<br />
o monográfico ou estudo de caso<br />
o estatístico<br />
o tipológico<br />
o funcionalista<br />
o estruturalista<br />
o etnográfico<br />
Geralmente, em uma pesquisa, ao lado do método de procedimento<br />
estatístico, utiliza-se outro ou outros, que devem ser assinalados.
TÉCNICAS<br />
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Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
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São consideradas um conjunto de preceitos ou processos de que se serve<br />
uma ciência; são, também, a habilidade para usar esses preceitos ou<br />
normas, na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portanto, à parte<br />
prática de roleta de dados. Apresentam duas grandes divisões:<br />
documentação indireta, abrangendo a pesquisa documental e a bibliográfica<br />
e documentação direta. Esta última subdivide-se em:<br />
1. observação direta intensiva, com as técnicas da:<br />
• observação – utiliza os sentidos na obtenção de<br />
determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em<br />
ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos<br />
que se deseja estudar. Pode ser: Sistemática, Assistemática;<br />
Participante, Não Participante; Individual, em Equipe; na<br />
Viela Real, em Laboratório;<br />
• entrevista – é uma conversação efetuada face a face, de<br />
maneira metódica; proporciona ao entrevistador,<br />
verbalmente, a informação necessária. Tipos: Padronizada<br />
ou Estruturada, Despadronizada ou Não Estruturada, Painel.<br />
2. observação direta extensiva, apresentando as técnicas:<br />
• questionário - constituído por uma série de perguntas que<br />
devem ser respondidas por escrito e sem a presença do<br />
pesquisador;<br />
• formulário - roteiro de perguntas enunciadas pelo<br />
entrevistador e preenchidas por ele com as respostas do<br />
pesquisado;<br />
pág; 45<br />
• medidas de opinião e de atitudes - instrumento de<br />
"padronização", por meio do qual se pode assegurar a<br />
equivalência de diferentes opiniões e atitudes, com a<br />
finalidade de compará-Las;<br />
• testes - instrumentos utilizados com a finalidade de obter<br />
dados que permitam medir o rendimento, a freqüência, a<br />
capacidade ou a conduta de indivíduos, de forma<br />
quantitativa;<br />
• sociometria - técnica quantitativa que procura explicar as<br />
relações pessoais entre indivíduos de um grupo;<br />
• análise de conteúdo - permite a descrição sistemática,<br />
objetiva e quantitativa do conteúdo da comunicação;<br />
• história de vida - tenta obter dados relativos à "experiência<br />
íntima" de alguém que tenha significado importante para o<br />
conhecimento do objeto em estudo;<br />
• pesquisa de mercado - é a obtenção de informações sobre o<br />
mercado, de maneira organizada e sistemática, tendo em<br />
vista ajudar o processo decisivo nas empresas, minimizando<br />
a margem de erros.<br />
Independentemente da(s) técnica(s) escolhida(s), deve-se descrever tanto a<br />
característica quanto a forma de sua aplicação, indicando, inclusive, como<br />
se pensa codificar e tabular os dados obtidos.
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DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO (DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO)<br />
Conceituando, universo ou população é o conjunto de seres animados ou<br />
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.<br />
Sendo N o número total de elementos do universo ou população, o mesmo<br />
pode ser representado pela letra latina maiúscula X, tal que XN = Xl; X2:<br />
X3' ..• ; XN' A delimitação do universo consiste em explicitar que pessoas<br />
ou coisas, fenômenos etc. serão pesquisadas. enumerando suas<br />
características comuns, como, por exemplo: sexo, faixa etária, organização<br />
a que pertencem, comunidade onde vivem etc.<br />
Só ocorre quando a pesquisa não é censitária, isto é, não abrange a<br />
totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de<br />
investigar apenas uma parte dessa população. O problema da amostragem é,<br />
portanto, escolher uma parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais<br />
representativa possível do todo, e, a partir dos resultados obtidos, relativos<br />
a essa parte, Pode inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da<br />
população total, se esta fosse verificada. O conceito de amostra é que a<br />
mesma constitui uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do<br />
universo (população); é um subconjunto do universo. Sendo n o número de<br />
elementos da amostra, a mesma pode ser representada pela letra latina<br />
minúscula x, tal que X= Xl; x2; x3" ... ; xn onde xn < XN e n
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Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
se se exercerá controle sobre determinadas variáveis e quais.<br />
Variável de controle é aquele fator, fenômeno ou propriedade que o<br />
investigador neutraliza ou anula propositadamente em uma<br />
pesquisa, com a finalidade de impedir que interfira na análise da<br />
relação entre as variáveis independente e dependente;<br />
qual o nível de significância que se exigirá. Geralmente, para<br />
estudos exploratórios, admite-se um nível de significância de 90%,<br />
calculando-se o erro das estimativas segundo as freqüências<br />
amostrais. Qualquer manual de estatística pode fornecer elementos<br />
para este item;<br />
que medidas estatísticas utilizará. As principais medidas da<br />
estatística descritiva são:<br />
medidas de posição: média, mediana, moda, quartis,<br />
pertencis etc.;<br />
medidas de dispersão: amplitude, desvio-padrão etc.<br />
comparação de freqüências: razão, proporção, percentagem,<br />
taxas etc.;<br />
apresentação dos dados série estatística; tabelas ou quadros,<br />
gráficos etc.<br />
que testes de hipóteses empregará. Trata-se, aqui, de estatística<br />
inferencial. Os mais importantes, para aplicação em pesquisas<br />
sociais, são: t de Student, para comparação entre médias e X2, para<br />
discernir diferenças entre as proporções observadas.<br />
Para o aprofundamento do estudioso nos aspectos metodológicos da<br />
pesquisa, indicamos os livros Metodologia científica e Técnicas de<br />
pesquisa, das mesmas autoras (Atlas, 1982), o primeiro apresenta, em<br />
detalhes e com exemplos, métodos de abordagem, métodos de<br />
procedimento e plano de prova (experimento). O segundo, as técnicas de<br />
pág; 47<br />
pesquisa, os processos e tipos de amostragem, estatística descritiva e<br />
estatística inferencial.<br />
EMBASAMENTO TEÓRICO<br />
Respondendo ainda à questão como?, aparecem aqui os elementos de<br />
fundamentação teórica da pesquisa e, também, a definição dos conceitos<br />
empregados.<br />
TEORIA DE BASE<br />
A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição<br />
de fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter<br />
interpretativo; no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível<br />
correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando-se por um modelo<br />
teórico que sirva de embasamento à interpretação do significado dos dados<br />
e fatos colhidos ou levantados.<br />
Todo projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos<br />
sobre os quais o pesquisador (o coordenador e os principais elementos de<br />
sua equipe) fundamentará sua interpretação.<br />
Pode-se tomar como exemplo um estudo que correlaciona atitudes<br />
individuais e grupais de autoridade e subordinação na organização da<br />
empresa, tendo como finalidade discernir comportamentos rotulados como<br />
de "chefia" e "liderança", relacionando-os com a maior ou menor eficiência<br />
no cumprimento dos objetivos da organização. Urna das possíveis teorias<br />
que se aplicam às atitudes dos componentes da empresa é a do tipo ideal de<br />
autoridade legítima, descrita por Weber.<br />
Para o autor, a autoridade tradicional fundamenta-se na crença da<br />
"santidade" das tradições e na legitimidade do status dos que derivam sua<br />
autoridade da tradição; a autoridade em base racional, legal, burocrática
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repousa na crença em normas ou regras impessoais e no direito de<br />
comandar dos indivíduos que adquirem autoridade de acordo com essas<br />
normas; a autoridade carismática tem suas raízes no devotamento à<br />
"santidade" especifica e excepcional, ao heroísmo, ou no caráter exemplar<br />
(sendo o "exemplar" determinado pelas circunstâncias e necessidades<br />
específicas do grupo) de um indivíduo e nos modelos normativos por ele<br />
revelados ou determinados. O modelo teórico da autoridade legitima não<br />
exclui sistemas concretos de autoridade que incorporam dois ou mais<br />
elementos dos três tipos.<br />
REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA<br />
Pesquisa alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é,<br />
de avaliação de uma situação concreta desconhecida, em um dado local,<br />
alguém ou um grupo, em algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou<br />
semelhantes, ou mesmo complementares de certos aspectos da pesquisa<br />
pretendidas. Uma procura de tais fontes, documentais ou bibliográficas,<br />
torna-se imprescindível para a não-duplicação de esforços, a não<br />
"descoberta" de idéias já expressas, a não-inclusão de “lugares-comuns” no<br />
trabalho.<br />
A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite<br />
salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar' contradições ou<br />
reafirmar comportamentos e atitudes. Tanto a confirmação, em dada<br />
comunidade, de resultados obtidos em outra sociedade quanto a<br />
enumeração das discrepâncias são de grande importância.<br />
DEFINIÇÃO DOS TERMOS<br />
A ciência lida com conceitos, isto é, termos simbólicos que sintetizam as<br />
coisas e os fenômenos perceptíveis na natureza, no mundo psíquico do<br />
homem ou na sociedade, de forma direta ou indireta Para que se possa<br />
esclarecer o fato ou fenômeno que se está investigando e ter possibilidade<br />
pág; 48<br />
de comunicá-lo, de forma não ambígua, é necessário defini-lo com<br />
precisão.<br />
Termos como temperatura, QI, classe social, precisam ser especificados<br />
para a compreensão de todos: o que significa "temperatura elevada"? Acima<br />
de 30ºC ou 100ºC? A representação do QI compreende os conceitos de<br />
capacidade mental, criatividade, discernimento etc., portanto, devem ser<br />
esclarecidos. E a classe social? Entende-se por ela a inserção do indivíduo<br />
no sistema de produção ou sua distribuição em camadas segundo a renda?<br />
Até termos como "pessoa idosa" requerem definição: a partir de que idade o<br />
indivíduo é considerado "idoso" para fins de pesquisa? 60, 65, 70 ou mais?<br />
Outro fato que deve ser levado em consideração é que os conceitos podem<br />
ter significados diferentes de acordo com o quadro de referência ou a<br />
ciência que os emprega; por exemplo, "cultura" pode ser entendida como<br />
conhecimento literário (popular), conjunto dos aspectos materiais,<br />
espirituais e psicológicos que caracteriza um grupo (Sociologia e<br />
Antropologia) e cultivo de bactérias (Biologia). Além disso, uma mesma<br />
palavra, por exemplo, "função", pode ter vários significados dentro da<br />
própria ciência que a utiliza Dessa forma, a definição dos termos esclarece<br />
e indica o emprego dos conceitos na pesquisa.<br />
CONCEITOS OPERACIONAIS E INDICADORES<br />
A especificação dos conceitos operacionais, assim como dos indicadores do<br />
conceito, é uma continuação da definição dos termos, em caráter mais<br />
concreto, respeitante a um conjunto de "instruções" para a manipulação ou<br />
observação dos fatos ou fenômenos. Em outras palavras, a definição<br />
operacional de um conceito ou de um termo consiste na indicação das<br />
operações necessárias para produzir, medir, analisar etc. um fenômeno. Os<br />
indicadores são as etapas concretas dessas operações.
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Por exemplo, falando de temperatura, especificamos que será medida pela<br />
altura da coluna de mercúrio de um termômetro com uma escala de graus<br />
centígrados. Referindo-nos ao QI, precisaremos todos os detalhes dos testes<br />
que deverão "medir" a capacidade mental, a criatividade, o discernimento<br />
etc. e que fatores tomaremos como indicadores da pontuação obtida pelos<br />
diferentes indivíduos nesses testes. Finalmente, em relação à classe social,<br />
se na definição dos termos optou-se pelo conceito de Max Weber, no<br />
conceito operacional especifica-se que as mesmas se diferenciam pelo tipo<br />
de propriedade (posses), pelo modo de aquisição e pela situação geral<br />
(social, política, cultural etc.), sendo que, em relação aos indicadores,<br />
determina-se o uso de pontuação baseada em: renda, escolaridade,<br />
profissão, itens de conforto doméstico, posse de carro, etc. Portanto, os<br />
indicadores são os fatores que serão medidos, com suas pontuações<br />
especificadas, indicando o número mínimo e/ou máximo de pontos para<br />
cada classe, de acordo com as diferenças que devem apresentar, segundo<br />
.nosso conceito operacional. É evidente que a classificação dos indivíduos,<br />
segundo as classes; terá outros indicadores, fundamentados em outro<br />
conceito operacional, se, na definição de termos, a opção tivesse sido pelo<br />
conceito de Classe de Marx, por exemplo.<br />
A definição dos termos, assim como a especificação dos conceitos<br />
operacionais e dos indicadores, é uma tarefa que permeia todo o<br />
desenvolvimento do projeto de pesquisa, desde os estudos preliminares até<br />
a construção dos instrumentos de pesquisa. Muitas vezes, depois de<br />
elaborado um questionário ou formulário, há necessidade de definir<br />
conceitos, termos indicadores e utilizados no mesmo.<br />
CRONOGRAMA<br />
A elaboração do cronograma responde à pergunta quando? A pesquisa deve<br />
ser dividida em partes, fazendo-se a previsão do tempo necessário para<br />
passar de uma fase a outra. Não esquecer que, se determinadas partes<br />
podem ser executadas simultaneamente, pelos vários membros da equipe,<br />
pág; 49<br />
existem outras que dependem das anteriores, como é o caso da análise e<br />
interpretação, cuja realização depende da codificação e tabulação, só<br />
possíveis depois de colhidos os dados.<br />
ORÇAMENTO<br />
Respondendo à questão com quanto?, o orçamento distribui os gastos por<br />
vários itens, que devem necessariamente ser separados. Inclui:<br />
pessoal – do coordenador aos pesquisadores de campo, todos os<br />
elemenntos devem ter computados os seus ganhos, quer globais,<br />
mensais, semanais ou por hora/atividade, incluindo os<br />
programadores de computador;<br />
material, subdividido em:<br />
elementos consumidos no processo de realização da<br />
pesquisa, como papel, canetas, lápis, cartões ou plaquetas de<br />
identificação dos pesquisadores de campo, hora/computador,<br />
datilografia, xerox, encadernação etc.;<br />
elementos permanentes, cuja posse pode retomar à entidade<br />
financiadora, ou serem alugados, como máquinas de<br />
escrever, calculadoras etc.<br />
INSTRUMENTOS DE PESQUISA<br />
Ainda indicando como A pesquisa será realizada, devem-se anexar ao<br />
projeto os instrumentos referentes às técnicas selecionadas para a coleta de<br />
dados. Desde os tópicos da entrevista, passando pelo questionário e<br />
formulário, até os testes ou escalas medida de opiniões e atitudes, a<br />
apresentação dos instrumentos de pesquisa deve ser feita, dispensando-se<br />
tal quesito apenas no caso em que a técnica escolhida for a de observação.
BIBLIOGRAFIA<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
A bibliografia final, apresentada no projeto de pesquisa, abrange os livros,<br />
artigos, publicações e documentos utilizados, nas diferentes fases:<br />
o metodologia da pesquisa;<br />
o instrumental teórico;<br />
o revisão da bibliografia<br />
pág; 50
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Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
pág; 51
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Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
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pág; 52
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Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
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pág; 53
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pág; 54
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pág; 55
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pág; 56
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Outra importante finalidade da pesquisa-piloto é verificar a adequação do<br />
tipo amostragem escolhido. O pré-teste é sempre aplicado para uma<br />
amostra reduzida, processo de seleção é idêntico ao previsto para a<br />
execução da pesquisa, mas os elementos entrevistados não poderão figurar<br />
pág; 57<br />
na amostra final (para evitar "contaminação"). Muitas vezes descobre-se<br />
que a seleção é por demais onerosa ou "viciada". Em suma, inadequada,<br />
necessitando ser modificada. A aplicação da pesquisa-piloto é também um<br />
bom teste para os pesquisadores.<br />
Finalmente, o pré-teste permite também a obtenção de uma estimativa sobre<br />
os futuros resultados, podendo, inclusive, alterar hipóteses, modificar<br />
variáveis e a relação entre elas. Dessa forma, haverá maior segurança e<br />
precisão para a execução da pesquisa.<br />
ESTRUTURA DO RELATÓRIO<br />
Após a coleta de dados, sua codificação e tabulação, tratamento estatístico,<br />
análise e interpretação, os resultados estão prontos para ser redigidos: é o<br />
relatório de pesquisa Este compreende as seguintes partes:<br />
A. Apresentação<br />
a) Capa<br />
• Entidade<br />
• Titulo (e subtítulo, se houver)<br />
• Coordenador(es)<br />
• Local e data<br />
b) Página de Rosto<br />
• entidade<br />
• Entidade<br />
• Titulo (e subtítulo, se houver)<br />
• Coordenador(es)<br />
• Equipe Técnica<br />
• Local e data
B. Sinopse (abstract)<br />
C. Sumário<br />
D. Introdução<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
a) Objetivo<br />
• Tema<br />
• delimitação do tema<br />
• objetivo geral<br />
• objetivos específicos<br />
b) Justificativa<br />
c) Objeto<br />
• Problema<br />
• hipótese básica<br />
• hipóteses secundárias<br />
• variáveis<br />
• relação entre variáveis<br />
E. Revisão da Bibliografia<br />
F. Metodologia<br />
a) Método de Abordagem<br />
b) Métodos de Procedimento<br />
c) Técnicas<br />
d) Delimitação do Universo<br />
e) Tipo de Amostragem<br />
f) Tratamento Estatístico<br />
G. Embasamento Teórico<br />
a) Teoria de Base<br />
b) Definição dos Termos<br />
c) Conceitos Operacionais e Indicadores<br />
H. Apresentação dos Dados e sua Análise (dividido em capítulos)<br />
I. Interpretação dos Resultados (dividido em capitulas)<br />
J. Conclusões<br />
K. Recomendações e Sugestões<br />
L. Apêndices<br />
a) Tabelas<br />
b) Quadros<br />
c) Gráficos<br />
d) Outras Ilustrações<br />
e) Instrumento(s) de Pesquisa<br />
pág; 58
M. Anexos<br />
N. Bibliografia<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
Poucas diferenças há entre a apresentação do projeto e a do relatório.<br />
Apenas a folha com a relação do pessoal técnico é substituída pela página<br />
de rosto, que repete os dizeres da capa, acrescentando somente ao nome do<br />
coordenador, em seqüência, os nomes e respectivos cargos da equipe<br />
técnica.<br />
SINOPSE ABSTRACT<br />
Consiste no resumo de, no máximo, uma página do conteúdo do relatório.<br />
Não é uma relação de partes ou Capitulas, nem a enumeração das<br />
conclusões, e sim a natureza da pesquisa realizada. Deve ser redigida por<br />
último.<br />
Relação das partes capítulos, itens e subitens de trabalho, com a respectiva<br />
indicação do número de páginas iniciais.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A introdução abrange três itens do relatório: Objetivo, Justificativa e<br />
Objeto, incorporando as modificações realizadas depois de aplicada a<br />
pesquisa-piloto.<br />
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
Igual à do projeto, com os acréscimos de novas obras ou trabalhos que<br />
tenham chegado ao conhecimento da equipe, já que a pesquisa bibliográfica<br />
não se encerra com a elaboração do projeto.<br />
METODOLOGIA<br />
Igual a do projeto, exceto as alterações determinadas pelo pré-teste.<br />
EMBASAMENTO TEÓRICO<br />
pág; 59<br />
O que não foi alterado pela pesquisa piloto, deve ser repetido no relatório.<br />
APRESENTAÇÃO DOS DADOS E SUA ANÁLISE<br />
A quantidade e a natureza dos dados a serem apresentados irão determinar a<br />
divisão dessa parte em capítulos, tanto no que se refere ao número quanto à<br />
extensão dos mesmos. A ordem da divisão deve estar relacionada com a<br />
colocação das hipóteses, isto é, das sucessivas afirmações nelas contidas.<br />
Os dados serão apresentados de acordo com sua análise estatística,<br />
incorporando no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras<br />
ilustrações estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do<br />
raciocínio; os demais deverão vir em apêndice.<br />
É importante lembrar que a função de um relatório não é aliciar o leitor,<br />
mas demonstrar as evidências a que se chegou através da pesquisa.<br />
Portanto, na seleção do material a ser apresentado (e terá de haver uma<br />
seleção), o pesquisador não pode ser dirigido pelo desejo natural de ver<br />
confirmadas suas previsões à custa de dados que as refutam. Todos os<br />
dados pertinentes e significativos devem ser apresentados, e se algum<br />
resultado for inconclusivo tem de ser apontado.<br />
As relações e correlações entre os dados obtidos constituem o cerne· dessa<br />
parte relatório; aqui são oferecidas evidências à verificação das hipóteses,<br />
que se processo item seguinte.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
Corresponde à parte mais importante do relatório. É aqui que são transcritos<br />
os resultados, agora sob forma de evidências para a confirmação ou a<br />
refutação das hipóteses. Estas se dão segundo a relevância dos dados,<br />
demonstrados na parte anterior. Quando os dados são irrelevantes,<br />
inconclusivos, insuficientes, não se pode nem confirmar nem refutar a<br />
hipótese, e tal fato deve ser apontado agora não apenas sob o angulo da<br />
análise estatística, mas também correlacionado com a hipótese enunciada.<br />
Novamente aconselha-se a divisão em capítulos, segundo o conteúdo das<br />
diferentes hipóteses, indo da mais geral (básica) às particulares ou viceversa.<br />
É necessário assinalar:<br />
as discrepâncias entre os fatos obtidos e os previstos nas hipóteses;<br />
a comprovação ou a refutação da hipótese, ou, ainda, a<br />
impossibilidade de realizá-la;<br />
especificação da maneira pela qual foi feita a validação das<br />
hipóteses no que concerne aos dados;<br />
qual é o valor da generalização dos resultados para o universo, no<br />
que se refere aos objetivos determinados;<br />
maneiras pelas quais se pode maximizar o grau de verdade das<br />
generalizações;<br />
a medida em que a convalidação empírica permite atingir o estágio<br />
de enunciado de leis;<br />
como as provas obtidas mantêm a sustentabilidade da teoria,<br />
determinam sua limitação ou, até, a sua rejeição.<br />
CONCLUSÕES<br />
pág; 60<br />
A apresentação e a análise dos dados, assim como a interpretação dos<br />
resultados, encaminham naturalmente às conclusões. Estas devem:<br />
indicar as limitações e as reconsiderações;<br />
apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria;<br />
representar "a súmula em que os argumentos, conceitos, fatos,<br />
teorias, modelos se unem e se completam" (Trujillo Ferrari,<br />
1982:295).<br />
A maneira de redigir as conclusões deve ser precisa e categórica, sendo as<br />
mas pertinentes e ligadas às diferentes partes do trabalho. Dessa forma, não<br />
podem perder-se em argumentações, mas, ao contrário, têm de refletir a<br />
relação entre os dados obtidos e as hipóteses enunciadas.<br />
RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES<br />
As recomendações consistem em indicações, de ordem prática, de<br />
intervenções na natureza ou na sociedade, de acordo com as conclusões da<br />
pesquisa.<br />
Por sua vez, as sugestões são importantes para o desenvolvimento da<br />
ciência: apresentam novas temáticas de pesquisa, inclusive levantando<br />
novas hipóteses, abrinndo caminho a outros pesquisadores.<br />
APÊNDICES<br />
Apresentando tabelas, quadros, gráficos e outras ilustrações que não<br />
figuram no texto; assim como o(s) instrumento(s) de pesquisa, o apêndice é<br />
composto de material trabalhado pelo próprio pesquisador.
ANEXOS<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
Constituídos de elementos esclarecedores de outra autoria, devem ser<br />
limitados, incluindo apenas o estritamente necessário à compreensão de<br />
partes do relatório.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
Inclui todas as obras já apresentadas no projeto, acrescidas das que foram<br />
sendo sucessivamente utilizadas durante a execução da pesquisa e a redação<br />
do relatório.<br />
LITERATURA RECOMENDADA<br />
NDER-EGG, Ezequiel. Introducion a Ias técnicas de investigation social:<br />
para trabajadores sociales. 7. ed. Buenos Aires: Hamanitas, 1978. Segunda<br />
Parte, Capítulo 6 e Quarta Parte, Capitulo 26.<br />
CASTRO, Claudio de Moura. Estrutura e apresentação de publicações<br />
científicas. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976. Capítulos 1,2 e 3.<br />
– A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw-HiII do Brasil, 1978. Capitulo<br />
5. l<br />
GOODE, William J., HATI, Paul K. Métodos em pesquisa social. 2. ed.<br />
São Paulo: Nacional, 1968. Capítulo 21.<br />
HIRANO, Sedi (Org.). Pesquisa social: projeto e planejamento. São Paulo:<br />
T. A. Queiroz, 1979. Primeira Parte, Capítulo 3.<br />
MARINHO, Pedro. A pesquisa em ciências humanas. Petrópolis: Vozes,<br />
1980. Capitulo 2.<br />
pág; 61<br />
REHFELDT, Gládis Knak. Monografia e tese: guia prático. Porto Alegre:<br />
Sulina, 1980. Segunda Parte, Capítulos 11 e 13.<br />
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 3. ed.<br />
Petrópolis: Vozes, 1980. Capitulos 4 e 8.<br />
RUMMEL, J. Francis. Introdução aos procedimentos de pesquisa em<br />
educação. 3. ed. Porto Alegre: Globo, 1977.<br />
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia: elementos de<br />
pesquisa. 3. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1973. Segunda Parte, Capítulo<br />
4.<br />
SCHRADER, Achim. Introdução à pesquisa social empírica: um guia para<br />
o planejamento, a execução e a avaliação de projetos de pesquisa não<br />
experimentais. Porto Alegre: Globo, Universidade Federal do Rio Grande<br />
do Sul, 1974. Capitulas 2 a 15.<br />
SELL TIZ, C. e1, aI. Métodos de pesquisa nas relações sociais. 2. ed. São<br />
Paulo: Herder, EDUSP, 1967. Capitulos 2, 3, 12 a 14.<br />
SIQUEIRA, L. Mesquita. Pesquisa bibliográfica em tecnologia. São José<br />
dos Campos: ITA, 1969 (Mimeografado). Capítulo 15.<br />
TRUJILLO FERRARI, Afonso Metodologia da pesquisa científica.-.São<br />
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982. Capítulo 10.
<strong>TRABALHO</strong>S <strong>CIENTÍFICO</strong>S<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
ASPECTOS GRÁFICOS E MATERIAIS DA REDAÇÃO<br />
Todo trabalho cientifico obedece a uma norma internacional de<br />
apresentação, quer seja monografia, dissertação ou tese.<br />
TAMANHO DAS FOLHAS E DISPOSIÇÃO DO TEXTO<br />
O tamanho das folhas deve corresponder ao “ofício”, isto é, 31,5 cm<br />
X 21,5 cm, e deve ser datilografado em espaço 2, com o seguinte<br />
espaçamento:<br />
MARGENS<br />
superior 3,00 cm<br />
inferior 2,00 cm<br />
esquerda 3,00 cm<br />
direita 2,00 cm<br />
Estas distâncias são constantes ao longo do trabalho.<br />
O alinhamento da margem direita deve ser o mais rigoroso possível,<br />
não se admitindo, para dar uma falsa impressão de alinhamento, a<br />
utilização de recursos tais como travessões, barras ou qualquer<br />
outro sinal.<br />
A numeração que se indica depois da página de rosto utiliza nas<br />
anteriores à Introdução algarismos romanos. A numeração com<br />
algarismos arábicos começa na primeira página da Introdução, mas<br />
leva em consideração todas as páginas anteriores, numeradas ou<br />
não. Portanto, o primeiro número a ser escrito poderá ser 6, 7, 8 ou<br />
outro número qualquer. Esses algarismos devem ser colocados no<br />
centro ou à direita, no alto da folha, a 1,5 cm da margem superior.<br />
pág; 62<br />
Os dizeres indicativos da Introdução, dos capítulos em que se divide<br />
o corpo do trabalho, da Conclusão etc. vêm em página separada, no<br />
centro; esta página não é numerada, mas, se conta para efeito de<br />
numeração.<br />
Os parágrafos podem obedecer a cinco, sete ou dez espaços<br />
adiante da margem esquerda.<br />
A numeração dos capítulos é feita em algarismos arábicos, não<br />
seguidos de ponto e prescinde da palavra "capitulo". As subdivisões<br />
são numeradas com algarismos consecutivos, separados por ponto.<br />
Exemplo: 1, 1.1, 1.1.1, 1.1.1.1. Para evitar exageros na formação<br />
numérica consecutiva, recomenda-se depois de quatro algarismos,<br />
a utilização de letras maiúsculas, minúsculas ou números, seguidos<br />
de meio parêntese. Exemplo: A), a), 1).<br />
A capa do trabalho contém os seguintes elementos: no alto da<br />
página, o nome do autor: bem no centro da página o titulo do<br />
trabalho (completo, incluindo subtítulo), seguido da indicação do<br />
número de volumes, se houver mais de um; embaixo, no centro, a<br />
cidade e o ano.<br />
A. Preliminares<br />
1) Folha de Rosto<br />
2) Ficha Catalográfica<br />
3) Página de Aprovação (opcional)<br />
4) Dedicatória (opcional)<br />
5) Sinopse (geralmente em quatro Iinguas, incluindo<br />
português)<br />
6) Agradecimentos<br />
7) Relação de Quadros e Tabelas<br />
8) Sumário
B. Corpo do Trabalho<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
1) Introdução<br />
2) Desenvolvimento<br />
3) Conclusões, Recomendações elou Sugestões<br />
C. Parte Referencial<br />
PRELIMINARES<br />
1) Apêndices e/ou Anexos<br />
2) Glossário (opcional)<br />
3) Bibliografia<br />
4) Índice Remissivo de Assuntos elou Autores (opcional)<br />
a. Folha de rosto<br />
A folha de rosto consta dos seguintes elementos: no<br />
alto e ao centro, coloca-se o nome do autor. A seguir,<br />
o título completo do trabalho (que inclui o subtítulo).<br />
Mais abaixo, à direita, coloca-se uma explanação<br />
referente à natureza do trabalho, a instituição a que se<br />
destina e o objetivo acadêmico. Embaixo,<br />
centralizados, cidade e ano.<br />
b. Ficha Catalográfica<br />
Recomenda-se consultar uma bibliotecária para<br />
preencher a ficha catalográfica Esta vem à esquerda,<br />
de preferência no verso da folha de rosto.<br />
c. Página de Aprovação<br />
pág; 63<br />
Contém espaço destinado para assinatura dos<br />
examinadores, segundo a ordem de argüição com a<br />
indicação do orientador.<br />
d. Dedicatória<br />
Oferecimento do trabalho a determinada pessoa ou·<br />
pessoas. Pode também, em vez de oferecimento,<br />
conter alguma frase ou pensamento conciso, com a<br />
indicação do autor.<br />
e. Sinopse<br />
Em inglês abstract, em francês résumé, em espanhol<br />
sintese, é uma apresentação concisa e seletiva do<br />
texto. Contém um resumo analítico do mesmo e deve<br />
dar relevo aos elementos de maior interesse e<br />
importância. Em geral, é redigida no final, após o<br />
término do trabalho, pelo próprio autor.<br />
f. Agradecimentos<br />
Nomes das pessoas e/ou instituições que, de uma<br />
forma ou de outra, contribuíram na pesquisa. Devem<br />
ser expressos de maneira simples e sóbria dando<br />
destaque especial ao orientador do trabalho.<br />
g. Relações de Quadros e Tabelas<br />
A relação é dispensável no caso em que as Tabelas<br />
constem no final do trabalho, em apêndice. Constitui-
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Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
se do número da Tabela seguido do Titulo e da página<br />
onde se encontra.<br />
h. Sumário<br />
CORPO DO <strong>TRABALHO</strong><br />
Deve oferecer ao leitor uma visão global do estudo<br />
realizado. Inclui todos os títulos principais e suas<br />
subdivisões, que recebem numeração progressiva.<br />
a. Introdução<br />
Apresentação do objeto, objetivos, justificativa e<br />
metodologia do trabalho. É redigida ao final do<br />
mesmo.<br />
b. Desenvolvimento<br />
Fundamentação lógica do trabalho, cuja finalidade é<br />
expor e demonstrar principais idéias. E subdividido em<br />
partes, capítulos, itens e subitens, cada um deles<br />
numerado progressivamente.<br />
c. Conclusões, recomendações e/ou sugestões<br />
Consiste no resumo completo, mas sintetizado, da<br />
argumentação desenvolvida na parte anterior, com<br />
recomendações e sugestões para se atuar sobre os<br />
fenômenos estudados e/ou prosseguir nos estudos.<br />
Sugere-se a separação desses três componentes.<br />
PARTE REFERENCIAL<br />
a. Apêndices ou Anexos<br />
pág; 64<br />
Apêndice refere-se a todo material elaborado pelo<br />
próprio autor como tabelas, gráficos, desenhos, mapas<br />
e outras figuras Ilustrativas; técnicas de pesquisa<br />
utilizadas (questionário, formulário, entrevista, história<br />
de vida e semelhantes); organogramas, fluxogramas,<br />
cronogramas.<br />
Anexo engloba todo documento auxiliar não elaborado<br />
pelo autor quadros e tabelas estatísticos, legislação,<br />
estatutos, regimentos, ilustrações etc.<br />
b. Glossário<br />
Explicitação, em ordem alfabética, dos termos<br />
específicos e/ou técnicos, contidos no trabalho.<br />
c. Bibliografia<br />
Relação das obras consultadas, com a referência<br />
bibliográfica seguindo as normas da ABNT. Devem-se<br />
separar livros, revistas e publicações avulsas, jornais,<br />
documentação primária e cartográfica.<br />
Pode-se ainda fazer a separação em bibliografia geral<br />
e específica.
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Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
d. Índice remissivo de assuntos e/ou autores<br />
Rol de palavras-chave, em ordem alfabética, com a indicação das<br />
diferentes paginas. É uma forma de ajudar o leitor a localizar os<br />
diversos temas tratados no trabalho, assim como as referências aos<br />
autores.<br />
pág; 65
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pág; 66
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pág; 67
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pág; 69
MONOGRAFIA<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
A monografia é o primeiro passo da atividade científica do<br />
pesquisador. Algumas faculdades exigem que seus alunos, para<br />
obtenção de grau, realizem um trabalho científico de final de curso,<br />
ou seja, a monografia.<br />
No campo das Ciências Sociais a técnica da monografia teve inicio<br />
com o sociólogo francês Frederico Le Play.<br />
CONCEITOS<br />
São numerosos e variados os conceitos dos diferentes autores<br />
sobre monografia. Asti Vera (1979:164) define monografia como<br />
sendo o "tratamento escrito de um tema especifico", e Salomon<br />
(1972:207); como o "tratamento escrito de um tema específico que<br />
resulte de interpretação científica com escopo de apresentar uma<br />
contribuição relevante ou original e pessoal à ciência". Farina (Apud:<br />
Salvador, 1980:32) considera a monografia como "um estudo<br />
científico de uma questão bem determinada e limitada, realizado<br />
com profundidade e de forma exaustiva", e Alonso (Apud: Salvador,<br />
1980:32) define como "descrição ou tratado especial de<br />
determinada parte de uma ciência ou de um assunto particular”.<br />
A American Library Association dá o seguinte conceito: "é um<br />
trabalho sistemático e completo sobre um assunto particular,<br />
usualmente pormenorizado no tratamento, mas, não extenso no<br />
alcance".<br />
Monografia significa, portanto, para Asti Vera, um tema especifico<br />
qualquer, que recebe tratamento escrito; Salomon acrescenta que,<br />
além da interpretação científica, o estudo deve trazer uma<br />
contribuição válida para a ciência. Do ponto de vista de Farina, a<br />
pág; 70<br />
monografia exige uma limitação do tema, para se dar um tratamento<br />
aprofundado e exaustivo. Alonso indica que a limitação se refere a<br />
uma das partes da ciência ou então apenas a um aspecto dessa<br />
ciência.<br />
Nos Estados Unidos, a Associação de Livrarias salienta que, além<br />
de particular e pormenorizado, o tratamento da monografia deve ser<br />
restrito em seu alcance.<br />
Trata-se, portanto, de um estudo sobre um tema especifico ou<br />
particular, com suficiente valor representativo e que obedece a<br />
rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em<br />
profundidade, mas em todos os seus ângulos e aspectos,<br />
dependendo dos fins a que se destina.<br />
Tem como, base a escolha de uma unidade ou elemento social, sob<br />
duas circunstâncias:<br />
1. Ser suficientemente representativo de um todo cujas<br />
características se analisam;<br />
2. Ser capaz de reunir os elementos constitutivos de um<br />
sistema social ou de refletir as incidências e fenômenos de<br />
caráter autenticamente coletivo.<br />
CARACTERÍSTICAS<br />
Analisando-se os diferentes Conceitos, pode-se observar que a<br />
monografia apresenta algumas características:<br />
a. trabalho escrito, sistemático e completo;<br />
b. tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela;<br />
c. estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários<br />
aspectos e ângulos do caso;
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Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
d. tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance<br />
(nesse caso é limitado);<br />
e. metodologia científica;<br />
f. contribuição importante, original e pessoal para a ciência.<br />
A característica essencial não é a extensão, como querem alguns<br />
autores, mas o caráter do trabalho (tratamento de um tema<br />
delimitado) e atualidade da tarefa, isto é, o nível da pesquisa, que<br />
está intimamente ligado aos objetivos propostos para a sua<br />
elaboração.<br />
Barquero (1979: 16-25) analisa: a monografia sob os seguintes<br />
aspectos:<br />
A. Monografia NÃO É:<br />
a. repetir o que já foi dito por outro, sem se apresentar<br />
nada de novo ou em relação ao enfoque, ao<br />
desenvolvimento ou às conclusões;<br />
b. responder a uma espécie de questionário: não é<br />
executar um trabalho semelhante ao que se faz em um<br />
exame ou deveres escolares;<br />
c. manifestar meras opiniões pessoais, sem fundamentá-<br />
Ias com dados comprobatórios logicamente<br />
correlacionados e embasados em raciocínio;<br />
d. expor idéias demasiado abstratas, alheias tanto aos<br />
pensamentos, preocupações, conhecimentos ou<br />
desejos pessoais do autor da monografia como de sua<br />
particular maturidade psicológica e intelectual;<br />
e. manifestar uma erudição livresca, citando frases<br />
irrelevantes, não pertinentes e mal-assimiladas, ou<br />
desenvolver perífrases sem conteúdo ou distanciadas<br />
da particular experiência de cada caso.<br />
B. A monografia É:<br />
pág; 71<br />
a. um trabalho que observa e acumula observações; ..:.<br />
organiza essas informações e observações;<br />
b. procura as relações e regularidades que podem haver<br />
entre elas;<br />
c. indaga sobre os seus porquês;<br />
d. utiliza de forma inteligente as leituras e experiências<br />
para comprovação;<br />
e. comunica aos demais seus resultados.<br />
C. Finalidades da monografia:<br />
a. descobrir e redescobrir a verdade;<br />
b. esclarecer fatos ou teorias obscuras ou não<br />
plenamente conhecidos;<br />
c. enriquecer e aprofundar o rol de noções cientlficas por<br />
intermédio de um trabalho metódico e rigoroso;<br />
d. ordenar e hierarquizar conhecimentos e experiências;<br />
e. comunicar eficazmente as descobertas.<br />
D. as afirmações científicas componentes da monografia: -<br />
expressam uma descoberta verdadeira;<br />
a. apresentam provas. Para muitos, é a comprovação<br />
que distingue o cientifico daquele que não o é. Em<br />
conseqüência, pode-se afirmar que a maior arte de<br />
uma investigação científica consiste na procura 'de<br />
provas conclusivas;<br />
b. pretendem ser objetivas, ou seja, independentes do<br />
pesquisador que as apresenta: qualquer outro<br />
investigador deve poder encontrar o mesmo resultado,
OBJETIVOS<br />
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isto é, verificar as afirmações ou, com o seu trabalho,<br />
refutá-Ias ou modificá-Ias;<br />
c. possuem uma formulação geral. A ciência procura,<br />
classifica e relaciona fatos ou fenômenos com a<br />
intenção de encontrar os princípios gerais que os<br />
governam;<br />
d. são, geralmente, sistemáticas, portanto, ordenadas<br />
segundo princípios lógicos;<br />
e. expõem interpretações e relações entre os fatosfenômenos<br />
assim como suas regularidades.<br />
A monografia corresponde a dois objetivos distintos: externo e<br />
interno.<br />
Externo<br />
Quando visa satisfazer um requisito para obtenção de grau,<br />
titulo ou avaliação escolar.<br />
Interno<br />
Tendo em vista a satisfação interior. Barquero (1979:27-28)<br />
relaciona alguns aspectos:<br />
A. Manifestar a própria personalidade:<br />
revelando os gostos e as tendências;<br />
exteriorizando o espírito de iniciativa e a criatividade;<br />
demonstrando a amplitude de juízos;<br />
revelando a capacidade de seleção em função de<br />
metas determinadas;<br />
revelando progressiva liberdade no trato científico.<br />
B. Expor:<br />
pág; 72<br />
a própria cultura, e experiência adquirida das leituras,<br />
vivência, conhecimento etc.;<br />
a capacidade analítica e valorativa em relação a<br />
princípios objetivos e critérios próprios;<br />
capacidade de distinguir os fatos das opiniões, as<br />
diferentes relações entre os fatos e os fenômenos;<br />
as próprias opiniões, deduções, realizações etc.;<br />
C. Comunicar por escrito o resultado de uma descoberta<br />
pessoal.<br />
Os estudantes, ao longo de suas carreiras, precisam apresentar<br />
uma série de trabalhos que se diferenciam uns dos outros quanto ao<br />
nível de escolaridade e quanto ao conteúdo. Via de regra, para o<br />
término do curso de graduação, os estudantes têm o compromisso<br />
de elaborar um trabalho baseado geralmente, em fontes<br />
bibliográficas que não precisa ser extenso. À medida que ascende<br />
na carreira universitária, esses trabalhos vão exigindo maior<br />
embasamento, mais reflexão, mais amplitude e criatividade.<br />
Alguns autores, apesar de darem o nome genérico de monografia a<br />
todos os trabalhos científicos, diferenciam uns dos outros de acordo<br />
com o nível da pesquisa, a profundidade e a finalidade do estudo, a<br />
metodologia utilizada e a originalidade do tema e das conclusões.<br />
Dessa maneira, podem-se distinguir três tipos: monografia,<br />
dissertação e tese, que obedecem a esta ordem crescente, em<br />
relação à originalidade, à profundidade e à extensão. Há os que<br />
incluem nesta relação a memória científica, que ora se aproxima da<br />
monografia apresentada no final do curso de graduação (memória
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recapitulativa), ora (na dissertação de mestrado (memória científica<br />
original) e até mesmo da tese de doutoramento.<br />
Salomon (1972:219) classifica a monografia em dois sentidos:<br />
A. "Lato. Todo trabalho científico de 'primeira mão' que resulte<br />
da investigação científica." Inclui nesse item as dissertações,<br />
as exercitações, as tesinas, certos relatórios de pesquisa,<br />
informes científicos ou técnicos e as memórias cientificas.<br />
B. "Estrito. Quando se identifica com a tese”.<br />
Há os que apresentam outra divisão:<br />
a. Monografias Escolares ou trabalhos de caráter<br />
didático,apresentados ao final de um curso específico,<br />
elaboradas por alunos iniciantes na autentica<br />
monografia ou de "iniciação à pesquisa e como<br />
preparação de seminários" (Salvador, 1980:32).<br />
Também chamados trabalhos de· média divulgação,<br />
porque são baseados em dados de segunda mão.<br />
b. Monografia científica. Trabalhos científicos<br />
apresentados ao final do curso de mestrado.<br />
Estrutura de monografia<br />
Os trabalhos científicos, em geral, apresentam a mesma estrutura:<br />
introdução, desenvolvimento e conclusão.<br />
pág; 73<br />
Pode haver diferença quanto ao material, o enfoque dado, a<br />
utilização desse ou daquele método, dessa ou daquela técnica, mas<br />
não em relação à forma e a estrutura. Pode ser ainda, mais ou<br />
menos profundo.<br />
a. Introdução. Formulação clara e simples do tema de<br />
investigação; é a apresentação sintética da questão,<br />
sua justificativa, objeto e objetivos, importância da<br />
metodologia utilizada e rápida referência a trabalhos<br />
anteriores realizados sobre o mesmo assunto.<br />
b. Desenvolvimento. Fundamentação lógica do trabalho<br />
de pesquisa, cujo finalidade é expor e demonstrar as<br />
principais idéias.<br />
No desenvolvimento, podem-se levar em consideração três fases ou<br />
estágios: explicação, discussão e demonstração.<br />
Explicação "é o ato pelo qual se faz explicito o<br />
implícito, claro o escuro, simples o complexo" (Asti<br />
Vera, 1979:169). Explicar é apresentar o sentido de<br />
uma noção, é analisar e compreender, procurando<br />
suprimir o ambíguo ou obscuro.<br />
Discussão é o exame, a argumentação e a explicação<br />
da pesquisa: explica, discute, fundamenta e enuncia<br />
as proposições.<br />
Demonstração é a dedução lógica do trabalho; implica<br />
o exercício do raciocínio. Demonstra que as<br />
proposições, para atingirem o objetivo formal do<br />
trabalho e não se afastarem do tema, devem obedecer<br />
a uma seqüência lógica.
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c. Conclusão. Fase final do trabalho de pesquisa que,<br />
assim como a introdução e o desenvolvimento, possui<br />
uma estrutura própria. Consiste no resumo completo,<br />
mas sintetizado, da argumentação dos dados e dos<br />
exemplos constantes das duas primeiras partes do<br />
trabalho. Da conclusão devem constar a relação<br />
existente entre as diferentes partes da argumentação<br />
e a união das idéias e, ainda, conter o fecho da<br />
introdução ou síntese de toda a reflexão.<br />
ESCOLHA DO TEMA<br />
Na escolha do tema, o estudante poderá tomar a iniciativa<br />
selecionando um assunto ou problema no trabalho, de acordo com<br />
suas preferências, evidenciadas durante o curso de graduação.<br />
Pode aceitar o tema indicado pelo professor ou escolher um tópico,<br />
constante de uma relação oferecida pelo orientador, tendo sempre<br />
em vista o seu interesse.<br />
O tema geral de um estudo “ pode ser sugerido por alguma<br />
vantagem prática ou interesse cientifico ou intelectual em beneficio<br />
dos conhecimentos sobre certa situação particular”,afirma Selltiz<br />
(1965:33-34).<br />
Escolhido o tema, a primeira coisa a fazer é procurar conhecer o<br />
que a ciência atual sabe sobre o mesmo, para não cair no erro de<br />
apresentar como novo o que já é conhecido há tempos, de<br />
demonstrar o óbvio ou de preocupar-se em demasia com detalhes<br />
sem grande importância, desnecessários ao estudo.<br />
Este trabalho prévio abrange três aspectos;<br />
a. Orientação geral sobre a matéria que vai ser<br />
desenvolvida;<br />
b. Conhecimento da bibliografia pertinente;<br />
pág; 74<br />
c. Reunião, seleção e ordenação do material levantado;<br />
A bibliografia relacionada com o estudo, muitas vezes, é indicada<br />
pelo próprio professor e/ou orientador. Nesse caso, o estudante tem<br />
bem à sua disposição o material necessário ao seu trabalho.<br />
Outros pontos importantes a serem considerados: relevância do<br />
assunto, áreas dos já realizados sobre o tema, com espírito<br />
critico,valendo-se da literatura especializada, a partir dos trabalhos<br />
mais, gerais e indo a seguir para os estudos mais específicos.<br />
Quanto ao assunto escolhido, devem-se ainda observar algumas<br />
qualidades importantes:<br />
a. Ser proporcional (em suas partes);<br />
b. Ter valor cientifico;<br />
c. Não ser extenso demais e muito restrito;<br />
d. Ser claro e bem delineado.<br />
As monografias referentes ao grau de conclusão do estudante<br />
universitário não podem ser consideradas verdadeiros trabalhos de<br />
pesquisa (para o qual os estudantes não estão ainda capacitados,<br />
salvo raras exceções).<br />
O trabalho de investigação – teórico ou pratico, bibliográfico ou de<br />
campo - dá oportunidade ao estudante para explorar determinado<br />
tema ou problema. Levando a um estudo com maior ou menor<br />
profundidade e/ou extensão. Possibilita o desenvolvimento de sua<br />
capacidade de coletar, organizar e relatar informações obtidas e,<br />
mais de analisar e até de interpretar os dados de maneira lógica e<br />
apresentar conclusões.
ESQUEMA<br />
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Após a explicitação clara e objetiva do tema, passa-se à elaboração<br />
de um piar que poderá sofrer alterações futuras. Há duas maneiras<br />
de montar o esquema:<br />
a. anotar as partes, capítulos e subi tens;<br />
b. redigir afirmações que serão expandidas no relatório.<br />
Esta forma exige ma reflexão, pois é necessário<br />
conhecer não apenas os vários tópicos ql serão<br />
discutidos, mas também, especificamente, o que se<br />
vai dizer na monografia.<br />
ESCOLHA DE TÓPICOS – EXEMPLOS:<br />
1. Introdução<br />
2. Fases da Organização da Produção<br />
2.1. Relações Sociais Formais de Produção<br />
2.1.1. Sistema Familiar<br />
2.1.2. Sistema de Corporações<br />
2.1.3. Sistema Doméstico<br />
2.1.4. Sistema Fabril<br />
2.2. Relações Sociais no Trabalho<br />
3. Elites e a introdução dos Processos de industrialização<br />
3.1. Elite Dinástica<br />
3.1.1. "Realistas"<br />
3.1.2. "Tradicionalistas"<br />
3.1.3. "Decadentes"<br />
3.2. A Classe Média<br />
....<br />
7. Conclusões<br />
ESQUEMA DE FRASES – EXEMPLO<br />
pág; 75<br />
1. A organização da produção abrange as relações sociais formais<br />
de produção, mais duradouras e estáveis, e as relações sociais<br />
do trabalho.<br />
1.1. As relações sociais formais de produção resultam dos<br />
direitos definidos de acesso ao particular meio de vida e de<br />
participação nos resultados no processo de produção.<br />
1.1.1. As relações sociais formais de produção, aliadas a um<br />
baixo nível de técnica, com instrumentos de produção<br />
simples e de baixo custo, onde o ato de produção possui<br />
caráter individual, entendidas como "servidão feudal',<br />
caracterizam o sistema familiar de produção.<br />
1.1.2. As relações sociais formais de produção, na estrutura<br />
das corporações, ocorrem entre três classes de<br />
membros: mestres, artesões e aprendizes, reunidos no<br />
lar da oficina.<br />
1.1.3. As relações sociais formais de produção, no sistema<br />
doméstico, englobam apenas duas "classes" no<br />
processo produtivo: os trabalhadores (ou famílias de<br />
trabalhadores), de um lado, e o empresário de outro,<br />
ligados apenas por um vinculo salarial (salários para os<br />
primeiros e o produto acabado para o segundo).<br />
1.1.4. As relações sociais formais de produção, no sistema<br />
fabril, mantêm e acentuam a existência de duas<br />
"classes": compradores e vendedores de uma<br />
mercadoria - o trabalho.<br />
1.2. As relações sociais no trabalho compreendem aquelas<br />
relações que se originam da associação entre indivíduos no<br />
processo cooperativo de produção, sendo, portanto, de<br />
caráter direto ou primário, envolvendo conta· tos pessoais.
DISSERTAÇÃO<br />
CONCEITOS<br />
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A dissertação é "um estudo teórico, de natureza<br />
reflexiva, que consiste na ordenação de idéias sobre<br />
determinado tema" (Salvador, 1980:35) "aplicação de<br />
uma teoria já existente para analisar determinado<br />
problema- (Rehfeldt, 1980:62), ou "trabalho feito nos<br />
moldes da tese, com a peculiaridade de ser ainda uma<br />
tese inicial ou em miniatura" (Salomon, 1972:222).<br />
A dissertação é, portanto, um tipo de trabalho científico<br />
apresentado ao final do curso de pós-graduação,<br />
visando obter o titulo de mestre. Requer defesa de<br />
tese.<br />
Tem caráter didático, pois se constitui em um<br />
treinamento ou iniciação à investigação.<br />
Como estudo teórico, de natureza reflexiva, requer<br />
sistematização, ordenação e interpretação dos dados.<br />
Por ser um estudo formal, exige metodologia própria<br />
do trabalho científico. Situa-se entre a monografia e a<br />
tese, porque aborda temas em maior extensão e<br />
profundidade do que aquela e é fruto de reflexão e de<br />
rigor científico próprio desta última.<br />
A estrutura e o plano de trabalho da dissertação<br />
praticamente são idênticos aos, da tese, mas esta se<br />
distingue da dissertação pela contribuição significativa<br />
na solução de problemas importantes, colaborando<br />
TIPOS<br />
pág; 76<br />
para o avanço científico, na área em que o estudo se<br />
realiza.<br />
Para Solomon (1972:224), há dois tipos de dissertação:<br />
a. Dissertação monográfica<br />
Dissertação monográfica ou tratamento escrito de<br />
assunto específico, com metodologia adequada e de<br />
caráter eminentemente didático;<br />
b. Dissertação científica<br />
Dissertação científica ou tratamento escrito, original,<br />
de assunto específico, com metodologia própria que<br />
resulte de pesquisa pura ou aplicada.<br />
Para Salvador (1980:35), a Dissertação pode ser:<br />
a. Expositiva.<br />
b. Argumentativa.<br />
Quando reúne e relaciona material obtido de diferentes<br />
fontes, expondo o assunto com fidedignidade e<br />
demonstrando habilidade não só de levantamento,<br />
mas também de organização.<br />
Quando requer interpretação das idéias apresentadas<br />
e o posicionamento do pesquisador.
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Alguns autores usam os termos tese de mestrado e memória<br />
doutoral, opondo-se aos citados anteriormente, mas é menos usual.<br />
A dissertação (tese de mestrado) é de natureza semelhante à tese<br />
(memória doutoral), no sentido de que contribui, de modo<br />
substancial, na solução de problemas importantes.<br />
Além dos aspectos de qualidade, existem as limitações de tempo,<br />
de fundos e de esforços que geralmente restringem a extensão e a<br />
quantidade do estudo, aspectos que não podem deixar de ser<br />
considerados em trabalhos desse tipo.<br />
ESCOLHA DO TEMA<br />
Dado que o tema de uma dissertação requer tratamento científico,<br />
deve ser especializado. Não sendo possível um indivíduo dominar a<br />
totalidade de uma ciência especifica, faz-se necessário selecionar<br />
um tema que possa ser tratado em profundidade.<br />
Vantagens de especialização:<br />
a. possibilidade de investigar, em profundidade, uma parte da<br />
ciência, chegando a, conclusões e deduções mais concretas;<br />
NORMAS PARA A REDAÇÃO DOS <strong>TRABALHO</strong>S<br />
pág; 77<br />
A qualidade essencial de um trabalho científico é a objetividade, que<br />
deve presidir tanto a elaboração, o conteúdo intelectual, quanto o<br />
tipo de linguagem empregado na redação.<br />
Nos trabalhos científicos, emprega-se a linguagem denotativa, isto<br />
é, cada palavra deve apresentar seu significado próprio, referencial<br />
e não dar margem a outras interpretações.<br />
Sendo a linguagem científica fundamentalmente informativa,<br />
técnica, reacional, prescinde de torneios literários, figuras de<br />
retórica ou frases de efeito.<br />
Aconselha-se o uso de frases curtas e simples, com vocabulário<br />
adequado.<br />
Os termos técnicos e expressões estrangeiras, inclusive citações<br />
em latim, só devem ser utilizados quando indispensáveis.<br />
A própria natureza do trabalho científico é que determina a<br />
objetividade como requisito básico da redação.<br />
A impessoal idade contribui grandemente para a objetividade da<br />
redação dos trabalhos científicos.<br />
Expressões como "o meu trabalho", "eu penso", "na minha opinião"<br />
etc. devem ser evitadas, por apresentarem a conotação de<br />
subjetividade inerente à linguagem expressa na primeira pessoa.<br />
Usa-se, de preferência, "o presente trabalho", "neste trabalho" etc.
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O emprego do pronome impessoal "se" é o mais adequado para os<br />
trabalhos de graduação: “precedeu-se ao levantamento”, “procurouse<br />
obter tal informação" "fez-se tal coisa” ou "realizou-se" etc.<br />
Outro recurso que contribui para a objetividade na redação consiste<br />
em usar verbos nas formas que tendem na impessoalidade: "tal<br />
informação foi obtida", "a busca empreendida", "o procedimento<br />
adotado" etc.<br />
Tais procedimentos criam certo distanciamento da pessoa do autor,<br />
razão pela qual a impessoalidade favorece a objetividade; contudo,<br />
é necessário prestar atenção para não misturar formas pronominais:<br />
o "se" impessoal empregado em uma frase ou parágrafo, a primeira<br />
pessoa, ou seja, os pronomes "eu" ou "nós", ou as formas verbais a<br />
eles correspondentes, em outra frase ou' parágrafo.<br />
Desaconselha-se, também, o plural de modéstia, chamado plural<br />
majestático, que consiste em usar o "nós" como primeira pessoa do<br />
singular "eu". Além de dificultar sobremaneira a concordância, soa<br />
pedante e antiquado.<br />
ESTILO<br />
Nos trabalhos científicos emprega-se de preferência um estilo<br />
simples, evitando-se o excesso de retórica, os preciosismos<br />
vocabulares, os termos muito eruditos ou em desuso, expressões<br />
vocabulares que tornam a sintaxe complexa.<br />
O excesso de adjetivação, as repetições próximas e freqüentes de<br />
determinadas conjunções ou expressões são procedimentos que<br />
precisam ser evitados.<br />
Termos de gíria ou expressões deselegantes jamais poderão fazer<br />
parte do vocabulário de um escrito científico.<br />
pág; 78<br />
A escolha do estilo deve recair sobre o nível culto de linguagem ou<br />
o coloquial cuidado que, embora simples, usual, obedece às regras<br />
gramaticais. Modernamente, o coloquial cuidado é o nível de<br />
linguagem mais empregado, até mesmo nos livros didáticos.<br />
Importante é lembrar que simplicidade não exclui correção<br />
gramatical, que é requisito indispensável da redação científica.<br />
CLAREZA E CONCISÃO<br />
Idéias claramente definidas devem expressar-se através de frase e<br />
palavras claras. As frases demasiadamente longas tendem a<br />
comprometer a clareza, dificultando a concordância gramatical. O<br />
melhor procedimento a ser adotado é subdividir as frases longas em<br />
duas ou mais, de menor extensão, evitando o acúmulo de orações<br />
subordinadas em um só período. Embora não haja para esse caso<br />
uma regra rígida, aconselha-se que cada período não apresente<br />
mais que duas ou três orações subordinadas.<br />
De maneira geral, deve-se buscar também a simplicidade na<br />
sintaxe, preferindo-se as frases curtas, na ordem direta.<br />
É imprescindível concatenar as idéias ou informações de maneira<br />
lógica e precisa, estabelecendo uma linha clara e coerente de<br />
raciocínio. Geralmente, a clareza da redação reflete a clareza do<br />
raciocínio.<br />
As idéias precisam ser apresentadas de maneira simples, mas<br />
clara, evitando-se a argumentação muito abstrata.<br />
Nunca é demais lembrar que um parágrafo deve apresentar apenas<br />
uma idéia principal, em torno da qual giram as idéias secundárias e<br />
os detalhes importantes.
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A clareza deve ser acompanhada da concisão. Um texto repetitivo,<br />
que apresenta a mesma idéia em mais de um parágrafo, por mais<br />
bem escrito que seja, torna-se cansativo. Evite-se, igualmente,<br />
prolongar a explanação de uma idéia suficientemente esclarecida,<br />
bem como a repetição desnecessária de detalhes que não sejam<br />
relevantes.<br />
MODÉSTIA E CORTESIA<br />
A modéstia evidencia o reconhecimento dos próprios limites, por<br />
parte do autor do trabalho. Nenhum ser humano é perfeito ou capaz<br />
de executar obras que atinjam a perfeição plena, embora seja<br />
desejável todo esforço em busca da perfeição.<br />
A modéstia deve andar a par da cortesia, sobretudo quando se trata<br />
de discordar de um autor, de uma idéia ou opinião. É fundamental<br />
que toda crítica seja feita com a mais absoluta cortesia, diria melhor,<br />
diplomacia, até porque há a possibilidade de, afinal, reconhecer-se<br />
que a crítica talvez fosse infundada.<br />
Não só no caso das críticas, mas também nos agradecimentos, a<br />
cortesia é indispensável. Toda colaboração significativa de outras<br />
pessoas, como, por exemplo, professores que não sejam os<br />
responsáveis pela disciplina relacionada com o trabalho, deve ser<br />
objeto de um agradecimento singelo, sem afetação nem exageros.<br />
TÉCNICA DE CITAÇÕES NO CORPO DO <strong>TRABALHO</strong><br />
As finalidades das citações são: exemplificar, esclarecer, confirmar<br />
ou documentar a interpretação de idéias contidas no texto; por isso,<br />
são também denominadas "testemunho de autoridade".<br />
pág; 79<br />
Fazer uma citação corresponde a transcrever no trabalho um trecho<br />
com, a opinião de uma autoridade no assunto, retirado da<br />
bibliografia consultada. Vale lembrar que uma citação não substitui<br />
a redação do trabalho.<br />
A norma mais importante no que se refere às citações é não<br />
exagerar, nem no tamanho, nem no número. Um trabalho que<br />
contenha muitas citações apresentará a desagradável impressão de<br />
"colcha de retalhos" evidenciando uma redação deficiente. Citações<br />
textuais muito longas são também desaconselhadas: cada citação<br />
não deverá exceder duzentas palavras,<br />
Quanto à espécie, as citações podem ser textuais ou conceituais.<br />
Citação textual ou literal é a transcrição exata, ipsis litteris, ou seja,<br />
reprodução exatamente fiel do original, respeitando-se até eventuais<br />
erros de ortografia ou concordância. Caso o erro seja muito<br />
evidente, ou muito primário, o máximo que se pode fazer é anotar<br />
diante dele, entre parêntesis (sic), que significa, mais ou menos:<br />
está assim mesmo, no original.<br />
Citação conceitual ou conceptual ou indireta, ou ainda citação livre,<br />
consiste numa paráfrase ou resumo de um trecho de determinada<br />
obra. Esse tipo de citação é bastante utilizado quando se trata de<br />
um trecho longo, cuja citação textual seria considerada muito<br />
extensa ou quando se quer retirar do trecho apenas algumas idéias<br />
fundamentais.<br />
A técnica das citações no corpo do trabalho compreende os<br />
seguintes procedimentos:<br />
a) no caso da citação textual, o trecho será apresentado entre<br />
aspas, de ' preferência com um tipo de letra diferenciado ou<br />
menor;
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b) quando um trecho da citação for omitido, o fato será indicado<br />
por reticências, dentro de parêntesis ( ... ); o uso de<br />
reticências, entre parêntesis ( ... ), no final da citação, indica<br />
que o trecho original não termina ali; mas no início, indica que<br />
o trecho não começa naquele ponto.<br />
c) quando houver aspas no interior do trecho transcrito,elas<br />
serão, “simplificadas”<br />
d) se houver necessidade de acrescentar-se alguma palavra ou<br />
palavras, para que a compreensão do trecho não seja<br />
comprometida, elas devem ser escritas entre colchetes, como<br />
nesse exemplo fictício: "Já se disse a respeito desse rio [o<br />
Tietê], que foi o caminho preferencial dos bandeirantes ... "<br />
e) a citação que ultrapassa três linhas deve constituir novo<br />
parágrafo, em espaço 1;<br />
f) a citação de trechos em língua estrangeira obriga o registro<br />
da tradução, em nota de rodapé ou vice-versa: citação<br />
traduzida, original no rodapé;<br />
g) quando se quer dar destaque a palavras ou frases, que não<br />
estão grifadas no trecho original, usa-se a expressão: "grifo<br />
meu" ou "grifo nosso";<br />
h) a referência à fonte é obrigatória: autor, obra e página da<br />
obra de onde foi retirado o trecho transcrito devem ser<br />
indicados, segundo as normas.<br />
Para indicar a fonte das citações no corpo do trabalho procede-se<br />
da seguinte maneira: anota-se, entre parêntesis, o sobrenome do<br />
autor, em maiúsculas, seguido de vírgula; depois, o ano de<br />
publicação da obra, seguido da abreviatura de página (p.) e,<br />
finalmente, o número da página, se for o caso. Exemplo:<br />
(SOBRENOME, 1993, p. 57).<br />
pág; 80<br />
Segundo a Norma NBR 6023/2002 da ABNT, nas referências de<br />
citações (autor-data), coloca-se entre parênteses o SOBRENOME<br />
do autor, vírgula, data, vírgula, p. tal.<br />
Quando o autor já foi referido no texto, cita-se apenas o ano e a<br />
página.<br />
Ex.: Segundo RUIZ (1991, p. 83), "citações são textos levantados<br />
com a máxima fidelidade ... "<br />
Se diante do nome do autor coloca-se apenas o ano da publicação,<br />
sem o número da página, a citação refere-se à obra toda.<br />
Caso o autor tenha mais de uma obra publicada no mesmo ano,<br />
acrescenta-se, em letra minúscula, diante da data, a, b ou c. Esta<br />
indicação deve ser repetida na bibliografia, no final do trabalho.<br />
Para a citação conceitual não se usam aspas, mas é obrigatória a<br />
indicação da fonte. Neste caso, faz-se a citação resumida ou<br />
parafraseada do trecho original, indicando-se autor, ano da<br />
publicação da obra e página de onde foi retirado o trecho, como na<br />
citação textual.<br />
A indicação das fontes das citações pode também ser feita no<br />
rodapé; contudo é tecnicamente mais simples e prático fazê-Ia no<br />
corpo do trabalho.<br />
Nos trabalhos de graduação, é preferível fazer citações e indicação<br />
das fontes no corpo do trabalho, mas sempre é bom lembrar: não se<br />
podem utilizar notações específicas de rodapé (idem, ibidem etc.)<br />
no corpo do trabalho.
NOTAS DE RODAPÉ<br />
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
As finalidades das notas de rodapé são:<br />
a. indicações de textos paralelos, para reforçar citações textuais<br />
ou fazer referências a outros trechos ou outras obras,<br />
inclusive do autor citado no corpo;<br />
b. transcrição de trechos originais. As citações de trechos<br />
traduzidos de um autor estrangeiro devem ser transcritas no<br />
original, em nota de rodapé. Admite-se, também, o contrário:<br />
citar o original e anotar a tradução no rodapé;<br />
c. observações pertinentes. Para não sobrecarregar o texto com<br />
muitas referências, ainda que pertinentes, ou para não<br />
quebrar a seqüência da leitura, registram-se as observações<br />
no rodapé. Da mesma forma, pode-se apresentar a definição<br />
de termos ou conceitos utilizados, em nota de rodapé;<br />
d. indicação das fontes das citações. Quando a indicação das<br />
fontes não é feita no corpo do trabalho, pode-se fazê-Ia no<br />
rodapé.<br />
Para indicar as fontes das citações no rodapé, procede-se da<br />
seguinte maneira:<br />
a. diante das aspas e ponto final que encerram a citação,<br />
coloca-se um numero, com algarismos arábicos. Esse<br />
número será repetido no rodapé, antes da indicação do autor<br />
e da obra;(1)<br />
(1) RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência<br />
nos estudos, p. 84.<br />
b. a indicação do autor será feita pelo sobrenome em<br />
maiúsculas, seguido do nome em minúsculas e ponto final.<br />
pág; 81<br />
Em seguida, o título da obra, grifado ou sublinhado, seguido<br />
de vírgula; finalmente, o número da página ou páginas,<br />
precedido pela abreviatura p.;<br />
c. a numeração das notas de rodapé, em algarismos arábicos,<br />
obedece à ordem crescente e se reinicia no começo de cada<br />
capítulo ou parte do trabalho;<br />
d. as notas de rodapé devem estar separadas do texto por uma<br />
linha horizontal que, partindo da margem esquerda, toma um<br />
terço da largura da página;<br />
e. notas de rodapé são escritas em espaço 1, de preferência<br />
usando-se um tipo de letra menor.<br />
Para não repetir indicações feitas anteriormente, usam-se, nas<br />
notas de rodapé, as expressões latinas:<br />
Expressões significado<br />
Id. (idem) O mesmo autor, referido anteriormente<br />
ib. (ibidem) a mesma obra, já referida<br />
op. cit. (opus citatum) na obra citada (anteriormente)<br />
loc. cit. (loco citato) no lugar citado<br />
pas. (passim) aqui e ali, em várias páginas da obra citada<br />
ap. (apud)<br />
citação indireta, isto é, refere-se a um autor<br />
citado por outro autor, de determinada obra<br />
Outras abreviaturas, tais como: cf. (confira); v. (vide ou veja); fig.<br />
(figura); il. (ilustração), também são usadas no rodapé.<br />
Alguns autores preferem transcrever as notas de rodapé no final do<br />
capítulo ou parte da obra, sob o título: "Notas" ou "Referências
<strong>FADIVA</strong> – FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA – <strong>FADIVA</strong><br />
Profa. <strong>Ms</strong>. CLEIDE GORETTI SILVA BIAGGINI<br />
Disciplina METODOLOGIA DE PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO<br />
Apostila O <strong>TRABALHO</strong> <strong>CIENTÍFICO</strong><br />
bibliográficas". Neste caso, as notas obedecem às mesmas normas<br />
indicadas para o rodapé.<br />
Observação:<br />
Celso Cunha emprega o processo de notas de rodapé no final dos<br />
capítulos, nas obras: “Uma política do idioma” e “Língua e realidade<br />
brasileira”.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
In.LAKATOS,Ena.Metodologia do Trabalho cientifico.5ª ed, São<br />
Paulo;editora Atlas:2003<br />
pág; 82<br />
In.ANDRADE, Maria Margarida. Metodologia do Trabalho cientifico<br />
6ª ed. São Paulo :Atlas, 2003<br />
In SEVERINO,Jaquim,Metodologia do Trabalho Cientifico,2ª ed,São<br />
Paulo Cortez Editora,2001