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Suena el Río. Estudo etnográfico da música ... - Musa - UFSC

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Nas entrevistas semidireciona<strong>da</strong>s do “pré-campo”, os músicos r<strong>el</strong>ataram como<br />

chegaram a tocar o que tocam hoje, em nív<strong>el</strong> de gênero e de repertório. Suas narrativas<br />

podem ser pensa<strong>da</strong>s como uma memória verbomusical que inclui um sem-número de<br />

encontros e de expressões próprias <strong>da</strong> tradição de uma ou de outra margem do rio, de um ou<br />

de outro país. Vários LPs e CDs de referência reuniram em estúdio músicos argentinos e<br />

uruguaios. O fortalecimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s ao universo <strong>da</strong> murga e do candombe,<br />

em Buenos Aires, a partir do início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, teve como protagonistas muitos<br />

uruguaios residentes na capital argentina. 7 Os encontros e trocas de experiências permitem<br />

entender por que se partilham certos modos de fazer, ao mesmo tempo em que se cultivam<br />

estilos de gênero próprios de ca<strong>da</strong> nação.<br />

Os diversos segmentos que integram o campo <strong>da</strong> <strong>música</strong> popular local assumem<br />

posições diferencia<strong>da</strong>s, que não deixam de r<strong>el</strong>acionar-se ao mercado discográfico. Assim,<br />

incluir na categoria rioplatense expressões que não encontram espaço na organização<br />

comercial dos segmentos <strong>da</strong> <strong>música</strong> popular – quer como tango, quer como candombe, quer<br />

como murga – é uma forma de forjar uma categoria que os reúne nas lojas de discos. O<br />

acesso à tecnologia de gravação de CDs está ao alcance de um amplo contingente de<br />

músicos responsáveis <strong>el</strong>es próprios p<strong>el</strong>a produção e distribuição de seus discos. Em alguns<br />

casos, o trabalho é produzido de forma independente e a distribuição é terceiriza<strong>da</strong> para<br />

ampliar as possibili<strong>da</strong>des de ven<strong>da</strong> sem a per<strong>da</strong> dos direitos sobre os “masters” <strong>da</strong>s<br />

gravações ou a artes <strong>da</strong>s capas.<br />

Detalhe importante: nas lojas de discos de Buenos Aires não existe um espaço<br />

específico para “murga” ou “candombe”. Quem quiser encontrar esses gêneros deve buscá-<br />

los entre os CDs com a indicação “Uruguay” ou “World Music”. Gravações de murga<br />

porteña e murga uruguaya, por exemplo, estão juntas na seção “Uruguay” (ain<strong>da</strong> que, para<br />

muitos “nativos”, a murga uruguaya e a murga porteña não apenas se diferenciam no<br />

estilo, mas se constituem mesmo em gêneros diversos). 8 Também se pode achar, nessa<br />

7 Conforme o Censo Nacional de Población de 1991 (INDEC-Instituto Nacional de Estadísticas y Censos) os<br />

estrangeiros que residem na Área Metropolitana de Buenos Aires, são o 9% do total <strong>da</strong> sua população. Entre<br />

<strong>el</strong>es, o 43 % vem de países limítrofes, isto é, um 4 % <strong>da</strong> população <strong>da</strong> área. Em Capital Federal – Ci<strong>da</strong>de de<br />

Buenos Aires- a maior proporção de estrangeiros é constituí<strong>da</strong> por uruguaios (40 %). Os paraguaios<br />

representam o 25 % e os bolivianos o 15%. No Gran Buenos Aires, a maioria <strong>da</strong>s pessoas estrangeiras são<br />

oriun<strong>da</strong>s do Paraguai (49%), e em segundo lugar do Uruguai (22%).<br />

8 A prática de gravação de expressões de murga portenha é um movimento bastante recente e é parte do<br />

processo que pretendo pesquisar. A discografia de murga portenha disponív<strong>el</strong> no momento, não supera a<br />

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