Suena el Río. Estudo etnográfico da música ... - Musa - UFSC
Suena el Río. Estudo etnográfico da música ... - Musa - UFSC
Suena el Río. Estudo etnográfico da música ... - Musa - UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
século XVIII e até 1850 proliferaram nesta área <strong>da</strong>nças de ressonância continental – como o<br />
Lundu, que se disseminou desde o Rio de Janeiro, e a Danza, conheci<strong>da</strong> mais tarde como<br />
Habanera, que se espraiava desde Cuba. 14<br />
No fim do século XIX existiam vários tipos de milonga que subsistem até hoje em<br />
diferentes graus de prevalência e áreas de dispersão. Uma é especificamente instrumental,<br />
enquanto outra mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de milonga é canta<strong>da</strong>, seja com letra composta (com um<br />
cantor), seja na base do improviso (com dois cantores). Estes três tipos de milonga têm<br />
acompanhamento de guitarra e se definem como uma tradição rural, ain<strong>da</strong> conforme<br />
MORENO CHÁ (1999). Uma quarta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de milonga é a que acompanha uma<br />
<strong>da</strong>nça de casais: surgi<strong>da</strong> nos subúrbios dos principais portos do Rio <strong>da</strong> Prata (Buenos Aires<br />
e Montevidéu), tem vitali<strong>da</strong>de nas zonas urbanas do Uruguai e <strong>da</strong> Argentina e pode ser<br />
associa<strong>da</strong> ao repertório e aos instrumentos do tango. Em outras palavras, muitas <strong>da</strong>s<br />
formações musicais que se dedicam ao tango incluem milongas desse tipo em seu<br />
repertório.<br />
A milonga baila<strong>da</strong> se popularizou em 1890, em bordéis e casas noturnas suburbanas,<br />
onde se mesclou com gêneros europeus como a mazurka e a polka, além <strong>da</strong> habanera<br />
cubana. Estas <strong>da</strong>nças de casal tinham lugar em salões, com características coreográficas (os<br />
“cortes” e as “quebra<strong>da</strong>s”) que mais tarde caracterizariam a milonga e o tango. Entre 1890<br />
e 1910, a milonga baila<strong>da</strong>, a habanera e o tango coexistiram nesses espaços, sem limites<br />
precisos. Teatros e zarzu<strong>el</strong>as (operetas canta<strong>da</strong>s em espanhol) também foram palco para a<br />
milonga baila<strong>da</strong> (SELLES, 2004; SALAS, 2004, PUJOL, 1999). 15<br />
O tango passou a ser considerado um gênero independente por volta de 1900 e<br />
emergiu como produto novo, embora partilhasse com a milonga uma varie<strong>da</strong>de de<br />
<strong>el</strong>ementos ligados a ritmo, estrutura e m<strong>el</strong>odia. Mo<strong>da</strong> em Paris na primeira déca<strong>da</strong> do<br />
século XX, o tango foi a primeira <strong>da</strong>nça ocidental em que casais se abraçavam e se<br />
apertavam – e segue disseminando-se internacionalmente até o presente, como descrito por<br />
SAVIGLIANO (1995) e PELINSKI (2000).<br />
14 Para uma perspectiva brasileira do mesmo fenômeno ver MENEZES BASTOS, 2005.<br />
15 Outro tipo de milonga vigente atualmente é a milonga pampeana, que localmente é considera<strong>da</strong> rural e<br />
‘folclórica’ (exponentes de renome são Atahualpa Yupanqui, <strong>da</strong> Argentina, ou Alfredo Zitarrosa, do Uruguai).<br />
A milonga <strong>da</strong> paya<strong>da</strong> de contrapunto, du<strong>el</strong>o poético, não tem muita vigência como pratica espontânea, sendo<br />
realiza<strong>da</strong> maioritariamente por profissionais. (MORENO CHÁ, 1997, 2000)<br />
9