PATRIMÔNIO CULTURAL DE PALHOÇA JOHNNY ISRAEL ...
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<strong>PATRIMÔNIO</strong> <strong>CULTURAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong><br />
<strong>JOHNNY</strong> <strong>ISRAEL</strong> PADILHA<br />
MARCELO CARSTEN JR<br />
PHILLIPI CHODREN<br />
ACADÊMICOS DO CURSO <strong>DE</strong> TURISMO DA ASSESC<br />
RESUMO: Este trabalho trás como temática o Patrimônio Cultural, no qual através<br />
da visitação no município de Palhoça, observações e pesquisas, foi elegida a Igreja<br />
Matriz Senhor Bom Jesus de Nazaré como a obra arquitetônica que melhor<br />
representa a cultura e tradição daquele povo. Estamos aqui apresentando<br />
justificativas e conceitos de diversos autores para explicar determinados temas,<br />
como o turismo e a condição do tombamento, para através destes proporcionar um<br />
melhor entendimento do trabalho aqui apresentado.<br />
Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Palhoça. Igreja Matriz.<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Artigo de ordem qualitativa no qual é levantada a questão do patrimônio<br />
cultural, ao qual dedicou-se estudos ao município de Palhoça, localizado no Estado<br />
de Santa Catarina próximo à capital Florianópolis.<br />
No município de Palhoça encontram-se diversas obras ou monumentos que<br />
podem ser considerados patrimônios culturais, tais como, os casarios de Enseada<br />
de Brito, a Fortaleza de Nossa Senhora de Araçatuba e o antigo prédio da prefeitura,<br />
datado de 1895, conforme Farias (2004). Entretanto, através da técnica de<br />
observação e da pesquisa bibliográfica verificou-se que a comunidade local possui<br />
uma notável identificação com a Igreja Matriz Senhor Bom Jesus de Nazaré, pois a<br />
maior parte da população da região pratica o catolicismo, desta forma elegeu-se<br />
esta mesma igreja para o desenvolvimento do artigo.<br />
O artigo apresenta conceitos e discussões relacionados ao turismo,<br />
patrimônio cultural e tombamento, entre outros. Além de um levantamento histórico<br />
do município de Palhoça e dos patrimônios lá existentes. Procurou-se estar<br />
observando a questão de desenvolvimento do turismo cultural no município, uma<br />
vez que o turismo de praias já acontece, este outro viria a incrementar o lucro da<br />
região.
Por fim, ainda discute-se todos os tópicos e idéias levantados no decorrer do<br />
trabalho, e através de abordagem dos conceitos surgem diversos questionamentos e<br />
consequentemente variadas formas de interpretar determinados temas, levando à<br />
conclusões antes não observadas.<br />
2 TURISMO E TURISMO <strong>CULTURAL</strong> – <strong>DE</strong>FINIÇÕES<br />
Por este artigo estar trabalhando com elementos que despertam o interesse e<br />
a busca pelo turismo e mais precisamente neste caso pelo turismo cultural, verificouse<br />
a necessidade de estar aqui conceituando estes dois, para que desta forma não<br />
ocorram dúvidas, equívocos ou má interpretação daqueles que o forem ler.<br />
2.1 TURISMO<br />
Desde o surgimento do termo “turismo” tem sido um desafio para autores e<br />
profissionais da área defini-lo. Essa dificuldade pode estar sendo associada à<br />
natureza intangível desta atividade que engloba uma série de elementos e recursos.<br />
Entretanto, apesar de não haver até o momento um conceito ideal para o<br />
turismo, existem certas definições que chegam próximas deste ideal e que são de<br />
forma geral mais aceitas.<br />
Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), o turismo é definido<br />
como sendo a soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de<br />
residência temporário e voluntário motivado por razões alheias a negócios ou<br />
profissionais. Esta definição talvez seja uma das mais conhecidas e utilizadas,<br />
entretanto esta mesma não explica toda a complexidade da atividade turística.<br />
Este artigo se utilizará da definição criada por Oscar De La Torre para o<br />
turismo da qual diz o seguinte:<br />
O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e<br />
temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por<br />
motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de<br />
residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade<br />
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância<br />
social, econômica e cultural. (De La Torre, 1992, apud Barreto, 1995, p.13).<br />
Entre as diversas definições de turismo que existem, selecionou-se a de De<br />
La Torre (1992) por esta abranger uma maior gama de elementos que caracterizam
e fazem parte do turismo, entretanto esta escolha não desqualifica os conceitos de<br />
outros autores.<br />
2.2 TURISMO <strong>CULTURAL</strong><br />
As transformações que a sociedade vem passando estão começando a influir<br />
e direcionando o turista a pratica deste que vem sendo um dos principais recursos e<br />
segmentos do turismo, o turismo cultural.<br />
Percebe-se que cada vez mais a sociedade vem dando valor ao<br />
conhecimento do ser humano e a busca por este conhecimento passa a não<br />
restringir-se mais apenas as instituições de ensino e até mesmo ao trabalho, desta<br />
vez o turismo cultural surge como uma opção para o indivíduo estar agregando<br />
conhecimento a si e amadurecendo como ser.<br />
Uma vez visto que os bens naturais são esgotáveis e eles por si só não<br />
atendem a demanda de turistas, está no turismo cultural a saída para aquelas<br />
comunidades que tiram boa parte de sua renda da atividade turística. Segundo Dias<br />
e Aguiar (2002), o turismo cultural pode ser definido como “[...] uma atividade de<br />
lazer educacional que contribui para aumentar a consciência do visitante e sua<br />
apreciação da cultura local e de todos os seus aspectos – históricos, artísticos etc.”<br />
E ainda por estes mesmos autores o turismo cultural é “uma atividade que<br />
incorpora uma variedade de formas culturais [...] que integram um todo que<br />
caracteriza a comunidade, e que atrai os visitantes em busca de características<br />
singulares de outros povos”.<br />
Contudo, o turismo cultural de forma geral é ainda praticado apenas pelas<br />
grandes elites da sociedade, sendo assim a maior parte da população não possui<br />
ainda o contato com este segmento do turismo. Além de o turismo cultural ser na<br />
maioria das vezes um turismo caro, pode-se estar atribuindo esta dificuldade em<br />
relação a sua pratica a questão do despreparo intelectual dos possíveis visitantes e<br />
de estes mesmos nunca terem sido estimulados e condicionados a este tipo de<br />
turismo.<br />
Por fim, deve-se salientar que o turismo cultural pode assumir um aspecto<br />
contraditório em relação à conservação do patrimônio arquitetônico, pois este ao<br />
mesmo tempo em que estimula a preservação dos bens históricos, atrai a visitação
de turistas ao local, aumentando as chances deste patrimônio estar sujeito a<br />
depredações.<br />
3 <strong>DE</strong>FININDO <strong>PATRIMÔNIO</strong> <strong>CULTURAL</strong><br />
Conforme Funani e Pinsky (2001), defini-se patrimônio cultural como “[...] tudo<br />
aquilo que constitui um bem apropriado pelo homem, com suas características<br />
únicas e particulares”.<br />
Pode-se dizer que o patrimônio cultural de um povo é aquele objeto ao qual<br />
este mesmo povo se identifica e que é de sua posse, ou seja, pertencente à ele,<br />
objeto ao qual o indivíduo estará rememorando e utilizando-se de lembranças<br />
passadas para estar atribuindo sentidos e valores ao objeto.<br />
Tende-se a considerar que o patrimônio cultural está relacionado em sua<br />
maioria com monumentos e objetos que retratam a história do homem, entretanto<br />
este conceito de que patrimônio só é se for histórico já foi derrubado em meados do<br />
século XX, aonde a UNESCO segundo Dias e Aguiar (2002), estabelece um sistema<br />
de proteção mundial do patrimônio cultural e mundial de valor universal considerado<br />
excepcional, ao qual o conjunto Urbanístico, Arquitetônico e Paisagístico de Brasília<br />
fez parte no ano de 1987. Brasília foi fundada no ano de 1960 e apenas 27 anos<br />
após sua inauguração, foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da<br />
Humanidade.<br />
Funani e Pinsky (2001), ainda dizem que a finalidade do patrimônio,<br />
originalmente tida como a de representar o passado das nações, acabou<br />
multiplicando-se. Assim, entende-se que para o turismo, ao qual passou a utilizar-se<br />
destes patrimônios como atrativos e fonte de renda, estes mesmos devem ser tornar<br />
exóticos e atraentes para o turista e desta forma dependendo do patrimônio, seus<br />
sentidos e valores seriam transformados.<br />
4 TOMBAMENTO - ANALISE CONCEITUAL<br />
O objetivo deste artigo é mostrar um pouco sobre o município de Palhoça e<br />
seus monumentos, concentrando-se na Igreja matriz de Palhoça, chamada Senhor<br />
Bom Jesus de Nazaré, porém este monumento não é tombado, desta forma através
de observações feitas no local ficou claro a identificação da comunidade com este<br />
monumento localizado na área central de Palhoça.<br />
Desta forma no decorrer deste artigo será exposto um conteúdo mais<br />
aprofundado sobre a Igreja matriz Senhor Bom Jesus de Nazaré, sendo aqui um<br />
esclarecimento do que é tombamento.<br />
Segundo o IPHAN (2007) (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico<br />
Nacional), tombamento caracteriza-se por um ato administrativo realizado pelo poder<br />
público com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação de legislação<br />
específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de<br />
valor efetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou<br />
descaracterizados. (IPHAN, 2007).<br />
Com a definição de tombamento bem esclarecida pode-se observar que o<br />
tombamento pode ser aplicado a qualquer bem (imóveis), de interesse cultural ou<br />
ambiental, sendo somente bens materiais que por sua vez possuam algum interesse<br />
de preservação da população. Assim, a preservação torna-se visível quando um<br />
bem se encontra em bom estado de conservação, para que a população possa<br />
usufruir deste para diversas funções. Logo o imóvel tombado e bem preservado<br />
pode mudar de uso, desde que as características originais do imóvel sejam<br />
preservadas e estejam de certa forma em harmonia com o local, como se observa<br />
atualmente muitos imóveis tombados sendo readaptados a outras formas de uso<br />
para o bem comum. (IPHAN, 2007).<br />
Com tantos imóveis de muito valor espalhados pelo país, fica difícil para os<br />
órgãos competentes analisar e regularizar o tombamento de todos, sendo assim<br />
qualquer cidadão (pessoa física ou jurídica) pode pedir o tombamento aos órgãos<br />
responsáveis por efetuar os processos necessários, referindo-se neste caso, a<br />
União por intermédio do IPHAN, pelo Governo Estadual por intermédio também do<br />
IPHAN (estadual), ou por administrações municipais através de leis ou da legislação<br />
federal. Após uma ação administrativa do Poder Executivo, com a abertura de um<br />
processo, este será submetido a uma avaliação pelos órgãos responsáveis. Logo se<br />
o imóvel passar pela inspeção proposta pelos órgãos responsáveis, definida a<br />
intenção de proteger o bem cultural e/ou natural, o proprietário receberá uma<br />
notificação legal constatando que este bem se encontra protegido contra<br />
descaracterização e destruição, contudo o processo somente terá fim com a
inserção deste no Livro Tombo e a comunicação formal aos proprietários. (IPHAN,<br />
2007).<br />
Para tanto o governo dispões de alguns incentivos aos proprietários de bens<br />
tombados, como a redução do imposto de renda de pessoa física, alem disso podem<br />
ser deduzidos 80% das despesas para restauração do imóvel, que seja tombado<br />
pelo IPHAN (2007). Apesar destes incentivos, também existem alguns municípios<br />
que propõe aos proprietários de bens tombados a isenção do IPTU.<br />
Contudo o tombamento não é a única forma de preservação, a<br />
constituição nacional estabelece que é função do Estado e dos municípios o apoio a<br />
comunidade para a preservação de seus bens. Neste caso também é importante<br />
adquirir um inventário, para o reconhecimento da importância do bem, logo nos<br />
Planos Diretores dos municípios também encontram-se formas de preservação dos<br />
bens,ou seja, no planejamento urbano da localidade. Porem o mais importante é que<br />
o município desenvolva-se sem prejudicar seus bens, sejam eles tombados ou não,<br />
para assim promover na comunidade local a consciência da importância destes bens<br />
para a história desta região. (IPHAN, 2007).<br />
5 LOCALIZAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong><br />
O Município de Palhoça que é de colonização açoriana, mas que também<br />
teve influências de outras etnias, das quais veremos adiante, hoje possui uma<br />
população de 128.102 habitantes que estão distribuídos em uma área total de<br />
394,662 km².(FARIAS, 2004)<br />
Localizada entre o litoral e a Serra do Mar, Palhoça é hoje uma das cidades<br />
que mais oferecem alternativas de lazer para os turistas. Entre as praias mais<br />
conhecidas destacam-se Enseada de Brito, Guarda do Embaú, Pinheira e Praia do<br />
Sonho.<br />
Em Palhoça está situada a praia de Pedras Altas, a segunda praia<br />
reconhecida como reduto naturista em Santa Catarina. Com mar tranqüilo e seguro<br />
proporciona passeios de barcos pelas ilhas, caminhadas que levam a riachos com<br />
piscinas naturais. (PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>, 2007)<br />
Já a Guarda da Embaú, que segundo alguns autores está localizada em uma<br />
área territorial pertencente ao município de Paulo Lopes, até algum tempo atrás era
mais uma praia de pescadores espalhada pelo litoral catarinense e freqüentada<br />
esporadicamente por surfistas.<br />
De uns tempos para cá, a Guarda se transformou num point turístico dos mais<br />
badalados. O modelo e ator Paulo Zulu, que circula diariamente pela praia, e sua<br />
pousada Zulu Land são uma das atrações do lugar. Bem próximo dali fica a Pinheira,<br />
um paraíso cercado por águas limpas e tranqüilas e muita mata preservada.<br />
Diferentemente da Guarda, o reduto ali é familiar. A praia do Sonho também é<br />
outra que embeleza este litoral. As águas são tranqüilas e perfeitas para a pescaria.<br />
O Município de Palhoça faz divisa com São José, São Pedro de Alcântara,<br />
Santo Amaro da Imperatriz e Paulo Lopes, além de estar a apenas 15 km de<br />
distância da capital do estado, Florianópolis e a 400 km de Porto Alegre. Suas<br />
principais atividades econômicas são o comércio, a agricultura e a pesca, sendo que<br />
esta última tornou a cidade uma grande produtora de mariscos, ostras e camarões.<br />
(FARIAS, 2004)<br />
Suas principais vias de acesso são a BR-101 e uma antiga via precariamente<br />
calçada com paralelepípedos sobre os quais foi colocada uma camada de asfalto. É<br />
através deste acesso que transita 90% do transporte coletivo entre a sede do<br />
município e a Capital, o que provoca congestionamentos na hora do maior<br />
movimento devido à inexistência de recuos nos pontos de parada de ônibus.<br />
6 HISTÓRIA E FUNDAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong><br />
A população atual do município de Palhoça é o resultado da fusão de diversas<br />
etnias e culturas. A colonização deste município em grande parte deu-se através dos<br />
portugueses/açorianos, porém outras etnias como negros, índios, alemães e<br />
italianos também estavam lá presentes.<br />
A origem do nome do município deve-se a grande quantidade de casas de<br />
pau-de-pique cobertas de palha, usadas como residência ou como ranchos para<br />
abrigar as canoas dos pescadores, sendo estas denominadas como palhoça. De<br />
acordo com o Dicionário Aurélio define-se palhoça como sendo “casa ou cabana<br />
coberta de colmo ou palha, encontrada nas regiões tropicais”.<br />
Conforme Farias (2004), a primeira fase de ocupação humana em Palhoça<br />
primeiramente aconteceu com os homens sambaquianos até aproximadamente ao<br />
ano 1000, seguidos dos tupi-guarani, que foram absolutos até a chegada do homem
anco. Então a partir do século XVI acontece a chegada dos Europeus na região,<br />
portugueses e outras etnias iniciam o povoamento do homem branco em Palhoça,<br />
dizimando e empurrando para a serra a população de indígenas que lá habitavam.<br />
A consolidação do europeu em Palhoça deu-se efetivamente em meados do<br />
século XVIII, com a chegada dos açorianos dos quais segundo Farias (2004), fixamse<br />
476, nas terras que hoje fazem parte do distrito da Enseada de Brito. Os<br />
açorianos, na maioria casais, tornaram a área não só ocupada, mas produtiva,<br />
cultivando mandioca, milho e feijão. Estes mesmos tornaram a região populosa o<br />
suficiente para que o Rei de Portugal, D. João V criasse uma freguesia, e então<br />
desta forma ocorre a fundação da Freguesia Nossa Senhora do Rosário de Enseada<br />
de Brito, mais precisamente em maio de 1750, ou seja, a data mais antiga relativa<br />
ao município de Palhoça, comemorando-se no ano corrente 257 anos de fundação.<br />
(FARIAS, 2004)<br />
Entretanto, tal data refere-se à apenas uma das duas versões existentes para<br />
explicar a fundação do município de Palhoça. A segunda versão e até então aquela<br />
que é considerada oficial pelo município refere-se a data de 1793, quando é doada a<br />
sesmaria para Caetano Silveira de Mattos (português do arquipélago de Açores),<br />
localizada no espaço do atual perímetro urbano de Palhoça. Sendo assim, Caetano<br />
Silveira de Mattos foi considerado o fundador oficial deste município.<br />
Palhoça permanece como arraial até 1873, sendo elevado à condição de<br />
Distrito Policial. Logo em 1882 passou a ser uma Freguesia e quatro anos depois à<br />
Distrito de Paz. Até então Palhoça permanecia ao município de São José<br />
emancipando-se na data de 24 de Abril de 1894. (SILVEIRA, 1993)<br />
7 LEVANTAMENTO DOS <strong>PATRIMÔNIO</strong>S HISTÓRICO CULTURAIS <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong><br />
• Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré (Igreja Matriz) - Situada no centro de<br />
Palhoça, a Paróquia teve seu primeiro prédio construído no ano de 1883 , sendo<br />
uma das mais antigas do município. (PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>, 2007).<br />
• Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba - Esta Fortaleza foi a<br />
quarta e última das fortalezas projetadas pelo brigadeiro português José da Silva<br />
Paes. Esta Fortaleza localiza-se na Ilha de Santa Catarina, no município de<br />
Palhoça e foi construída entre os anos 1742 e 1744, a Fortaleza foi desenvolvida
para proteger a entrada da Baía Sul da Ilha de Santa Catarina e serviu também<br />
como prisão. Em 1894, por determinação, esta fortificação, que era chamada de<br />
Fortaleza da Barra do Sul, passou a denominar-se Fortaleza de Araçatuba.<br />
Mesmo com diversos reparos que a Fortaleza sofreu em 1780 e 1850, estava<br />
bastante arruinada. A Fortaleza de Araçatuba foi tombada como Patrimônio<br />
Histórico e Artístico Nacional na data de 1980, e também recebeu escoramentos<br />
e consolidações emergenciais em 1991, atualmente encontra-se em processo de<br />
restauração. (FARIAS, 2004)<br />
• Prédio Centenário da Prefeitura - O prédio é de estilo colonial português, e foi<br />
construído por Antônio de Castro Gandra, tendo seu início em 1894 e concluído<br />
em julho de 1895. No prédio foram instalados os três poderes, porém atualmente<br />
o prédio da Prefeitura é usado exclusivamente pelo Poder Executivo.<br />
• Em 24 de agosto de 1924 o Superintendente José Crisóstomo Koerig adquiri<br />
um relógio para ser colocado no frontispício do prédio, que funcionou até a<br />
década de 60. Atualmente ele só tem o mostrador e os ponteiros. O maquinário<br />
desapareceu nas diversas tentativas de fazê-lo voltar a funcionar. O prédio da<br />
Prefeitura é considerado um monumento histórico, porém não tombado.<br />
(PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>, 2007).<br />
• Igreja Nossa Senhora do Rosário (Enseada de Brito) - Enseada é um das mais<br />
antigas comunidades e possui uma das mais antigas paróquias de Santa<br />
Catarina. Foi criada no período colonial e imperial em 13 de maio de 1750.<br />
(PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>, 2007).<br />
• Enseada de Brito e seus Casarios - È uma das três mais antigas comunidades do<br />
litoral catarinense, com uma comunidade de mais de 250 anos e foi tombada<br />
pelo Patrimônio Histórico, por seus casarios coloniais. Foi fundada em 1750 pelo<br />
navegador português Domingos de Brito Peixoto. Pode-se observar no local<br />
várias casas de estilo colonial português, algumas com mais de 200 anos e igreja<br />
centenária. (PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>, 2007).<br />
• Capela Nossa Senhora do Parto - Construída em 1863, hospedou a imagem do<br />
Senho Bom Jesus de Nazaré até o translado para a Igreja Matriz. (SILVEIRA, S/<br />
A).
• Belezas Naturais - Palhoça possui muitos patrimônios naturais, tais como: O<br />
parque estadual da Serra do Tabuleiro, Morro do Cambirela, Morro da Pedra<br />
Branca, Praia do Tomé, Praia de Fora, Enseada de Brito, Pedras Altas, Praia do<br />
Sonho, Praia da Pinheira, Praia Guarda do Embaú, Praia Ponta do Papagaio,<br />
Praia de Cima, etc. (PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>, 2007).<br />
8 RELIGIÃO<br />
A religião Católica Apostólica Romana chegou em Palhoça com os primeiros<br />
habitantes partir do ano de 1793, aos quais se estabeleceram.<br />
Com o crescimento do povoado e sua evolução política os fiéis católicos<br />
passaram a reivindicar a criação de uma Paróquia na sede, uma vez que com a<br />
emancipação do Município, Palhoça passou a ter Paróquias nos seus Distritos, mas<br />
não tinha na sede. (SILVEIRA, 1996)<br />
O povo Português vindo dos Açores, extremamente católico, trouxe consigo<br />
os seus cultos religiosos. Dentre eles, o mais forte é o culto ao Divino Espírito Santo.<br />
Em cada município ou localidade, assumiu características próprias nos<br />
festejos populares profano/religiosos do culto ao Divino Espírito Santo. Mas estas<br />
mudanças, sofridas ao longo dos tempos, não alteraram a essência deste culto, que<br />
mantêm os mesmos elementos básicos de quando foi instituída a sua celebração<br />
por Izabel de Aragão, em Alenquer, em Portugal, no século XIV. O ciclo do Divino<br />
Espírito Santo apresentava etapas bem definidas: peditórios, novenas, cantorias e<br />
festas; bem como símbolos: bandeira do Divino, coroa, salva, cetro, impérios,<br />
festeiros, imperador e imperatriz, corte, cortejo, imperial, coroação, pagamento de<br />
promessas, pãozinho do divino, varas, mastro do divino, juízes de vara e bandas.<br />
(FARIAS,2004)<br />
Contudo, apesar da ampla maioria da população do Município ter como fé a<br />
religião Católica, não se pode esquecer da religião Evangélica, onde no Município<br />
existem inúmeras Igrejas, sendo que a mais antiga é a Igreja Evangélica da<br />
Confissão Luterana com duas paróquias. Uma na sede atendendo as comunidades<br />
dos bairros Rio Grande, Ponte de Maruim, Caminho Novo, Jardim Eldorado e Bela<br />
Vista. Outra no Aririu atendendo aquela região e o Município de Santo Amaro.<br />
(FARIAS,2004)
Apesar de não existirem estatísticas, acredita-se que grande parte da<br />
população do Município pertença, acredite ou pratique alguma crença religiosa. As<br />
crenças mais praticadas em Palhoça são: o catolicismo, o protestantismo, o<br />
kardecismo e os cultos afro.<br />
9 O PADROEIRO SENHOR BOM JESUS <strong>DE</strong> NAZARÉ<br />
Senhor Bom Jesus de Nazaré é o padroeiro do Município de Palhoça, que<br />
segundo a bíblia representa Cristo na ação de pregar. A escultura religiosa presente<br />
na Igreja Matriz de Palhoça foi esculpida em 1872, pelo artista Antônio Couceiro,<br />
natural da cidade de Porto em Portugal. A escultura veio de Portugal para o<br />
município através de uma encomenda feita pela senhora Maria Jesuína de Souza<br />
Lobo, conhecida na localidade como Maricota Lobo. (SILVA, 2006).<br />
Antônio Couceiro, escultor português nasceu no ano de 1833 em uma família<br />
de donos de solares na região de Porto/ Portugal, o artista tinha quatro filhos;<br />
Cecília, Francisco, Antônio e João que por sua vez dedicaram-se as artes. Antônio<br />
C. freqüentou a Academia Portuense de Belas Artes, onde participava de<br />
exposições, sendo que no final de sua vida regeu a cadeira de escultura na Escola<br />
de Belas Artes de Porto. (SILVA, 2006).<br />
Além da escultura do Senhor Bom Jesus de Nazaré enviada de Portugal para<br />
Palhoça, Antônio C. esculpiu a imagem do “Senhor Morto”, que por sinal foi<br />
concluída pelo seu filho Francisco Couceiro, e encontra-se atualmente em uma<br />
igreja de Porto. Antônio C. faleceu em 1895, quando estava com 62 anos de idade,<br />
na mesma cidade onde nasceu. (SILVA, 2006).<br />
A imagem religiosa do Senhor Bom Jesus de Nazaré possui as dimensões de<br />
1,53m de altura, 77 cm de largura, 74 cm de profundidade, sendo que sua base<br />
possui 23 cm de altura, 58 cm de largura e 42 cm de profundidade, logo a imagem<br />
inteira (corpo e base) tem 1,76 m. (SILVA, 2006).<br />
Contudo é importante ressaltar que o artista procurou expor em sua obra o<br />
máximo de realismo, tentando passar a figura do santo o ato de quem recebeu uma<br />
incumbência, dirigindo-se aos reinos dos céus. Assim com a obra concluída, a<br />
mesma seguiu para Palhoça onde cumpriria sua “missão” na comunidade religiosa<br />
local, para firmar ainda mais a devoção da população católica deste município.<br />
(SILVA, 2006).
10 IGREJA MATRIZ SENHOR BOM JESUS <strong>DE</strong> NAZARÉ – TRANSFORMAÇÃO<br />
HISTÓRICA<br />
Através de técnica de observação e pesquisas bibliográficas optou-se pela<br />
Igreja Matriz Senhor Bom Jesus de Nazaré, localizada no centro de Palhoça, para<br />
desenvolver este artigo. Outro fator determinante para a escolha da paróquia foi o<br />
fato da maior parte da população local praticar o catolicismo, pois segundo Silveira<br />
(1996), “A presença da igreja em Palhoça é muito marcante não só na formação<br />
religiosa dos palhocenses, como também na influência cultural que exerce sobre a<br />
cidade, como por exemplo, fornecendo nomes para localidades e pessoas”. Deste<br />
modo tendo a igreja como um significativo referencial, ainda ressaltando que esta<br />
faz parte do composto de planta portuguesa, a qual caracteriza-se por uma praça<br />
central e a igreja localizada em um aclive de frente para o mar, além de possuir as<br />
ruas transversais a praça.<br />
Anos após a fundação de Palhoça, mais precisamente em 1863, tem-se<br />
notícia de que foi mandado edificar a primeira capela para atender os moradores de<br />
Palhoça a Capela Nossa Senhora do Parto (foto 1 em anexos), que abrigou a<br />
imagem do padroeiro Senhor Bom Jesus de Nazaré, vindo de Portugal, em 1872.<br />
(SILVEIRA, 1996).<br />
Atualmente esta capela é mantida em estado de conservação pela população,<br />
ocasionalmente havendo ainda a celebração de algumas missas. Com o aumento da<br />
população de palhoça, em 1883 inaugurou-se em outra localidade uma nova capela,<br />
que mais tarde veio a ser a Igreja Matriz de Palhoça (foto 2 em anexos), ocorrendo a<br />
transição da imagem do padroeiro desta paróquia. (SILVEIRA, 1996).<br />
Logo em novembro de 1910, constrói-se uma torre com trinta metros de<br />
altura, pelo mestre de obras alemão Hermann Becker. Em 9 de abril de 1935 são<br />
inauguradas as pinturas com temas bíblicos, que foram pintadas pelo artista Pedro<br />
Cechet. Pouco tempo depois das pinturas prontas e de solicitações da população,<br />
inaugura-se em 1942 uma nova estrutura da Igreja Matriz, com uma segunda torre<br />
(foto 3 em anexos). (SILVEIRA, 1996).<br />
Com a expansão da população palhocense, percebe-se que a Igreja Matriz<br />
não poderia mais comportar o grande número de fiéis que vinham contemplar as<br />
celebrações, então uma decisão radical é tomada, foi então quando em 1984 ocorre
a demolição de Igreja, tendo inicio em 1985 a construção de um templo mais amplo.<br />
(SILVEIRA, 1996).<br />
Contudo, enquanto a nova igreja era construída as celebrações ocorriam em<br />
um galpão reformado, nas proximidades da praça. Tragicamente durante esta<br />
transição, em primeiro de maio de 1988 ocorre um incêndio de origem desconhecida<br />
em um galpão onde provisoriamente funcionavam os serviços litúrgicos e<br />
administrativos da paróquia, destruindo diversos tipos de documentos.<br />
Assim, em 6 de agosto de 1989, dia do Padroeiro Senhor Bom Jesus de<br />
Nazaré foi inaugurada oficialmente a atual e nova Igreja Matriz de Palhoça, tendo o<br />
nome referente ao padroeiro da paróquia ( fotos 4 e 5 em anexos).<br />
11 CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />
Desta forma, percebeu-se que a transformação da igreja no decorrer dos<br />
tempos esteve associada ao crescimento do município, a igreja foi pequena quando<br />
Palhoça era apenas uma povoa, e cresceu quando Palhoça passou de povoa para<br />
município.<br />
Pode-se estar questionando a idéia de modernidade adotada por esta<br />
comunidade, a qual foi preciso a destruição de obras arquitetônicas com relevante<br />
valor histórico para apenas proporcionar um local com espaço mais amplo para os<br />
fiéis. Não seria mais interessante manter as igrejas antigas, dado o seu valor<br />
histórico e o sentido que estas representavam para a cultura local?<br />
Talvez a atual Igreja Matriz de característica totalmente eclética poderia ser<br />
construída em outra localidade, preservando aquelas que antes lá existiam. Pela<br />
falta de conhecimento e informação destas pessoas pode-se entender que estas<br />
mesmas não tinham uma noção de preservação destes patrimônios, que no futuro<br />
viriam a ser muito importantes histórica e economicamente para o município.<br />
Com o desenvolvimento deste trabalho verificou-se a possibilidade de haver<br />
um planejamento para o desenvolvimento do turismo cultural em Palhoça. A<br />
diversidade de construções antigas que carregam em si a história do município,<br />
possibilitam a criação de roteiros turísticos para visitação.<br />
Na tentativa de entender melhor o planejamento turístico que acontece no<br />
município de Palhoça, procurou-se estar entrando em contato com o secretário de<br />
turismo do município, entretanto não foi possível o contato com o mesmo.
11 ANEXOS:<br />
Foto 1 – Capela Nossa Senhora do Parto datada de 1863<br />
Fonte: Fotografia Marcelo Carsten Jr, 2007.
Foto 2 - Antiga Igreja Matriz de Palhoça com a data de 1883<br />
Fonte: Fotografia Marcelo Carsten Jr, 2007.<br />
Foto 3 – Ainda a antiga Igreja com uma nova estrutura<br />
Fonte: Fotografia Marcelo Carsten Jr, 2007.
Foto 4 – Atual Igreja Matriz, inaugurada em 1989<br />
Fonte: Fotografia Marcelo Carsten Jr, 2007.<br />
Foto 5 – Foto interna da mesma igreja<br />
Fonte: Fotografia Marcelo Carsten Jr, 2007.
REFERÊNCIAS<br />
BARRETO, M. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Editora Papirus.<br />
Campinas, 2002.<br />
DIAS, R. & AGUIAR, M. R. de. Fundamentos do Turismo. Editora Alínea.<br />
Campinas, 2002.<br />
FARIAS, V. F. de. Palhoça: Natureza, História e Cultura. Editora Doutor. Palhoça,<br />
2004.<br />
FUNANI, P. P. & Pinsky, J. Turismo e Patrimônio Cultural. Editora Contexto. São<br />
Paulo, 2001.<br />
SILVA, M. S. da. Senhor Bom Jesus de Nazaré – Padroeiro do município de<br />
Palhoça/SC: Arte, Historia e Devoção. Edição do Autor. Palhoça, 2006.<br />
SILVEIRA, Claudir. Município de Palhoça. Edição do Autor. Florianópolis. Ano S/A.<br />
1993. Edição Própria.<br />
Palhoça – Segundo Centenário – Síntese Histórica 1793 –<br />
A Presença da Igreja Católica em Palhoça 1793 – 1996.<br />
IPHAN. Tombamentos. Disponível em www.portal.iphan.gov.br acessado em maio<br />
de 2007<br />
PREFEITURA <strong>DE</strong> <strong>PALHOÇA</strong>. Elemento dos patrimônios histórico culturais de<br />
palhoça. Disponível em www.palhoca.sc.gov.br/site acessado em maio de 2007.