Suena el Río. Estudo etnográfico da música ... - Musa - UFSC

...esa inmensa montaña histórica que, algún día se ha de narrar con las
verdaderas fuerzas que merece la música del pueblo, alma melódica de
la multitud, inquietudes y vibraciones de dos naciones
hermanas...Uruguay! y Argentina! ... satisfacción que experimento de
igual manera cuando interpreto en el piano las viejas milongas o tangos
milongones que fueron y seguirán siendo la base del cancionero popular
del Río de la Plata. (1948: 6)
No Uruguai, desde a década de 1930, existe um movimento na canção popular que
acompanhou as milongas com tamboriles de candombe afro-uruguaio, passando a ser
emblemático da população afro-uruguaia e uruguaia em geral (AYESTARÁN, 1990). 24
Em Buenos Aires, algumas orquestras de tango dos anos 1940 e 1950 também
aproximaram suas milongas e tangos da sonoridade candombera 25 – com alguns músicos
propondo, já então, que entre ambas as expressões existia um parentesco anterior à
consolidação do tango como gênero moderno, tal como enfatizam artistas
contemporâneos. 26 Entretanto, foi apenas na segunda metade dos anos 1960 que o
candombe se incorporou de modo definitivo na música popular uruguaia, junto com outros
gêneros, especialmente através dos compositores e intérpretes do movimento de canción de
protesta e do emergente candombe-rock. 27
Nas décadas de 1960 e 1970 – ou seja, depois da difusão da sonoridade dos Beatles
em nível internacional – se desenvolveu no Uruguai uma linha experimental de candombe-
24 DAEPCU refere ao candombe-canção como “el otro candombe, candombe-pieza musical y ritmo bailable
de este último medio siglo, asumido con orgullo –como cosa propia- por toda la sociedad nacional.”(2002:
147)
25 As Milongas Negras, de Homero Manzi, são paradigmáticas desta linha de composição e interpretação. (cf.
VILA, 2000: 87 e nota 44.) Ver também PRIORE & AMUCHÁSTEGUI (2003).
26 A partir de 1913 artistas célebres como Roberto Firpo ou Francisco Canaro –emblemas da Guardia Vieja-
começaram a escrever as suas series de “Tango-milonga”. Assim passou a se nomear os tangos “para bailar”,
que já se tocavam vinte anos atrás. Segundo Novati (1980) “La novedad estaba en el rótulo, pues tangos del
mismo estilo existían desde los comienzos de la especie, y en destacar el aspecto rítmico de las obras.” A
marca característica das interpretações de tangos antigos pelos músicos que se dedicam à canção rioplatense
contemporânea é a inclusão na orquestra de uma seção rítmica importante, que conta com instrumentos que
estão fora dos cânones do gênero tango. (Por exemplo bombo com platillo de murga porteña, tambores chico,
repique e piano, de candombe afro-uruguaio e cajón.)
27 De modo esquemático pode-se resumir o percurso do candombe na sonoridade rioplatense seguindo a
periodização de Abril Trigo –que retoma a Ayestarán (1967): “There are at least four stages in the historical
evolution of candombe, each registering the progressive loss of original religious sources, until the emergence
of candombe- rock. These are (1) the mythical and ritual dances brought by afro-uruguaian slaves; (2) the
choreographic pantomime of the coronation of the Congo king, performed during the Christmas season; (3)
candombe’s assimilation by the end of the nineteenth century into the modern urban carnival; and (4)
candombe’s territorialization of national popular culture, which includes the emergence of candomberock.”(2004:
122)
13